A comunidade cristã está inserida em uma
realidade, por isso é necessário olhar a realidade que nos cerca. Estamos
vivendo em um mundo cruel, onde a vida não tem valor. Onde o amor foi
banalizado e como conseqüência a família está desestruturada. Um mundo com desigualdade social muito grave,
com grande parcela da população sem ter onde morar, o que vestir, comento
restos do lixo.
Somo seguidores de Jesus
Cristo, e convivemos tranqüilamente com essa realidade. Lavamos as mãos,
dizemos que o problema não é nosso, é do governo. Será?
Jesus sempre foi muito
sensível diante das necessidades humanas. Ele tem compaixão, compartilha da dor
do povo com fome, sofrido, oprimido e excluído. Vai além da fome física, quer
saciar a fome da fé, da esperança, do amor, da paz e da justiça.
Se pensarmos na cena da
multiplicação dos pães,(Mc 8, 1-9) veremos que a partilha foi fundamental para aliviar a
fome de tantos que ali estavam. Mostra que quando há partilha há o suficiente
para todos saciar a sua fome e ainda sobra. Jesus ai da mostras da vivencia
comunitária e hoje ante as dificuldades do povo, precisamos nos comprometer,
estar atentos às necessidades da comunidade, sem paternalismo, mas com atitudes
de ações solidárias
Precisamos lançar alicerces
profundos nesta sociedade que vivemos hoje, a vida em comunidade é o jeito
ensinado por Jesus. Precisamos resgatar a família, a menor comunidade, que vem sofrendo abalos constantes.Se a família é a fonte de
vida, deve ser a fonte do amor. A família é a base, o núcleo da sociedade. A
família é a Igreja domestica, é ali que surge a vida, deve ser, portanto, o
lugar privilegiado do amor, do relacionamento, da união, da comunhão.
É na família que a criança
cresce e se desenvolve física e emocionalmente, deve ter a educação pautada nos
valores evangélicos, para que permaneçam para vida toda. E na família que surge
o cristão. O bom cristão é conseqüência de um aprendizado do amor familiar, do
amor comunitário onde há partilha, da vivencia cristã, para ser tornarem
pessoas conscientes, equilibradas e comprometidas com a comunidade. A comunhão vivida pela Sagrada
Família precisa ser exemplo a ser seguido pela família hoje, com pai, mãe e
filhos crescendo em estatura, graça e sabedoria. E como estão as nossas
famílias hoje? Pais separados...Família só de mãe... Filhos que não conhecem
seus pais.... A família é sagrada!
Deus é amor. Jesus nos deixou o caminho do amor, do amor ao
próximo. O amor ao próximo nos conduz a Deus, porque o amor a Deus e ao próximo
são inseparáveis, constituem um único
mandamento , pois no próximo encontramos Jesus e em Jesus encontramos
Deus. “Toda a vez que fizeres isto a um
destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes.”(Mt25,40)
Teremos Deus em nós quando nos amarmos uns aos outros.
Não podemos esquecer que a Igreja é a família
de Deus no mundo, e que nesta família não deve ter quem sofra por falta do
necessário, por falta de dignidade, por não ter acesso aos direitos
fundamentais, ou seja, que não tenha direito a vida, a saúde, alimentação, a
moradia, a educação. A Igreja tem uma riqueza, tem as Doutrinas
Sociais, que é uma coleção de documentos de diferentes papa, que abordam com
profundidade os problemas sociais, suas causas e conseqüências. Aponta caminhos
a ser seguido. O primeiro documento foi escrito pelo Papa Leão XIII, em 1891 a
Rérum Novarum. E desde ai os papas têm
dado seqüência na reflexão do problema social.
A nossa tendência é apenas dar, fazer
assistencialismo puro, mas desta forma não mudaremos a situação. “Se alguém
está em um poço fundo e só alcançarmos alimento, ele não vai morrer, mas será
preciso levar alimento todos os dias. Mas se eu alcançar uma corda e ajudá-lo a
sair, ele mesmo terá condições de buscar seu próprio alimento.”
É
preciso conhecer a realidade, cuidar da promoção humana, criar caminhos com
trabalhos alternativos, envolver as famílias e as crianças em atividades
construtivas para que possam construir um ambiente saudável. Enfim dar
condições para que possam caminhar com as próprias pernas. Ver, ter compaixão é colocar-se
no lugar do outro. Jesus nos da mostras do que é compaixão na parábola do Bom
Samaritano, que se abaixou tratou as feridas e depois o conduziu a hospedaria
para que se recuperasse. Temos ai alguns passos que são necessários dar,
abaixar-se para poder ajudar o irmão a levantar-se.
Só com atitudes concretas de amor realizaremos
a vontade de Deus. É preciso ir conhecer a periferia, a sua realidade, pois são
os pés que ajudam a mudar a cabeça e o coração. Buscar inspiração em pessoas como Madre Tereza de Calcutá, irmã
Dulce, São Francisco de Assis conhecer a vida de tantos santos que fizeram da
sua oração, a opção pelos pobres, da sua
vida a doação ao irmão.
Devemos cuidar
para que as comunidades cuidem para que todos possam participar, mesmo aquele
que permanece no interior precisa ter
condições de bem viver a sua fé, é preciso tomar
consciência de que a comunidade é o eixo central de toda a ação pastoral, de
todo o serviço, a comunidade deve ser tudo para todos.
A luz do Espírito Santo a
comunidade cristã anuncia a verdade revelada por Cristo, tem a Palavra
como ponto essencial e fundamental, e
faz da Eucaristia o centro e ápice da
vida e cria meios de comunhão com Deus e com os irmãos, estabelece a justiça, a
solidariedade e a fraternidade.Pois a comunidade cristã não tem
outro caminho a não ser o da comunhão, com a tarefa de construir a
fraternidade.
Maria Ronety Canibal