sábado, 31 de janeiro de 2015

Festa de Nossa Senhora dos Navegantes - 140 anos de fé











Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

A cidade de Porto Alegre se prepara para celebrar a festa de Nossa Senhora dos Navegantes. Expressivo número de porto-alegrenses se reconhece sob a proteção da Senhora dos Navegantes.

A devoção do nosso povo “nasce da fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as suas virtudes”. Trata-se de uma rica tradição inaugurada por nossos antepassados e que sustenta a caminhada “de mulheres e homens de boa vontade”.
O reconhecimento público da força da intercessão materna de Maria, generosa cooperadora e serva humilde do Senhor, é expressão de fé e confiança. O povo a ela recorre como “advogada, auxiliadora, socorro, medianeira”. É difusa a compreensão de que “concebendo, gerando e alimentando a Cristo, apresentando-o ao Pai no templo, padecendo com Ele quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural”.
No dia 2 de fevereiro, festa da Senhora dos Navegantes, nosso povo, vindo de longe e de perto, com sol ou chuva, se põe em marcha acompanhando a imagem de Maria. A caminhada é certamente marcada por sincretismo religioso. Entretanto, os distintos credos e as expressões religiosas que participam desse momento singular desejam somente manifestar a confiança comum no poder daquela que é invocada como Senhora dos Navegantes.
Sabemo-nos navegantes! Navegamos os mares da vida, na certeza de que o olhar materno da Mãe do Redentor a todos acompanha e intercede. Sob seu olhar e proteção nos sentimos seguros na tempestade e gratos na bonança.
Neste ano de 2015, em que a Igreja do Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nos convida a refletir e rezar a questão da paz, podemos certamente recorrer a uma antiga antífona da tradição cristã, e elevar aos céus nossa prece comum: “Sob a vossa proteção nos refugiamos, Santa Mãe de Deus. Aos nossos pedidos, não fecheis vossos ouvidos. Somos todos tão necessitados. Livrai-nos sempre de todo perigo, Virgem Gloriosa, por Deus abençoada”.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

São Tomás de Aquino

Sua família chegou ao ponto de trancá-lo em um castelo para não seguir sua vocação
Por Fabiano Farias de Medeiros
HORIZONTE, 28 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) - “A profundidade do pensamento de São Tomás de Aquino brota – nunca o esqueçamos – da sua fé viva e da sua piedade fervorosa”, descreve o Papa Bento XVI sobre Tomás de Aquino, que nasceu no dia 25 de janeiro de 1225 em Roccasecca no condado de Aquino na Itália. Filho dos condes Landulfo de Aquino e Teodora, Tomás foi desde cedo imerso em vigorosa educação cristã através dos estudos no Mosteiro beneditino de Montecassino. Após este período, foi enviado no ano de 1239 para a Universidade de Nápoles para aprofundar seus estudos.
Sob forte objeção de sua família, que chegou ao ponto de trancá-lo em um castelo para não seguir sua vocação, no ano de 1245, ingressou na Ordem de São Domingos. Em seguida foi para Paris estudar na Universidade de Paris e lá conheceu São Alberto Magno que o orientou em seus estudos. Devido sua personalidade recatada e silenciosa, muitos desacreditaram de Tomás, ao que São Alberto replicou: "Vocês o chamam de boi burro, mas em sua doutrina ele produzirá um dia um mugido tal que será ouvido pelo mundo afora". Tomás lecionou em Colônia e retornou para Paris onde concluiu seu mestrado após escrever muitas obras dentre as quais podemos citar a magnífica “Suma Teológica”. Em 1256 foi nomeado regente em teologia na Universidade de Sorbone. Foi vigoroso seu apostolado como conselheiro dos Papas Urbano IV, Clemente IV e Gregório X.
Apesar de sua notável dedicação teológica e literária, era um homem de profunda oração, contemplação e penitência. Passava longas horas adorando a Jesus Eucarístico e em um desses momentos escutou o próprio Deus a lhe interpelar: “Escreveste bem sobre Mim, Tomás. Que recompensa queres?” Tomás humildemente respondeu-lhe: “Nada mais que a Vós, Senhor”. Ao ser convocado para em 1274 para o Concílio de Lion, a pedido do Para Gregório X, Tomás adoeceu gravemente e faleceu no dia 07 de março de 1274.
Foi canonizado pelo Papa João XXIII em 18 de julho de 1323. O Papa assim o definiu: "Tomás sozinho iluminou a Igreja mais do que todos os outros doutores. Tantos são os milagres que fez, quantas as questões que resolveu". No dia 28 de janeiro de 1567, o Papa São Pio V lhe concedeu o título de "Doutor da Igreja". 
 VIA ZENIT

HOLOCAUSTO

Holocausto: testemunho de uma sobrevivente resgatada por um Padre polonês
Sara Erenhalt, juntamente com outras cinco mulheres, conseguiu escapar do horror nazista graças ao Padre Alojzy Pitlok


