sábado, 2 de novembro de 2013

Rezar pelos que partiram


Celebramos neste sábado, 02 de novembro, o tradicional Dia de Finados, quando a Igreja Católica consagra como comemoração de todos os fiéis defuntos. Particularmente, em nossa Arquidiocese, neste dia iremos celebrar nos cemitérios, públicos e privados, a Santa Missa em sufrágio de todos os que faleceram. A Arquidiocese distribuirá um folheto próprio para esclarecer sobre esse dia e sugerindo textos para oração pelos falecidos: “Pela Fé, da Saudade à Esperança!” A pastoral das exéquias e os seminaristas estarão acompanhando as pessoas em seus momentos de orações.

A Sagrada Liturgia nos convida a rezar pelos nossos queridos que faleceram, dirigindo o pensamento para o mistério da morte, herança comum de todos os homens. No dia da comemoração dos defuntos todos somos chamados a confrontar-nos com o enigma da morte e, por conseguinte, como viver bem, como encontrar a felicidade. Canta o Salmo: bem-aventurado o homem que doa; bem-aventurado o homem que não usa a vida para si mesmo, mas partilha; feliz o homem que é misericordioso, bom e justo; feliz o homem que vive do amor de Deus e do próximo. Assim vivemos bem e não devemos ter receio da morte, por que estamos na felicidade que provém de Deus e que permanece para sempre. 

A Igreja sempre rezou pelos mortos. A Tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos defuntos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico. O Concílio Vaticano II recorda: "Tendo perfeito conhecimento desta comunhão de todo o Corpo Místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os primeiros tempos do Cristianismo, venerou com grande piedade a memória dos defuntos". (Lumen gentium, 50). 

Muitos perguntam por que rezar pelos mortos: o Concílio nos responde: "A fé, apoiada em argumentos sólidos, oferece uma resposta à sua ansiedade acerca do seu destino futuro, e dá-nos igualmente a possibilidade de uma comunhão em Cristo com os nossos irmãos queridos, arrebatados já pela morte, dando-nos a esperança de que eles encontraram a vida verdadeira junto de Deus" (Gaudium et spes, 18).

Na semana de Finados, “aos que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos. Diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições costumeiras, isto é, confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice; nos restantes dias do ano, Indulgência Parcial (Encher. Indulgentiarum, n.13)”. “Ainda neste dia (2 de novembro), em todas as igrejas, oratórios públicos ou semi-públicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à igreja, durante a qual se deve rezar o Pai-nosso e o Creio, confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e Ave-Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).” (pg. 462 do Diretório Litúrgico da CNBB).

Ao lucrar a indulgência, todas as orações pertencem à comunhão dos santos, que é a união da Igreja que está na Terra, no Céu e no Purgatório, naquilo que chamamos de Igreja militante, Igreja triunfante e Igreja padecente, respectivamente. Nesse dia é impossível não recordar também como estamos nos preparando para o encontro com Deus. É importante que, ao rezar pelos irmãos que partiram, nós reflitamos sobre o sentido último de nossas vidas. 

O gesto bonito de marcar missas pelos seus defuntos deve ser revalorizado em nossas comunidades, bem como o de visitar os cemitérios. Não nos esqueçamos de pedir missas pelas almas do purgatório, rezando pelos que são vítimas da violência urbana e pelas almas dos que foram enterrados como indigentes. Estaremos celebrando uma missa especial por eles no Cemitério de Santa Cruz. Da mesma maneira que ajudaríamos em vida os irmãos enfermos, assim, depois de mortos, devemos ter piedade dos fiéis defuntos, rezando pelo descanso eterno de suas almas. Entre os católicos a tradição é orar pelos defuntos e no possível celebrar a Santa Missa por seu eterno descanso. Diz a Liturgia: "Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno e brilhe para eles a luz eterna". Já Santo Agostinho disse: "Uma lágrima se evapora, uma flor murcha, só a oração chega ao trono de Deus". Por isso, rezemos pelos que nos precederam. 

Que as almas dos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz!

Dom Orani João Tempesta
Colunista do Portal Ecclesia.
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ). Realizou seus estudos em São Paulo (SP), na Faculdade de Filosofia no Mosteiro de São Bento e no Instituto Teológico Pio XI, dos religiosos salesianos.

Da redação do Portal Ecclesia.

DIA DE FINADOS





Comemoração de todos os fiéis falecidos

Para muitas pessoas, o dia de finados é uma data triste, que deveria ser excluída do calendário. Muitos, nesse dia, ficam depressivos ao se lembrar dos seus entes queridos que partiram desta vida. Alguns se isolam, outros viajam para esconder suas mágoas... Porém, poucos conseguem ver que o dia de finados deve ser um momento de reflexão acerca de como anda nossa conversão. Deve ser um dia de "fechamento para balanço", daqueles em que se pára tudo, totaliza-se os lucros e os prejuízos e promete-se e permite-se vida nova.

Não podemos nos esquecer de que um dia estaremos também partindo desta vida. Não podemos ignorar isso pois, como um ladrão na noite, como diz o Evangelho, esse dia chega. Felizes aqueles que são pegos em oração, em dia com os Sacramentos.

Muitas pessoas lamentam a "perda" de um pai ou uma mãe e se esquecem de que eles fizeram apenas uma viagem distante e que lá estão nos aguardando. Partiram quando o Pai, transbordando de saudades, gritou: - Filho(a), há quanto tempo você está aí! Volta pra casa! - e assim foi feito.

Muitos, porém, desses que lamentam a perda de um ente querido, ao invés de serem verdadeiramente santos para, um dia voltarem a se encontrar com seus parentes e amigos que partiram desta vida, tomam um outro rumo, ora distanciando-se de Deus e da Sua Igreja ora vivendo uma fé morna, como diz Jesus.

Não percebem que, ao fazer isso, desperdiçam a única chance que têm de rever essas pessoas. É uma pena...

Neste dia 02 de novembro, que possamos verdadeiramente rever nossos sonhos, nossa vida, nossa fé e, pela glória de Deus, mudar de rumo, se necessário for.

O Santo Padre improvisou e recordou a esperança que significa o céu



Homilia do Papa na celebração no cemitério do Verano


ROMA, 01 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - "Queridos irmãos e irmãs. Neste cemitério, nos recolhemos e pensamos no nosso futuro, pensemos em todos aqueles que já foram, que nos precederam na vida e estão no Senhor.
É tão bonita essa visão do céu que escutamos na primeira leitura. O Senhor Deus, a beleza, a bondade, a verdade, a ternura, o amor pleno, isso é o que nos espera. E aqueles que nos precederam e morreram no Senhor estão lá, proclamam que foram salvos não pelas suas obras. Fizeram-nas, mas foram salvos pelo Senhor. A salvação pertence ao nosso Deus, é ele quem nos salva e nos leva de mãos dadas como um pai e no final da nossa vida, a esse céu onde estão os nossos antepassados.
Um dos anciãos faz uma pergunta: Quem são estes vestidos de branco, estes justos e estes santos que estão no Céu? São aqueles que vêm da grande tribulação e lavaram os seus vestidos tornando-os cândidos no sangue do Cordeiro. Só podemos entrar no céu por meio do sangue do cordeiro, por meio do sangue de Cristo. É o sangue de Cristo que nos justificou e nos abriu as portas do céu. E se hoje lembramos estes irmãos e irmãs que nos precederam no céu é porque foram lavados pelo sangue de Cristo. E esta é a nossa esperança, a esperança no sangue de Cristo e esta esperança não nos decepciona. Se vamos na vida com o Senhor, ele não nos decepciona jamais.
João dizia aos seus discípulos. Vejam quão grande amor teve o Pai para chamar-nos filhos de Deus, o somos. Por isso o mundo não nos conhece: somos filhos de Deus. Mas o que seremos ainda não foi revelado. E muito mais. E quando se tiver manifestado seremos semelhantes a ele porque o veremos como ele é. Ver a Deus, ser semelhantes a Deus, esta é nossa esperança.
E hoje, exatamente no dia dos santos, antes do dia dos mortos é preciso pensar na esperança, esta esperança que nos acompanha na vida. Os primeiros cristãos pintavam a esperança como uma âncora. Como se a vida fosse a âncora naquela margem e todos nós vamos segurando a corda. É uma bonita imagem esta esperança. Ter o coração ancorado lá onde estão os nossos, onde estão nossos antepassados, os santos, onde está Jesus e onde está Deus.
E esta é a esperança, a esperança que não decepciona. E hoje e amanhã são dias de esperança. A esperança é um pouco como o fermento que amplia a alma, mas existem momentos difíceis na vida, porém a alma segue adiante e olha para o que nos espera. Hoje é um dia de esperança. Nossos irmãos e irmãs estão na presença de Deus e também nós estaremos ali por pura graça do Senhor se caminhamos pela estrada de Jesus. E conclui o apóstolo: ‘quem tem esta esperança nele se purifica a si mesmo. A esperança também nos purifica, nos alivia, nos faz ir mais rápidos. Esta purificação na esperança em Jesus Cristo’.
Neste pré entardecer de hoje cada um de nós pode pensar no fim de sua vida. Pensemos, no meu, no teu, no teu, etc. Todos nós temos um entardecer, todos. Olho-o com esperança, com essa alegria de ser recebido pelo Senhor como é a alegria do cristão?
E isso nos dá a paz. Este é um dia de glória, mas de uma glória serena, tranquila, da paz. Pensemos no entardecer de tantos irmãos e irmãs que nos antecederam, pensemos no nosso entardecer quando chegar, e pensemos no nosso coração e nos perguntemos: onde está ancorado o meu coração? E se não está ancorado bem, ancoremo-lo lá naquela margem, sabendo que a esperança não decepciona, porque o Senhor Jesus não decepciona.
Traduzido por Thácio Siqueira

Os santos não são "super-homens" e ser santo não é "privilégio de poucos"



Durante o Angelus por causa da celebração de Todos os Santos, o Papa Francisco lembra que o objetivo da nossa vida não é morte mas o Paraíso

