sábado, 21 de setembro de 2013

A cobiça pelo dinheiro faz perder a fé



Durante a homilia em Santa Marta, o Papa Francisco condena uma das idolatrias mais desastrosas
Por Luca Marcolivio

ROMA, 20 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - A idolatria do dinheiro é uma ameaça para a nossa fé e pode levar o homem à ruína e à perdição. Assim falou o Papa Francisco em sua homilia durante a Missa desta manhã em Santa Marta..
"Jesus - disse o Santo Padre – nos tinha dito claramente, e até mesmo de forma definitiva, que não é possível servir a dois senhores: não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Há algo entre esses dois que não combina. Há algo na atitude de amor ao dinheiro que nos distancia de Deus”.
Citando a São Paulo (cf. 1 Tm 6,2-12 ), o Papa então condenou o enriquecer-se caindo na “tentação do engano de muitos desejos insensatos e nocivos”, definindo a ganância como "a raiz de todos os males" e, em última instância, a fonte de "muitos sofrimentos”.
O "poder do dinheiro", portanto, "desvia da fé pura" e a destrói. Além disso, se a palavra de Jesus não é seguida com coerência, pode-se cair nas "invejas”, nas "brigas", nas calúnias, nas “suspeitas más”, tornando-se “homens corruptos na mente e privados da verdade que consideram a religião como fonte de lucro”.
O Papa Francisco também criticou o carolismo daqueles que se intitulam católicos, porque vão à missa, mas que depois “debaixo dos panos fazem os seus negócios sujos”.
O "caminho do dinheiro" leva inevitavelmente à corrupção e à perdição e, nisso, Jesus foi muito claro: “Não podes servir a Deus e ao dinheiro, não é possível: ou um ou outro. E isso não é comunismo, isso é Evangelho puro”, lembrou Bergoglio.
Embora o dinheiro possa oferecer inicialmente "um certo bem estar”, no final “chega a vaidade”, que nos faz sentir-nos "uma pessoa importante".
No entanto, explicou o Papa, "ninguém pode se redimir, nem pagar a Deus o próprio preço. O resgate de uma vida seria muito caro. Ninguém pode salvar-se com o dinheiro”.
A idolatria do dinheiro, também, é um pecado contra o primeiro Mandamento, porque o dinheiro é colocado no lugar de Deus e recebe o culto.
Neste sentido, os Padres da Igreja eram particularmente radicais e definiram o dinheiro como “o esterco do diabo”. Ele “contagia a nossa mente com o orgulho e nos faz maníacos de questões ociosas”, disse ainda Francisco.
Então, qual é o antídoto para essa corrupção? São Paulo o indica na "justiça", na "piedade”, na “fé”, na “caridade” e na “paciência”. “É o caminho da humildade de Cristo Jesus que sendo rico se fez pobre para enriquecer-nos justamente com a sua pobreza.. Este é o caminho para servir a Deus. E que o Senhor nos ajude a todos para que não caiamos na armadilha da idolatria do dinheiro”, concluiu então o Pontífice.
Tradução Thácio Siqueira

No mundo, sem ser do mundo



Reflexões de Dom Alberto Taveira Correa, arcebispo de Belém do Pará
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 20 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Sabemos que Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade! (Cf. 1 Tm 2, 4)  Mas estamos no mundo e com todos os riscos à salvação, envolvidos pelo terrível mistério do pecado. "Eu não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo" (Jo 17,15-18). Em tempos recentes, o Santo Padre o Papa Francisco, continuando um processo iniciado pelo seu predecessor, tem sinalizado com uma série de medidas a realização de reformas administrativas na Igreja. Trata-se de confrontar com o Evangelho, cada dia com maiores exigências, a prática dos cristãos e dos organismos de governo da Igreja. Por outro lado, pelo mundo inteiro cresce a consciência dos valores éticos a serem reconhecidos e respeitados no trato com a coisa pública. Em nosso país, pelo menos a sensibilidade da sociedade se torna mais aguçada, para reagir diante da corrupção e dos desmandos existentes nos vários níveis de poder. Aumentado o escândalo, a vigilância se torna mais atenta.
As parábolas de Jesus são tiradas dos fatos cotidianos ou da natureza, para lançar luz sobre os acontecimentos e suscitar novas decisões nas pessoas. No Evangelho de São Lucas, recheado de sensibilidade pelos mais pobres, ganham relevo algumas delas, cuja atualidade se torna um verdadeiro presente de Deus para o nosso tempo. Um administrador ladino (Lc 16, 1-13) deve prestar contas de sua administração e, de acordo com os devedores de seu patrão, oferece-lhes um desconto extra. Hoje tais acordos são milionários, com dinheiro que atravessa fronteiras para ser "lavado" ou entidades fictícias. E envolvem altas esferas dos poderes das diversas nações do mundo! Sabemos ainda que a esperteza dos interesses econômicos pode até ser justificada em nome do grande valor da paz. Não é de pouca monta o que corre pelo mundo com a fabricação e comercialização de armas. Justamente agora, usando as armas bíblicas da oração e do jejum, na grande convocação feita pelo Papa Francisco, foram desconcertados os poderes do mundo. Ele pediu a verdadeira paz para não acrescentar uma guerra a mais às existentes.
Sua voz ressoou pelo mundo: "É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor que nós cristãos e os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão. Penso nas crianças, somente nelas. Olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade.. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: 'Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais... Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra!' (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965). 'A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade' (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976). Irmãos e irmãs, perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, homens e mulheres de reconciliação e de paz" (Homilia na Vigília pela paz, no da 7 de setembro de 2013).
     O Senhor pede aos cristãos, hoje como ontem, uma renovada fidelidade na administração dos bens do mundo e na procura do progresso e  da paz, como consequência da escolha feita no coração de cada um. Um adequado senso de realismo ajudará a perceber os riscos existentes. Como o coração humano pode ser dissimulado e astucioso, vale a vigilância constante, suscitada pela oração, assim como a revisão de vida, a fim de que não se comece pelos centavos, para depois chegar aos milhões no uso injusto dos bens da terra. É possível, sim, que a maldade e a corrupção entre nos ambientes da própria Igreja e na prática dos cristãos! É muito fácil acostumar-se ao "todo mundo faz"! Nivelar por baixo o comportamento já trouxe e trará mais ainda muitos desastres. E aos que pretendem cuidar por si dos próprios interesses, as normas de administração aconselham consultorias, que não são outra coisa senão a capacidade de ouvir os outros e levar em conta sua visão mais objetiva.  Além disso, transparência é estrada a ser percorrida pelos cristãos presentes em qualquer campo da sociedade. E ela só faz bem!
     Podemos acolher o Evangelho, para estar no mundo, sem ser ou se contaminar com o mundo, através de recomendações precisas e límpidas: "Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes, e quem é injusto nas pequenas será injusto também nas grandes. Por isso, se não sois fiéis no uso do ‘dinheiro iníquo’, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores. Pois vai odiar a um e amar o outro, ou se apegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16, 10-13). É tarefa para uma vida inteira! Para alcançar tais objetivos, "que se façam súplicas, orações, intercessões, ação de graças, por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador" (1 Tm 2, 1-2).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

"A Igreja nunca fecha as portas e oferece sempre o perdão"



O pontífice convida a recordar que uma mãe 'nunca ensina o que está mal para os seus filhos', a ver os mandamentos de forma positiva e a não criar-nos ídolos materiais que depois nos escravizam

ROMA, 18 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje retorno ainda sobre a imagem da Igreja como mãe. Eu gosto tanto dessa imagem da Igreja como mãe. Por isto, quis retornar a ela, porque esta imagem me parece que nos diz não somente como é a Igreja, mas também qual face deveria ter sempre mais a Igreja, esta nossa mãe Igreja.
Gostaria de destacar três coisas, sempre olhando às nossas mães, a tudo aquilo que fazem, que vivem, que sofrem pelos próprios filhos, continuando aquilo que disse quarta-feira passada. Eu me pergunto: o que faz uma mãe?
1. Primeiro de tudo ensina a caminhar na vida, ensina a seguir bem na vida, sabe como orientar os filhos, procura sempre indicar o caminho certo na vida para crescerem e tornarem-se adultos. E o faz com ternura, com afeto, com amor, sempre também quando procura endireitar o nosso caminho porque nos dispersamos um pouco na vida ou tomamos caminhos que levam a um abismo. Uma mãe sabe o que é importante para que um filho caminhe bem na vida, e não aprendeu nos livros, mas aprendeu do próprio coração. A universidade das mães é o seu coração! Ali aprendem a levar adiante os próprios filhos.
A Igreja faz a mesma coisa: orienta a nossa vida, dá-nos os ensinamentos para caminhar bem. Pensemos nos dez Mandamentos: indicam-nos um caminho a percorrer para amadurecer, para ter pontos firmes no nosso modo de nos comportarmos. E são frutos da ternura, do amor próprio de Deus que os doou a nós. Vocês poderiam me dizer: mas são mandamentos! São um conjunto de “não”! Eu gostaria de convidar vocês a lê-los – talvez vocês tenham se esquecido um pouco deles – e então pensá-los de modo positivo. Vejam que se referem ao nosso modo de nos comportarmos para Deus, para nós mesmos e para os outros, propriamente aquilo que nos ensina uma mãe para viver bem. Convidam-nos a não fazermos ídolos materiais que depois nos tornam escravos, a recordar-nos de Deus, a ter respeito pelos pais, a sermos honestos, a respeitar o outro… Tentem vê-los assim e considerá-los como se fossem as palavras, os ensinamentos que a mãe dá para seguir bem na vida. Uma mãe não ensina nunca aquilo que é mal, quer somente o bem dos filhos, e assim faz a Igreja.
2. Gostaria de dizer-vos uma segunda coisa: quando um filho cresce, torna-se adulto, toma o seu caminho, assume as suas responsabilidades, caminha com as próprias pernas, faz aquilo que quer e, às vezes, acontece também de sair do caminho, acontece qualquer acidente. A mãe sempre, em toda situação, tem a paciência de continuar a acompanhar os filhos. Aquilo que a impulsiona é a força do amor; uma mãe saber seguir com discrição, com ternura o caminho dos filhos e mesmo quando erram encontra sempre o modo para compreender, para ser próxima, para ajudar. Nós – na minha terra – dizemos que uma mãe sabe “dar a cara”. O que isto quer dizer? Quer dizer que uma mãe sabe “colocar sua face” pelos próprios filhos, isso é, impelida a defendê-los, sempre. Penso nas mães que sofrem pelos filhos que estão na prisão ou em situações difíceis: não se perguntam se são culpados ou não, continuam a amá-los e muitas vezes se submetem a humilhações, mas não têm medo, não deixam de se doar.
A Igreja é assim, uma mãe misericordiosa, que entende, que procura sempre ajudar, encorajar também diante dos seus filhos que erraram e que erram, não fecha nunca as portas da Casa; não julga, mas oferece o perdão de Deus, oferece o seu amor que convida a retomar o caminho mesmo para aqueles filhos que caíram em um abismo profundo, a Igreja não tem medo de entrar na noite deles para dar esperança; a Igreja não tem medo de entrar na nossa noite quando estamos na escuridão da alma e da consciência, para dar-nos esperança! Porque a Igreja é mãe!
3. Um último pensamento. Uma mãe sabe pedir, bater a toda porta pelos próprios filhos, sem calcular, o faz com amor. E penso em como as mães sabem bater também e, sobretudo, na porta do coração de Deus! As mães rezam tanto pelos próprios filhos, especialmente por aqueles mais frágeis, por aqueles que têm mais necessidade, por aqueles que na vida tomaram caminhos perigosos ou errados. Poucas semanas atrás, celebrei na igreja de Santo Agostinho, aqui em Roma, onde foram conservadas as relíquias da mãe, Santa Mônica.  Quantas orações elevou a Deus aquela santa mãe pelo filho, e quantas lágrimas derramou! Penso em vocês, queridas mães: quanto rezam pelos vossos filhos, sem se cansarem! Continuem a rezar, a confiar os vossos filhos a Deus; Ele tem um coração grande! Batam à porta do coração de Deus com a oração pelos filhos.
E assim faz também a Igreja: coloca nas mãos do Senhor, com a oração, todas as situações dos seus filhos. Confiemos na força da oração da Mãe Igreja: o Senhor não permanece insensível. Sabe sempre nos surpreender quando não esperamos. A Mãe Igreja o sabe!
Bem, estes eram os pensamentos que queria dizer pra vocês hoje: vejamos na Igreja uma boa mãe que nos indica o caminho a percorrer na vida, que sabe ser sempre paciente, misericordiosa, compreensiva e que sabe colocar-nos nas mãos de Deus.
Apelo do Papa
Todos os anos, em 21 de setembro, as Nações Unidas celebram o “Dia Internacional da Paz”, e o Conselho Ecumênico das Igrejas apela aos seus membros a fim de que em tal dia rezem pela paz. Convido os católicos de todo o mundo a unirem-se aos outros cristãos para continuar a implorar a Deus o dom da paz nos lugares mais atormentados do nosso planeta. Possa a paz, dom de Jesus, morar sempre nos nossos corações e apoiar os propósitos e as ações dos responsáveis das Nações e de todos os homens de boa vontade. Empenhemo-nos todos a encorajar os esforços para uma solução diplomática e política dos conflitos de guerra que ainda preocupam. O meu pensamento vai especialmente á querida população síria, cuja tragédia humana pode ser resolvida somente com o diálogo e a negociação, no respeito à justiça e à dignidade de cada pessoa, especialmente os mais frágeis e indefesos.

A Igreja é uma mãe que só quer o bem dos filhos



Audiência geral: papa Francisco lembra que os dez mandamentos não são um "conjunto de nãos" e nos convida a "enxergá-los positivamente"
Por Luca Marcolivio

ROMA, 18 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Durante a audiência geral de hoje, na Praça de São Pedro, dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre o mistério da Igreja, o papa Francisco voltou a mencionar a imagem da "Igreja Mãe", já evocada na homilia de ontem na Casa Santa Marta.
“Eu realmente gosto dessa imagem”, disse o papa, “porque acho que ela não nos diz apenas como é a Igreja, mas também qual é o rosto que a Igreja deveria ter cada vez mais”.
O papa sublinhou alguns princípios que devem animar a educação dos filhos pela mãe. Primeiro, "ela ensina a caminhar pela vida", apontando o "caminho certo com ternura, com amor, com amor sempre, mesmo quando tenta endireitar o nosso caminho, porque saímos um pouco da rota na vida ou porque andamos na direção do abismo".
Toda mãe sabe também o que é importante para uma criança, não porque ela "aprendeu nos livros", mas porque "aprendeu com o coração".
A Igreja, como mãe, orienta os filhos na vida mediante ensinamentos baseados nos dez mandamentos, que também são "fruto da ternura, do amor de Deus, que os deu a nós". Há quem argumente que eles são apenas "comandos" ou “um conjunto de nãos", mas o papa nos convida a "enxergá-los positivamente".
Entre outras coisas, os dez mandamentos nos convidam a "não criar ídolos materiais que nos escravizam, a nos lembrar de Deus, a ter respeito pelos pais, a ser honestos, a respeitar uns aos outros": são ensinamentos que a mãe normalmente transmite aos filhos. "Uma mãe nunca ensina o que é ruim; ela só quer o bem dos filhos. Assim também a Igreja", acrescentou o Santo Padre.
Mesmo quando o filho "cresce" e "assume as suas responsabilidades", a mãe continua a acompanhá-lo "com discrição", e , quando ele erra, "ela sempre encontra um jeito de entender, de estar perto, de ajudar".
A mãe sabe “dar a cara a tapa” pelos filhos, disse Bergoglio, usando a expressão popular. “Se eles acabam na cadeia, por exemplo, as mães não perguntam se eles são culpados ou não, mas continuam a amá-los e muitas vezes sofrem humilhação, mas não têm medo, não deixam de se entregar por eles".
A Igreja também é uma "mãe misericordiosa" para com os filhos que “erraram e erram” e , sem os julgar, lhes oferece o "perdão de Deus". A Igreja não tem medo de entrar “na nossa noite, no escuro da nossa alma e consciência, para nos dar esperança".
A Igreja, enfim, como todas as mães, "também sabe pedir, bater em todas as portas pelos filhos, sem calcular, só por amor", especialmente orando a Deus, “especialmente pelos mais fracos ou pelos que trilharam os caminhos mais perigosos e errados”. A este propósito, o papa citou o exemplo de Santa Mônica e das suas muitas orações e lágrimas pelo filho Agostinho, até que ele se tornou santo.
"Penso em vocês, queridas mães: quanto vocês oram pelos seus filhos, sem se cansar! Continuem a rezar, a confiar os seus filhos a Deus, que ele tem um grande coração! Batam na porta do coração de Deus com a oração pelos filhos" , exortou o pontífice .
Também a Igreja ora pelos seus filhos em apuros: vemos nela "uma boa mãe que nos mostra o caminho a seguir na vida, que sempre sabe ser paciente, compassiva, compreensiva, e sabe como nos colocar nas mãos de Deus", concluiu o papa.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Não há perdão fora da Igreja



É como a viúva que sabe que os seus filhos são seus e deve defendê-los e levá-los ao encontro com o Esposo disse o Papa Francisco em sua homilia na Santa Marta
Por Luca Marcolivio

CIDADE DO VATICANO, 17 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - A figura da viúva de Naim é um ícone de "viuvez" da Igreja que busca o encontro com o Senhor. Afirmou o papa Francisco durante a homilia desta manhã em Santa Marta.
Inspirado pelo Evangelho de hoje (cf. Lc 7,11-17), o Pontífice destacou que“Jesus tem a capacidade de sofrer connosco de estar próximo de nós nos nossos sofrimentos fazendo-os seus”.
A viúva de Naim, além de seu marido, tinha perdido um filho e por esta razão, Jesus, em consideração a marginalização e a miséria das viúvas que viviam naquele tempo, mostra "grande compaixão" e um "amor especial".
A Igreja é em certo sentido “é viúva” enquanto seu “Esposo se foi e ela caminha na história, na esperança de encontrá-lo, de se encontrar com Ele. E ela será a esposa definitiva", comentou o Papa.
Em sua viuvez, no entanto, a Igreja se mostra “corajosa" e defende seus filhos "como a viúva que foi ao juiz corrupto para "defendê-los" e acabou vencendo”.
Outra viúva ilustre da narrativa bíblica, lembrou Francisco, é a mãe macabeia de sete crianças que são martirizadas por não renunciar a Deus. Esta falava para eles "no dialeto local, na primeira língua", bem como no dialeto nos fala a Igreja: o dialeto, observou o Papa, é a "linguagem da verdadeira ortodoxia" e do "catecismo", que nos dá força "na luta contra o mal".
Em sua viuvez, a Igreja está sempre em movimento, em busca de seu Esposo e "quando é fiel, sabe chorar", especialmente por seus filhos e reza por eles. No entanto, o Senhor diz: "Não chores. Eu estou contigo, eu acompanho-te, eu espero-te lá, nas nupcias, nas últimas núpcias, aquelas do cordeiro. Pára, este teu filho que estava morto, agora vive!”.
Da mesma forma Jesus faz quando, como acontece com o garoto Naim, nos levanta do nosso leito de morte que, em primeiro lugar, é a morte para o pecado. Em seguida, "nos dá o perdão" e "nos dá novamente a vida", Jesus nos restitui à nossa mãe.
O sacerdote, também, quando nos dá a absolvição, após a confissão "nos restitui à nossa mãe". “É ali que acaba a reconciliação, porque não há caminho de vida, não há perdão, não há reconciliação fora da mãe Igreja”,disse o Papa.
 Fico com vontade de pedir ao Senhor a graça de ser sempre confiante nesta mãe que nos defende, nos ensina, faz-nos crescer”,concluiu o Santo Padre.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

FÉ...ME FAZ PENSAR.



Estamos vivendo o Ano da Fé. Muita coisa foi escrita, muita coisa para se pensar, avaliar e renovar a fé.
A iniciação na fé acontece na família, mas a fé é um dom gratuito de Deus, que exige coragem e humildade para entregar-se e  vislumbrar a luz. A fé precisa ser cultivada todo o dia, pois ela nos desvenda os caminhos e acompanha nosso viver.
Para podemos entender a fé, é preciso olhar para trás, analisar o caminho percorrido, e só então perceberemos a presença de Deus em todo o percurso.
A fé é acreditar que Deus está presente na realidade de nossa vida, que é Deus que aponta o caminho, a solução de nossos problemas. É confiar no amor divino.
A fé cristã está centrada em Cristo. A fé identifica no amor de Deus manifestado em Jesus o fundamento sobre o qual se assentam a realidade e o seu destino ultimo. (LF15)
Jesus nos deu a maior prova de amor, entregou a sua vida por todos nós, pelos bons e pelos pecadores. Amor maior não há!
Isso me faz pensar na Cruz, momento forte da fé, que transforma os corações. A salvação está na fé.
A fé em Cristo nos salva, porque é n’Ele que a vida se abre radicalmente a um amor que nos precede e transforma a partir de dentro, que age em nós e conosco.(LF20)
Portanto a fé transforma o nosso intimo, pois é luz que  ilumina todo o percurso da vida humana, desde a origem ao seu fim. Assim o coração abre espaço para que Jesus habitar. Então como diz São Paulo: Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. (Gl2,20)
Se Cristo vive em mim a fé não é algo particular, mas faz tomar parte no corpo de Cristo, de forma que a fé é eclesial. São Paulo afirma que
os cristãos formam um só corpo em Cristo Jesus. E esse exemplo nos faz entender que é união vital com Cristo, a relação entre  todos  os cristão, e todos são unidos em Cristo.
A fé em Jesus Cristo é para ser vivida em comunidade, para ali realizar a vivencia do amor a Cristo e aos irmãos, através da fraternidade e da solidariedade.
                                            Maria Ronety Canibal


Precisamos do olhar de Cristo para nos converter



Catequese para a família
Por Luis Javier Moxo Soto

MADRI, 16 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - O convite que estamos agora recebendo para meditar e pôr em prática, através das leituras evangélicas do começo (Lc 15, 1-32) e do final desta semana (Mt 9, 9-13), é um convite à conversão pessoal e ao reconhecimento da misericórdia divina.
Ninguém está livre de pecado. Porque com frequência pecamos por ação ou por omissão em nossos julgamentos, naquilo que dizemos e fazemos; todos nós precisamos do perdão, que restaura as relações deterioradas, bloqueadas ou rompidas com nós próprios, com os outros e com Deus.
O primeiro passo é o reconhecimento da cruz que carregamos, que nos faz cair nas mesmas falhas uma vez atrás da outra. É questão de sermos pacientes com nós mesmos, porque temos que aplicar os meios oportunos para ir nos corrigindo.
Em segundo lugar, temos que ver se olhamos para os outros com uma lente de aumento das suas supostas limitações, negligências e até maldades. Somos injustos ao aplicar a determinadas pessoas, pelas quais não temos simpatia, um rigor e severidade nos julgamentos maiores que os que aplicamos a outras que achamos mais simpáticas ou agradáveis, ou a nós mesmos.
Por último, mas talvez devêssemos considerar este ponto desde o começo, temos que ver como a misericórdia divina age diante das nossas infidelidades ao seu amor. A sua paciência, a sua busca, o seu olhar limpo de preconceitos e o seu abraço desinteressado, que pouco têm a ver com as nossas reações muitas vezes instintivas diante das ofensas, dos incômodos ou das simples desavenças com as pessoas que deveríamos amar mais!
Outra vez, os diversos grupos de pessoas dessas passagens evangélicas anteriores nos dão o exemplo de qual deve ser o nosso proceder. Lc, 15, 1-2, nos diz que todos os publicanos e os pecadores costumavam escutar o que Jesus dizia. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: “Ele acolhe os pecadores e come com eles”. Nós chegamos perto de Jesus para escutá-lo ou nos incomodamos porque Ele acolhe, perdoa e fica junto com aquelas pessoas que nós achamos que não merecem? Isso nos acontece com mais frequência do que pensamos. Muitas vezes, achamos injusta a misericórdia tão infinita que não apenas perdoa a ofensa, mas chega até a esquecê-la.
Esta semana começa assim e termina com um santo apóstolo e evangelista que foi precisamente publicano, empregado na cobrança de impostos para os romanos. É Mateus, cuja festa celebramos neste sábado, dia 21. O texto não conta quanto tempo ele ficou olhando para Jesus, enquanto estava sentado no guichê dos impostos, nem quanto tempo Ele demorou para lhe dizer “Segue-me”; diz apenas que, quando Jesus chamou, ele se levantou e o seguiu. Mateus teria má fama ou pouca aceitação entre os seus, mas Jesus, com o seu olhar e o seu chamado, anulou essa má fama plenamente. É um exemplo completo a ser seguido em nossos tempos: nos deixarmos olhar e acolher por Jesus, para olharmos e acolhermos os outros, como Mateus, porque Ele é o nosso maior tesouro.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

LUMEN FIDEI - A LUZ DA FÉ - 3



 Já é do nosso conhecimento que o Papa Francisco publicou sua primeira Carta Encíclica – Lumen Fidei (A Luz da Fé). Em mensagens passadas já abordamos os dois primeiros capítulos, em que o Papa afirma que Deus nos amou antes e que a fé, como resposta humana, realiza o encontro desejado pelo Deus vivo e fiel, sobre o qual podemos construir solidamente uma nova vida. Jesus encarnado torna-se o sim definitivo das promessas de Deus; com sua morte e ressurreição realiza a plenitude da fidelidade de Deus e a suprema manifestação do seu amor por nós. Esse amor de Deus suscita constantemente em nós a resposta da fé que não só faz olhar para Jesus, mas a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos. 
No segundo capítulo o Papa Francisco acentua, sobretudo, que a pessoa humana, na questão da fé, precisa do conhecimento da verdade objetiva (fé na presença do Deus vivo e fiel), porque sem ela não subsiste aquele que está sujeito às instabilidades da vida. Assim, o amor precisa estar fundado na verdade para ser duradouro; caso contrário, ele estará sujeito à alteração dos sentimentos e não supera a prova do tempo.
No capítulo terceiro o Pontífice evidencia que não se pode crer sozinho. Esse dom não pode ser guardado para si mesmo; realiza-se na comunhão eclesial (LF 37-39). Ele precisa ecoar para os outros, convidando-os para a mesma alegria que brota da fé. É como a Luz de Cristo que reflete em nós, qual espelho, passando de geração em geração: “É através de uma cadeia ininterrupta de testemunhos que nos chega o rosto de Jesus” (LF 38). E aqui entra a memória e a comunhão da Igreja através dos tempos: “O Amor, que é o Espírito e que habita na Igreja, mantém unidos entre si todos os tempos e faz-nos contemporâneos de Jesus, tornando-Se assim o guia do nosso caminho na fé” (LF 38). É necessária a harmonia entre o creio pessoal e ocremos eclesial. Como já vimos anteriormente, não se trata de mera transmissão doutrinal: “Aquilo que se comunica na Igreja, o que se transmite na sua Tradição viva é a luz nova que nasce do encontro com o Deus vivo, uma luz que toca a pessoa no seu íntimo, no coração, envolvendo a sua mente, vontade e afetividade, abrindo-a para relações vivas na comunhão com Deus e com os outros” (LF 40). Para comunicar essa riqueza a Igreja tem como meio especial os sacramentos da fé, através dos quais ela não expressa tanto um conjunto de verdades abstratas, mas deseja, sobretudo, a comunhão com o Deus Vivo: deixar-nos transformar pelo que professamos pela fé celebrada. Assim, no Batismo, tornamo-nos filhos e herdeiros, participantes da natureza divina, modificando todas as nossas relações (LF 42 e 45); na Eucaristia vivemos o hodie (hoje eterno) do mistério pascal (LF 44). Na transmissão fiel da vida e missão da Igreja, além dos Sacramentos e do Símbolo da Fé, como um caminho a percorrer, aberto pelo encontro com o Deus vivo, ganha importância particular a oração do Pai Nosso e o Decálogo (Dez Mandamentos). O primeiro ensina a partilhar a experiência filial com Jesus Cristo e os irmãos na relação com o Pai; enquanto o Decálogo apresenta um caminho positivo de encontro com um Deus de diálogo e cheio de misericórdia: “O Decálogo não é um conjunto de preceitos negativos, mas de indicações concretas para sair do deserto do ‘eu’ auto-referencial, fechado em si mesmo, e entrar em diálogo com Deus, deixando-se abraçar pela sua misericórdia a fim de a irradiar... O Decálogo aparece como o caminho da gratidão, da resposta de amor, que é possível porque, na fé, nos abrimos à experiência do amor de Deus que nos transforma”.(LF 46). Que o Ano da Fé nos ajude a transformar-nos em Igreja viva e missionária. Bênção para todos!
                                        Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

A misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo

As palavras do papa Francisco no Angelus

CIDADE DO VATICANO, 15 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos as palavras pronunciadas pelo papa Francisco neste domingo, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Na liturgia de hoje, lemos o capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que contém as três parábolas da misericórdia: a ovelha perdida, a moeda perdida, e a mais longa de todas as parábolas, típica de São Lucas, a do pai e dos dois filhos, o filho "pródigo" e o filho, que acredita ser o "justo", que crê ser santo. Todas estas três parábolas falam da alegria de Deus, Deus é alegria. Interessante: Deus é alegria! E o que é a alegria de Deus? A alegria de Deus é perdoar, a alegria de Deus é perdoar! É a alegria de um pastor que reencontra a ovelha; é a alegria de uma mulher que encontra novamente a sua moeda; é a alegria de um pai que acolhe novamente em casa, o filho que estava perdido, que era considerado morto e tornou a viver, voltou para casa. Aqui está todo o Evangelho! Aqui! Aqui está todo o Evangelho, todo o cristianismo! Mas não é sentimento, não é ser "bonzinho"! Pelo contrário, a misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo do "câncer" que é o pecado, o mal moral, o mal espiritual. Só o amor preenche os espaços vazios, os abismos negativos que o mal abre no coração e na história. Somente o amor pode fazer isso, e essa é a alegria de Deus!
Jesus é todo misericórdia, Jesus é todo amor: é Deus feito homem. Cada um de nós é aquela ovelha perdida, aquela moeda perdida; cada um de nós é aquele filho que desperdiçou a própria liberdade seguindo falsos ídolos, ilusão de felicidade, e perdeu tudo. Mas Deus não se esquece de nós, o Pai nunca nos abandona. É um pai paciente, nos espera sempre! Respeita a nossa liberdade, mas permanece fiel. E quando voltamos para Ele, nos acolhe como filhos, em sua casa, porque ele não para nunca, nem por um momento, de nos esperar, com amor. E o seu coração está em festa por cada filho que retorna. Está em festa porque é alegria. Deus sente essa alegria quando um de nós pecadores vai até Ele e pede o seu perdão.
Qual é o perigo? É que supomos sermos justos, e julgamos os outros. Julgamos até Deus, porque pensamos que deveria punir os pecadores, condenando-os à morte, em vez de perdoar. Agora sim corremos o risco de permanecer fora da casa do Pai! Como aquele irmão mais velho da parábola que, em vez de se alegrar porque seu irmão retornou, ele fica com raiva de seu pai que o acolhe e faz festa. Se em nossos corações não há misericórdia, alegria do perdão, não estamos em comunhão com Deus, mesmo observando todos os preceitos, pois é o amor que salva, não apenas a prática dos preceitos. É o amor por Deus e pelo próximo que realiza todos os mandamentos. E este é o amor de Deus, a sua alegria: perdoar.. Nos espera sempre! Talvez algum de vocês tenha algo pesado em seu coração: “Mas, eu fiz isso, eu fiz aquilo...". Ele te espera! Ele é pai: sempre espera por nós!
Se vivemos de acordo com a lei "olho por olho, dente por dente", jamais sairemos da espiral do mal. O Maligno é inteligente, e nos ilude que com a nossa justiça humana podemos nos salvar e salvar o mundo. Na realidade, somente a justiça de Deus pode nos salvar! E a justiça de Deus se revelou na Cruz: a Cruz é o julgamento de Deus sobre todos nós e sobre este mundo. Mas como Deus nos julga?Dando a vida por nós! Eis o ato supremo de justiça que derrotou, uma vez por todas, o Príncipe deste mundo; e esse ato supremo de justiça é também ato supremo de misericórdia. Jesus chama todos a seguirem este caminho: ‘Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso’ (Lc 6:36)”.
Peço-vos uma coisa, agora. Em silêncio, todos, pensemos... cada um pense em uma pessoa com a qual não estamos bem, com a qual estamos com chateados, que não gostamos. Pensemos nessa pessoa em silêncio, neste momento, rezemos por esta pessoa e tornemo-nos misericordiosos para com esta pessoa.
Invoquemos agora a intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia.

domingo, 15 de setembro de 2013

As fofocas contra o próximo são dignas de Caim



Durante a missa na Casa Santa Marta, o papa Francisco adverte: "Se você fala mal do seu irmão, você o mata"
Por Luca Marcolivio

ROMA, 13 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - A metáfora evangélica do cisco e da trave no olho (Lc 6,39-42) se refere àquela "atitude de ódio de uns para com os outros" que nos leva a "ser juízes do nosso próprio irmão", disse o papa na homilia durante a missa desta manhã na Casa Santa Marta, comentando o evangelho do dia.
Na mesma passagem, Jesus pronuncia "uma palavra forte: hipócrita", acrescentou o pontífice.
Há pessoas que "vivem falando mal dos outros". Elas "são hipócritas porque não têm a força, a coragem de olhar para os seus próprios defeitos". Em outro momento, Jesus enfatiza que aquele que guarda "em seu coração um pouco de ódio contra o seu irmão é um assassino".
São João Apóstolo também é muito explícito sobre esse ponto: "Aquele que odeia o seu irmão caminha nas trevas; quem julga o seu irmão caminha nas trevas" (cf. 1 Jo 9).
Portanto, cada vez que "julgamos os nossos irmãos em nossos corações e, pior ainda, quando falamos sobre isto com outras pessoas, somos cristãos homicidas", continuou o papa.
"Se você fala mal do seu irmão, você mata o seu irmão", disse Francisco, observando que, neste ponto, "não cabem nuances". Qualquer um que julga o seu irmão está imitando "Caim, o primeiro assassino da história".
O Santo Padre abordou depois a relação entre o julgamento negativo do outro e a paz que o mundo exige, especialmente nos dias de hoje.. É necessário, por isto, "um gesto de conversão nosso. As fofocas estão sempre nessa dimensão da criminalidade. Não há fofocas inocentes".
Quando se fala mal do irmão ou da irmã, usa-se a língua, no fim das contas, para "matar a Deus", refletido na imagem do irmão que nos foi dada para louvá-Lo.
Se um irmão erra ou nos faz sofrer, a verdadeira solução não é espalhar fofocas, mas rezar ou fazer penitência por ele. "E, se necessário, falar com a pessoa que pode resolver o problema. Mas não sair fofocando para todo mundo!", observou o papa.
O exemplo paradigmático desta atitude virtuosa é oferecido por São Paulo, quando diz: "Antes eu era blasfemo, perseguidor, violento. Mas alcancei misericórdia" (cf. 1 Tim 1,1-2.12-14). Mesmo aqueles que não blasfemam, quando se rendem à sedução maliciosa da fofoca se tornam "certamente perseguidores e violentos", afirmou o Santo Padre sem botar panos quentes.
Na conclusão da homilia, o papa exortou os fiéis a pedirem "para nós e para toda a Igreja a graça da conversão, a fim de passar do crime das fofocas para o amor, para a humildade, para a mansidão, para a gentileza e para a magnanimidade do amor pelo próximo".