sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Francisco: 'Não é possível entender Jesus sem a sua Mãe'



Texto completo da homilia do Papa na festa de Maria Santíssima, Mãe de Deus. Francisco recorda que 'sem a Igreja, Jesus Cristo se reduz a uma ideia, uma moral, um sentimento'.
- O Papa Francisco começou o ano 2015 na Basílica de São Pedro, pronunciando a seguinte homilia:
Hoje voltam à mente as palavras com que Isabel pronunciou a sua bênção sobre a Virgem Santa: «Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 42-43).
Esta bênção está em continuidade com a bênção sacerdotal que Deus sugerira a Moisés para que a transmitisse a Aarão e a todo o povo: «O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça. O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz» (Nm 6, 24-26). Ao celebrar a solenidade de Santa Maria, a Santa Mãe de Deus, a Igreja recorda-nos que Maria é a primeira destinatária desta bênção. N’Ela tem a sua realização perfeita: na verdade, mais nenhuma criatura viu brilhar sobre si a face de Deus como Maria, que deu uma face humana ao Verbo eterno, para que todos nós O pudéssemos contemplar.
E, para além de contemplar a face de Deus, podemos também louvá-Lo e glorificá-Lo como os pastores, que regressaram de Belém com um cântico de agradecimento depois de ter visto o Menino e a sua jovem mãe (cf. Lc 2, 16). Estavam juntos, como juntos estiveram no Calvário, porque Cristo e a sua Mãe são inseparáveis: há entre ambos uma relação estreitíssima, como aliás entre cada filho e sua mãe. A carne de Cristo – que é charneira da nossa salvação (Tertuliano) – foi tecida no ventre de Maria (cf.Sal 139/138, 13). Tal inseparabilidade é significada também pelo facto de Maria, escolhida para ser Mãe do Redentor, ter compartilhado intimamente toda a sua missão, permanecendo junto do Filho até ao fim no calvário.
Maria está assim tão unida a Jesus, porque recebeu d’Ele o conhecimento do coração, o conhecimento da fé, alimentada pela experiência materna e pela união íntima com o seu Filho. A Virgem Santa é a mulher de fé, que deu lugar a Deus no seu coração, nos seus projectos; é a crente capaz de individuar no dom do Filho a chegada daquela «plenitude do tempo» (Gl 4, 4) na qual Deus, escolhendo o caminho humilde da existência humana, entrou pessoalmente no sulco da história da salvação. Por isso, não se pode compreender Jesus sem a sua Mãe.
Igualmente inseparáveis são Cristo e a Igreja, porque a Igreja e Maria caminham sempre juntas, sendo isto exactamente o mistério da mulher na comunidade eclesial, e não se pode compreender a salvação realizada por Jesus sem considerar a maternidade da Igreja. Separar Jesus da Igreja seria querer introduzir uma «dicotomia absurda», como escreveu o Beato Paulo VI(cf. Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 16). Não é possível «amar a Cristo, mas sem amar a Igreja, ouvir Cristo mas não a Igreja, ser de Cristo mas fora da Igreja» (Ibid., 16). Na verdade, é precisamente a Igreja, a grande família de Deus, que nos traz Cristo. A nossa fé não é uma doutrina abstracta nem uma filosofia, mas a relação vital e plena com uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho unigénito de Deus que Se fez homem, morreu e ressuscitou para nos salvar e que está vivo no meio de nós. Onde podemos encontrá-Lo? Encontramo-Lo na Igreja, na nossa Santa Mãe Igreja hierárquica. É a Igreja que diz hoje: «Eis o Cordeiro de Deus»; é a Igreja que O anuncia; é na Igreja que Jesus continua a realizar os seus gestos de graça que são os sacramentos.
Esta acção e missão da Igreja exprimem a sua maternidade. Na verdade, ela é como uma mãe que guarda Jesus com ternura, e O dá a todos com alegria e generosidade. Nenhuma manifestação de Cristo, nem sequer a mais mística, pode jamais ser separada da carne e do sangue da Igreja, da realidade histórica concreta do Corpo de Cristo. Sem a Igreja, Jesus Cristo acaba por ficar reduzido a uma ideia, a uma moral, a um sentimento. Sem a Igreja, a nossa relação com Cristo ficaria à mercê da nossa imaginação, das nossas interpretações, dos nossos humores.
Amados irmãos e irmãs! Jesus Cristo é a bênção para cada homem e para a humanidade inteira. Ao dar-nos Jesus, a Igreja oferece-nos a plenitude da bênção do Senhor. Esta é precisamente a missão do povo de Deus: irradiar sobre todos os povos a bênção de Deus encarnada em Jesus Cristo. E Maria, a primeira e perfeita discípula de Jesus, a primeira e perfeita crente, modelo da Igreja em caminho, é Aquela que abre esta estrada de maternidade da Igreja e sempre sustenta a sua missão materna destinada a todos os homens. O seu testemunho discreto e materno caminha com a Igreja desde as origens. Ela, Mãe de Deus, é também Mãe da Igreja e, por intermédio dela, é Mãe de todos os homens e de todos os povos.
Que esta Mãe doce e carinhosa nos obtenha a bênção do Senhor para a família humana inteira! Hoje, Dia Mundial da Paz, invoquemos de modo especial a sua intercessão para que o Senhor dê paz a estes nossos dias: paz nos corações, paz nas famílias, paz entre as nações. Este ano, a mensagem especial para o Dia Mundial da Paz reza: «Já não escravos, mas irmãos». Todos somos chamados a ser livres, todos chamados a ser filhos; e cada um chamado, segundo as próprias responsabilidades, a lutar contra as formas modernas de escravidão. Nós todos, de cada nação, cultura e religião, unamos as nossas forças. Que nos guie e sustente Aquele que, para nos tornar irmãos a todos, Se fez nosso servo!
Olhemos para Maria, contemplemos a Santa Mãe de Deus. Gostaria de vos propor que a saudássemos juntos, como fez o povo corajoso de Éfeso, que gritava à frente dos seus pastores quando entravam na Igreja: «Santa Mãe de Deus»! Que bela saudação para a nossa Mãe… Conta-se, mas não sei se a história é verdadeira, que alguns de entre aquelas pessoas tinham os bastões na mão, talvez para dar a entender aos bispos o que lhes aconteceria se não tivessem tido a coragem de proclamar Maria «Mãe de Deus». Sem bastão, convido a todos vós que vos levanteis e, de pé, Lhe dirijais por três vezes esta saudação da Igreja primitiva: «Santa Mãe de Deus»!
Via ZENIT