ROMA, 01 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Às 12 horas de hoje, Solenidade de Todos os Santos, o Papa Francisco apareceu na janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para recitar o Angelus com os fieis e os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Publicamos abaixo as palavras do Papa antes e depois da oração mariana:
***
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
a festa de Todos os Santos, que hoje celebramos , nos lembra que o objetivo da nossa existência não é a morte, é o Paraíso! Isto foi escrito pelo apóstolo João: "O que seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 Jo 3, 2). Os santos, os amigos de Deus, nos garantem que esta promessa não decepciona. Em sua existência terrena, de fato, viveram em profunda comunhão com Deus. No rosto dos irmãos menores e desprezados viram o rosto de Deus, e agora o contemplam face a face na sua beleza gloriosa.
Os santos não são super-homens, nem nasceram perfeitos. São como nós, como cada um de nós, são pessoas que antes de chegar à glória viveram uma vida normal, com alegrias e tristezas, lutas e esperanças. Mas o que foi que mudou as suas vidas? Quando conheceram o amor de Deus, seguiram-no com todo o coração, sem condições e hipocrisias; consumiram as suas vidas no serviço dos outros, suportaram sofrimentos e adversidades sem odiar e respondendo o mal com o bem, difundindo alegria e paz. Esta é a vida dos Santos: pessoas que por amor a Deus  não lhe colocaram restrições nas próprias vidas; não foram hipócritas; gastaram as suas vidas no serviço dos outros para servir o próximo; sofreram muitas dificuldades, mas sem odiar. Os Santos nunca odiaram. Compreendam bem isso: o amor é de Deus, mas o ódio vem de quem? O ódio não vem de Deus, mas do diabo! E os santos se afastaram do diabo; Os Santos são homens e mulheres que têm a alegria no coração e a transmitem aos outros. Nunca odiar, mas servir os outros, os mais necessitados; orar e viver na alegria; esse é o caminho da santidade!
Ser santos não é um privilégio de poucos, como se alguém tivesse recebido uma grande herança; todos nós no Batismo temos a herança de poder tornar-nos santos. A santidade é uma vocação de todos. Todos, portanto, somos chamados a percorrer o caminho da santidade, e este caminho tem um nome, um rosto: o rosto de Jesus Cristo. Ele nos ensina a sermos santos. Ele nos mostra o caminho do Evangelho: o das Bem-aventuranças (cf. Mt 5, 1-12). O Reino dos Céus, na verdade, é para aqueles que não depositam sua confiança nas coisas, mas no amor de Deus; para aqueles que têm um coração simples, humilde, não presumem que são justos e não julgam os outros, aqueles que sabem sofrer com quem sofre e alegrar-se com quem se alegra, não são violentos mas misericordiosos e buscam ser artífices de reconciliação e de paz. O Santo, a Santa é artífice de reconciliação e de paz; sempre ajuda as pessoas a se reconciliarem e sempre contribui para que haja a paz.. E assim, a santidade é bela; é um belo caminho!
Hoje, nesta festa, os santos nos dão uma mensagem. Nos dizem: confiem no Senhor, porque o Senhor não decepciona! Nunca decepciona, é sempre um bom amigo ao nosso lado. Com o seu testemunho os Santos nos encorajam a não termos medo de nadar contra a corrente ou de sermos mal interpretados e ridicularizados quando falamos Dele e do Evangelho; nos mostram com as suas vidas que aqueles que permanecem fieis a Deus e à sua Palavra experimenta já nessa terra o conforto do seu amor e depois “cem vezes mais” na eternidade. Isso é o que esperamos e pedimos ao Senhor pelos nossos irmãos e irmãs defuntas. Com sabedoria a Igreja colocou muito próximas a festa de Todos os Santos e a Comemoração de todos os fieis defuntos. À nossa oração de louvor a Deus e de veneração aos espíritos bem aventurados une-se à oração de sufrágio por todos aqueles que nos precederam na passagem desse mundo à vida eterna.
Confiemos a nossa oração à intercessão de Maria, Rainha de todos os Santos.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O lado de lá e o lado de cá



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre o Dia de todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis falecidos