Por Paweł Rytel-Andrianik
ROMA, 28 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) -
 Sara Erenhalt vivia com sua família em Przemysl. Em 1941 ela se casou com Leon Patera. Após dez meses o primeiro filho nasceu. Um evento trágico fez com que, durante a perseguição nazista, ela e sua família ficassem presos em um dos dois guetos criados pelos alemães em Przemysl. Leon foi morto enquanto tentava escapar do gueto. Os pais de Sara e suas irmãs foram deportados para o campo de concentração em Bełeżec. Outros membros de sua família, incluindo seu único filho, foram mortos no gueto.
Em setembro de 1943 Sara foi deportada junto com outras pessoas para o campo de Birkenau (perto de Auschwitz). Após o período de quarentena, ela recebeu o número 66.952 e foi enviada para trabalhar na fábrica "Union", localizada a três quilômetros do campo. No início de 1944, foi transferida para Auschwitz, e continuou a trabalhar na fábrica.
No final de 1944, começou o processo de eliminação do acampamento. Em janeiro de 1945, os vagões para o transporte dos prisioneiros não eram suficientes. Muitos prisioneiros foram obrigados a prosseguir com a chamada "marcha da morte", descalços, até a fronteira alemã. Para surpresa de todos, os alemães ordenaram uma parada na aldeia de Poręba, perto Pszczyna, e disse aos presos para buscar uma acomodação. Sara e outras seis mulheres foram em direção às casas vizinhas.
De acordo com o arquivo do Yad Vashem, Sara conta: "Entramos em alguns chalés. Saudamos um idoso dizendo: ‘Louvado seja Jesus Cristo’. Pedimos para passar a noite no celeiro. Ele disse: ‘Coitadas, como eu poderia deixar vocês dormirem em um celeiro com uma temperatura de menos dezoito graus’.”
“Pela maneira que ele falou, parecia um sacerdote, mesmo sem estar vestido com a batina. Então, começamos a conversar e pedimos refúgio em sua casa. Ele imediatamente concordou e escondeu a mim e a outra mulher chamada Genia. Nós tentamos convencê-lo de que não poderíamos nos separar de nossos companheiros, porque estávamos juntos o tempo todo no campo de concentração, e se tivéssemos que deixá-los, certamente morreriam”. (Arquivos de Yad Vashem, Ref. O.3 / 1588).
“Então o senhor, que se revelou como Padre Alojzy Pitlok, concordou em acomodar todos nós e se ofereceu para ajudar após a libertação. Ele disse que para ele não importava se éramos judeus, mas importava que o nosso anjo da guarda nos tinha enviado para lá, e ele poderia nos ajudar e nos salvar. Padre Pitlok também disse que, se não encontrássemos nossas famílias, poderíamos voltar para lá e ele iria nos ajudar a encontrar um emprego.”
Após a guerra, Sara entrou em contato com uma organização Sionista, e em 1946, emigrou para Israel.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

“Por último, o Ressuscitado, apareceu a mim”







Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)

Aquele que encontramos na liturgia celebrada sem cessar pela face da Terra; aquele que confessamos pela nossa fé como Deus e único Senhor; aquele que voltará glorioso no instante final deste último dia; foi precisamente este Jesus Cristo, crucificado, morto na cruz e ressuscitado, que foi manifestado a Paulo de Tarso.

Este encontro decidido pela graça divina determinou os primeiros passos da Igreja de Cristo e lançou as bases da civilização cristã. O jovem judeu nascido em Tarso chamado Saulo foi o escolhido para ser a voz do Ressuscitado aos Gregos e Romanos. Aos nossos olhos, o zeloso teólogo residente em Jerusalém não poderia ser de modo algum o indicado, visto que perseguia e denunciava os judeus que seguiam os Apóstolos do Cristo. Mas Deus tem seus surpreendentes caminhos. Exatamente, ele que pretendia destruir, foi chamado a edificar o caminho do Ressuscitado na história.
O carisma e a santidade do Apóstolo Paulo continuam instruindo os seguidores do Cristo e contribuindo com as escolhas dos caminhos pastorais da Igreja. Hoje, comemorando a festa do seu encontro com o Ressuscitado, queremos recordar sete degraus da escada espiritual de São Paulo que muito nos ajudam a aprofundar e a cultivar a verdade do mistério de Jesus Cristo.
1. A centralidade do mistério da cruz, sinal definitivo do amor de Deus. “Fui crucificado com Cristo, e já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim” (Gl 2,19-20).
2. A experiência da memória viva de Cristo na Eucaristia. “Fazei isto em memória de mim” (1Cor 15,24b).
3. A missão de continuar e estender o corpo do Cristo a todos. “Vós sois o corpo de Cristo e membros singulares seus” (1Cor 12,27).
4. A imposição da humildade como o modo natural de identificação com Jesus. “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
5. A alegria como fruto especial do Espírito Santo a ser oferecido à humanidade. “Tende sempre a alegria do Senhor; repito: estai alegres” (Fl 4,4).
6. A edificação da Igreja de Cristo sobre o alicerce dos Apóstolos. “Deus os dispôs na Igreja: primeiro Apóstolos; segundo Profetas; terceiro Mestres...” (1Cor 12,28).
7. A suprema contribuição dos cristãos à humanidade: o amor (agaphe). “Agora nos restam a fé, a esperança, o amor: estas três coisas. Mas a maior de todas é o amor” (1Cor 13,13).
São Paulo Apóstolo, por último foste chamado pelo Ressuscitado e não mediste esforços e recursos para levar a todos o amor de Deus, ajuda a renovar em nossos corações a alegria do seguimento de Jesus e o empenho em cumprir a missão que Ele nos deu. Tua força e teu zelo nos inspirem e nos orientem hoje e sempre. Amém.
 VIA CNBB
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