sexta-feira, 3 de outubro de 2014

"Ouça os conselhos do seu Anjo da Guarda"

Na festa dos Santos Anjos da Guarda, o Papa recordou este "companheiro de caminho", que não é fruto de uma "doutrina fantasiosa", mas uma presença real que Deus colocou ao nosso lado para não errarmos
Por Salvatore Cernuzio
ROMA, 02 de Outubro de 2014 (Zenit.org
- O anjo da guarda não é uma fabula: ele existe, é uma pessoa real, um companheiro que Deus colocou ao nosso lado, no caminho da nossa vida. No dia em que a Igreja celebra a memória dos Santos Anjos da Guarda, Papa Francisco em Santa Marta chamou atenção para esta figura que a tradição da Igreja apresenta como aquele que nos protege, nos ilumina e nos governa.
"Se alguém acredita que pode caminhar sozinho, se engana muito" - destacou o Papa-. Deus colocou ao nosso lado este ser celestial para nos fazer sentir sua presença ainda mais perto. E se alguém acredita ser auto-suficiente - adverte Bergoglio – cai "no erro da soberba: acredita ser grande”..  
Mas Jesus - e as leituras do dia sublinham- ensina os apóstolos a serem como crianças. Os discípulos discutiam para saber quem era o maior entre eles. "Eh? Carreirismo, eh" - suspirou Papa Francisco-. "Entre os primeiros bispos havia essa tentação do carreirismo. 'Ah, eu quero ser maior do que você ...’. “Não é um bom exemplo, mas é a realidade".
Jesus explica aos seus apóstolos a verdadeira atitude a seguir: a das crianças. Ou seja: "a docilidade, a necessidade de ajuda, porque a criança é um sinal da necessidade de ajuda, da docilidade para seguir adiante...". Quanto mais próximo da atitude de uma criança, mais perto “da contemplação do Pai", comentou o Santo Padre.
O primeiro passo para ser como criança é ouvir com o coração aberto o Anjo da Guarda. Ele, como a Igreja ensina, "faz-nos ouvir as coisas": "Quantas vezes - disse o Papa -, ouvimos: 'Mas, isto ... eu deveria fazer assim, isto não deve ser assim, tenha cuidado". Muitas vezes! É a voz deste nosso companheiro de viagem."
Portanto, devemos estar seguros e não "rebelar-nos", porque ele nos levará até ao fim de nossas vidas com os seus conselhos". A rebelião - reiterou o Papa - "o desejo de ser independente, é algo que todos nós temos; é a soberba, aquela que teve nosso pai Adão no paraíso: a mesma".
"Não se rebelar" - insiste Bergoglio-  "siga o conselho" do seu Anjo da Guarda. Porque quando não queremos ouvir a sua voz, é como dizer: "Vai embora". E atenção, expulsar o companheiro de caminho “é perigoso" - alertou o Santo Padre- porque "nenhum homem, nenhuma mulher pode aconselhar a si mesmo".
Acima de tudo, "ninguém caminha sozinho e nenhum de nós pode pensar que está sozinho". Tem "o Espírito Santo que me aconselha, tem o anjo que me aconselha", tranquiliza o Papa. Os anjos existem, não são uma “doutrina fantasiosa”.  Jesus disse: "Eu mando um anjo diante de ti para guardar-te, para te acompanhar no caminho, para que não erres."
Conscientes disto, é bom nos questionarmos: “Como está minha relação com o meu anjo da guarda? Eu o escuto? Digo-lhe ‘bom dia’, lhe peço para velar meu sono, falo com ele? Peço conselhos?”.

Perguntas importantes - disse Francisco – para ter claro como é a relação "com este anjo que o Senhor enviou para guardar-me e acompanhar no caminho, e que vê sempre o rosto do Pai que está nos céus."