Oração é a raiz da Paz.




Neste primeiro dia do ano, no clima de alegria - embora frio - do Natal, a Igreja nos convida a fixar o olhar de fé e amor na Mãe de Jesus. Nela, humilde mulher de Nazaré, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós"(Jo 1,14). Por isso, é impossível separar a contemplação de Jesus, o Verbo da vida que se tornou visível e tangível (cf. 1 Jo 1.1), da contemplação de Maria, que lhe deu seu amor e sua carne humana.
Hoje ouvimos as palavras do apóstolo Paulo: "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher" (Gl 4,4). Aquele "nascido de mulher", diz de forma essencial, e portanto, ainda mais forte, a verdadeira humanidade do Filho de Deus. Como afirma um Padre da Igreja, santo Atanásio: “o nosso Salvador foi verdadeiramente homem e disso veio a salvação para toda a humanidade” (Carta a Epiteto: PG 26).
Mas São Paulo também acrescenta: "nascido sob a lei" (Gl 4,4). Com essa expressão enfatiza que Cristo assumiu a condição humana libertando-a da fechada mentalidade legalista. A lei, de fato, privada da graça, se torna um peso insuportável, e em vez de fazer-nos bem nos faz mal. Jesus dizia: “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado. Eis então o motivo pelo qual Deus manda o seu Filho sobre a terra para tornar-se homem: uma finalidade de libertação, mais ainda, de regeneração. De libertação “para resgatar aqueles que estavam sob a lei” (v. 5); e o resgate aconteceu com a morte de Cristo na cruz. Mas, especialmente, de regeneração: “para que recebêssemos a adoção de filhos” (v. 5). Incorporados Nele, os homens tornam-se verdadeiramente filhos de Deus. Esta passagem maravilhosa acontece em nós com o Batismo, que nos enxerta como membros vivos em Cristo e nos atrai para a sua Igreja.
No início de um novo ano nos faz lembrar o dia do nosso Baptismo: redescobrimos o dom recebido naquele sacramento que nos regenerou para uma nova vida: a vida divina. E que, por meio da Mãe Igreja, que tem como modelo a Mãe Maria. Graças ao Batismo fomos introduzidos na comunhão com Deus e não estamos mais à mercê do mal e do pecado, mas recebemos o amor, a ternura, a misericórdia do Pai celeste. Pergunto-vos novamente: “Quem de vocês lembra o dia em que foi batizado? Para quem não se lembra da data de seu batismo, dou um trabalho para fazer em casa: buscar tal data e guarda-la bem no coração. Vocês também podem pedir a ajuda dos seus pais, do padrinho, da madrinha, dos tios, dos avós... o dia em que fomos batizados é um dia de celebração! Lembrem-se ou procurem a data do vosso Batismo, será muito bonito para agradecer a Deus pelo dom do Batismo.
Essa proximidade de Deus à nossa existência nos dá verdadeira paz: o dom divino que queremos implorar especialmente hoje, Jornada Mundial da Paz. Estou lendo ali: “A paz é sempre possível”. Sempre é possível a paz! Temos que busca-la... e por ali leio: “Oração na origem da paz”. A oração está realmente na raiz da paz. A paz é sempre possível e a nossa oração está na raiz da paz. A oração faz germinar a paz. Hoje, Jornada Mundial da Paz, “Não mais escravos, mas irmãos”: eis a Mensagem desta Jornada. Porque as guerras nos tornam escravos, sempre! Uma mensagem que nos envolve a todos. Todos somos chamados a combater toda forma de escravidão e construir fraternidade. Todos, cada um de acordo com a própria responsabilidade. E lembrem-se bem: a paz é possível! E na raiz da paz, está sempre a oração. Rezemos pela paz. Existem também aquelas bonitas escolas de paz, escolas para a paz: temos que seguir adiante com essa educação para a paz.
 

A Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, apresentamos nossas boas resoluções. Pedimos-lhe para colocar em nós e em todos os dias do ano novo o manto de sua proteção maternal, "Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas na nossa prova, e livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita".
E eu convido todos vocês hoje a saudar a Virgem como Mãe de Deus. Saudá-la aquela saudação:. "Santa Mãe de Deus!". Como tem sido aclamada pelos fiéis da cidade de Éfeso, no início do cristianismo, quando na entrada da igreja gritavam os seus pastores esta saudação dirigida à Maria: "Santa Mãe de Deus!". Todos juntos, três vezes, repitamos: "Santa Mãe de Deus."
(Tradução ZENIT)

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

FAMILIA NESTE CONTEXTO SOCIAL







           Estamos vivendo em uma sociedade capitalista, regida pelo dinheiro. O outro sempre é um concorrente, o qual eu preciso derrotar, de qualquer maneira para eu poder alcançar o sucesso.
          Estamos vivendo um tempo que a vida não tem valor, um tempo de corrupção e traição, um mundo egoísta e individualista.
           Um mundo violento, onde principalmente os jovens estão vivendo sem limites, e caindo nos vícios, tanto da bebida como da luxuria, quando não vão para as drogas mais pesadas.
 
          É isso que queremos para as nossas crianças?
          É esse o mundo que Deus quer para seus filhos?
          O que fazer?
        
          São Paulo nos diz que: “devemos viver no mundo sem ser do mundo”. Somos filhos de Deus, não filhos do mundo, o nosso caminho é para Deus. Jesus nos deixou um caminho para Deus. A Igreja.
           A Igreja é a família de Deus aqui no mundo. Todo o batizado faz parte desta grande família, que tem como meta viver o amor fraterno.
           A vivencia do amor inicia na família, que é constituída de pai, mãe e filhos. Jesus nasceu em uma família, cresceu em estatura, graça e sabedoria junto de seus pais.
          A família é sagrada, pois é o lugar privilegiado do amor, ali surge à vida e a vida é um dom de Deus. É na família que a criança vai crescer e deve, portanto, receber os primeiros ensinamentos cristãos, aprender os valores éticos e morais que vão permanecer por toda a sua vida, para tornar-se um adulto equilibrado, consciente e comprometido com a Verdade.
          Em 2Tm 3, 15-17, São Paulo afirma: “ E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz a salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito para toda boa obra.”
           A família é o menor grupo natural, a menor comunidade e tem a responsabilidade com a Igreja e a sociedade, de criar pessoas de bem, educadas para a vida e para o amor fraterno.
            Cabe a família educar para a fé, através da vivencia do amor, da oração e da participação na comunidade de fé. Precisa ser fiel aos ensinamentos de Cristo, pois os pais têm o dever de prover as necessidades físicas e espirituais de seus filhos.
            O Catecismo da Igreja no artigo 2685 diz: A  família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimonio, ele é a Igreja domestica, onde os filhos de Deus aprendem a orar na Igreja e perseverar na oração. Para as crianças , particularmente a oração familiar cotidiana é a primeira testemunha da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.”
              A melhor maneira de ensinarmos nossas crianças é com exemplos, pois não podemos querer façam algo que nunca nos virar fazer. Somos para nossos filhos um referencial muito forte, por isso precisamos praticar o que queremos ensinar.
              Como posso querer que meu filho vá a missa se eu nunca vou?
              Como posso querer que meu filho seja amável se eu sou áspera ?
               Como posso querer que meu filho seja honesto se eu minto?
               Teríamos muitas perguntas fazer, precisamos nos conscientizar, de que como família não estamos de fato cumprindo o nosso dever.
              No corre-corre do dia a dia, não há mais tempo para dedicar as crianças. A mãe  também trabalha fora para poder sustentar a casa, para dar mais conforto e satisfazer os caprichos dos filhos.
             Hoje, substitui-se a falta de tempo para com as crianças com presentes. A mãe não cuida das crianças. E a família sem perceber esta delegando a outros o privilégio de ensinar os filhos.
               Já desde tenra idade as crianças estão na creche, sendo ensinados por estranhos. Depois os pais passam a responsabilidade para a escola. E na parte espiritual querem que a catequista transforme cada criança como que num passe de mágica.
                Mas responsabilidade é da família.
                 O Catecismo da Igreja afirma nos artigos 2224, 5,6 e 7 que:
O lar constitui um ambiente natural para a iniciação do ser humano na solidariedade e nas responsabilidades comunitárias. Os pais ensinarão os filhos a se precaverem dos comprometimentos e das desordens que ameaçam as sociedades humanas.”
“Pela graça do sacramento do matrimonio, os pais receberam a responsabilidade e o privilegio de evangelizar os filhos. Por isso os iniciarão desde a tenra idade nos mistérios da fé, da qual são para os filhos os primeiros arautos. Associá-los desde a primeira infância a vida da Igreja. A experiência da vida em família pode alimentar as disposições afetivas que por toda a vida constituirão autênticos preâmbulos e apoios de uma vida de fé.”
“A educação para a fé por parte dos pais deve começar desde a mais tenra infância. Ocorre já quando os membros da família se ajudam a crescer na fé pelo testemunho de uma vida cristã de acordo com o Evangelho. A catequese familiar precede, acompanha e enriquece as outras formas de ensinamentos da fé. Os pais têm a missão de ensinar os filhos a orar e a descobrir sua vocação de filhos de Deus. A paróquia é a comunidade eucarística e o centro da a vida litúrgica das famílias cristãs ; ela é um lugar privilegiado da catequese dos filhos e dos pais.”
“Os filhos, por sua vez, contribuem para o crescimento de seus pais em santidade. Todos e cada um se darão generosamente e sem se cansar o perdão mutuo pelas ofensas, as rixas, as injustiças e os abandonos. Sugere-o a mutua afeição. Exige-o a caridade de Cristo.”
                                                                    Maria Ronety Canibal