Belém do Pará,  (Zenit.orgDom Alberto Taveira Corrêa | 129 visitas

O calendário da Igreja nos oferece, neste final de semana, duas faces da magnífica medalha cunhada por Deus, que é a nossa vida, o Dia de todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis falecidos; Olhamos primeiro para o ponto de chegada, que corresponde ao magnífico destino para o qual fomos criados, a plenitude da vida e da felicidade junto de Deus, “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar” (Ap 7, 9). Temos a certeza de que Ele não fez ninguém para a perdição, mas todos têm em si a vocação para a plena realização de todas as suas potencialidades. Tanto é verdade que o Pai do Céu enviou seu próprio Filho, como nosso Salvador e Redentor, para que todos tenham vida, e vida em abundância (Jo 10,10).
Vida plenamente humana é aquela que enxerga o horizonte aberto pelo próprio Deus. A Solenidade de todos os Santos indica a perspectiva da existência marcada por uma realidade descoberta pela fé: “Desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1 Jo 3,2). Santidade é para todos! Se nos alegramos com a iminente canonização de dois papas do nosso tempo, os Beatos João XXIII e João Paulo II, é para que sejam reconhecidos como referência e como possibilidade. São duas personalidades carregadas de humanidade, cujo percurso histórico nesta terra teve muito de parecido conosco. São homens que vieram de famílias muito simples, lutaram e amadureceram em tempos de grandes desafios, com a provocação das ideologias do século XX. Souberam dialogar com a cultura de nossa época, alegraram-se e sofreram com as mesmas realidades que até hoje nos envolvem. Percorreram o caminho dos bem aventurados, de olhos fixos naquele que é “o bem-aventurado”, Jesus Cristo: os pobres em espírito, dos quais é Reino dos Céus; os aflitos, que serão consolados; os mansos, porque possuirão a terra; os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados; os misericordiosos, que alcançarão misericórdia; os puros de coração, porque verão a Deus; os que promovem a paz, chamados filhos de Deus; os que são perseguidos por causa da justiça, de quem é o Reino dos Céus! Homens e mulheres que se descobriram felizes quando injuriados e perseguidos por causa de Cristo. Pessoas portadoras de uma alegria invencível, certos da recompensa nos céus (Cf. Mt 5, 1-12).
A santidade, vocação universal dos cristãos, começa com coisas simples. João XXIII registrou em seu Diário íntimo um caminho bom para todos, adequado para uma festa de Todos os Santos bem vivida, chamado “Decálogo da serenidade: 1. Procurarei viver pensando apenas no dia de hoje, exclusivamente neste dia, sem querer resolver todos os problemas da minha vida de uma só vez; 2. Hoje, apenas hoje, procurarei ter o máximo cuidado na minha convivência, cortês nas minhas maneiras, a ninguém criticarei, nem pretenderei melhorar ou corrigir à força ninguém, senão a mim mesmo; 3. Hoje, apenas hoje, serei feliz. Na certeza de que fui criado para a felicidade, não só no outro mundo, mas também já neste; 4. Hoje, apenas hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que sejam todas as circunstâncias a se adaptarem aos meus desejos; 5. Hoje, apenas hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo à uma boa leitura, recordando que assim como o alimento é necessário para a vida do corpo, a boa leitura é necessária para a vida da alma; 6. Hoje, apenas hoje, farei uma boa ação, e não direi a ninguém; 7. Hoje, apenas hoje, farei ao menos uma coisa que me custe fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, procurarei que ninguém o saiba; 8. Hoje, apenas hoje, executarei um programa pormenorizado. Talvez não o cumpra perfeitamente, mas ao menos o escreverei, e fugirei de dois males, a pressa e a indecisão; 9. Hoje, apenas hoje, acreditarei firmemente, embora as circunstâncias mostrem ao contrário, que a Providência de Deus se ocupa de mim, como se não existisse mais ninguém no mundo; 10. Hoje, apenas hoje, não terei nenhum temor, de modo especial não terei medo de gozar o que é belo, e de crer na bondade.
A santidade que começa com muita simplicidade, é destinada a fazer o bem aos outros. Não é feita para aparecer, não se incha de orgulho. Sua motivação de fundo é a caridade, sem a qual nada vale neste mundo. Até porque é apenas a caridade que será levada para o encontro definitivo com Deus, “o lado de lá”, quando veremos face a face o Senhor. Ela é uma aventura feliz e bem sucedida, construída no dia a dia e unificada pelo fio de ouro do amor de Deus, que nos faz ver o sentido de tudo o que vivemos. De fato, tudo concorrerá para o bem dos que amam a Deus (Cf. Rm 8, 29)! O Livro do Apocalipse vê uma imensa multidão, de toda língua, raça, povo e nação, “os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Cf. Ap 7, 2-14).
O “lado de lá” é preparado pelo “lado de cá” bem vivido, com o qual os homens e as mulheres se preparam para a páscoa pessoal, enfrentando todas as dificuldades e ultrapassando o misterioso e também magnífico umbral da morte. Como ninguém ficará para semente nesta terra, ocorre meditar sobre esta realidade, tomar consciência de sua seriedade e preparar-se bem. Morremos do jeito que vivemos. Nossa morte e nosso Céu se constroem no dia a dia, para que o dia do Senhor não nos surpreenda, mas nos encontre vigilantes e preparados!
Ninguém precisa ficar preocupado com a morte, mas viver bem, amando a Deus e ao próximo, semeando o bem e a bem-aventurança. E quando a morte chegar, será a oportunidade de virar o jogo! O segredo está, também aqui, em nosso Salvador: “Ninguém tira a minha vida, eu a dou livremente” (Jo 10,18). Vale a pena antecipar a morte! Sim, morrendo cada dia para o egoísmo e para a maldade, transformando em dom a Deus e aos outros cada ato de nossa existência. Quem viver assim poderá dizer com São Paulo: “Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer, lucro. Ora, se, continuando na vida corporal, eu posso produzir um trabalho fecundo, então já não sei o que escolher. Estou num grande dilema: por um lado, desejo ardentemente partir para estar com Cristo – o que para mim é muito melhor; por outro lado, parece mais necessário para o vosso bem que eu continue a viver neste mundo” (Fl 1,21-24). Que cheguemos a tais alturas: “Sabemos que, se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá outra moradia no céu, que não é obra de mãos humanas e que é eterna. Aliás, é por isso que gememos, suspirando por ser sobrevestidos com a nossa habitação celeste; sobrevestidos digo, se é que seremos encontrados vestidos e não nus. Sim, nós que moramos na tenda do corpo estamos oprimidos e gememos, porque, na verdade, não queremos ser despojados, mas sim sobrevestidos, de modo que o que é mortal em nós seja absorvido pela vida, quem nos preparou para isto é Deus, que nos deu seu Espírito em garantia. Estamos sempre cheios de confiança e bem lembrados de que, enquanto moramos no corpo, somos peregrinos, longe do Senhor; pois caminhamos pela fé e não pela visão. Mas estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia do nosso corpo, para ir morar junto do Senhor” (2 Cor 5, 1-8).

Fracos e pecadores como São Paulo, coloquemos Cristo no centro de nossas vidas



Na missa matutina celebrada no túmulo de João Paulo II, o Papa Francisco lembra que a lealdade incondicional ao Senhor está na aceitação de seu amor
Por Luca Marcolivio

ROMA, 31 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Esta manhã, ao contrário do habitual, Papa Francisco não celebrou a missa em Santa Marta, mas na Basílica de São Pedro, no altar onde está o túmulo do Beato João Paulo II.
A Homilia do Santo Padre foi articulada nas leituras do dia, a partir da Carta aos Romanos em que São Paulo diz: "Nada pode e afastar do Amor de Cristo" (cf. Rm 8,31-39).
Paulo encontrou o Senhor e O conheceu tão bem a ponto de amá-Lo e torná-Lo o centro de sua vida, mesmo durante as "perseguições, enfermidades, traições" e em “todas as vicissitudes da vida”.
Bem como São Paulo, todo verdadeiro cristão vive do amor de Cristo, reconhece que sua vida foi salva pelo Seu sangue e se sente "amado até ao fim" pelo Senhor.
Outro aspecto destacado pelo Papa em sua homilia, foi a “tristeza de Jesus” diante da indiferença de Jerusalém (cf. Lc 13,31-35), que, ao contrário do São Paulo, não "percebeu o amor" e a "ternura de Deus”.
A atitude é aquela dos que pensam que Deus ama com um amor 'abstrato' que "não toca o meu coração e eu me organizo na vida como eu posso": nesta atitude "não há fidelidade", disse o Papa.. Jerusalém não foi fiel e se "confiou a muitos ídolos" que "prometiam tudo" e depois a abandonaram.
A fidelidade de São Paulo nasce do sentir-se "fraco" e "pecador”, mas, ao mesmo tempo, amado pelo Senhor”.
A infidelidade de Jerusalém e de muitos cristãos, ao contrário, encontra-se na não aceitação do amor de Jesus ou na aceitação pela metade "segundo a própria conveniência".
As perguntas que devemos fazer a nós mesmos, disse o Papa, são: "Eu pareço mais com Paulo ou com Jerusalém? O meu amor por Deus é tão forte como o de Paulo ou o meu coração é um coração tépido como o de Jerusalém?”.
Papa Francisco, ao final, pediu que "o Senhor, pela intercessão do Beato João Paulo II, nos ajude a responder a esta pergunta”..
(Trad.:MEM)

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça



1º de novembro: solenidade de todos os santos
Por Luis Javier Moxo Soto

ROMA, 29 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - O título desta catequese vem do evangelho da próxima sexta-feira, 1º de novembro, solenidade de todos os santos. As leituras do 30º domingo do tempo comum, com que abrimos a semana, fazem menção à justiça.
Deus não é apenas justo: é a própria justiça, porque dá a todo ser o que a sua natureza exige, como explica São Tomás de Aquino. Sendo não somente justo, mas também misericordioso, a sua misericórdia se manifesta no gesto de dar a cada ser mais do que a sua natureza exige e recompensar os justos acima dos seus méritos, além de castigar os maus com pena inferior à que merecem.
O número 1807 do Catecismo da Igreja Católica nos diz que a justiça é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. Vemos todos os dias que a nossa justiça dista muito de se parecer com a de Deus, que não desdenha a súplica do órfão nem a da viúva que se desafoga em seu lamento (Ecl 35, 14-15). Sabemos de Deus, por boca do rei Davi, que, embora o justo sofra muitos males, ele é livrado de todos pelo Senhor; o Senhor cuida de todos os seus ossos e nem sequer um único se romperá. A maldade dá morte ao malvado e os que odeiam o justo serão castigados (cf. Sal 33, 20-22).
O evangelho de domingo passado nos falava de um juiz injusto que nem temia a Deus nem se importava com os homens (Lc 18, 2). Nosso Senhor apresenta a parábola do fariseu e do publicano a alguns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos e desprezavam os outros (Lc 18, 9-14). Em nossa experiência diária, tender a nos justificar com mentiras e desculpas falsas é próprio da mentalidade comum. Reconhecer em nós a responsabilidade, por ação ou por omissão, é a última coisa em que costuma pensar a média dos mortais. O uso da força e a realização da justiça com as próprias mãos, bem como o uso de instrumentos de morte, é próprio desta cultura que não procura a paz, mas a primazia do poder e da razão nos conflitos familiares ou internacionais.
Podemos nos perguntar: o que estou fazendo, eu, na minha vida, pelo triunfo da verdade que leva à justiça e da qual pode surgir a paz? O caminho que leva à verdadeira paz é o de sermos educados e educar os nossos jovens na exigência de justiça e de bondade, que está inscrita no coração de todos nós. Trata-se de uma estima verdadeira pelo homem, numa justiça real, amadurecendo a nossa vocação cristã. Se renunciarmos a essa tarefa urgente, ficaremos presos, como os outros, no ódio pelo inimigo, na violência que gera mais violência.
Somos chamados a exercer a caridade de verdade, amando os inimigos e rogando pelos que nos perseguem, aguardando com amor a manifestação do Senhor, para que ele, juiz justo, nos dê a coroa da justiça (2 Tim 4,8). Por isso é importante saber que é claro que no âmbito da lei ninguém é justificado, pois o justo só viverá pela fé (Gal 3, 11). Saibamos que seremos julgados tal como julgarmos e que a medida que usarmos será usada para nos medir (Cf. Mt 7, 2). Por isso, quem se acha seguro deve cuidar-se para não cair (I Cor 10, 12).
Jesus Cristo é a verdadeira resposta e a imagem ideal da exigência humana de justiça. É o Justo, a vítima de propiciação pelos nossos pecados; não só pelos nossos, mas pelos do mundo inteiro (1 Jo 2,1-2). O mesmo que afirmou “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados” (Mt 5, 6) também disse “Não vim chamar os justos, mas os pecadores, para que se convertam” (Lc 5, 32).

Que os cristãos celebrem a Festa dos Santos e não fiquem reclamando do Halloween



Entrevista ao Pe. Andrea, fundador dos Sentinelas do amanhã, um dos pioneiros, há seis anos, do HOLYween, festa que a cada ano faz mais sucesso
Por Redacao

ROMA, 30 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Era o ano de 834, quando o papa Gregório IV decidiu mudar a festa do Dia de Todos os Santos do 13 de Maio para o  1 de Novembro. Foi uma escolha pensada. O objetivo era, de fato, o de tirar os restos do paganismo de alguns povos que culminavam justamente na noite do 31 de outubro, com o ano novo Celtico. A festa foi assim chamada de All Allows Even, ou seja, que tudo é permitido, até mesmo que os mortos retornassem à vida.
Hoje, séculos depois desse gesto de Gregório IV, parece ser que o paganismo está voltando com força. O mal gosto, o horripilante, o excesso triunfam com a festa de Halloween, que nada mais é do que uma reproposição em chave moderna e consumística das degenerações do ano novo celta.
Parece novamente necessário derrubar estes costumes macabros, consagrando a primeira noite de novembro aos Santos em vez de às bruxas, vampiros e zumbis. Durante anos, Pe. Andrea Brugnoli e a comunidade que ele fundou, os Sentinelas do amanhã, fazem desse desafio uma realidade concreta que adotou o nome de HOLYween. Uma iniciativa direcionada à trazer de volta o rosto dos Santos, expondo as imagens pelas janelas na noite do 31 de Outubro.
ZENIT: Pe. Andrea, qual é o balanço desses 6 anos de atividade da iniciativa HOLYween?
Pe. Andrea Brugnoli: O resultado é mais do que positivo. Parece-me que tenha sido muito difundido a ideia de que os cristãos devam celebrar a sua festa de todos os santos, mais do que ficar reclamando que Halloween está se espalhando entre os jovens e adultos. São muitas as paróquias que adotaram essa ideia e organizam todo tipo de iniciativa com este nome: HOLYween. Nosso site, onde a cada ano você pode baixar imagens de santos para pendurar nas janelas, foi literalmente invadido: nestes dias temos mais de 10 visitantes por segundo, um número extraordinário. Muitas escolas prepararam atividades educativas sobre os santos e eu acho que ninguém é contrário à beleza de mostrar esses rostos, em lugar dos monstros terríveis dos pagãos. Em suma, o sucesso de HOLYween superou todas as expectativas iniciais.
ZENIT: Qual é a mensagem que o rosto de um Santo transmite para um jovem de hoje?
Pe. Andrea Brugnoli: Os santos são a melhor parte da nossa terra. São pessoas comuns que se comprometeram em deixar o mundo um pouco "melhor e não se resignaram aos problemas das pessoas, que eram tão graves ontem como hoje. Os santos são “belos”, porque têm uma beleza que vem do coração. Colando os seus rostos nas janelas e nas portas de casa, um jovem se rodeia de pessoas belas e isso transmite a mensagem de que também ele pode conquistar esta beleza. Valem as palavras que pronunciou São Bernardo de Claraval: “Se este, se aquele... por que também não eu?”..
ZENIT: Este ano, a iniciativa foi ampliada ainda mais, é verdade?
Pe. Andrea Brugnoli : Sim, de fato , fizemos propostas para as escolas e para as crianças da catequese. Já no ano passado, muitas realidades tinham aderido enviando-nos o seu material fotográfico e as suas crônicas. A fantasia é realmente grande: por exemplo em Milão alguns jovens de uma paróquia decidiram levar comida aos sem teto vestidos de santos. Em outros lugares colaram fotografias imensas de santos com mais de 6 metros nas fachadas das Igreja. Esta redescoberta dos santos é realmente a resposta das pessoas à necessidade que temos hoje de redescobrir as nossas melhores raízes.
ZENIT: Em Roma, uma iniciativa semelhante à vossa, chamada “A Noite dos Santos”, teve um grandíssimo sucesso. Mas coisas assim nos chegam de toda a Itália. É encorajador. Como alimentar esses desejos positivos dos jovens?
Pe. Andrea Brugnoli: Eu acho que todos nós temos que ter muita confiança nos jovens. Não é verdade que são atraídos pelo mal, pelas cabaças vazias, pelo horror. O problema é que não têm outras alternativas. Mas, quando é apresentado para eles um ideal de vida de entrega aos outros, heroicamente dedicado ao bem, como foi no caso dos santos,  eles se sentem atraídos, porque no coração de cada jovem há uma irresistível paixão por deixar uma marca, por ser um “alguém”. Ainda hoje nós lembramos dos santos – embora bem jovenzinhos – por causa da sua alegria contagiosa. Temos que, portanto, pedir aos jovens muito e propor-lhes uma medida alta de vida cristã.
(Traduzido e adaptado por Thácio Siqueira)

Texto da catequese do Papa Francisco sobre a comunhão dos santos



Na audiência Francisco lembra que a nossa fé do apoio dos demais. Revela que também ele foi tentado. A comunhão dos santos supera a vida terrena.
Por Redacao

ROMA, 30 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Na manhã dessa quarta-feira o Papa Francisco dirigiu as seguintes palavras para os fiéis presentes na Praça de São Pedro.
***
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de falar de uma realidade muito bela da nossa fé, ou seja, da “comunhão dos santos”. O Catecismo da Igreja Católica nos recorda que com esta expressão se entendem duas realidades: a comunhão nas coisas santas e a comunhão entre as pessoas santas (n. 948). Concentro-me no segundo significado: trata-se de uma verdade entre as mais consoladoras da nossa fé, pois nos recorda que não estamos sozinhos, mas existe uma comunhão de vida entre todos aqueles que pertencem a Cristo. Uma comunhão que nasce da fé; de fato, o termo “santos” refere-se àqueles que acreditam no Senhor Jesus e estão incorporados a Ele na Igreja mediante o Batismo. Por isto, os primeiros cristãos eram chamados também “os santos” (cfr At 9,13.32.41; Rm 8,27; 1 Cor 6,1).
1. O Evangelho de João mostra que, antes da sua Paixão, Jesus rezou ao Pai pela comunhão entre os discípulos, com estas palavras: “Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (17, 21). A Igreja, em sua verdade mais profunda, é comunhão com Deus, familiaridade com Deus, comunhão de amor com Cristo e com o Pai no Espírito Santo, que se prolonga em uma comunhão fraterna. Esta relação entre Jesus e o Pai é a “matriz” do vínculo entre nós cristãos: se estamos intimamente inseridos nesta “matriz”, nesta fornalha ardente de amor que é a Trindade, então podemos nos tornar verdadeiramente um só coração e uma só alma entre nós, porque o amor de Deus queima os nossos egoísmos, os nossos preconceitos, as nossas divisões interiores e exteriores. O amor de Deus queima também os nossos pecados
2. Se há este enraizamento na fonte do Amor, que é Deus, então se verifica também o movimento recíproco: dos irmãos a Deus; a experiência da comunhão fraterna me conduz à comunhão com Deus.  Estar unidos entre nós nos leva a estar unidos com Deus, leva-nos a esta ligação com Deus que é o nosso Pai. Este é o segundo aspecto da comunhão dos santos que gostaria de destacar: a nossa fé precisa do apoio dos outros, especialmente nos momentos difíceis. Se nós estamos unidos a fé se torna forte. Quanto é belo apoiar-nos uns aos outros na aventura maravilhosa da fé! Digo isto porque a tendência a se fechar no privado influenciou também o âmbito religioso, de forma que muitas vezes é difícil pedir a ajuda espiritual de quantos partilham conosco a experiência cristã. Quem de todos nós não experimentou inseguranças, perdas e ainda dúvidas no caminho da fé? Todos experimentamos isto, também eu: faz parte do caminho da fé, faz parte da nossa vida. Tudo isso não deve nos surpreender, porque somos seres humanos, marcados por fragilidades e limites; todos somos frágeis, todos temos limites. Todavia, nestes momentos de dificuldade é necessário confiar na ajuda de Deus, mediante a oração filial e, ao mesmo tempo, é importante encontrar a coragem e a humildade de abrir-se aos outros, para pedir ajuda, para pedir para nos darem uma mão. Quantas vezes fizemos isto e então saímos do problema e encontramos Deus uma outra vez! Nesta comunhão – comunhão quer dizer comum-união – somos uma grande família, onde todos os componentes se ajudam e se apoiam entre eles.
3. E chegamos a outro aspecto: a comunhão dos santos vai além da vida terrena, vai além da morte e dura para sempre. Esta união entre nós vai além e continua na outra vida; é uma união espiritual que nasce do Batismo e não vem separada da morte, mas, graças a Cristo ressuscitado, é destinada a encontrar a sua plenitude na vida eterna. Há um vínculo profundo e indissolúvel entre quantos são ainda peregrinos neste mundo – entre nós – e aqueles que atravessaram o limiar da morte para entrar na eternidade. Todos os batizados aqui na terra, as almas do Purgatório e todos os beatos que estão já no Paraíso formam uma só grande família. Esta comunhão entre terra e céu se realiza especialmente na oração de intercessão.
Queridos amigos, temos esta beleza! É uma realidade nossa, de todos, que nos faz irmãos, que nos acompanha no caminho da vida e nos faz encontrar-nos de novo no céu. Sigamos por este caminho com confiança, com alegria. Um cristão deve ser alegre, com a alegria de ter tantos irmãos batizados que caminham com ele; apoiado pela ajuda dos irmãos e das irmãs que fazem esta estrada para ir para o céu; e também com a ajuda dos irmãos e das irmãs que estão no céu e rezam a Jesus por nós. Avante por este caminho com alegria!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A ORAÇÃO CRISTÃ