Francisco levou a Doutrina Social da Igreja ao grande público

Entrevista com o professor Zamagni, consultor do dicastério Justiça e Paz: a Doutrina Social da Igreja é um paradigma da antropologia cristã
Por Sergio Mora
ROMA, 02 de Outubro de 2014 (Zenit.org) -
 O professor e economista Stefano Zamagni, consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, presente no congresso desse mesmo dicastério em Roma, explicou a grande contribuição do papa Francisco à Doutrina Social da Igreja ao levar esse tema ao grande público. Zamagni lamentou que os “instrumentalizadores de sempre” queiram aplicá-la como se fosse um modelo político e não um paradigma.
Ele conversou hoje com ZENIT depois de dissertar na XXVIII Reunião Plenária do Pontifício Conselho Justiça e Paz, pouco antes de os participantes serem recebidos pelo papa Francisco.
ZENIT: Qual é a contribuição do papa Francisco à Doutrina Social da Igreja?
Prof. Zamagni: O grande mérito do papa Francisco é ter levado o tema da Doutrina Social da Igreja, que é sempre esse e não pode ser outro no tocante aos princípios, ao nível, digamos, das massas. Antes era um tema que ficava no nível cultural e científico e que, portanto, era objeto de atenção das pessoas cultas. Hoje o tema está sendo levado à base e entrando nos ouvidos dos empresários, dos gerentes, dos funcionários.
ZENIT: Como podemos definir a filosofia do papa Francisco?
Prof. Zamagni: A filosofia do papa Francisco é a do realismo histórico. Ele afirma que a Doutrina Social da Igreja é um paradigma, não um modelo; lamentavelmente, os instrumentalizadores tentam interpretá-la como se ela fosse um modelo. E dizem: “o papa, quando diz isto, se refere a isto, diz que esse modelo é proibido...”. Não, porque o papa não vai ao nível dos modelos, mas ao nível dos paradigmas.
ZENIT: Pode explicar por que ela é um paradigma?
Prof. Zamagni: Paradigma significa um olhar para a realidade, e, neste sentido, a obra do papa deixará marca, porque, de uma vez por todas, ela deixará claro que o cristianismo é uma religião universal, não uma religião étnica, adequada e interpretada com específicas referências a uma determinada realidade; ela pode se encarnar em qualquer contexto. Eu diria que um sinal prático disto é a forma como ele está mudando a composição orgânica dos membros da cúria, que está sendo cada vez mais internacionalizada em comparação com o passado.
ZENIT: Você falou também de um terceiro ponto...
Prof. Zamagni: Não basta intervir nos mecanismos da distribuição da riqueza, mas também nos mecanismos da produção da riqueza. Porque se eu intervenho só post factum, ou seja, depois que a renda foi obtida, para torná-la mais equitativa, isso não é mais suficiente hoje. Já foi, mas agora a economia se tornou global. É necessário intervir no momento em que a riqueza é produzida de acordo com critérios de justiça e de equidade.
ZENIT: Há quem diga que o capitalismo é intrinsecamente perverso...
Prof. Zamagni: São discussões dessas pessoas que pensam que o papa quer atacar um modelo em vez de outro, quando, na realidade, o que interessa ao papa é afirmar um paradigma que é o da antropologia cristã.
ZENIT: O papa insiste sempre na solidariedade?
Prof. Zamagni: A solidariedade é uma das quatro colunas da Doutrina Social da Igreja: a primeira é a centralidade da pessoa; a segunda é a solidariedade; a terceira, a subsidiariedade; e a quarta é o bem comum. Então não é dito nada novo. O novo é aplicar isso à realidade atual.
ZENIT: E quem faz essas interpretações?
Prof. Zamagni: São os instrumentalizadores de sempre.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

