Angelo Giuseppe Roncalli, nascido em Sotto il Monte, em 1881, de família pobre e numerosa, teve, graças ao seu talento, a oportunidade de estudar. Concluiu seus estudos em Roma, com doutorado em teologia. Em 10 de agosto do mesmo ano de 1904, foi ordenado presbítero, em Roma. O Bispo de Bérgamo, sua diocese de incumbência de lecionar, no seminário diocesano, as disciplinas de história da Igreja, patrística e apologética. Na primeira Guerra Mundial serviu, primeiro como soldado do corpo de saúde, mais tarde como capelão militar.
Em 1921, foi convocado para trabalhar na Congregação de propagação da Fé, em Roma, lecionando simultaneamente, patrística no Seminário romano. Em 1925, Pio XII nomeou-o visitador apostólico na Bulgária, sendo, na oportunidade, ordenado Bispo. Após nove anos de atividade em Sofia, tornou-se delegado para a Grécia e a Turquia, primeiro em Istambul, desde 1937, e posteriormente em Atenas. Em 23 de dezembro de 1944, Pio XII nomeou-o núncio na França. O novo núncio conseguiu com suas atividades mitigar as tensões internas existentes na França.
Em 1951 foram confiadas a Roncalli simultaneamente, as atribuições de observador efetivo do papa junto à UNESCO, em Paris. Em 12 de janeiro de 1953, tornou-se arcebispo (patriarca) de Veneza e Cardeal. Assim como no exercício das funções anteriormente desempenhadas, também aqui considerava sua tarefa primordial colocar-se a serviço da cura de almas.
Sua eleição se deu no dia 28 de outubro de 1958, era ele de um modo geral desconhecido pelo mundo. Também “só” fora eleito para ser papa de transição. Isto se comprovou correto quanto à duração do seu pontificado (ele mesmo sabia que, tendo 77 anos de idade, não seria de se esperar um longo pontificado). João XXIII abriu para a Igreja novos e importantes caminhos em direção ao futuro.
João XXIII já no início do seu pontificado três coisas foram destacadas: A realização de um sínodo para a cidade de Roma (realizado entre os dias 24 e 31 de janeiro de 1960). Também o novo Código de Direito Canônico. Do qual começou a ser elaborado em seu pontificado e foi concluído em 1983 e por fim a convocação do Concílio Vaticano II.
Quanto o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII surpreendeu o mundo com tal plano, ao propô-lo, em 25 de janeiro de 1959, na presença dos cardeais. A convocação do Concílio Vaticano II, segundo João XXIII era que a Igreja deveria atualizar-se para bem evangelizar o mundo. Em 14 de junho de 1959, usou pela primeira vez a palavra “aggiornamento”, abertura da Igreja.
Na sessão de abertura do Vaticano II, em 11 de outubro, estavam presentes mais de 2.500 padres conciliares em Roma. Pela primeira vez na história, haviam acolhido o convite do papa também 18 igrejas não católicas, no sentido de enviarem observadores para o Concílio. O primeiro período de sessões durou até 8 de dezembro de 1962. A parte final desse primeiro período ficou marcada por tristeza, por ter o papa adoecido gravemente e veio falecer antes do segundo período de sessões.
João XXIII em Roma sempre se considerou um cura de almas. Por isso visitava as igrejas, presídios e hospitais. Estabelecia rapidamente bons contatos com as pessoas. Sua afabilidade e bondade irradiavam paz e alegria.
O interesse pastoral de João XXIII impregnava também suas alocuções aos peregrinos, bem como as manifestações do magistério eclesiástico, por ele publicadas: “Ad Petri Cathedram” foi sua primeira encíclica (29 de junho de 1959). Em comemoração ao primeiro centenário da morte do Santo Cura d’ Ars, escreveu a sua segunda encíclica, em que manifesta a sua preocupação pelos sacerdotes (1º de agosto de 1959). Em 26 de setembro de 1959, apareceu uma encíclica sobre a oração do rosário. A quarta encíclica ocupa-se da questão missionária (26 de novembro de 1959). Em 15 de maio de 1961 a encíclica social: “Mater et Magistra”. A sexta encíclica é com motivação na memória dos 1500 anos da morte do papa Leão Magno - consagrada à unidade da Igreja. Em 1º de junho de 1962, apareceu uma encíclica que teve por tema a penitência. A última encíclica foi “Pacem in terris de (11 de abril de 1963) sobre a paz entre todas as nações, em liberdade e justiça, teve grande repercussão.
O termo “aggiornamento”, ou seja, “abertura para o mundo”, não significava para João XXIII ruptura com o passado. Ele era completamente apegado à tradição. Disso dão prova suas instruções sobre a interpretação da Bíblia, sua insistência no uso do latim como língua apropriada aos estudos teológicos e a regulamentação dos padres operários franceses. Também a piedade e a profunda religiosidade do papa eram impregnadas pela tradição, como mostram o seu “Diário Espiritual” e o seu “Testamento Espiritual”.
Nessa atitude de religiosidade profunda passou o papa também os seus últimos meses de vida, ao saber da doença incurável de que sofria. Em princípios de 1963, agravou-se mais seu estado de saúde. Na segunda-feira de Pentecostes, em 3 de junho de 1963, morreu ele. João XXIII foi declarado Beato no dia 03 de setembro de 2000 pelo Papa João Paulo II. Neste domingo dia 27 de Abril, domingo da misericórdia, foi canonizado juntamente com o Beato João Paulo II.
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário