sexta-feira, 21 de março de 2014

Catequese para Adultos: A catequese que provoca adesão a Cristo

O comprometimento na vida adulta merece uma catequese não só de iniciação.
Por José Barbosa de Miranda

BRASíLIA, 21 de Março de 2014 (Zenit.org) -
 A catequese com adultos, quando contém maturidade de atitudes, conduz ao encontro da essência da verdade, Jesus Cristo.
No artigo anterior refletimos como a ação catequética deve conduzir o adulto a uma revisão de seus atos, provocando uma mudança radical de vida. Depois da estada de Jesus com Zaqueu, em sua casa (cf. Lc 19, 1-9), ele fez justiça, revendo os atos que praticara. Neste encontro veremos que a mudança não é só pessoal, mas envolve outras pessoas, aderindo ao conceito da verdade com a descoberta de Jesus Cristo.
OPÇÃO PARA SEGUIR JESUS
Conta-nos o evangelista Lucas que Jesus “saiu, viu um publicano, chamado Levi, sentado na coletoria de impostos e disse-lhe: ‘Segue-me! ’ E, levantando-se, ele deixou tudo e o seguiu” (Lc 5,27-28). O mesmo fato é narrado por Mc 2,13-14. Em Mt 9,9 Levi é Mateus. Tanto Levi como Mateus é o discípulo missionário Mateus escolhido por Jesus para formar o seu colégio apostólico. Em seguida os evangelistas dizem que “Levi ofereceu a Jesus uma grande festa, e com eles estava à mesa numerosa multidão de publicanos e outras pessoas” (Lc 5,29; Mt 9, 10; Mc 2,15).
Mateus se permitiu fazer opção no seguimento de Jesus. Depois do encontro com o Mestre, ele que tanto prezava os seus companheiros de profissão, os chamados pecadores públicos, convida-os para conhecer o seu novo amigo. É uma oportunidade especial, uma refeição em família que envolve pessoas de sua inteira confiança. Só convidamos para fazer parte da nossa mesa pessoas próximas. Mateus já aceitara a mudança de vida, de pecador público tonara-se discípulo e frequentava a escola de Jesus. Agora não se esquece dos companheiros.
CÉLULAS MULTIPLICANDO CÉLULAS
Essa é uma das qualidades da catequese permanente com adultos: células multiplicando células. O envolvimento com a verdade de Jesus não cabe em um único coração, precisa ser compartilhado. A catequese permanente com adultos leva a essa descoberta de Cristo para vivê-lo aqui e agora. Viver é testemunhar. O leigo adulto é capaz de transformar o seu meio, pois está no mundo, vive no mundo e administra o mundo. Mateus, pecador público como o era Zaqueu, aderiu a Cristo, por meio deles o Mestre permanece conosco e é anunciado como Boa Nova. É o Evangelho sendo multiplicado de geração em geração. E tudo começa com o convite, a conversão e a perseverança. O Diretório Geral da Catequese nos exorta a aprofundar este momento: “Ao anunciar ao mundo a Boa Nova da Revelação, a evangelização convida homens e mulheres à conversão e à fé. O chamado de Jesus, ‘arrependei-vos e crede no Evangelho’ (Mc 1,15), continua a ressoar hoje, mediante a evangelização da Igreja. A fé cristã é, antes de mais nada, conversão a Jesus Cristo, adesão plena e sincera à sua pessoa, e decisão de caminhar na sua sequela. A fé é um encontro pessoal com Jesus Cristo, é tornar-se seu discípulo. Isso exige o empenho permanente para pensar como ele, de julgar como ele e de viver como ele viveu” (DGC n.53).
ANÚNCIO COM VERDADE E CARIDADE
O primeiro passo do catequista é sair de si mesmo para encontrar-se com o outro, na sua realidade. Desalojar-se. Não ficar na “sua igreja”, mas estar como Igreja nas casas, na repartição pública, na empresa, na mídia, na política, na escola, no clube. “Não peço que os tire do mundo, mas que os guarde do Maligno” (Jo 17,15). Ora, para anunciar no contexto do adulto, é preciso, primeiro, conhecer esse contexto. Os evangelistas não dizem que Jesus condenou sumariamente o meio em que se encontravam os homens, mas procurou jogar a boa semente na terra, esperando que os homens se abrissem ao Semeador. Não se trata de condenar, mas de curar (cf. Lc 19,9). As pessoas são más porque não conhecem o lado bom do Reino de Deus. Basta uma pequena gota de corante para mudar a coloração da água. Uma pequena verdade modifica a conduta das pessoas, tornando-as fermento no mundo (cf. Lc 13,20).
A catequese com adultos parte da premissa de que nada se impõe, mas tudo no mundo é possível de questionamento para colocar a fé como centro basilar. É um gesto de dar as mãos para caminhar juntos. Quando uma ideia é aceita, ela se multiplica. E no meio adulto há um campo fértil para isso. A mudança de comportamento, pela catequese, deve ter efeito multiplicador, não ficar escondido, mas transmitido a outros. É como a multiplicação dos talentos (cf. Mt 25,14-29), consequência de conversão consciente (intelectual) e não emocional. Parte da razão para atingir o coração. E isso se consegue com uma catequese bem fundada e estruturada. Mateus não só aderiu a Cristo, mas convidou os amigos a fazerem o mesmo, tornando-se sal da terra e luz do mundo (CF. Mt 5,13-14). É missão de todos.
A catequese não se confina num pequeno espaço físico, porque o Cristo deve ser anunciado a toda criatura (cf. Mc 16,15).
PARA REFLEXÃO
O que está faltando, nas comunidades, para que haja uma catequese com adultos? Não a de iniciação cristã, mas de comprometimento com a fé adulta.

A reflexão de hoje é sobre o amor cristão.