México: rosário vivo pela paz e pelos cristãos perseguidos

O cardeal Norberto Rivera convida os fiéis para o evento de fé e pede alimentos para os necessitados
Por Redacao
ROMA, 01 de Outubro de 2014 (Zenit.org) - A arquidiocese da Cidade do México tem, há 23 anos, a tradição de celebrar em outubro o Rosário Vivo. Na edição deste ano, milhares de fiéis rezarão com o cardeal Norberto Rivera Carrera no dia 11 de outubro, sábado, no Estádio Azul.
“Com a alegria do Espírito ao encontro das novas gerações” é o lema deste evento de fé comunitária que reúne milhares de fiéis acompanhados pelos respectivos bispos auxiliares, para manifestar o seu amor a Maria e adorar Jesus na Eucaristia.
A arquidiocese informa em seu site que o rosário é um momento de meditação e de espiritualidade que nos leva a viver a presença de Deus. O objetivo é promover a fé, o amor a Jesus e à Santíssima Virgem, orar por todas as necessidades do país e, neste ano, pedir de maneira especial pela paz no mundo e pelos irmãos perseguidos por causa da sua fé, como ressaltou dom Pedro Agustín Rivera, responsável pela Comissão de Eventos Evangelizadores Massivos da arquidiocese da Cidade do México.
“O santo terço nos unirá e capacitará para pedir com fervor por todas as famílias, pela nossa pátria e pela continuidade do projeto missionário em nossa arquidiocese”, destacou, convidando os fiéis a participar com grande entusiasmo deste encontro de fé.
Nesta ocasião, o Rosário Vivo contará com a animação musical da Associação de Artistas Missionários Eucarísticos. Entre os expoentes está o padre Álvaro Lozano Platonoff, diretor da Comissão de Cultura da arquidiocese, que falará da importância da inserção da comunidade de leigos no projeto missionário arquidiocesano.
A escritora católica e colaboradora da revista “Desde la Fe”, Alejandra Maria Sosa, compartilhará com os presentes uma reflexão sobre a alegria da Nova Evangelização. Uma convidada leiga comprometida dará o seu testemunho na tarefa evangelizadora.
Dom Pedro Agustín Rivera informou que o papa Francisco provavelmente enviará uma mensagem aos fiéis da capital mexicana por ocasião do Rosário Vivo, que é um dos três eventos multitudinários de evangelização que a arquidiocese realiza durante o ano. Os outros dois são a Peregrinação Anual à Basílica de Guadalupe e a festa de Corpus Christi.
O acesso ao Estádio Azul será gratuito, mas a organização pede aos fiéis que, em gesto de solidariedade, doem alimentos não perecíveis para ajudar os irmãos necessitados através dos programas desenvolvidos pela Cáritas da arquidiocese da Cidade do México.
A festa do terço
A história nos conta que no dia 7 de outubro de 1571 foi travada a batalha naval de Lepanto, na qual os cristãos venceram os turcos otomanos. O papa São Pio V pediu que os cristãos rezassem o terço pela frota. Quando se soube do triunfo dos cristãos, foi instituída a festa de Nossa Senhora das Vitórias, em 7 de outubro.
Um ano mais tarde, Gregório XIII mudou o nome da festa para Nossa Senhora do Rosário e estabeleceu a sua celebração no primeiro domingo de outubro, o dia da semana em que tinha sido vencida a batalha. A festa do rosário é hoje celebrada de modo fixo no dia 7 de outubro.



Os carismas são um dom que Deus nos dá por meio do Espírito Santo




 O papa saúda os peregrinos latinos que agradeceram pela beatificação de dom Álvaro del Portillo
Por Rocio Lancho García
CIDADE DO VATICANO, 01 de Outubro de 2014 (Zenit.org) -
 Em mais uma quarta-feira muito animada, o papa Francisco passeou pela Praça de São Pedro com o papamóvel descoberto, saudando os fiéis procedentes de todas as partes do mundo. Francisco recebeu no colo vários bebês e lhes deu a sua bênção. A grande quantidade de latino-americanos presentes se fez sentir: no final da audiência, entre muitos aplausos e manifestações de entusiasmo, eles cantaram para o papa a tradicional canção “Cielito lindo”.
A audiência desta semana foi dedicada aos carismas. No resumo do final do encontro, o Santo Padre disse:
"Queridos irmãos e irmãs! Além dos dons com que nosso Senhor edifica e torna mais fecunda a sua Igreja, nós também temos os carismas. Um carisma é mais do que um talento ou qualidade pessoal. É uma graça, um dom que Deus nos dá por meio do Espírito Santo. Não porque alguém seja melhor que os outros, mas para que o coloque a serviço dos outros com a mesma gratuidade e amor com que o recebeu.
Cada um pode se perguntar: que carisma nosso Senhor me deu? Como é que eu o vivo? Assumo esse carisma com generosidade, a serviço de todos, ou o descuido e talvez até o tenha esquecido ou guardado para mim mesmo?  Os diversos carismas e dons que o Pai presenteia à Igreja são para crescermos em harmonia, na fé e no seu amor, como um só corpo, o Corpo de Cristo, onde temos necessidade uns dos outros e onde cada dom recebido se verifica plenamente ao ser compartilhado com os irmãos. Assim resplandecem a beleza e a força sobrenatural da fé, para que, juntos, possamos entrar no coração do Evangelho e seguir Jesus".
Em seguida, o papa cumprimentou os peregrinos latino-americanos e dom Javier Echevarría, prelado do Opus Dei, assim como os fiéis da prelatura presentes em Roma para agradecer a Deus pela beatificação de dom Álvaro del Portillo. "Que a intercessão e o exemplo do novo beato os ajude a responder com generosidade ao chamado de Deus à santidade e ao apostolado na vida ordinária, a serviço da Igreja e da humanidade inteira. Muito obrigado e que Deus os abençoe", disse o pontífice.
Ao terminar as saudações nas diversas línguas, Francisco também dedicou um pensamento especial aos jovens, aos doentes e aos recém-casados. O papa recordou que hoje celebramos a memória litúrgica de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, e exortou: "Queridos jovens, que o amor dela pela Igreja seja um ensinamento para a sua vida espiritual; queridos enfermos, que a oração seja instrumento para enfrentar os momentos mais difíceis; e que os queridos recém-casados fundamentem o seu respeito e fidelidade recíproca na casa conjugal".
Antes de sair à praça, o Santo Padre entrou na Sala Paulo VI para saudar os fiéis ali presentes, do Instituto Secular "Pequenos Apóstolos da Caridade", que estão em Roma por ocasião do seu 60º aniversário da fundação. Saudando com afeto as crianças e jovens, o papa lhes disse que estava "muito contente de encontrá-los".

