sexta-feira, 11 de julho de 2014

SÃO BENTO







A MEDALHA DE SÃO BENTO 
Bento nasceu em Núrcia, não muito longe de Roma, em 480, seus pais de nobre linhagem, o enviaram para Cidade Eterna, a fim de que se formasse nas ciências liberais, visando uma boa colocação na magistratura. O Império Romano estava esfacelando-se frete à pressão dos invasores bárbaros.O último imperador Rômulo Augístulo entregou o comando da Itália a Odoacro,rei dos hérulos, em 476. O ambiente romano era leviano e frívolo demais para o jovem estudante Bento que, aspirando a idéias superiores, acabou se desgostando.
Retirou-se às montanha da Úmbria e, imitando o exemplo de outros eremitas, escolheu uma gruta quase inacessível num penhasco chamado Subiaco, afim de entregar-se à oração, à meditação e à ascese cristã. Outro eremita, de vez em quando lhe fazia descer num cesto um pouco de pão para completar a pouca alimentação.
Não existiam ainda, na Itália, instituições monásticas, ao contrário do Oriente, onde, onde já havia uma tradição a respeito. Os mosteiros fundados por Santo Honorato e Santo Cassiano um século antes na França eram pouco conhecidos na Itália.
Bento sentiu-se inspirado em fazer a sua experiência eremítica e monástica. Ficou três anos na solidão daquela gruta; sua experiência aos poucos, contagiou outros jovens desejosos de cultivar os valores espirituais. Entre os primeiros disciípulos, contam-se São Mauro e São Plácido.
A experência  de São Bento foi amadurecendo com o estudo das Regras monáticas de São Pacômio e de São Basílio, procurando assimiliar o que havia de melhor e adaptando-o ao espírito romano. Aos 40 anos de idade, não encontrando mais condições de sossego, por interferências estranhas, Bento deixa subiaco, ruma para o sul de Roma. e constrói o famoso mosteiro de Monte Cassino, considerado o centro propulsor da vida beneditina em todos os tempos.
No cume de um monte, este mosteiro devia realizar o ideal de vida consagrada: não em cenóbios em que o monge vive sozinho, exposto a perigos e ilusões de fixismo religioso, mas em vida comunitária sob a direção de um mestre espititual, o abade (abbas=pai) num mosteiro auto suficiente.
A expansão que calcançou esta iniciativa monástica foi impressionante.Duzentos anos mais tarde, a Regra Beneditina vigorava em toda a Europa eliminando praticamente todas as demais formas de vida consagrada.
Este sucesso não foi casual, mas inerente ao equilíbrio e sensatez da Regra. Pois o fim da Regra de São Bento era formar cristãos perfeitos, seguindo os ensinamentos de Jesus Cristo , mediante a prática dos mandamentos e conselhos evangélicos.Essa perfeição, pensava o santo, era mais fácil de ser atingida na vida comunitária do que na solidão. Neste sentido, a Regra de Sào Bento marca um claro progresso em relação à regra individual, eremítica ou cenobítica.
Outro precioso fator era o equilíbrio e a moderação. A Regra devia ser possível a todos e adaptável 
à capacidade de cada um, de modo que os fortes, possam desejar mais e os fracos não se sintam desencorajados. Nela há uma dosagen equilibrada de entre trabalho manual e ot tempo de repouso, de oração e estudo. ORA ET LABORA, "oração e trabalho", era seu lema: oração tranformada em trabalho e trabalho em oração, pela fé e obediência. O convívio fraterno completa o equilíbrio psicológico.
Os mosteiros beneditinos se tornaram na Idade Média  centros de civilização integral, faróis de evangelização e ciência, escolas de agricultura. Deram à Igreja  inúmeros homens de grande ciência e santidade. Das fileiras beneditinas saíram 23 papas, cinco mil bispos e os santos canonizados são cerca de três mil.
A poucos quilômetros de Monte Cassino, Santa Escolástica, irmã de São Bento, adotou a Regra para as mulheres, dando origem às monjas beneditinas.
São Bento faleceu em Monte Cassino em 547 no dia 21 de março, com 67 anos de idade. Sua figura histórica agigantou-se cada vez mais, encontrando rápida ressonância na literatura, na arte e sobretudo na vida religiosa consagrada. A Igreja o reconhece como o padroeiro da Europa. Antiga tradição beneditina colocou sua festa no dia 11 de julho com o nome "Patrocínio".
Fonte: Dom Sevilho Conti, I.M.C.
Do livro Santo do Dia/Vozes
 
São Bento servia-se do Sinal da Cruz para fazer milagres e vencer as tentações. Daí, veio o costume, muito antigo, de representa-lo com a cruz na mão.

Através dos séculos, foram cunhadas medalhas de São Bento de várias formas. Desde o século XVII, começaram-se a cunhar medalhas, tendo de um lado a imagem do Santo com um cálice do qual sai uma serpente e um corvo com um pedaço de pão no bico, lembrando as duas tentativas de envenenamento, das quais São Bento saiu, milagrosamente ileso. O outro lado da medalha apresenta uma cruz e entre os seus braços estão gravadas as iniciais:

. CSPB que em latim querem dizer: Crux Sancti Patris Benedicti; (que em português significa: Cruz do Santo Pai Bento).

Na  haste vertical da cruz leêm-se as iniciais:
. CSSML: ou seja: Crux Sacra Sit Mihi Lux (em português: A Cruz Seja MinhaLuz).

E na Haste horizontal:

. NDSMD: ou seja: Non Draco Sit Mihi Dux: ( que m portugês significa: Não seja o dragão o meu guia).

No alto da cruz está gravada a palavra PAX: paz que é lema da Ordem de São Bento. Ãs vezes Pax é substituído pelo monograma de Cristo: I H S (Jesus Homem Salvador).

A partir da direita de Paz, estão as iniciais: 
. VRSNSMV: Vade Retro Satana. Nanquam suade mihi Vana, que em português quer dizer: Retira-te Satanás, Nunca me acoonselhes com suas vãs!

E a seguir:

. SMQLIVB: ou seja: Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas, cuja tradução é: É mau o que ofereces; bebe tu mesmo os teus Venenos!
Oração Para Alcançar uma Graça
Ó Glorioso Patriarca São Bento, que vos mostrastes sempre compassivo com os necessitados, fazei que também nós. recorrendo à vossa poderosa intercessão, obtenhamos auxílio em todas as nossas aflições ; que nas famílias reine a paz e a tranquilidade; que se afastem de nós todas as desgraças tanto corporais como as esperituais, especialmente o mal do pecado. Alcançai do Senho a graça ---- que vos suplicamos ; finalmente vos pedimos que ao término de nossa vida terrestre possamos ir louvar a Deus convosco no Paraiso. Amém.

Requisitos Para Uso da Medalha
O uso habitual da medalha tem por efeito colocar-nos sob a especial proteção de São Bento, pricipalmente quando se tem confiança nos méritos de grande Santo e nas grandes virtudes da Cruz de Nosso  Senhor Jesus Cristo! 

São numerosos os fatos maravilhosos atribuídos às esta medalha. Ela nos assegura poderos socorro contra as ciladas do demônio e tembém para alcançar graças espirituais, com conversão, vitória contra as tentações, inimizades etc. 

Igualmente, nos protege contra os acidentes de toda espécie.
Contudo a medalha não age automaticamente contra as adversidades, como se fosse um talismã ou vara mágica.

Todo Cristão, a exemplo de Jesus Cristo, deve carregar a sua cruz. Pois, é necessario que nossas faltas sejam expiadas; nossa fé seja provada; e nossa caridade seja purificada, para que aumentem nossos méritos.
O símbolo de nossa redenção, a cruz, gravada na medalha não tem por fim nos livrar da prova; no entanto, a virtude da cruz de Jesus e a intercessão de São Bento produzirão efeitos salutares em muitas circunstâncias; a medalha concede, também, graças especiais para hora da morte, pois, São Bento, como São José, são padroeiros da boa morte.

Para se ficar livre das ciladas do demônio é preciso, acima de tudo, estar na graça e na amizade de Deus. Portanto, é preciso servi-lo e ama-lo, cumprindo todos os deveres de justiça; em uma palavra, cumprimento de todos os mandamentos da lei de Deus e da Igreja.
Nem o demônio , nem alguma criatura, tem o poder de prejudicar verdadeiramente uma alma unida a Deus.
Em resumo, o efeito da medalha de São Bento depende em grande parte disposições da pessoa para com Deus e da observância dos requisitos acima mencionados.
(Recomenda-se aos que usarem a medalha rezarem diariamente as orações cujas iniciais estão na medalha, acrecentando o Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai).
A Ordem de São Bento festja seu fundador nos dias 21 de março e 11 de julho
São Bento é representado segurando na mão o livro de Regra que escreveu para os mongese, na outra mão, a cruz. 
Ao redor do Santo lê-se a seguinte jaculatória ou prece:
EIUS -IN-OBITU-NRO-PRAESENTIA - MUIAMUR- Em portugês: "Sejamos confortados pela presença de São Bento na hora de nossa morte.
Prece: Rogai por nós Glorioso Patriarca São Bento, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, a primeira santa brasileira

Madre Paulina cumpriu sua missão de tornar Jesus conhecido e amado na vivência de sua vocação e no cuidado dos pobres.
Por Fabiano Farias de Medeiros

 (Zenit.org) -
“...nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários...” dizia Santa Paulina em seu testamento. Amábile Lúcia Visintainer era seu nome e nasceu no dia 16 de dezembro de 1865, na província de Vigolo Vattaro, em Trento, no norte da Itália. Filha de Napoleone Visintainer e Anna Pianezzer, cresceu em uma família profundamente cristã e muito pobre.
Sua juventude foi marcada pela emigração italiana, motivada pelas inúmeras doenças e miséria que assolavam a região. Sua família veio para o Brasil em 1875 se estabelecendo na localidade de Vigolo em Santa Catarina. Conheceu a jovem Virgínia Rosa Nicolodi e juntas dedicaram-se à vida de oração. Aos doze anos Amábile fez sua primeira comunhão e a pedido do padre Servanzi, ficou responsável pela catequese das crianças, limpeza da igreja e acolhimento dos doentes. A jovem sentia no coração o desejo de ir além e construiu um pequeno quarto para acolhimento e cuidado dos doentes. Recebeu uma mulher em estado terminal de câncer e a partir daquele dia 12 de julho de 1890 deu início à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição que foi a primeira congregação feminina fundada no Brasil.
Passado algum tempo Amábile e outras jovens que a ela se uniram na Congregação que fora aprovada em 25 de agosto de 1895 pelo Bispo de Curitiba, fizeram os votos religiosos e a jovem adotou o nome de irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Paulina foi nomeada superiora da congregação no ano de 1903. As obras de Madre Paulina superaram as adversidades da época. Juntas empreenderam grande feitos com às crianças doentes, órfãs e na paróquia. Foi convidada para transferir-se para São Paulo onde ficou responsável pelo cuidado aos remanescentes da escravatura. Em 1918 foi trabalhar com os doentes da Santa Casa e do Asilo São Vicente de Paulo em Bragança Paulista.
No ano de 1938, padeceu de diabetes, teve o braço direito amputado e ficou cega. Faleceu no dia 9 de julho de 1942. Foi beatificada pelo papa João Paulo II em 1991 e também por ele canonizada em 19 de maio de 2002. Foi a primeira santa brasileira.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Princípios fundamentais




Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Como se aproximam as eleições, lembramos aos católicos os princípios fundamentais da doutrina social da Igreja, que devem servir de pauta à sociedade, e observar se os seus candidatos adotam esses princípios. Eles são baseados na lei natural e na busca do bem comum.
 1º. Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus: Não “querer construir uma ordem temporal sólida e fecunda prescindindo de Deus, fundamento único sobre o qual ela poderá subsistir” (João XXIII, Mater et Magistra, 214).
2º. Dignidade da Pessoa Humana: “A dignidade da pessoa humana se fundamenta em sua criação à imagem e semelhança de Deus” (C. I. C., 1700). À luz do cristianismo, qualquer ser humano deve ser considerado pessoa, objeto do ideal cristão do amor fraterno. Assim, a vida humana deve ser respeitada desde a concepção até o seu término natural.
3º. Solidariedade: “O homem deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis. Sob este ângulo, a doutrina da Igreja opõe-se a todas as formas de individualismo social ou político” (CDF, Nota Doutrinal).
4º. A busca do bem comum, “a total razão de ser dos poderes públicos” (João XXIII, Pacem in terris, 54). Bem comum, não individual próprio.
5º. A opção preferencial pelos pobres: por serem mais fracos, precisam de maior proteção e cuidado do Estado (Leão XIII, Rerum Novarum 20).
6º. Não ao império do dinheiro, considerado como valor supremo, e do lucro sem moral. Portanto, repúdio completo a toda a forma de corrupção.
7º. Não ao socialismo, que pretende a abolição da propriedade privada, inspirado por ideologias incompatíveis com a fé cristã (Paulo VI, Octog. Adveniens, 31). Sim à socialização, no sentido do crescimento e interação de relações sociais e crescente desenvolvimento de formas associativas, sem se precisar recorrer ao Estado (cf. João XXIII, Mater et Magistra).
8º Subsidiariedade ou ação subsidiária do Estado, que não absorva a iniciativa das famílias e dos indivíduos. Incentivo à iniciativa privada, na geração de empregos e na educação.
9º Prioridade do trabalho sobre o capital. “É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (J. Paulo II, Lab exercens, 12f). “Ambos têm necessidade um do outro: não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Leão XIII, Rerum Novarum, 28).
10º. Destinação universal dos bens, sem prejuízo do direito de propriedade privada. “O direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens” (João Paulo II, Laborem exercens, 19).
11º. O justo salário: “Acima dos acordos e das vontades, está uma lei de justiça natural, mais elevada e mais antiga, que o salário não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência do operário sóbrio e honrado” (Leão XIII, Rerum novarum, 63).

terça-feira, 8 de julho de 2014

Eficiência e amor



Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo da Bahia (BA)
François Van Thuan foi um bispo vietnamita que passou mais de treze anos na prisão, onze dos quais totalmente isolado. Mesmo tendo ficado tanto tempo preso, não perdeu nem o bom humor nem o bom senso. Quando libertado, foi expulso do país e não pôde mais regressar ao Vietnã, nem quando sua mãe ficou doente. Foi, então, chamado ao Vaticano, onde se tornou colaborador direto do Papa S. João Paulo II. Nomeado Presidente do Pontifício Conselho para a Justiça e Paz, dedicava seu tempo livre para a pregação de retiros, conferências e a participação em congressos. Poucos meses antes de falecer (2001), foi convidado a dar uma palestra para uma associação que reunia empresários dos mais diversos setores. Queriam que ele lhes desse uma resposta à seguinte questão: Como ser, hoje, um cristão coerente, no mundo dos negócios?

Resumo, em dez pontos, as reflexões que Van Thuan lhes fez.
1º – É preciso estar sempre bem preparado, evitando improvisações. Para enfrentar um desafio, é necessário estar disposto, pronto. Para cumprir sua missão de três anos, Jesus se preparou durante trinta.
2º - Elaborar projetos, tendo a firme determinação de concretizá-los. Quando fixamos certas metas e nos decidimos a atingi-las, conseguimos atingir os objetivos se formos perseverantes, ultrapassando cada obstáculo, realizando bem cada fase. Jesus tinha como meta salvar a humanidade e a realizou em três etapas: chamou um grupo de apóstolos; formou-o; tomou a Cruz e foi em direção do Calvário.
3º - Escolher bem os colaboradores. Jesus empregou um grande tempo e muitos esforços na preparação dos seus apóstolos. O que assegura o êxito de uma empresa é o investimento feito na preparação de seus funcionários, e não tanto na aquisição de máquinas ou nas construções.
4º - Ter a decisão de superar os obstáculos. Muitos projetos não chegam a bom termo pela falta de alguém que seja capaz de dar a vida por eles. O apóstolo São Paulo é um símbolo disso: era inimigo de Jesus e de seus discípulos. Quando o aceitou e assumiu seu projeto, foi capaz de enfrentar prisões, fome, açoites e mesmo a morte, para defendê-lo e torná-lo conhecido.
5º - Não se deixar levar pela corrupção. Jesus foi rápido e firme ao expulsar os mercadores do Templo de Jerusalém. Muitas empresas, obras ou projetos sociais fracassam porque não põem um basta à corrupção.
6º - Cultivar bons relacionamentos. São João Batista é um adequado exemplo: valorizava tanto a pessoa e a missão do Messias, que não só preparou seus caminhos, mas com firmeza e desinteresse afirmou: “Não sou o Messias. Ele vem depois de mim e é bem maior do que eu”.
7º- Dar atenção especial à infância. Quando um chefe se preocupa com a vida e a saúde, os estudos e as necessidades dos filhos de seus colaboradores, conquista sua confiança, sua estima e dedicação. Jesus insistiu com os apóstolos: “Deixai vir a mim as criancinhas!”
8º - Disposição para enfrentar as dificuldades. Cada projeto, cada empresa, cada desafio tem suas próprias crises. Jesus falou seguidamente da sua Paixão e morte, preparando os discípulos para o momento da grande crise.
9º - Estabelecer prioridades. Muitas são as tarefas que devem ser executadas. Torna-se vitorioso o administrador que souber analisá-las detidamente e escolher quais deverão ser enfrentadas prioritariamente. Jesus deixou claro: prioritário é amar o Pai sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo.
10º - Preparar o sucessor. É um erro alguém pensar que será eterno em sua atividade, que um dia não será preciso afastar-se. Uma das missões mais importantes do líder consiste na escolha de quem continuará o seu trabalho. Ao longo de três anos, Jesus preparou doze apóstolos. No final, escolheu Pedro como responsável e líder dos demais. Sua sábia lição fez história: na pessoa dos Papas, Pedro teve sucessores ao longo dos séculos.
Van Thuan só não falou àqueles homens de negócio que vários funcionários que cuidaram dele na prisão se converteram à fé cristã, graças à sua liderança e a seu testemunho de amor...

Um renovado desejo de ser família

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Foi recebido nestes dias o chamado Instrumentum Laboris (Documento de preparação) para a III Assembléia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que focalizará o tema: Os desafios pastorais da família no contexto da Evangelização. Foram muitas as respostas das Igrejas Particulares, e variadas as contribuições que perfazem e estruturam o texto de trabalho Sinodal.

O Instrumento de base para a preparação do Sínodo apresenta três partes. Na primeira com o título de Comunicar o Evangelho da Família hoje, se centra sobre a mensagem e o conteúdo da Revelação e do Ensino do Magistério sobre a família, trazendo os seguintes tópicos: o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família; Conhecimento e recepção da Sagrada Escritura e dos documentos da Igreja sobre o matrimônio e a família e o Evangelho e a lei natural.
Se consideram as razões das dificuldades na recepção da mensagem e se reflete a necessidade de mudar e passar da conceituação de lei natural para ordem da criação. A II Parte trata da Pastoral da Família face aos novos desafios, refletindo sobre os seguintes assuntos: a pastoral da família - as várias propostas em ação; os desafios pastorais da família; as situações pastorais difíceis.
Percebe-se a necessidade de uma melhor preparação para o matrimônio, se estudam possibilidades de resposta pastoral para as diversas situações de irregularidade (existem situações irregulares, não pessoas irregulares) ou dificuldade, trabalhando com um estilo aproximativo de diálogo, escuta e não julgamento.Finalmente, na III Parte denominada:
A abertura à vida e a responsabilidade educativa, que propõe e destaca os desafios pastorais acerca da abertura à vida e a Igreja e a Família diante do desafio educativo, se traçam estratégias para promover uma mentalidade aberta à vida e de como garantir uma educação cristã em situações familiares difíceis. Como podemos apreciar será muito rica a reflexão, debate e o discernimento pastoral da próxima Assembléia do Sínodo, que aguardamos com expectativa e muita esperança.
Deus seja louvado!

Tempos de decisões

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá (PR)
Era uma vez um rei que queria pescar. Ele chamou o seu meteorologista e pediu-lhe a previsão do tempo para as próximas horas. Este lhe assegurou que não iria chover. A noiva do monarca vivia perto de aonde ele iria e colocou sua roupa mais elegante para acompanhá-lo. No caminho, ele encontrou um camponês montando seu burro que viu o rei e disse: "Majestade, é melhor o senhor regressar ao palácio porque vai chover muito".

O rei ficou pensativo e respondeu: "Eu tenho um meteorologista, muito bem pago, que me disse o contrário. Vou seguir em frente". E assim fez. Choveu torrencialmente. O rei ficou encharcado e a noiva riu-se dele ao vê-lo naquele estado. Furioso, o rei voltou para o palácio e despediu o meteorologista.
Em seguida, convocou o camponês e ofereceu-lhe emprego. O camponês disse: "Senhor, eu não entendo nada disso. Mas, se as orelhas do meu burro ficam caídas, significa que vai chover". Então, o rei contratou o burro. E assim começou o costume de contratar burros para trabalhar junto ao poder.
Os sábios e as fábulas têm sempre um recadinho certo na hora certa, e diante desta fábula podemos dizer: Qualquer semelhança é mera coincidência. Mas a qualidade de burro pode ser atribuída ao contratado como aquele que contratou. Pois a burrice está tão solta que não se sabe bem onde ela predomina. E agora José? Estamos indo para o final do mundial de futebol, entre glórias e festas, entre férias e feriados, gritos e bebedeiras, acidentes e mortes, mas tudo é festa. Até quando?
Estamos sendo avisados de que festa por festa, sem reflexão e atitudes de iniquidade resultam em consequências desastrosas.
Tudo passa. As festas, os estádios cheios, os nervosismos da prorrogação e pênaltis, enfim tudo terá um fim. O que será melhor para nós e para o Brasil? Faço o paralalelo da festa do futebol com os próximos capítulos da nossa história.
Ao mesmo tempo em que tudo é verde, amarelo, azul e branco, dando e vendendo patriotismo nunca visto, na surdina e na mídia aparecem os salvadores da pátria amada e idolatrada.
Já estamos mergulhados em um processo eleitoral que se mostra complicado. Tenho ouvido constantemente dúvidas como: “Em quem votar? Qual o melhor? Vale a pena ir às urnas?”
Não podemos esquecer que patriotismo vai muito além de futebol. É também depositar o voto consciente e livre nas urnas. Confiar e acreditar, depois de uma análise criteriosa.
Não podemos esquecer-nos da palavra do profeta Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem” (Jer 17,5). Toda escolha tem suas consequências, por isso no que dependerá de nós, a escolha deve ser sempre pessoal, por isso, consciente; livre de toda influência externa, porque voto não tem preço, e sim consequências.
Antes das nossas decisões devemos invocar o Espírito Santo. Só o Espírito Santo é capaz de nos mostrar claramente quem é joio e quem é trigo neste processo todo. Antes de votar, rezemos. E depois de rezar, vamos à campo. É preciso conhecer os candidatos, suas propostas, seus partidos, o que pensam e principalmente o que fizeram. Esta junção de fé e ação é primordial para que façamos boas escolhas. E cada vez mais estou convencido de que no campo da política precisamos de uma ação imediata do Espírito Santo, para que tenhamos governos éticos, decentes e que promovam o bem comum.
Vamos fazer a nossa parte. Que Deus abençoe você e sua família. Seja você o trigo, o sal da terra, a luz do mundo. Assim já teremos uma sociedade muito melhor.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Vinde a mim: Este convite de Jesus se estende até os dias atuais


Roma,  (Zenit.org) 

Apresentamos as palavras do Papa pronunciadas aos fiéis reunidos neste domingo, na Praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho deste domingo encontramos o convite de Jesus, que diz: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Quando Jesus diz isso, ele tem diante de seus olhos as pessoas que encontra todos os dias nas ruas da Galiléia: pessoas simples, pobres, doentes, pecadores, marginalizados ... essas pessoas sempre o procuravam para ouvir a sua palavra – palavra que dava esperança! As palavras de Jesus sempre dão esperança! – E também para tocar a orla de seu manto. Jesus mesmo buscava essas multidões aflitas e desamparadas, como ovelhas sem pastor (cf. Mt 9,35-36), e os buscava para anunciar o Reino de Deus e curar muitos no corpo e no espírito. Ele chama todos para si: "Vinde a mim", e promete-lhes alívio e refrigério.
Este convite de Jesus se estende até os dias atuais, para chegar a muitos irmãos e irmãs oprimidos por condições de vida precária, por situações existenciais  difíceis e, as vezes, sem pontos de referência. Nos países mais pobres, mas também nas periferias dos países mais ricos, há muitas pessoas aflitas e desamparadas sob o peso insuportável do abandono e da indiferença. Indiferença: quão ruim é para os necessitados a indiferença humana! E pior, a indiferença dos cristãos! As margens da sociedade há muitos homens e mulheres provados pela indigência, mas também pela insatisfação da vida e frustrações. Muitos são forçados a emigrar da própria pátria, arriscando a própria vida. Muitos carregam o peso de um sistema econômico que explora o homem, impõe um "jugo" insuportável, que os poucos privilegiados não querem levar. A cada um desses filhos do Pai que está nos céus, Jesus diz: "Vinde a mim, todos vós." Mas também diz àqueles que possuem tudo, mas cujo coração está vazio e sem Deus. Também a eles, Jesus dirige este convite: "Vinde a mim". O convite de Jesus é para todos. Mas de maneira especial para aqueles que sofrem mais.
Jesus promete dar descanso a todos, mas também faz um convite, que é como um mandamento: "Tomai sobre vós meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11, 29). O "jugo" do Senhor consiste no carregar o peso do outro com amor fraternal. Tendo recebido o alívio e o conforto de Cristo, somos chamados  a ser alívio e conforto para os irmãos, com atitude de mansidão e humilde, à imitação do Mestre. A mansidão e a humildade de coração, não só nos ajudam a tirar o peso do outro, mas a não sobrecarrega-los com nossos preconceitos, nossos julgamentos, nossas críticas ou nossa indiferença.
Invocamos a Virgem Maria, que acolhe sob o seu manto, todas as pessoas aflitas e desamparadas, para que através de uma fé iluminada, testemunhada com s vida, possamos  ser alívio para aqueles que precisam de ajuda, de carinho e de esperança. 
(Trad.MEM)