Por Vanderlei de Lima

AMPARO, 20 de Março de 2014 (Zenit.org) -
 O substantivo amor e o verbo amar estão muito desgastados nos nossos dias, especialmente a partir da chamada “revolução sexual” dos anos 60 do século XX. Daí a importância de deixarmos claro que, na língua grega, há três termos para designar amor: éros, philia e ágape.
Éros ficou conhecido como um tipo de amor concupiscente ou meramente sentimental e carnal. É, neste sentido, o erotismo prática comum numa sociedade que perdeu quase por completo seus referenciais éticos fundados especialmente na Lei Natural Moral, ou seja, na Lei do Criador escrita na natureza para guiar o ser humano nesta vida em demanda do céu, nossa morada definitiva.
A partir dessa definição, escreve o Papa Bento XVI que “O éros degradado a puro ‘sexo’ torna-se mercadoria, torna-se, simplesmente, uma ‘coisa’ que se pode comprar e vender; antes, o próprio ser humano torna-se mercadoria” (Encíclica Deus Caritas est n. 5). Ora, essa mercantilização do corpo é prostituição, uma das fontes do tráfico humano denunciado, enfaticamente, pela Campanha da Fraternidade deste ano.
Philia, por sua vez, recorda o amor de amizade, de benevolência, capaz de despertar a reciprocidade do outro. Já é um grande avanço em relação ao éros, mas, mesmo assim – salvo a exceção feita no Evangelho de São João para caracterizar o amor entre Cristo e seus discípulos – ainda não atinge o píncaro do amor cristão como a grande novidade que Nosso Senhor veio ensinar e praticar. Afinal, é fácil amar quem nos ama, tão fácil que também os pagãos fazem isso (cf. Mt 5, 46-47).
Todavia, a grande novidade do Cristianismo é o ágape. Este é o amor fraterno, serviçal, desinteressado, que se dirige diretamente àquele que amamos sem esperar nada em troca. Aqui está o auge, o clímax, o cume do amor. Com esses pressupostos, vai a Bíblia nos afirmar que Deus é amor (1Jo 4,8). E mais: Ele é o amor que nos amou primeiro a ponto de enviar o seu próprio Filho para morrer por nós (1Jo 4,10) quando ainda éramos pecadores (cf. Ef 2, 1-10).
Daí ao comentar a passagem do Evangelho na qual o Senhor Jesus recomenda o amor incondicional – “Quem procura salvaguardar a vida, perdê-la-á, e quem a perder, conservá-la-á” (Lc 17,33) – o Papa Bento reflete do seguinte modo: “Assim descreve Jesus o seu caminho pessoal, que o conduz, através da cruz, à ressurreição: o caminho do grão de trigo que cai na terra e morre e, desse modo, dá muito fruto. Partindo do centro de seu sacrifício pessoal e do amor que aí alcança a sua plenitude, ele, com tais palavras, descreve, também, a essência do amor e da existência humana em geral” (idem n. 6).
Antes de concluirmos nossa reflexão, importa fazer, com Bento XVI, um importante esclarecimento quanto ao éros e ao ágape: “no fundo, o ‘amor’ é uma única realidade, embora com distintas dimensões; caso a caso, pode uma ou outra dimensão sobressair mais. Mas quando as duas dimensões [éros e ágape] se separam completamente uma da outra, surge uma caricatura ou, de qualquer modo, uma forma redutiva de amor” (ibidem n. 8).
Por fim, Bento XVI demonstra que o verdadeiro sentido do ágape “Consiste, precisamente, no fato de que eu amo, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou nem conheço sequer”, mas, a partir de um encontro íntimo com o Senhor, “aprendo a ver aquela pessoa já não somente com meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo”. Contudo, se me falta esse contato íntimo com Deus, vejo o outro sempre como estranho, contento-me apenas em ser “piedoso” e “cumprir meus deveres religiosos” sem se importar com o meu irmão. Nesse caso, trata-se de uma relação “correta” ou legalista com Deus, mas sem amor. Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus” (ibidem n. 18).
Peçamos, pois, ao Divino Espírito Santo, nosso Mestre Interior, que nos mostre a forma mais acertada de praticarmos, no dia a dia, a caridade, que, junto com a penitência e a oração, é tão recordada pela Mãe Igreja no tempo quaresmal.

quinta-feira, 20 de março de 2014

QUARESMA


A Quaresma é o tempo litúrgico de preparação a Páscoa.
O termo quaresma vem do latim quadragésima e se refere ao período de quarenta dias que antecede a festa maior do Cristianismo, a Ressurreição do Senhor. Inicia na Quarta -feira de Cinzas e vai até a Quinta-feira Santa.
É um tempo propicio à oração, o jejum, a leitura e reflexão da Palavra e a pratica da caridade. Um tempo de recolhimento interior, de penitência e conversão,  de perdão e reconciliação.
É um convite para que cada católico faça uma revisão de vida,  para a confrontar com o Evangelho de Jesus Cristo e mudar o que for preciso em sua vida, no seu modo de ser e agir, para ficar mais próximo do Senhor.
A liturgia quaresmal é rica em símbolos, vejamos alguns:
Cinzas:revela a fragilidade da vida e nos remete a eternidade com Deus. Dás cinzas rebrota a vida, e recorda ao cristão que a vida é uma luta continua contra o pecado. Expressar a conversão.
Cruz:representa o cristianismo, no batismo somo assinalados pelo sinal da cruz em nossa testa, pertencemos a Cristo. É a Nova Aliança realizada na Páscoa de Jesus. A vitória de Cristo sobre a morte. O sinal da cruz revela a fé em Cristo Jesus que pela Cruz nos trouxe a salvação.

Penitência e jejum: significa  aproximação ao Senhor, é a valorização da dimensão espiritual na vida. É o  crescimento interior que contribui para a vivência de uma vida mais simples, liberta do consumismo.
                                                            Maria Ronety Canibal

quarta-feira, 19 de março de 2014

Solenidade de São José





Francisco explica que o esposo de Maria e patrono da Igreja Universal acompanha o crescimento de Jesus em sabedoria, idade e graça


ROMA, 19 de Março de 2014 (Zenit.org) - São José Educador
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, 19 de março, celebramos a festa solene de São José, Esposo de Maria e Patrono da Igreja universal. Dediquemos, então, esta catequese a ele, que merece todo o nosso reconhecimento e a nossa devoção por como soube proteger a Virgem Santa e o Filho Jesus. O ser guardião é a característica de José: é a sua grande missão, ser guardião.
Hoje gostaria de retomar o tema da proteção segundo uma perspectiva particular: a perspectiva educativa. Olhemos para José como o modelo de educador, que protege e acompanha Jesus em seu caminho de crescimento “em sabedoria, idade e graça”, como diz o Evangelho. Ele não era pai de Jesus: o pai de Jesus era Deus, mas ele cumpria o papel de pai de Jesus, fazia-se pai de Jesus para fazê-lo crescer. E como o fez crescer? Em sabedoria, idade e graça.
Partamos da idade, que é a dimensão mais natural, o crescimento físico e psicológico. José, junto com Maria, tomou conta de Jesus antes de tudo deste ponto de vista, isso é, “criou-o”, preocupando-se que não lhe faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio. Não esqueçamos que o cuidado fiel da vida do Menino incluiu também a fuga ao Egito, a dura experiência de viver como refugiados – José foi um refugiado, com Maria e Jesus – para escapar da ameaça de Herodes. Depois, uma vez de volta à pátria e estabelecidos em Nazaré, há todo o longo período da vida de Jesus em sua família. Naqueles anos, José ensinou a Jesus também o seu trabalho e Jesus aprendeu a ser carpinteiro com seu pai José. Assim, José criou Jesus.
Passemos à segunda dimensão da educação, aquela da “sabedoria”. José foi para Jesus exemplo e mestre desta sabedoria, que se nutre da Palavra de Deus. Podemos pensar em como José educou o pequeno Jesus a escutar as Sagradas Escrituras, sobretudo acompanhando-O de sábado à sinagoga de Nazaré. E José o acompanhava para que Jesus escutasse a Palavra de Deus na sinagoga.
E, enfim, a dimensão da “graça”. São Lucas sempre diz referindo-se a Jesus: “A graça de Deus era sobre Ele” (2, 40). Aqui, certamente, a parte reservada a São José é mais limitada em relação aos âmbitos da idade e da sabedoria. Mas seria um grave erro pensar que um pai e uma mãe não podem fazer nada para educar os filhos a crescer na graça de Deus. Crescer em idade, crescer em sabedoria, crescer na graça: este é o trabalho que José fez com Jesus, fazê-Lo crescer nestas três dimensões, ajudá-lo a crescer.
Queridos irmãos e irmãs, a missão de São José é certamente única e irrepetível, porque absolutamente único é Jesus. E, todavia, em seu proteger Jesus, educando-o para crescer em idade, sabedoria e graça, ele é modelo para todo educador, em particular para todo pai. São José é o modelo de educador e de pai, de pai. Confio, então, à sua proteção todos os pais, os sacerdotes – que são pais – e aqueles que têm um dever educativo na Igreja e na sociedade. De modo especial, gostaria de saudar hoje, dia do pai, todos os pais, todos os pais: saúdo-vos de coração! Vejamos: há alguns pais na Praça? Levantem a mão, os pais! Mas quantos pais! Parabéns, parabéns pelo vosso dia! Peço para vocês a graça de ser sempre muito próximos aos seus filhos, deixando-os crescer, mas próximos, próximos! Eles precisam de vocês, da vossa presença, da vossa proximidade, do vosso amor. Sejam para eles como São José: guardiões do seu crescimento em idade, sabedoria e graça. Guardiões do seu caminho; educadores, e caminhem com eles.. E com esta proximidade, vocês serão verdadeiros educadores. Obrigado por tudo aquilo que fazem pelos vossos filhos: obrigado. A vocês parabéns, e boa festa do pai a todos os pais que estão aqui, a todos os pais. Que São José vos abençoe e vos acompanhe. E alguns de nós perdemos o pai, se foi, o Senhor o chamou; tantos que estão na Praça não têm pai. Podemos rezar por todos os pais do mundo, pelos pais vivos e também pelos falecidos e pelos nossos, e podemos fazê-lo juntos, cada um recordando o seu pai, se está vivo ou morto. E rezemos ao grande Pai de todos nós, o Pai. Um “Pai nosso” pelos nossos pais: Pai Nosso…..
E parabéns aos pais!

O hipócrita se disfarça de santo



Francisco nos explica que a quaresma serve para nos aproximarmos de Deus e mudarmos de vida


CIDADE DO VATICANO, 18 de Março de 2014 (Zenit.org) - 
A quaresma é um tempo para "arrumar a própria vida" e "para se aproximar de Deus", destacou o papa Francisco na homilia da missa desta manhã na Casa Santa Marta. O Santo Padre alertou para o risco de nos sentirmos "melhores do que os outros": os hipócritas "se maquiam de bons" e não entendem que "ninguém é justo por si mesmo", que todos "temos a necessidade de ser justificados".
Conversão: o pontífice começou o sermão destacando que esta é a palavra-chave da quaresma, um tempo favorável "para nos aproximarmos" de Jesus. E, comentando a primeira leitura, do livro de Isaías, ele disse que nosso Senhor chama à conversão duas "cidades pecadoras", Sodoma e Gomorra, demostrando que todos "temos que mudar de vida". A quaresma é um tempo para "arrumar a vida" nos aproximando de nosso Senhor. Ele "nos quer perto de si" e nos garante que "nos espera para nos perdoar", mas quer "uma aproximação sincera" e nos avisa do perigo da hipocrisia.
"O que os hipócritas fazem? Eles se maquiam, se maquiam de bonzinhos: fazem cara de propaganda, rezam olhando para o céu, se mostram, se consideram mais justos do que os outros, desprezam os outros. ‘Mas eu sou muito católico’, dizem eles, ‘porque o meu tio foi um grande benfeitor, a minha família é esta e eu sou.... eu aprendi... eu conheci tal bispo, tal cardeal, tal padre... Eu sou....'. Eles se consideram melhores do que os outros. Esta é a hipocrisia. Nosso Senhor nos diz: 'Não, isso não'. Ninguém é justo por si mesmo. Todos nós temos a necessidade de ser justificados.. E o único que nos justifica é Jesus Cristo".
Por isso, prosseguiu, temos que nos aproximar do Senhor "para não ser cristãos disfarçados, que, por trás das aparências, na realidade, não são cristãos". Como, então, não ser hipócritas e aproximar-se de Deus? A resposta vem do próprio Deus na primeira leitura: "Lavai-vos, purificai-vos, afastai dos meus olhos o mal das vossas ações, deixai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem". Este é o convite. Mas Francisco pergunta: "Qual é o sinal de que estamos no bom caminho?".
"'Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva’. Ocupar-se do próximo: do doente, do pobre, de quem tem necessidade, do ignorante. Os hipócritas não sabem fazer isto, não podem, porque são tão cheios de si que estão cegos para olhar para os outros. Quando caminhamos um pouco e nos aproximamos de nosso Senhor, a luz do Senhor nos faz ver essas coisas e a ajudar os nossos irmãos. Este é o sinal, este é o sinal da conversão”.
"Isto não é toda a conversão", já que a conversão "é o encontro com Jesus Cristo", mas "o sinal de que estamos com Cristo é este: atender os nossos irmãos, os mais pobres, os doentes, como nosso Senhor nos ensina" e como lemos no capítulo 25 do evangelho de Mateus.
"A quaresma serve para arrumarmos a vida, ordená-la, mudar de vida, para nos aproximarmos do Senhor. O sinal de que estamos longe do Senhor é a hipocrisia. O hipócrita não tem necessidade do Senhor, ele se salva por si mesmo, pensa ele, e se disfarça de santo. O sinal de que nos aproximamos de nosso Senhor com a penitência, pedindo perdão, é cuidarmos dos nossos irmãos necessitados. Que nosso Senhor dê luz e valentia para todos nós: luz para conhecermos o que acontece dentro de nós e valentia para nos convertermos, para nos aproximarmos de nosso Senhor. É bonito estar perto do Senhor".

SÃO JOSÉ - Patrono da Igreja

O Papa Pio IX, no dia 8 de dezembro de 1870, declarou o glorioso São José, Padroeiro da Igreja Católica.Este mesmo Papa, em 08/12/1854, já tinha proclamado solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.Através de Decreto da Congregação dos Sagrados Ritos, o Papa atendeu à solicitação do episcopado do mundo todo, que estava então reunido no Concílio Vaticano I ( 08/12/1869 a 20/10/1870), os quais rogaram ao Santo Padre que se dignasse constituir São José Padroeiro da Igreja Católica.
Assim se expressou a Sagrada Congregação dos Ritos:“Assim como Deus constituira o antigo José, filho do antigo patriarca Jacó, para presidir em toda a terra do Egito, a fim de conservar o trigo para os povos; assim, chegada a plenitude dos tempos, estando para enviar à terra o seu Unigênito Filho para redençãodo mundo, escolheu outro José, de quem o primeiro era figura; constituiu-o Senhor e Príncipe de sua casa e de sua possessão, e elegeu-o custódio de seus principais tesouros.
José teve, de fato, por esposa a Imaculada Virgem Maria, da qual por virtude do Espírito Santo, nasceu Nosso Senhor Jesus Cristo, que, junto aos homens, se dignou ser julgado filho de José, e lhe foi submisso. E José, não só viu Aquele que tantos reis e profetas desejaram ver, mas conversou com Ele, estreitou-O ao peito com paternal afeto, beijou-O; e, além disso, com extremoso cuidado, alimentou Aquele que devia ser nutrição espiritual e alimento de vida eterna para o povo fiel.
Por esta excelsa dignidade, concedida por Deus a seu fidelíssimo Servo, a Igreja, após a Virgem Santíssima, sua Esposa, teve sempre em grande honra e cumulou de louvores o Beatíssimo José, e nasangústias lhe implorou a intercessão. Ora, estando a Igreja, nestes tristíssimos tempos, perseguida em toda parte por inimigos e opressa por tão graves calamidades, a ponto de julgarem os ímpios que as portas do abismo prevaleceram contra Ela, os Bispos de todo o mundo católico, em seu nome e no dos fiéis confiados a seus cuidados, rogaram ao Sumo Pontífice que se dignasse constituir São José Padroeiro da Igreja Católica.
Tendo pois eles, no Sagrado Concílio Ecumênico Vaticano I, renovado com maior insistência os mesmos pedidos e desejos, o Santo Padre Pio IX, comovido com a presente e lutuosa condição dos tempos, querendo de modo especial colocar-se a si mesmo e aos fiéis sob o poderosíssimo Patrocínio do Santo Patriarca José e satisfazer os desejos dos Bispos, declarou-o solenemente Padroeiro da Igreja Católica.
Elevou a sua festa, que caí a 19 de março a rito duplo de primeira classe. E, além disso ordenou que esta declaração, feita com o presente decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, fosse publicado no dia consagrado à Imaculada Virgem Mãe de Deus, Esposa do castíssimo José”.
Eram, como sempre, tempos difíceis para a Igreja. O Papa convocara o Concílio Vaticano I para enfrentar o brado da Revolução Francesa (1789) contra a fé, no endeusamento da razão e do nacionalismo. O século XIX começou marcado pelo materialismo racionalista e pelo ateísmo, fora da Igreja; dentro dela as tendências conciliaristas e de separatismo, que enfraqueciam a autoridade do Papa e a unidade da Igreja. Mais uma vez a Barca de Pedro era ameaçada pelas ondas do século. Então a Igreja recomendou-se ao “Pai” terreno do Senhor. Aquele que cuidara tão bem da Cabeça da Igreja, ainda Menino, cuidaria também de todo o seu Corpo Místico.Trinta anos depois, o Papa Leão XIII, no dia 15/8/1899, assinava a Encíclica “Quanquam Pluries” sobre São José, nos tempos difíceis da virada do século.
Ouçamos o Papa:“Nos tempos calamitosos, especialmente quando o poder das trevas parece tudo usar em prejuízo da cristandade, a Igreja costuma sempre invocar súplice a Deus, autor e vingador seu, com maior fervor e perseverança, interpondo também a mediação do Santo, em cujo patrocínio mais confiapara encontrar socorro, entre os quais se acha em primeiro lugar a Augusta Virgem Mãe de Deus”.
“Ora, bem sabeis Veneráveis Irmãos que os tempos presentes não são menos desastrosos do que tantosoutros, e tristíssimos, atravessados pela cristandade. De fato, vemos perecer em muitos o princípio de todas as virtudes cristãs, de fé, extinguir-se a caridade, depravar-se nas idéias e costumes a nova geração, perfeitamente hostilizar-se por toda a parte a Igreja de Jesus Cristo, atacar-se atrozmente o Pontificado, e com audácia cada vez mais imprudente arrancarem – se os próprios fundamentos da religião”.
“Nós propomos… para tornar Deus mais favorável às nossas preces e para que Ele, recebendo as súplicas de mais intercessores, dê mais pronto e amplo socorro à sua Igreja, julgamos sumamente conveniente que o povo cristão se habitue a invocar com singular devoção e confiança, juntamente com a Virgem Mãe de Deus, o seu castíssimo esposo São José: temos motivos particulares para crer que seja isto aceito e agradável à própria Virgem. E, a respeito desse assunto, do qual pela primeira vez tratamos em público, bem conhecemos que a piedade do povo cristão não só é favorável,mas tem progredido também por iniciativa própria; pois vemos já gradativamente promovido e estendido o culto de São José por zelo dos Romanos Pontífices, nas épocas anteriores, universalmente aumentado e com indubitável incremento nestes últimos tempos, em especial depois que Pio IX, nosso antecessor de feliz memória, declarou às súplicas de muitos bispos, Padroeiro da Igreja Católica o Santíssimo Patriarca. Não obstante, por ser muito necessário que seu culto lance raízes nas instituições católicas e nos costumes, queremos que o povo cristão receba, antes de tudo, de nossa voz e autoridade novo estímulo”.
Vemos assim que, nas horas mais difíceis de sua caminhada a Igreja sempre recorre à Sua Mãe Santíssima, que nunca a desamparou; e, em seguida ao seu esposo castíssimo São José.E Leão XIII explica as razões da grandeza de São José por “ser ele esposo de Maria e pai adotivo de Jesus”.“Daíderivou toda a sua grandeza, graça, santidade e glória. É certo que a dignidade de Mãe de Deus se eleva tão alto que nada existe de mais sublime. Mas, porque entre a bem-aventurada Virgem e José estreitou-se o laço conjugal, não é possível duvidar que da altíssima dignidade, pela qual Mãe de Deus é imensamente superior a todas as criaturas, ele se aproximou mais que qualquer outro. Pois o conúbio é a máxima sociedade e amizade, à qual se une a comunhão dos bens. Por essa razão, se Deus deu à Virgem, como esposo, José, Ele o deu não só para companheiro de vida, testemunha da virgindade e tutor da honestidade, mas também para que participasse, por meio do vínculo conjugal, de sua excelsa grandeza”.