Francisco ainda saudou os bispos e sacerdotes que os acompanhavam, a responsável geral e os dirigentes da associação "Nossa Família", que se ocupa "com tanto cuidado de vocês e das suas necessidades". Francisco observou que o fundador, o beato Luigi Monza, "intuiu a necessidade do apoio especial às pessoas portadoras de deficiências, prestado com competência e com amor. Que o seu carisma, sustentado pelo venerável Paulo VI quando era arcebispo de Milão, seja um exemplo para as famílias e para todos os que têm responsabilidades públicas".

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

MISSÃO PARA LIBERTAR

 O mês de outubro, para nós católicos, é considerado especialmente como o Mês das Missões, mesmo que sempre seja tempo de missão na Igreja e no mundo, desde que Jesus enviou os Apóstolos em missão evangelizadora. Já afirmava Paulo VI (1974), ao falar sobre a evangelização no mundo contemporâneo, logo após o Concílio Ecumênico Vaticano II: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar” (EN 14). São Paulo escreve aos Coríntios: “Anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho” (1Cor 9, 16). O Documento de Aparecida (2007) também não cansa de repetir que somos todos missionários, que estamos em missão permanente, que ninguém pode ser autêntico discípulo sem ser missionário. Na documentação de nossa diocese há muito se acentua que desejamos ser uma “Igreja toda missionária”. O Papa Francisco nos convida constantemente para atitudes missionárias, desejando uma Igreja “em saída”, que vai ao encontro, que é solidária e próxima das pessoas. Afirma ainda o Santo Padre: “A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados” (EG 114). Segundo o Pontífice, para essa obra evangelizadora todos os cristãos são chamados: “Cada batizado, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é sujeito ativo de evangelização... Ele é missionário à medida que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus” (EG 120). Participar da missão evangelizadora, segundo o Papa Francisco: “Significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho” (EG 127).

No mês missionário, no Brasil (outubro), as Pontifícias Obras Missionárias (POM), com sede em Brasília (DF), têm a responsabilidade de organizar, todos os anos, a Campanha Missionária, junto com outros organismos eclesiais. Em 2014, o tema é: “Missão para Libertar” e o lema escolhido inspirou-se no texto evangélico de Lucas 4, 18: “Enviou-me para anunciar a libertação” (Lc 4,18). A reflexão retoma a Campanha da Fraternidade deste ano, que alertou sobre a realidade do tráfico humano. As vítimas desse crime representam a escravidão moderna. Afirma o padre Camilo Pauletti: “A temática surge hoje como um grande desafio para a Missão”. Quando Jesus, na sinagoga de Nazaré, inaugura seu ministério, recordando o profeta Isaías, afirma: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para anunciar a boa-nova aos pobres...” e prossegue, mais adiante: “para pôr em liberdade os cativos“ (Lc 4, 18). A Missão do Messias vem do Deus da vida e por isso traz libertação para quem sofre algum tipo de escravidão. Hoje, Jesus nos desafia a assumir essa mesma Missão. A Campanha Missionária 2014 quer chamar a atenção para a escravidão do tráfico humano em suas diversas expressões: a exploração do trabalho; exploração sexual; a extração de órgãos; e tráfico de crianças e adolescentes para adoção. Olhando para essa realidade, à luz da Palavra de Deus, a missão de defender e promover a vida continua urgente e sem fronteiras. Sejamos todos missionários, em qualquer ambiente, sobretudo, pelo testemunho de vida cristã, que fala mais alto que qualquer discurso teórico.

Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana

Na beleza das flores, acolher o dom da vida –

 

Reflexão sobre o Dia do Nascituro

Pe. Guilherme Schmidt de Lima
(Especialista em Bioética e Pastoral da Saúde pelo Centro Universitário São Camilo – São Paulo-SP)
Eis que aos poucos a primavera toma conta dos nossos sentidos com suas cores belas e seus doces aromas. A natureza se renova nos convidando a acolher a grandeza da criação de Deus. Estamos ainda no início do mês de outubro, mês dedicado às missões. Como cristãos, queremos neste tempo também assumir a missão de cuidar, promover e proteger a vida humana, em todas as suas circunstâncias.


Celebramos neste dia 08 de outubro o Dia Nacional do Nascituro, encerrando a Semana Nacional da Vida, ocorrida do dia 01 ao dia 07 de outubro, datas instituídas na Assembleia dos Bispos do Brasil, reunida em Itaici, SP, no ano de 2005. Desde então, tem-se refletido incansavelmente sobre a valorização da vida, sobremaneira daqueles que naturalmente não têm a possibilidade de se defender, porque ainda habitam o ventre de suas mães.

Nascituro, do latim, significa “aquele que há de nascer”. Assim, celebrar este dia soa como um clamor para que a vida possa viver. Queremos hoje olhar para as mães: aquelas que geraram e acolheram suas crianças com amor; aquelas que, por diferentes motivos, negaram a si mesmas a alegria de ver a face inocente dos seus filhos. Olhamos hoje também para essas vidas ceifadas antes do tempo, como flores sem chance de exalar o seu perfume.

Acima de tudo, o Dia Nacional do Nascituro precisa ser celebrado como uma resposta consciente contra a cultura de morte, tão tristemente enraizada no seio de uma sociedade cada vez mais fascinada pela ideia da legalização do aborto. De modo geral, isso se mostra bastante contraditório considerando o fato de muitas pessoas serem contra a pena de morte e contra o extermínio e maus tratos aos animais, e tudo isso em defesa da vida. Afinal, que tipo de vida se quer proteger e com qual finalidade?

A Igreja tem consciência de que sua vocação também é defender a humanidade contra o que a corrompe. Nesse sentido, ao mandamento de Deus “Não matarás” corresponde a compreensão da vida como dom e responsabilidade, como um talento a fazer render.

Percebendo as fragilidades dos novos tempos, a Igreja, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes afirma: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” (GS 51).

Hoje é muito forte o movimento da emancipação da mulher. Tudo gira em torno da sua vida, da sua estética, da sua liberdade de fazer o que quer com o seu corpo, inclusive excluir uma vida que não é bem vinda em algum momento. Aqui cabem os mais desmedidos argumentos para enfatizar a cultura da morte, mascarada de direitos, de liberdade, de estado laico. Acontece que vida não é uma questão de fé, de religião, de ser ateu ou crer em Deus. A vida acontece como um fato natural e, pela própria razão, há de se considerar que ela é preciosa, uma vez que é próprio do ser humano gerar e dar continuidade à espécie. Isso é sublime, é o milagre que acontece independente de crenças.

Quando cantamos no Hino Nacional: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!”, isso pode causar certa repulsa ao pensar que a qualquer momento a mãe gentil pode se tornar uma nação infanticida. É importante tomarmos consciência do que pode significar uma mudança na legislação em relação ao aborto, pois a Lei deve favorecer condições de vida para que se possa acolher dignamente um novo ser humano, e não condições de vida que levem à exclusão do outro e ao assassinato disfarçado.

Defendemos a vida, porque na perspectiva cristã, não estamos restritos a este mundo temporal. Somos feitos para a eternidade, o que supõe acolher e viver esta vida terrena apesar das suas cruzes. Na Declaração Sobre o Aborto Provocado de 1974, o Papa Paulo VI acentua: “Medir a felicidade pela ausência de sofrimentos e de misérias neste mundo é voltar as costas ao Evangelho” (n. 25).

Não queremos voltar às costas ao Evangelho. Não queremos fechar as portas do nosso coração a esta boa notícia de Jesus. Ele nos convida carinhosamente a acolher o seu mais amoroso desejo para cada um de nós: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

Neste dia Nacional do Nascituro, sejamos tocados pela vida que floresce ao nosso redor e nos sintamos motivados a acolher com amor e generosidade as novas vidas humanas que se formam nos ventres maternos. Pedimos a Cristo que nos sensibilize e nos dê um coração capaz de ver nas crianças em gestação as novas flores para o jardim da humanidade.

Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.