 

Caros diocesanos. Hoje nós falaremos sobre a oração cristã, tão necessária em nossa vida. Mas o que vem mesmo ser a oração? Normalmente, afirmamos que é um diálogo que se estabelece entre Deus e a pessoa humana. Este diálogo pode ser espontâneo, de pessoa a Pessoa, ou seja, deixar a alma falar, olhar para Ele e deixar-se olhar por Ele. Enfim, é elevar o espírito e o coração a Deus. Esta forma torna-se mais profunda com a ajuda da Bíblia, que contém a Palavra de Deus, viva e eficaz em todos os tempos; através dela nós temos a certeza de que não estamos fazendo monólogo, ou seja, conversando egoisticamente conosco mesmos, a partir dos nossos interesses e desejos pessoais. Uma das formas bíblicas de oração, de longa tradição na Igreja, é aLeitura Orante da Bíblia. Através dela Deus fala conosco com sua atenção paternal e nós ouvimos e respondemos com expressões de fé, de louvor e de súplica e buscamos ações conseqüentes em nossa vida.
Quando Jesus fala sobre o modo de rezar, antes de ensinar o Pai-Nosso, Ele adverte os discípulos para evitarem a simples multiplicação de palavras: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais” (Mt 6, 7-8). A partir do ensinamento e do testemunho de Jesus, nós podemos aprender alguns pontos fundamentais sobre a oração:
·         Pela oração consideramos Deus como nosso princípio e fim; acolhemos a nós mesmos como seu dom amado, convidados a participar de sua vida;
·         Na oração reconhecemos nossos limites: somos finitos, abertos ao infinito. Animais de circo se ajoelham por condicionamento, mas somente a pessoa humana prostra-se livremente e com humildade no palco da vida para interrogar-se sobre a própria origem e destino;
·         Ao rezar, nos reconhecemos criados à imagem e semelhança de Deus: encontramo-nos com nossa identidade mais profunda; é um abrir-nos Àquele Outro que nos tornou filhos e herdeiros seus;
·         Orar não é falar sobre Deus, mas dialogar com Ele; percebê-Lo 
em nós. Não basta nosso conhecimento de Deus, é preciso acontecer nosso encontro filial com Ele para recordá-Lo (colocá-Lo de novo no coração); escribas e sacerdotes de Jerusalém sabiam tudo sobre o Senhor, mas não o encontraram em sua vida (Mt 2, 1-12).
·         A oração autêntica é o respiro da vida. Ela torna-se necessidade constante para a sobrevivência da nossa fé;
·         Se a oração faz entrar em comunhão com a Trindade, tornando-nos filhos e herdeiros, ela necessariamente nos conduzirá também ao encontro dos irmãos e das irmãs;
·         A experiência da oração constante nos levará sempre mais para a forma por excelência de orar, que encontramos na celebração da Liturgia, em comunhão com toda Igreja (SC 12-13);
·         Quanto mais crescermos na oração, aumentará em nós o desejo de partilhar a experiência da comunhão com Deus e com os irmãos, tornando-nos discípulos missionários desta boa nova.
Inspirados na fé e na vida de oração da Virgem Maria, façamos da Bíblia nosso melhor livro de oração, pois nela, em sua expressão máxima, encontramos o Verbo, a Palavra, o próprio Jesus, que se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1,14).
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ter a coragem de chamar os pecados pelo seu nome perante o confessor



Homilia desta manhã na Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta
Por Redacao
ROMA, 25 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Ter a coragem de chamar os pecados pelo seu nome perante o confessor. Esta a ideia principal da homilia desta manhã na Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta que foi inteiramente dedicada ao Sacramento da Reconciliação. Segundo o Santo Padre, para muitos adultos confessar os pecados perante um sacerdote é um esforço insustentável que pode transformar um momento de verdade num exercício de ficção. O Papa Francisco comentou a Carta de S. Paulo aos Romanos em que o Apóstolo admite publicamente perante toda a comunidade que na ?sua carne não habita o bem? e ainda admitiu ser um ?escravo? que não faz o bem que quer, mas cumpre o mal que não quer. O Papa diz-nos que esta é a luta dos cristãos:
?E esta é a luta dos cristãos. É a nossa luta de todos os dias. E nós nem sempre temos a coragem de falar como fala Paulo sobre esta luta. Sempre tentamos uma via de justificação: ?Mas sim, somos todos pecadores. Dizemos assim, não é? Isto dizêmo-lo dramaticamente: é a nossa luta. E se nós não reconhecermos isto nunca poderemos ter o perdão de Deus.?
?Alguns dizem: ?Ah, eu confesso-me com Deus!. Mas, é fácil, é como confessar por email, não é? Deus está lá longe, eu digo as coisas e não há um face a face, não há um olho no olho. Paulo confessa as suas debilidades diretamente aos irmãos, face a face. Há ainda outros que dizem: eu vou confessar-me; mas confessam-se de coisas tão etéreas, tanto no ar que não são concretas. E isso é a mesma coisa que não o fazer. Confessar os nossos pecados não é como ir ao psiquiatra, ou ir para uma sala de tortura: é dizer ao Senhor; eu sou pecador, mas dizê-lo através do irmão, para que seja concreto.?
O cristão deve lidar com o seu pecado de uma forma concreta, honesta e ter a capacidade de se envergonhar perante Deus, pedindo perdão e reconciliando-se confessando os seus pecados. E, segundo o Papa Francisco, o melhor mesmo é imitarmos as crianças:
? Os pequenos têm aquela sabedoria: quando uma criança vem confessar-se nunca diz coisas genéricas. ?Mas Padre eu fiz isto à minha tia, eu disse aquela palavra!? São concretos. Têm aquela simplicidade da verdade. E nós temos sempre a tendência de escondermos a realidade e as nossas misérias. Mas, há uma coisa bela: quando confessamos os nossos pecados, como estamos na presença de Deus, sentimos sempre vergonha. Envergonharmo-nos perante Deus é uma graça. Recordemos Pedro quando depois do milagre de Jesus no Lago diz: ?Senhor afasta-te de mim que sou pecador?. Envergonha-se do seu pecado perante a santidade de Jesus Cristo.? (Red. Rádio Vaticano / Red. ZENIT T.S.)

O matrimônio é "partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor"

Papa Francisco se reúne com as famílias na Praça de São Pedro. Mais de 80 mil pessoas de 70 países.
Por Thácio Lincon Soares de Siqueira
ROMA, 26 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Cerca de oitenta a cem mil pessoas, de mais de 70 países, se reuniram hoje na Praça de São Pedro em Roma, para o Encontro das famílias com o Papa. Dia de sol, céu aberto, e muito colorido pela diversidade de balões que as crianças tinham nas mãos, as apresentações, músicais e testemunhos que marcaram a jornada.
Antes da benção final o Santo Padre perguntou-se: diante de tanta dificuldade para se formar uma família hoje ?Como é possível, hoje, viver a alegria da fé em família??
A vida é difícil, procurar trabalho é difícil, mas ?aquilo que mais pesa na vida é a falta de amor. Pesa não receber um sorriso, não ser benquisto. Pesam certos silêncios, às vezes mesmo em família, entre marido e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos. Sem amor, a fadiga torna-se mais pesada?, disse o Papa, recordando o que Jesus diz às famílias hoje: ?Vinde a Mim, famílias de todo o mundo, e Eu vos hei-de aliviar, para que a vossa alegria seja completa?.
No momento da cerimônia de casamento, quando o casal promete fidelidade todos os dias da vida, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza..., o santo padre comentou que ?Naquele momento, os esposos não sabem quais são as alegrias e as tristezas que os esperam. Partem, como Abraão; põem-se juntos a caminho?, e assim define o matrimônio: ?Partir e caminhar juntos, de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor?.
?Os esposos cristãos não são ingênuos, conhecem os problemas e os perigos da vida. Mas não têm medo de assumir a própria responsabilidade, diante de Deus e da sociedade?, porque confiam na fidelidade de Deus, disse o Papa, assegurando que é por isso que existe a graça do sacramento, que não é só festa, cerimônia, ?Os sacramentos não servem para decorar a vida; o sacramento do Matrimónio não se reduz a uma linda cerimónia! Os cristãos casam-se sacramentalmente, porque estão cientes de precisarem do sacramento!?. Disse de forma espontânea: "A graça não é pra decorar a vida, mas é pra fazer-nos fortes, para seguirmos adiante".
Deixando de lado o texto, o Papa lembrou as três palavras necessárias para se construir uma família: "Por favor, obrigado, desculpa. Três palavras para poder levar adiante uma família".
Uma família tem muitos momentos felizes, ?Mas, se falta o amor, falta a alegria, falta a festa; ora o amor é sempre Jesus quem no-lo dá: Ele é a fonte inesgotável, e dá-Se a nós na Eucaristia?.
Reforçando a importância do encontro das gerações, da valorização das gerações anteriores, disse Francisco que  "Os avós são a sabedoria da família, de um povo. Um povo que não escuta os avós é um povo que morre". E olhando para o ícone presente na Praça de São Pedro da Apresentação do Senhor no Templo, o Papa disse que ?Estes dois anciãos ? Joaquim e Ana - representam a fé como memória. Maria e José são a Família santificada pela presença de Jesus, que é o cumprimento de todas as promessas. Cada família, como a de Nazaré, está inserida na história de um povo e não pode existir sem as gerações anteriores.?
Por fim disse o Papa, ?Juntos, façamos nossas estas palavras de São Pedro, que nos têm dado força e continuarão a dar nos momentos difíceis: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!»