“Assim ele sobressai entre todos pela augusta dignidade, porque foi, por divina disposição, Custódio, e aos olhos dos homens, pai do Filho de Deus. Donde se seguia que o Verbo de Deus modestamente sesujeitava a José, obedecia-lhe, prestava-lhe honra e reverências devidas pelos filhos a seus pais”.
E o Papa destaca a missão que Deus confiou a José:“Ora, a casa divina que José, quase com pátrio poder, governava, era o berço da Igreja nascente.A Virgem Santíssima, por ser Mãe de Jesus Cristo, e também Mãe de todos os cristãos, por Ela gerados em meio às atrocíssimas penas do Redentor no Calvário; como Jesus Cristo é, de certo modo o primogênito dos cristãos, seus irmãos por adoção e redenção.
Daí resulta ser confiada, de modo especial, ao Beatíssimo Patriarca a multidão dos cristãos, da qual se compõe a Igreja, isto é, a inúmera família espalhada por todo o mundo e sobre o qual tem, como esposo da Virgem e pai adotivo de Jesus Cristo, uma autoridade paterna. É pois conveniente e sumamente dignopara o bem-aventurado José que, assim como costumava proteger santamente em todo o evento a família de Nazaré, agora assista e defenda, com seu celeste patrocínio, a Igreja de Cristo”.O Papa Leão XIII fez questão de compor uma Oração a São José pela Santa Igreja, a seguir transcrita.
ORAÇÃO A SÃO JOSÉ
“A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio de Vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança solicitamos o vosso patrocínio.Por esse laço sagrado de caridade, que os uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente vos suplicamos que lanceis um olhar benigno para a herança que Jesus conquistou com seu sangue,e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder.Protegei, ó Guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo.Afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício.Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas; assim como outrora salvastes da morte a vida do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus contra as ciladas de seus inimigos e contra toda adversidade.Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo, e sustentados com vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança. Assim seja.
Em 25/07/1920, no 50º aniversário da proclamação do Patriarca São José como Padroeiro da Igreja Universal, por Pio IX, em 1870, o Papa Bento XV ratificou a necessidade da devoção a São José. Assim se expressou Bento XV:
“Se considerarmos as hodiernas calamidades que afligem o gênero humano, torna-se mais evidente ainda a oportunidade de intensificar o tal culto [ a São José] e difundí-lo ainda mais entre o povo cristão”.“Nós, com grande solicitude, lhes propomos de modo particular São José, que o sigam como guia especial e o honrem como celeste Padroeiro”.“Assim florescendo a devoção dos fiéis a São José, aumentará também, como necessária consequência, o culto à Sagrada Família de Nazaré, da qual foi o augusto Chefe, jorrando estas duas devoções espontaneamente uma da outra. Por São José vamos diretamente a Maria, e por Maria à fonte de toda a santidade, Jesus Cristo, que consagrou as virtudes domésticas com a sua obediência a São José e Maria”.“Nós portanto, cheios de confiança no patrocínio dAquele, a cuja providente vigilância Deus se comprazeu em confiar a custódia do seu Unigênito Encarnado e da Virgem Santíssima, vivamente exortamos a todos os Bispos do orbe católico, para que, em tempos tãotormentosos para a Igreja, induzam os fiéis a implorar com maior empenho, o poderoso auxílio de São José. E sendo várias as formas aprovadas por esta Sé Apostólica para venerar o Santo Patriarca, especialmente em todas as quartas-feiras do ano e do mês inteiro que lhe é consagrado [ março],queremos que, à instância de cada Bispo, todas estas devoções sejam praticadas em toda diocese, na medida do possível.Mas de modo particular, por ser Ele merecidamente considerado como o mais eficaz Protetor dos moribundos, tendo expirado com a assistência de Jesus e de Maria, os Pastores terão o cuidado de inculcar e favorecer, com todo o prestígio de sua autoridade, as Pias Associações instituídas para rogar a São José em favor dos moribundos, como a da “Boa Morte”, do “Trânsito de São José pelos agonizantes de cada dia”.”
Vemos assim como a Igreja tem em alta conta a proteção intercessora de São José. Hoje a Igreja vive os mesmos tempos difíceis que levaram Pio IX, Leão XIII e Bento XV a invocarem São José com tanta confiança e necessidade. Mais do que antes a fé está ameaçada pelo racionalismo, relativismo moral e religioso, permissividade sexual, proliferação das seitas, falsas religiões – especialmente as de origem oriental e a Nova Era . Novamente é preciso invocar o Patrono da Igreja Universal.
Em uma aparição a Santa Margarida de Cortona, disse Jesus:“Filha, se desejas fazer-me algo agradável, rogo-te não deixeis passar um dia sem render algum tributo de louvor e de bênção ao meu Pai adotivo São José, porque me é caríssimo”.Santo Afonso de Ligório garantia que todo dom ou privilégio que Deus concedeu a outro Santo também o concedeu a São José.São Francisco de Sales diz que “São José ultrapassou, na pureza, os Anjos da mais alta hierarquia”.
São Jerônimo diz que :“José mereceu o nome de “Justo”, porque possuia de modo perfeito todas as virtudes”.De fato, podemos concluir que, se José foi escolhido para Esposo de Maria, a mais santa de todas as mulheres, é porque ele era o mais santo de todos os homens. Se houvesse alguém mais santo que José, certamente seria este escolhido por Jesus para Esposo de Sua Mãe Maria.
É eloqüente o testemunho de Santa Teresa de Ávila, doutora da Igreja, devotíssima de São José. No “Livro da Vida”, sua autobiografia, ela escreveu :“Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma. A outros santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre
em todas. O Senhor quer dar a entender com isso como lhe foi submisso na terra, onde São José, comopai adotivo, o podia mandar, assim no céu atende a todos os seus pedidos. Por experiência, o mesmo viram outras pessoas a quem eu aconselhava encomendar-se a ele. A todos quisera persuadir quefossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus…De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida”.
Este testemunho de uma grande Santa Doutora da Igreja dispensa comentários, e precisa ser lido e relido como muita atenção. Próximo de Jesus e de Maria, São José é Estrela de primeira grandeza no Céu e intercede pela Igreja sem cessar, assim como, na terra, velava sem se descuidar, do Filho de Deus a ele confiado. Nos recomendemos todos a ele, todos os dias.
                                                                             Felipe Aquino
via internet

terça-feira, 18 de março de 2014

VIDA EM COMUNIDADE

         
 A comunidade cristã é o espaço adequado para os cristãos fazerem a experiência da Palavra e do Espírito de Cristo Ressuscitado e  atuar nos seus corações.
           Ninguém começa a ser cristão sozinho. A comunidade é o espaço especial para a comunicação da Palavra. A comunidade, portanto, é a mediação  do Espírito Santo, pois a Palavra acontece no coração da pessoa  pela ação do Espírito Santo.
.            O crescimento espiritual da pessoa na comunidade acontece através de realizações e celebrações que são mediações privilegiadas para o Espírito Santo atuar no coração de cada um. Eis algumas dessas mediações fundamentais: a Oração, a Palavra, a Eucaristia e a Fraternidade.
Os membros da comunidade  devem ter  para com Deus e os irmãos,  seriedade.. A comunidade é feita de pessoas livres, conscientes e responsáveis, com forte consciência de pertença comunitária. Por isso cultiva-se a fraternidade entre si.
          É fundamental  eleger o outro como alvo de bem-querer. Enteder muito bem que o amor é o caminho do amadurecimento e felicidade humana  para um bom relacionamento comunitário..
As pessoas sentem-se responsáveis pelas próprias tarefas, procurando agir de modo a edificar a comunidade. Todos são iguais, apesar da diversidade de carismas, ministérios e capacidades. Todos se sentem estimados e valorizados naquilo que fazem.
Ninguém pode se sentir superior ao outro, porque é o Espirito Santo que age distribuindo os dons entre todos os membros da comunidade. Há espaço para todos, porque é Deus quem determina a tarefa.
         Na comunidade não há parasitismo, mediocridade ou fraude. As pessoas sorriem alegres, pois têm sentidos para viver. Como todos são tomados a sério, a participação de cada um é estimado por todos.
As pessoas tomam todas parte no que a todos diz respeito. Ninguém se sente excluído. As pessoas compreendem que a meta da comunidade é chegar à plena comunhão.Graças ao sentido que aquelas pessoas têm do amor, encontram condições para optar e decidir de acordo com a sua realização e o bem comum da comunidade. Ninguém busca o bem pessoal , a auto promoção.
Há lugar para a originalidade de cada um, pois todos sabem que as pessoas são únicas, originais e irrepetíveis Todos se olham nos olhos. No seu olhar e no modo de sorrir há transparência e sabor a verdade e lealdade. Quando olham para o jeito de ser e viver na comunidade as pessoas percebem que é disto que todos temos fome.
As atitudes das pessoas entre si coincidem com as aspirações mais profundas e autênticas do coração humano.O gesto mais espontâneo entre as pessoas da comunidade é estender a mão e dizer bom dia ou boa noite. Portanto a  comunidade é fruto de muitas decisões, escolhas, opções e compromissos de vida.
           Ninguém se sente mais que os outros, pois são todos membros do corpo de Cristo (1 Cor 12, 13; 10, 17; 12, 27).Todos têm a mesma dignidade fundamental: pessoas humanas, filhos de Deus e irmãos uns dos outros. As diferenças são apenas de tipo funcional, não essencial.