SÃO JERÔNIMO
Por Fabiano Farias de Medeiros
(Zenit.org) - “Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”, narrava São Jerônimo, que nasceu por volta do ano 342 na Itália entre as cidades de Panomia e Dalmácia. A tradição não nos traz muitas informações sobre seus pais, mas sabe-se que era filho de Eusébio da cidade de Stridon e que o mesmo zelou desde cedo pela educação cristã do filho. Ao completar 18 anos seu pai o enviou para Roma para concluir os estudos.
Jerônimo teve os melhores professores de retórica e filosofia e aprendeu o latim e o grego. Sua busca por conhecimento o levou a dedicar muito tempo para as obras literárias e se afastar de suas raízes cristãs e a buscar linhas de pensamento e conduta mundanas. No ano 360 foi batizado pelo Papa Libério. Após seu batismo, viajou para Treves, na Gália para estudos e nesta viajem foi tomado de um profundo desejo de servir a Deus. Retirou-se então para o deserto de Cálcis, uma região afastada de Antioquia e dedicou-se a meditação. Neste período, dedicou-se a aprender o hebraico no intuito de estudar a Bíblia no original e contraiu severa enfermidade, além das muitas tentações ao qual era submetido. No ano de 379 foi então ordenado sacerdote pelo Bispo Paulino, mas permaneceu no exílio monástico.  
Viajou para Constantinopla para continuar os estudos sobre a Bíblia e depois para Roma à convite do Papa Dâmaso I por conta do Concílio de Roma em 382 para combater um cisma na Igreja em Antioquia.. Após o concílio foi nomeado secretário do Papa e foi incumbido, além de redigir as cartas do Papa, de traduzir a Bíblia para o latim de modo que consumiu o resto de seus dias nesta grata missão. Sua tradução ficou conhecida como Vulgata que significa “de uso comum”.

Após a morte do Papa Dâmaso I, Jerônimo foi perseguido e caluniado devido à inveja de muitos. Jerônimo foi então para Belém e lá ficou até falecer no dia 30 de setembro de 420. A Igreja o declarou padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou no dia de sua morte o “Dia da Bíblia”.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Palavras de vida eterna




Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

A Igreja Católica designou setembro o Mês da Bíblia. Em seu último domingo, celebra-se o Dia Nacional da Bíblia. Outras Igrejas dedicam uma outra data para destacar o valor dela. A razão da escolha do mês de setembro para ressaltar a importância desse livro sagrado se deve a que, no último dia deste mês (30), celebra-se a memória de S. Jerônimo († 420), que a traduziu dos originais hebraico, aramaico e grego para o latim, língua então falada pelo povo.
Nós, cristãos, valorizamos o fato de adorarmos um Deus que, na sua bondade e sabedoria, revelou-se a si mesmo e manifestou o mistério de sua vontade. Por causa de seu imenso amor, Ele nos fala como a amigos, convidando-nos a estar com ele em seu convívio. Em seu Filho Jesus Cristo, Deus nos revela a verdade profunda a seu respeito e a respeito de nossa salvação. Entende-se, pois, a observação do apóstolo Pedro: “Nascestes de novo, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a Palavra do Senhor, viva e permanente” (1Pe 1,23).
Fruto de um Sínodo sobre a Palavra de Deus (2008), o Papa emérito Bento XVI presenteou a Igreja com uma Exortação Apostólica (“Verbum Domini”: Palavra do Senhor), que destaca o fato de Deus ter pronunciado sua Palavra eterna de modo humano. Essa Exortação é um convite para (1) redescobrirmos a Palavra de Deus, fonte de constante renovação eclesial – renovação que supõe escuta, meditação e conversão de coração; (2) promovermos a animação bíblica da pastoral, a fim de que a Palavra de Deus seja sempre mais o coração de toda atividade pastoral; (3) sermos testemunhas da Palavra, comunicando a todos a alegria que nasce do encontro com a Pessoa de Cristo; (4) empreendermos uma nova evangelização, na certeza da eficácia da Palavra divina; (5) favorecermos o diálogo ecumênico, convictos de que “escutar e meditar juntos as Escrituras nos faz viver uma comunhão real, ainda que não ainda plena”; e, finalmente, (6) amarmos a Palavra de Deus, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo.
É uma graça especial poder escutar Deus que nos fala e mantém um diálogo conosco. Consola-nos saber que, nesse diálogo, a iniciativa é dele (“Ele nos amou primeiro”: S. João). À sua iniciativa, respondemos com fé, utilizando-nos, se possível, de palavras que Ele próprio nos revelou – por exemplo: os Salmos.
Descobre-se cada vez mais a importância da “Leitura orante da Bíblia” (“Lectio divina”), isto é: a leitura da Sagrada Escritura acompanhada de oração. Santo Agostinho expressava essa leitura assim: “A tua oração é a tua palavra dirigida a Deus. Quando lês a Sagrada Escritura, é Deus que te fala; quando rezas, és tu que falas a Deus”. Segundo Orígines, um dos mestres nesse tipo de leitura bíblica, para uma leitura orante é necessário não só que conheçamos a Bíblia, mas que tenhamos uma profunda intimidade com Cristo.
Recebemos uma graça especial de Deus: poder escutá-lo. Cabe-nos anunciar sua Palavra no mundo em que vivemos, lembrados de que a credibilidade desse anúncio depende da coerência de nossa vida com os ensinamentos dessa Palavra. O Papa Paulo VI, que será beatificado no próximo dia 19 de outubro, lembrava que “o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível” (EN, 76).
Na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, como nas demais Dioceses, nosso amor à Palavra de Deus tem-se manifestado na multiplicação de Círculos Bíblicos, dos quais participam famílias, amigos e vizinhos. Reunindo-se regularmente, todos leem a Bíblia e refletem sobre o que leram. Dessa leitura e reflexão nascem, espontaneamente, orações e gestos concretos em favor dos que precisam de uma atenção especial daquele grupo.
“Quem acende uma vela é o primeiro a ser iluminado por ela”, ensina a sabedoria chinesa. Familiarizando-nos com as Sagradas Escrituras, nós mesmos acabamos fazendo uma profunda experiência da verdadeira alegria – aquela alegria que nasce da certeza de que somente o Senhor tem palavras de vida eterna.

Aprender a ouvir Deus





Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

No Brasil, setembro é o mês da Bíblia. Há algumas décadas, este “mês temático” era ocasião para uma intensa animação bíblica nas comunidades: divulgação da Bíblia, cursos introdutórios à sua leitura compreensão, atividades com crianças e jovens para promover o amor à Palavra de Deus...
Tenho a impressão que esse entusiasmo anda em baixa contido atualmente. Será por não se perceber da mesma forma a importância da Bíblia para a Igreja? Em todo caso, não é isso que a Igreja entende. Tivemos em 2008 uma assembléia do Sínodo dos Bispos sobre “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, depois da qual o papa Bento XVI fez a extraordinária Exortação Apostólica Verbum Domini (“A Palavra do Senhor”). Vale a pena retomá-la e absorver melhor a riqueza de suas orientações.
Em novembro de 2013, o papa Francisco entregou à Igreja a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (“A Alegria do Evangelho”), na qual trata da alegria despertada em nós pelo encontro com Cristo e com Deus, sobretudo através da Sagrada Palavra. Essa alegria leva a partilhar com os outros a experiência realizada.
Sem a referência constante à Palavra de Deus, anunciada, acolhida, crida e vivida como uma experiência pessoal de encontro com Deus na Igreja, perdemos a nossa referência religiosa principal, que é a acolhida do dom de Deus e da salvação em Cristo Jesus; a Igreja precisa evitar sempre a tentação de ser referência última para si mesma: ela é discípula e servidora da Palavra de Deus e testemunha do amor de Deus “derramado em nossos corações”...
Falamos da necessidade de uma boa “iniciação à vida cristã”: penso que tenhamos aqui uma questão fundamental para a iniciação à vida cristã. Nossa fé - e se quisermos, nossa “religião” – tem seu fundamento e sua referência última na Palavra de Deus, e não em nós mesmos, nem em projetos humanos. Nossa fé é resposta à Palavra de Deus, que se manifestou e falou; é resposta a Deus, em última análise.
Daí a importância do primeiro anúncio, ou querigma, bem feito, para se confrontar com essa realidade. Se conseguirmos ajudar as pessoas a se colocarem em atitude de escuta atenta da Palavra de Deus, como sendo o próprio Deus que interpela e fala, então teremos conseguido algo importante. A resposta de fé será também resposta pessoal a um Deus pessoal, e não a uma verdade abstrata.
Após o querigma vem a iniciação à escuta e à acolhida constante da Palavra de Deus. Ninguém nasce conhecendo a Bíblia, nem seus métodos de leitura, nem a fé que a Igreja nutre em relação à Palavra de Deus. Tudo isso precisa ser apreendido com métodos adequados. É preciso haver uma iniciação à leitura bíblica, aos métodos de compreensão e acolhida de Palavra, à resposta que deve ser dada à Palavra.
Isso pode acontecer em qualquer momento e período da vida; mas na comunidade católica é importante que as crianças já sejam iniciadas à escuta e acolhida da Palavra de Deus. Elas aprendem a se colocar diante do “mistério da Palavra” e a se familiarizar com ela; da mesma forma, os adolescentes, jovens e também os adultos, que ainda não foram iniciados nessa prática.
Desnecessário é dizer que não se trata apenas de um exercício intelectual: muito mais que isso, trata-se de uma experiência de encontro pessoal, de uma “mistagogia” e de um exercício de fé orante.
Ao “ler a Palavra”, é preciso ter presente sempre que há um “tu” que fala através dela e da linguagem humana usada. Quem lê ou escuta, coloca-se diante de Deus que fala através da linguagem humana: “fala, Senhor, teu servo escuta”; e aprende a dar sua resposta, não ao leitor ou narrador da Palavra, mas a Deus que fala: Creio, Senhor! Glória a vós, Senhor!

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações


Por Redacao
ROMA, 28 de Setembro de 2014 (Zenit.org) -

 Durante a Santa Missa com os idosos e os avós celebrada neste domingo, 28 de setembro, na Praça de São Pedro, o Santo Padre Francisco pronunciou a seguinte homilia:


O Evangelho que acabamos de ouvir é acolhido hoje por nós como o Evangelho do encontro entre os jovens e os idosos: um encontro cheio de alegria, cheio de fé e cheio de esperança. Maria é jovem, muito jovem. Isabel é idosa, mas manifestou-se nela a misericórdia de Deus e há seis meses que ela e o marido Zacarias estão à espera de um filho. Maria, também nesta circunstância, nos indica o caminho: ir encontrar a parente Isabel, estar com ela naturalmente para a ajudar mas também e sobretudo para aprender dela, que é idosa, a sabedoria da vida. A primeira Leitura faz ecoar, através de várias expressões, o quarto mandamento: «Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dá» (Ex 20, 12). Não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações, sem os filhos receberem, com gratidão, das mãos dos pais o testemunho da vida. E, dentro desta gratidão a quem te transmitiu a vida, entra também a gratidão ao Pai que está nos céus.

Às vezes há gerações de jovens que, por complexas razões históricas e culturais, vivem de forma mais intensa a necessidade de se tornar autónomos dos pais, a necessidade quase de «libertar-se» do legado da geração anterior. Parece um momento de adolescência rebelde. Mas, se depois não se recupera o encontro, se não se volta a encontrar um equilíbrio novo, fecundo entre as gerações, o resultado é um grave empobrecimento para o povo, e a liberdade que prevalece na sociedade é uma liberdade falsa, que se transforma quase sempre em autoritarismo. Chega-nos esta mesma mensagem da exortação que o apóstolo Paulo dirige a Timóteo e, através dele, à comunidade cristã.. Jesus não aboliu a lei da família e da passagem entre gerações, mas levou-a à perfeição. O Senhor formou uma nova família, na qual prevalece, sobre os laços de sangue, a relação com Ele e o cumprimento da vontade de Deus Pai. Mas o amor por Jesus e pelo Pai leva à perfeição o amor pelos pais, pelos irmãos, pelos avós, renova as relações familiares com a seiva do Evangelho e do Espírito Santo. E, assim, São Paulo recomenda a Timóteo – que é Pastor e, consequentemente, pai da comunidade – que tenha respeito pelos idosos e os familiares e exorta a fazê-lo com atitude filial: o idoso «como se fosse teu pai», «as mulheres idosas como se fossem mães» (cf. 1 Tim 5, 1). O chefe da comunidade não está dispensado desta vontade de Deus; antes, a caridade de Cristo impele a fazê-lo com um amor maior. Como fez a Virgem Maria, que, apesar de Se ter tornado a Mãe do Messias, sente-Se impelida pelo amor de Deus, que n’Ela Se está fazendo carne, a ir sem demora ter com a sua parente idosa.
E, deste modo, voltamos a este «ícone» cheio de alegria e de esperança, cheio de fé, cheio de caridade. Podemos pensar que a Virgem Maria, quando Se encontrava em casa de Isabel, terá ouvido esta e o marido Zacarias rezarem com as palavras do Salmo Responsorial de hoje: «Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. (…) Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones, quando já não tiver forças. (…) Agora, na velhice e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, para que anuncie a esta geração o teu poder, e às gerações futuras, a tua força» (Sal 71/70, 5.9.18). A jovem Maria ouvia e guardava tudo no seu coração. A sabedoria de Isabel e Zacarias enriqueceu o seu espírito jovem; não eram especialistas de maternidade e paternidade, porque para eles também era a primeira gravidez, mas eram especialistas da fé, especialistas de Deus, especialistas da esperança que vem d’Ele: é disto que o mundo tem necessidade, em todo o tempo. Maria soube ouvir aqueles pais idosos e cheios de enlevo, aprendeu com a sabedoria deles, e esta revelou-se preciosa para Ela, no seu caminho de mulher, de esposa, de mãe. Assim, a Virgem Maria indica-nos o caminho: o caminho do encontro entre os jovens e os idosos. O futuro de um povo supõe necessariamente este encontro: os jovens dão a força para fazer caminhar o povo e os idosos revigoram esta força com a memória e a sabedoria popular.
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