. Não é cristã a comunidade onde as pessoas não são tomadas a sério. A coordenação, na comunidade, tem densidade sacramental: Exprime e significa a presidência de Cristo que é a cabeça do corpo. Na comunidade amadurecida não há pessoas faz tudo, as quais são um veneno para a vida comunitária. É melhor todos a fazer pouco, que poucos a fazer tudo.
                                                                            Maria Ronety Canibal

segunda-feira, 17 de março de 2014

A misericórdia é o caminho para a paz no mundo



Francisco nos convidou hoje a ter um coração grande, que perdoa, esquece e não condena
Por Redacao

ROMA, 17 de Março de 2014 (Zenit.org) - Perdoar para encontrar misericórdia: este é o caminho que traz a paz aos nossos corações e ao mundo: é isto o que, em síntese, o papa Francisco declarou na homilia desta manhã, durante a missa celebrada na Casa Santa Marta.
“Sejam misericordiosos como o seu Pai é misericordioso”: o papa comenta a exortação de Jesus e afirma que “não é fácil entender este comportamento da misericórdia”, porque estamos acostumados a julgar: “Não somos pessoas que, espontaneamente, abrem um pouco de espaço para a compreensão e para a misericórdia (...) Para sermos misericordiosos, precisamos de duas atitudes. A primeira é o conhecimento de nós mesmos: saber que fizemos muitas coisas ruins: somos pecadores!”. Diante do arrependimento, “a justiça de Deus se transforma em misericórdia e perdão”. Mas é necessário ter vergonha dos pecados.
“É verdade que nenhum de nós matou ninguém, mas existem muitas coisas pequenas, muitos pecados cotidianos, de todos os dias… E quando você pensa: ‘Mas que coração tão pequeno: eu fiz isso contra nosso Senhor!’, e se envergonha, esse envergonhar-se diante Deus é uma graça. ‘Sou pecador e me envergonho diante de Ti e te peço perdão’.. É simples, mas é tão difícil de dizer ‘pequei’”.
Com frequência, diz o Santo Padre, “justificamos os nossos pecados descarregando a culpa nos outros, como Adão e Eva tentaram fazer. Talvez o outro tenha me ajudado, facilitado o meu caminho para o pecado, mas quem fez fui eu! Se nós reconhecermos isto, conseguiremos muitas coisas boas, porque seremos humildes! E, com essa atitude de arrependimento, somos mais capazes de ser misericordiosos, porque sentimos sobre nós a misericórdia de Deus”, como dizemos no pai-nosso: “Perdoai, como nós perdoamos”. Assim, “se eu não perdoo, fico meio que ‘em impedimento’ no jogo!”.
A outra atitude para sermos misericordiosos, afirmou o pontífice, “é engrandecer o coração”, porque “um coração pequeno” é “egoísta e incapaz de misericórdia”.
“Engrandecer o coração! ‘Mas eu sou um pecador’. ‘Olha só o que esse aí fez, aquele lá…, mas eu também fiz muita coisa! Quem sou eu para julgar?’. Essa frase, ‘Quem sou eu para jugar isto, quem sou eu para falar disto, quem sou eu, que fiz as mesmas coisas ou piores?’. Engrandecer o coração! E nosso Senhor nos diz: ‘Não julguem e vocês não serão julgados! Não condenem e não serão condenados! Perdoem e serão perdoados! Deem e receberão!’. A generosidade do coração! E o que nos será dado? Uma medida boa, cheia e transbordante nos será vertida. Esta é a imagem das pessoas que iam receber o trigo com o avental e alargavam o avental para receber mais. Se você tem um coração grande, você pode receber mais”.
O coração grande, disse o papa, “não condena, mas perdoa, esquece”, porque “Deus esqueceu os meus pecados; Deus perdoou os meus pecados. Engrandecer o coração, isso é bonito! Sejam misericordiosos!”.
“O homem e a mulher misericordiosos têm um coração grande, grande: sempre desculpam os outros e pensam nos seus próprios pecados. ‘Mas você já viu o que aquele outro fez?’. ‘Bom, para mim já é bastante o que eu mesmo fiz; eu não me intrometo!’. Este é o caminho da misericórdia que temos que pedir. Se todos nós, se todos os povos, as pessoas, as famílias, os bairros, tivéssemos essa atitude, quanta paz haveria no mundo, quanta paz em nossos corações! Porque a misericórdia nos leva à paz. Lembrem sempre: ‘Quem sou eu para julgar?’ Envergonhar-se e engrandecer o coração! Que nosso Senhor nos dê essa graça!”.

Tenhamos, esta semana, esta palavra na cabeça e no coração: Escutai Jesus"

Angelus: Neste II Domingo da Quaresma, Papa Francisco falou da Transfiguração de Cristo

Cidade do Vaticano,  (Zenit.org)

Neste II Domingo da Quaresma, Papa Francisco falou da Transfiguração de Cristo, diante dos fiéis reunidos na Praça São Pedro para rezar o Angelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho nos apresenta o evento da Transfiguração. É a segunda etapa do caminho quaresmal: a primeira, as tentações no deserto, domingo passado; a segunda: a Transfiguração. Jesus “tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha” (Mt 17, 1). A montanha na Bíblia representa o lugar da proximidade com Deus e do encontro íntimo com Ele; o lugar da oração, onde estar na presença do Senhor. Lá no alto da montanha, Jesus se mostra aos três discípulos transfigurado, luminoso, belíssimo; e depois aparecem Moisés e Elias, que conversam com Ele. A sua face é tão brilhante e as suas vestes tão brancas que Pedro permanece deslumbrado, tanto que queria permanecer ali, quase parar aquele momento. De repente, ressoa do alto a voz do Pai que proclama Jesus como seu Filho amado, dizendo: “Escutai-o” (v. 5). Esta palavra é importante! O nosso Pai que disse a estes apóstolos, e diz também a nós: “Escutai Jesus, porque é o meu Filho amado”. Tenhamos, esta semana, esta palavra na cabeça e no coração: “Escutai Jesus!”. E isto não o diz o Papa, diz Deus Pai, a todos: a mim, a vocês, a todos, todos! É como uma ajuda para seguir adiante no caminho da Quaresma. “Escutai Jesus!”. Não esquecer.
É muito importante este convite do Pai. Nós, discípulos de Jesus, somos chamados a ser pessoas que escutam a sua voz e levam a sério suas palavras. Para escutar Jesus, é preciso ser próximo a Ele, segui-Lo, como faziam as multidões do Evangelho que o seguiam pelos caminhos da Palestina. Jesus não tinha uma cátedra, ou um púlpito fixo, mas era um mestre itinerante, que propunha os seus ensinamentos, que eram os ensinamentos que o Pai lhe havia dado, ao longo dos caminhos, percorrendo trajetos nem sempre previsíveis e às vezes pouco fácil. Seguir Jesus para escutá-Lo. Mas também escutamos Jesus na sua Palavra escrita, no Evangelho. Faço uma pergunta a vocês: vocês leem, todos os dias, um trecho do Evangelho? Sim, não…sim, não…Meio a meio… Alguns sim e alguns não. Mas é importante! Vocês leem o Evangelho? É uma coisa boa; é uma coisa boa ter um pequeno Evangelho, pequeno, e levá-lo conosco, no bolso, na bolsa, e ler um pequeno trecho em qualquer momento do dia. Em qualquer momento do dia, eu pego do bolso o Evangelho e leio alguma coisinha, um pequeno trecho. Ali é Jesus que nos fala, no Evangelho! Pensem nisto. Não é difícil, nem necessário que sejam os quatro: um dos Evangelhos, pequenino, conosco. Sempre o Evangelho conosco, porque é a Palavra de Jesus para poder escutá-Lo.
Deste episódio da Transfiguração, gostaria de colher dois elementos significativos, que sintetizo em duas palavras: subida e descida. Nós temos necessidade de ir além, de subir a montanha em um espaço de silêncio, para encontrar nós mesmos e perceber melhor a voz do Senhor. Isto fazemos na oração. Mas não podemos permanecer ali! O encontro com Deus na oração nos impele novamente a “descer da montanha” e retornar para baixo, à planície, onde encontramos tantos irmãos sob o peso do cansaço, das doenças, injustiças, ignorâncias, pobreza material e espiritual. A estes nossos irmãos que estão em dificuldade, somos chamados a levar os frutos da experiência que fizemos com Deus, partilhando com eles a graça recebida. E isto é curioso. Quando nós ouvimos a Palavra de Jesus, escutamos a Palavra de Jesus e a temos no coração, aquela Palavra cresce. E vocês sabem como cresce? Dando-a ao outro! A Palavra de Cristo em nós cresce quando nós a proclamamos, quando nós a damos aos outros! E este é o caminho cristão. É uma missão para toda a Igreja, para todos os batizados, para todos nós: escutar Jesus e oferecê-Lo aos outros. Não esquecer: esta semana, escutem Jesus! E pensem nesta questão do Evangelho: vocês o farão? Farão isto? Depois, no próximo domingo, vocês me dirão se fizeram isto: ter um pequeno Evangelho no bolso ou na bolsa para ler um pequeno trecho no dia.
E agora dirijamo-nos à nossa Mãe Maria, e confiemo-nos à sua orientação para poder seguir com fé e generosidade este itinerário da Quaresma, aprendendo um pouco mais de “subir” com a oração e escutar Jesus e “descer” com a caridade fraterna, anunciando Jesus.
(Trad.:Canção Nova)

LITURGIA DA QUARESMA COM INSPIRAÇÃO CATECUMENAL

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Caros diocesanos. A diocese de Uruguaiana propôs como tema ou prioridade pastoral de 2014 a Iniciação à Vida Cristã. Esta é entendida como um itinerário catequético que inicia as pessoas no mistério de Cristo (experiência da união com Deus) e ajuda a amadurecer na fé e comunhão da Igreja. Conceber a catequese como iniciação à vida cristã implica em assumi-la como um longo processo vital de introdução dos ainda não iniciados, independente da sua idade, nos diversos aspectos da vida cristã. Como já acontecia nos primórdios do cristianismo, os catecúmenos (os que se preparam para serem batizados) iniciam a caminhada para Deus, rumo à maturidade em Cristo. Por isso a catequese de iniciação à vida cristã nunca pode ser considerada completa ou concluída, com caráter de formatura cristã para o resto da vida. Os cristãos sentem necessidade de uma catequese permanente (IVC 66-69), não somente ocasional para a recepção dos sacramentos. Ao falar do primeiro anúncio cristão, o Papa Francisco afirma: “Na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial... Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: ‘Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar’... É o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos” (EG 164).
Em nosso Ano Litúrgico de 2014, a Palavra de Deus proclamada nos Domingos e solenidades segue a distribuição do Ano A. Assim acontece nos domingos da quaresma que, já nos primeiros séculos da era cristã, têm uma nítida orientação catecumenal na sua escolha. A reforma litúrgica do Vaticano II retomou essa riqueza da Igreja primitiva. Assim, os cinco domingos da quaresma se orientam por leituras que formam unidade e estão ligadas aos sacramentos da iniciação cristã, sobretudo do batismo. Vejamos como isso acontece e continua valendo para nós todos:
*   * Primeiro Domingo da Quaresma: A leitura do Antigo Testamento (Gn2, 7-9; 3, 1-7) narra a criação de Adão e Eva (primeiros seres humanos) e sua desobediência, sua derrota para a serpente (demônio), seu pecado (morte). No evangelho (Mt 4, 1-11) Jesus Cristo é apresentado como o novo Adão, aquele que é tentado no deserto, mas obedece ao plano do Pai e vence o pecado (morte), oferecendo nova vida. O cristão, justificado e unido a Cristo, também pode vencer o mal e alcançar a verdadeira vida: “Onde abundou o pecado superabundou a graça”, afirma a segunda leitura (Rm 5, 12-20). Percebemos intencional paralelo entre Adão (desobediência – pecado – morte) e Cristo (obediência – justificação – vida).
*   * Segundo Domingo da Quaresma: A primeira leitura (Gn 12, 1-4ª) continua o tema do Antigo Testamento: depois da criação e do pecado, Deus chama Abraão, pai da fé e do Povo de Deus, do qual surgirá o salvador. No evangelho (Mt 17, 1-9), Jesus, qual novo Moisés, é transfigurado; Ele é apresentado como aquele que, ressuscitado, vencerá a morte e ressuscitará também os seus discípulos, se com fé o escutarem. A segunda leitura (2Tm 1, 8b-10) recorda que Deus nos salvou e nos chamou gratuitamente para uma vocação santa.
Na próxima semana continuaremos a reflexão sobre as leituras da Palavra de Deus, com inspiração catecumenal.
Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana