quinta-feira, 11 de julho de 2013

O ESPIRITO SANTO NA LITURGIA



O mesmo Espírito Santo que atuou na vida de Jesus está presente na Igreja nascente: ela nasce em Pentecostes sob a manifestação do Espírito de Deus e é acompanhada por ele através dos tempos. Não podemos compreender a pessoa e a missão de Jesus sem a presença do Espírito Santo; e a Igreja, sem sua força, sua vida, seu sopro, seria uma sociedade, como tantas outras. Também nós participamos dessa história, animados e vivificados pelo mesmo Espírito em nossa vida pessoal, social e eclesial.
Afirma Santo Irineu (séc. II) que o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes com o poder de fecundar, de dar a vida nova a todos os povos e fazê-los participantes da Nova Aliança: “Eis porque, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações” (LH, vol. II, Solenidade de Pentecostes, p. 926). No entender de São Paulo, é também o Espírito Santo que une, congrega e forma a Igreja como um só corpo, embora constituída de muitos membros (1Cor 12, 12ss). Referindo-se à unidade e à vivificação do Espírito, continua a dizer Santo Irineu: “Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não podemos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto” (Ibidem).
Este Espírito Santo, que dá vida, fecunda e une está decisivamente atuante na vida cristã e, sobretudo, em cada ação litúrgica; sem a sua presença simplesmente não há liturgia, pois nela acontece uma espécie de sinergia (força conjunta, cooperação, parceria, colaboração) entre o Espírito Santo e a Igreja. Nesta ação conjunta o Espírito cria condições em nós para participarmos do mistério celebrado; recorda e manifesta o mistério de Cristo que é atuado na ação litúrgica; transforma-nos, tornando real em nós a Páscoa de Cristo; e nos congrega na comunhão de um só corpo eclesial (Catecismo da Igreja Católica 1093-1109).
Porém, o Espírito Santo não pode agir sem nossa abertura, acolhimento, adesão, resposta de fé e compromisso. Ele espera um ‘sim’, como o de Maria, para que a liturgia possa ser celebrada, vivida e encontre sua eficácia. Nas palavras do primeiro documento do Concílio Vaticano II - Sacrosanctum Concilium – é preciso participar ativa, consciente, plena e frutuosamente da ação litúrgica (SC 11, 21, 30...). É preciso ser parte da celebração, pois somos todos celebrantes: “Convocada por Deus, a assembléia litúrgica, expressão sacramental da Igreja, unida a Jesus Cristo, é sujeito da celebração” (AVLB, n.54). Alerta-nos o documento Sacrosanctum Concilium: “Para que se obtenha esta plena eficácia, é necessário que os fiéis se aproximem da Sagrada Liturgia com disposições de reta intenção, sintonizem a sua alma com as palavras e cooperem com a graça do alto, a fim de que não a recebam em vão” (SC 11).
Concluindo, podemos afirmar que uma verdadeira espiritualidade cristã realiza esta parceria com o Espírito em todos os momentos da vida, tendo como ponto alto e fonte a liturgia, expressão maior dasinergia, ação conjunta, colaboração, parceria do Espírito Santo e da Igreja, Povo de Deus.

                                                                                               Dom Aloísio A. Dilli
                                                                                               Bispo de Uruguaiana

SÃO BENTO



Hoje comemoramos São Bento, nascido em Nórsia, na Úmbria, por volta do ano 480. Homem amante das coisas concretas e claras, Bento resumia sua Regra num lema eficaz: Ora e trabalha, restituindo à ascese cristã o caráter de contemplação e ação, conforme o espírito e a letra do Evangelho. Após concluir seus estudos em Roma, retirou-se para o monte Subíaco e se entregou à oração e à penitência. Ele é o fundador do importantíssimo mosteiro do Monte Cassino, onde escreveu ali sua famosa Regra como o verdadeiro monge devia ser - assim se lê no segundo capítulo da Regra: "Não soberbo, não violento, não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não murmurador, não detrator... mas casto, manso, zeloso, humilde, obediente".

Depois de meditações e penitências, teve breve estada entre os monges de Vicovaro, que o elegeram pior e depois tentaram desfazer-se dele, envenenando-lhe a bebida, pois estavam descontentes com a disciplina que lhes havia imposto. Com um grupo de jovens, emigrou para Nápoles, escolhendo sua morada no sopé da Montanha de Cassino, onde edificou o primeiro mosteiro, fechado dos quatro lados, como uma fortaleza e aberto à luz do alto como uma grande vasilha que recebe do céu a benéfica seiva para depois despejá-la no mundo. O emblema monástico, a cruz e o arado tornou-se a expressão deste novo modo de conceber a ascese cristã - oração e trabalho - para edificar espiritual e materialmente a nova sociedade, sobre as ruínas do mundo romano.

São Bento morreu no dia 21 de março do ano 547. Duzentos anos após a sua morte, a Regra beneditina havia espalhado pela Europa inteira, tornando-se forma de vida monástica durante toda a Idade Média. Em 1964, o Papa Paulo VI, declarava São Bento padroeiro principal da Europa, tributando desse modo justo reconhecimento ao santo a quem a civilização européia deve muito.

Oremos: A Cruz Sagrada seja minha luz, Não seja o dragão o meu guia, retira-te satanás. Nunca me aconselhes coisas vãs, e mau que tu me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos.

Que a santa cruz seja a nossa luz




Catequese para toda a família
Por Luis Javier Moxo Soto

MADRI, 10 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A primeira encíclica do nosso papa Francisco, Lumen Fidei, foi começada pelo papa emérito Bento XVI e terminada por Francisco 114 dias após a sua eleição.
Se, como diz São Paulo, a fé vem da pregação e esta vem pela palavra de Cristo (Rom 10, 17), então pudemos ouvir esse doce Cristo na terra transmitir-nos a luz e o frescor do Evangelho.
Temos que nos perguntar quais são as sombras que povoam hoje a humanidade e qual é a luz que vem da fé da Igreja nesses tempos que nos couberam.
Há consciência da sombra e da escuridão? Há necessidade real da luz da fé, da verdade, do Evangelho?
Não de forma abstrata, mas na minha vida, na vida da minha família, da minha comunidade cristã, no meu trabalho e no meu lazer: sou daqueles que guardam num lugar escondido, longe da exposição pública, o tesouro da fé que me foi confiada? Ou não posso evitar que tudo o que eu penso, sinto e vivo esteja cheio do amor de Deus?
Porque se recebi o maior dos tesouros e não o aproveito, se não cuido dele todo dia, se não o exponho ao sol da verdade e ao ar livre da relação com os outros, como posso esperar que a minha vida se enraíze na única terra que realmente vale a pena e que me salva?
Acolher e amadurecer a fé é ser sal e luz no mundo. E é motivo de alegria constante saber que somos amados, incondicionalmente, não só por Quem nos deu esse tesouro, mas porque Ele próprio é esse tesouro.
Na medalha de São Bento de Núrsia, cuja festa celebramos em 11 de julho, está inscrito Crux Sacra Sit Mihi Lux (“Que a Santa Cruz seja a minha luz”). Isto nos lembra que, por trás da cruz de Cristo, temos sempre a luz da ressurreição e, para chegar a ela, devemos passar pela porta estreita do sofrimento.
Nesta décima quarta semana do Tempo Comum, avaliemos como estamos vivendo a relação da fé com a luz de que tanto precisamos, da cruz que carregamos todo dia com a presença real de Cristo. E também como vivemos essa relação na prática, como a transmitimos às nossas crianças e jovens, em nosso ambiente mais concreto.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Teresa de Los Andes, uma jovem fala aos jovens




Dentre os intercessores escolhidos para a JMJ Rio 2013 está a a primeira santa carmelita Descalça de clausura da América Latina
Por Frei Patrício Sciadini
CAIRO, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A Igreja não é museu, é viva, feita de gente que caminha conosco aqui e agora, que caminhou conosco e que agora vive na eternidade e continua a suplicar a Deus por nós. E entre aqueles que caminharam conosco a Igreja escolhe alguns que durante a vida se distinguiram com suas palavras, suas obras e especialmente seu testemunho de vida. São os santos e santas nossos irmãos que já chegaram a pátria celeste, mas que tem uma palavra a nos dizer.
Nada de mais belo e emocionante que constatar que a santidade floresce em todas as idades, não é fruto de velhice ou de idade madura, de juventude ou de infância, é fruto do ramo verdadeiramente unido a videira Cristo e que tem como missão de ?produzir muitos frutos?. Podemos contemplar santos e santas que viveram mais de cem anos, outros 50, outros 25, outros 15 e outros ainda 9 anos. Contemplar os santos é a melhor maneira para nunca desanimar.
A Jornada Mundial da Juventude que está às portas de sua realização na cidade do Rio de Janeiro, não podia esquecer santos jovens para poder apresentá-los aos jovens e estimulá-los no seguimento de Cristo. Vemos vários deles: a Beata Albertina Berkenbrock, Teresa de Lisieux, Teresa de los Andes, o Beato Frederico Ozanam e o Beato João Paulo II, o idealizador, o dócil servo que escutando a voz do Espírito Santo idealizou a JMJ. Santos jovens que tem uma palavra forte para dizer aos jovens e aos que querem, embora a idade, manter o coração jovem, isto é, aberto e cheio de entusiasmo para Deus e para a missão.
Mas quem foi Teresa de los Andes? É a primeira santa do Chile, a primeira santa carmelita Descalça de clausura da América Latina.. É aquela santa que no Carmelo é a mais jovem, com menos tempo de vida claustral, uma jovem comprometida com Deus e com os outros, uma jovem que escutou a voz do Senhor e soube colocá-la em prática abandonando uma vida confortável, um afeto familiar, e uma ?roda de amigas e amigos?, que a amavam de verdade. Nascida numa família cristã sentiu-se chamada desde pequena a ser generosa com os pobres e com as crianças da fazenda do seu avô, administrada pelo seu pai e quando o pai, por causa de uma má administração, se encontra em dificuldades, ?Juanita? - este era o seu nome antes de entrar no Carmelo - deu ao seu pai o apoio, a sua força, sempre terá com ele uma palavra de coragem. Entrando no Carmelo aos 19 anos quis escolher o Carmelo mais pobre do Chile, onde experimentou frio, fome, dificuldades de todo tipo. Mas o seu grande amor por Cristo a sustentou em todos os momentos. Sentiu que sua vocação era amar a Deus como fonte de alegria: ?Deus é alegria infinita?, dizia ela. Mas viveu uma profunda noite escura onde Deus a purificou de todos os sentimentos, de todo apego das coisas e das pessoas. Teresa, dócil aos sentimentos do seu diretor espiritual e de suas formadoras, se deixou plasmar pela bondade de Deus, foi desenvolvendo um grande amor pela Virgem Maria, pela Eucaristia, especialmente provada, soube amar o sofrimento como uma participação profunda a Cristo Jesus e a todos os sofredores.
Quando foi atingida pela doença do tifo, soube suportar tudo com resignação. Se ofereceu a Deus como vítima santa, e uma profetiza que tem uma palavra para dizer aos homens e mulheres de hoje, especialmente aos jovens. No amor devemos amar totalmente e doar-nos sem medida. Será uma das suas maiores preocupações rezar pelos sacerdotes e pelos pecadores. Cristo foi o seu único ideal se enamorou dele e este amor a levou a buscar somente a sua vontade. Deus para ela é alegria, é amor e paz. Com seu sorriso sabia alegrar as pessoas que viviam ao seu redor. Hoje, mais do que nunca, devemos redescobrir a alegria de ser cristão, de ser consagrados, de ser jovens a serviço de Deus e do próximo. Viveu no Carmelo somente 11 meses e alcançou mais a sublime santidade. Os jovens do Chile, da América Latina, do mundo, na JMJ terão possibilidade de rezar com Teresa dos Andes na tenda vocacional e de pedir a esta jovem santa que infunda nos jovens do mundo inteiro a experiência de que sofrimento e alegria não são contraditórios, mas são irmãos de quem ama Jesus, o diário de Teresa de los Andes, publicado no Brasil pelas Edições Loyola é sem dúvida o caminho melhor para conhecer a trajetória humana e espiritual desta jovem santa que foi escolhida protetora da JMJ do Rio de Janeiro. Outra vez falarei da Padroeira das ?Jornadas mundiais da Juventude?: Santa Teresa do Menino Jesus.
Artigo gentilmente enviado a Zenit por Frei Patricio Sciadini,ocd, delegado geral da Ordem Carmelita no Egito.

30 anos da Carta dos Direitos da Família



Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família e união com o Pontifício Conselho pela Família, incentiva dois eventos no Brasil para comemorar
BRASíLIA, 09 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família e união com o Pontifício Conselho pela Família, incentiva dois eventos no Brasil para comemorar os 30 anos da Carta dos Direitos da Família.
Inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de dezembro de 1948, a ?Carta dos Direitos da Família?, publicada pela Santa Sé em 22 de outubro de 1983, completará 30 anos. O documento reconhece a família como "núcleo natural e fundamental da sociedade" e oferece uma base adequada para uma elaboração conceitual em nível "psicológico, moral, cultural e religioso".
De acordo com Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Wladimir Porreca a Carta ?é dirigida às famílias e a todos os homens e mulheres de boa vontade a comprometerem-se a fazer todo o possível para garantir que os direitos da família sejam protegidos e que a instituição familiar seja fortalecida para o bem de toda a humanidade?.
O Conselho Pontifício para a Família, em fidelidade ao Magistério dos Papas nos últimos 30 anos, se propõe comemorar o aniversário do documento com dois eventos significativos: Seminário Internacional de Estudos de juristas católicos de todo o mundo (19-21 setembro 2013) e a vigésima primeira reunião plenária do PCF (23 a 25 de outubro de 2013).
O assessor menciona as propostas feitas por ocasião das próximas celebrações. ?Decidimos propor a todos os que trabalham em favor da família, em especial os Regionais, dioceses e paróquias dois eventos comemorativos, um religioso, nas celebrações eucarísticas e, outro em uma sessão civil, na Câmara Municipal, nas Escolas, Associações e outros?.
Um dos anseios é que, por meio da celebração da data, sejam promovidas ações e políticas em prol da família. ?Na comemoração dos 30 anos da "Carta dos direitos da família" no dia 22 de outubro de 2013, possamos animados pela esperança na promoção da família, favorecer instrumentos e políticas públicas de acordo com o designo de Deus?, afirmou o padre. ?Peçamos a Sagrada Família que acompanhe nossos projetos em comemoração dos 30 anos da "Carta dos direitos da família?, finalizou.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A SOLIDARIEDADE HUMANA

 Já tivemos oportunidade de lembrar em outras ocasiões que a solidariedade faz parte das manifestações mais lindas e nobres da pessoa humana, como soe acontecer entre nosso povo, na Campanha da Fraternidade ou em outras oportunidades, seja em nível municipal, estadual, nacional e até internacional. Por exemplo, nos meses de inverno costuma-se realizar campanhas do agasalho para que outros não sofram por causa do frio ou, ao menos, possam amenizá-lo. Em Uruguaiana, as pessoas foram convidadas para aquecer um lar, dando atenção louvável ao aspecto familiar. A Campanha tem como lema “Neste inverno aqueça um lar”, e como símbolo uma família de joão-de-barro. Neste sentido o Documento de Aparecida lembra: “As condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor, contradizem o projeto do Pai e desafiam os cristãos a maior compromisso a favor da cultura da vida” (DAp 358). Os gestos de solidariedade são maravilhosos, pois, além de ajudarem nossos irmãos necessitados, nos conscientizam de nosso compromisso de participação na transformação de sua vida para que ela seja mais digna.

Em fins de maio e início de junho passado tivemos, em nossa diocese, agradável visita de sacerdote e diácono permanente, ambos vindos da Alemanha. Seu principal objetivo era alimentar o que eles chamam de Partnerschaft, ou seja, parceria; onde cada lado quer aprender do outro e ajudar-se mutuamente, em espírito de Igreja. O Pe Klaus Rapp sempre lembra que o coração de Deus que bate no seu país é o mesmo que bate em nosso e que nós somos convidados a abrir caminhos para que Ele possa chegar a nós com seu amor e nos unir na mesma família. Num encontro com os catadores de lixo e seus filhos ele dizia que as crianças de escolas infantis de seu país tinham mandado lembranças e pequenos sinais de solidariedade para eles. Mas o que mais nos comoveu foi o gesto de um menino de primeira comunhão, de nome Leonard, o qual, ao saber que o diácono Bernhard Kohl iria ao Brasil e encontraria crianças pobres, tomou a iniciativa de reunir seus brinquedos na calçada, em frente à sua casa, e colocá-los à venda aos transeuntes, a fim de poder ajudar nossas crianças, mais necessitadas do que ele. O resultado de sua criatividade foi surpreendente. Mais do que ter a alegria de entregar vários Euros para serem partilhados com outras crianças mais pobres, ele, com nove anos, nos deu testemunho claro sobre o que Jesus quis ensinar com o Mandamento do Amor. Ele verdadeiramente entendeu o que é comungar Jesus e seus irmãos. Obrigado, Leonard, pelo teu exemplo sobre o que é amar os outros. Continuando a aprendizagem mútua, chegou a vez de nossos catadores presentearam, com material reciclado, os visitantes, oferecendo a eles pequena e simpática imagem (em metal) de nossa Senhora Aparecida, colada a um portal da Ponte internacional, também de metal. Segundo os emocionados visitantes, esse símbolo com a Padroeira do Brasil e o portal vai parar numa igreja da Alemanha, recebendo todas as honras, qual imagem apanhada, não por rede de pescadores no Rio Paraíba - Aparecida, mas por catadores de lixo, em meio à sua “pesca milagrosa”, tentando sobreviver, com os “peixes” apanhados no lixão.Que Deus abençoe e recompense todas as pessoas de boa vontade que ajudam com espírito de solidariedade e lutam por dignidade para nossos irmãos mais sofridos, seja em nossas comunidades eclesiais, cidades e municípios ou até no exterior, como fez Leonard e tantos outros que partilham com o mesmo espírito, já por muitos anos. Essa solidariedade ensine a pescar, mais que dar o peixe pronto – Hilfe zu selbst Hilfe (= Ajuda para auto-ajuda), como dizem os alemães. Esses são sinais de uma Igreja ou sociedade viva, pois nela se manifesta o Deus da Vida.Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

segunda-feira, 8 de julho de 2013

ANGELUS

Palavras do Papa Francisco pronunciadas neste domingo antes da tradicional oração mariana do Angelus
CIDADE DO VATICANO, 07 de Julho de 2013 (Zenit.org) - 
Queridos irmãos e irmãs! Bom dia!
Antes de tudo desejo partilhar convosco a alegria de ter encontrado, ontem e hoje, uma peregrinação especial do Ano da Fé: aquela dos seminaristas, noviços e noviças. Peço-vos para rezarem por eles, para que o amor por Cristo amadureça sempre mais na vida deles e eles se tornem verdadeiros missionários do Reino de Deus.
O Evangelho deste domingo (Lc 10,1-12.17-20) nos fala propriamente disto: do fato de que Jesus não é um missionário isolado, não quer cumprir sozinho a sua missão, mas envolve os seus discípulos. E hoje vemos que, além dos Doze apóstolos, chama outros setenta e dois, e os manda às aldeias, dois a dois, a anunciar que o Reino de Deus está próximo. Isto é muito belo! Jesus não quer agir sozinho, veio para trazer ao mundo o amor de Deus e quer difundi-lo com o estilo da comunhão, com o estilo da fraternidade. Por isto forma imediatamente uma comunidade de discípulos, que é uma comunidade missionária. Imediatamente os prepara para a missão, para ir.
Mas atenção: o foco não é socializar, passar o tempo juntos, não, o foco é anunciar o Reino de Deus, e isto é urgente! E também hoje é urgente! Não há tempo a perder batendo papo, não é preciso esperar o consenso de todos, é preciso ir e anunciar. A todos leva a paz de Cristo, e se não a acolhem, se segue em frente da mesma maneira. Aos doentes se leva a cura, porque Deus quer curar o homem de todo mal. Quantos missionários fazem isto! Semeiam vida, saúde, conforto às periferias do mundo. Que belo é isto! Não viver para si mesmo, não viver para si mesma, mas vive para ir e fazer o bem! Tantos jovens estão hoje na Praça: pensem nisso, questionem: Jesus me chama a ir, a sair de mim e fazer o bem? A vocês, jovens, a vocês rapazes e moças, pergunto: vocês são corajosos para isto, têm a coragem de ouvir a voz de Jesus? É belo ser missionários!... Ah, são bravos! Eu gosto disso!
Estes setenta e dois discípulos, que Jesus envia à sua frente, quem são? Quem representam? Se os Doze são os Apóstolos, e então, representam também os Bispos, seus sucessores, estes setenta e dois podem representar os outros ministros ordenados, presbíteros e diáconos; mas em sentido mais amplo, podemos pensar nos outros ministérios na Igreja, nos catequistas, nos fiéis leigos que se empenham nas missões paroquiais, em quem trabalha com os doentes, com as diversas formas de desconforto e alienação; mas sempre como missionários do Evangelho, com a urgência do Reino que está próximo. Todos devem ser missionários, todos podem ouvir aquele chamado de Jesus e ir adiante e anunciar o Reino!
Diz o Evangelho que aqueles setenta e dois voltaram da sua missão repletos de alegria, porque tinham experimentado o poder do Nome de Cristo contra o mal. Jesus confirma isso: a estes discípulos Ele dá a força para derrotar o maligno. Mas acrescenta: “Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos de que os vossos nomes estejam nos céus” (Lc 10, 20). Não devemos nos vangloriar como se fôssemos nós os protagonistas: protagonista é um só, é o Senhor! Protagonista é a graça do Senhor! Ele é o único protagonista! E a nossa alegria é somente esta: ser seus discípulos, seus amigos. Ajude-nos Nossa Senhora a sermos bons operários do Evangelho.
Queridos amigos, a alegria! Não tenham medo de ser alegres! Não tenham medo da alegria! Aquela alegria que nos dá o Senhor quando O deixamos entrar na nossa vida, deixamos que Ele entre na nossa vida e nos convide a sair de nós para as periferias da vida e anunciar o Evangelho. Não tenham medo da alegria. Alegria e coragem!

"A missão é sobretudo graça"


Homilia do Papa Francisco na missa com os seminaristas, noviços, noviças, que estão em caminhada vocacional
CIDADE DO VATICANO, 07 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a homilia do Papa Francisco pronunciada neste domingo, 07 de julho, na Missa com os seminaristas, noviços, noviças, que estão em caminhada vocacional.
Amados irmãos e irmãs!
Já ontem tive a alegria de vos encontrar, e hoje a nossa festa é ainda maior porque nos reunimos para a Eucaristia, no Dia do Senhor. Sois seminaristas, noviços e noviças, jovens em caminhada vocacional, vindos dos diversos cantos do mundo: representais a juventude da Igreja. Se a Igreja é a Esposa de Cristo, de certo modo vós representais o seu tempo de noivado, a primavera da vocação, o período da descoberta, do discernimento, da formação. E é um período muito belo, em que se lançam as bases do futuro. Obrigado por terdes vindo!
Hoje a Palavra de Deus fala-nos da missão. Donde nasce a missão? A resposta é simples: nasce de uma chamada – a do Senhor – e Ele chama para ser enviado. Qual deve ser o estilo do enviado? Quais são os pontos de referência da missão cristã? As leituras que ouvimos sugerem-nos três: a alegria da consolação, a cruz e a oração.
1. O primeiro elemento: a alegria de consolação. O profeta Isaías dirige-se a um povo que atravessou o período escuro do exílio, sofreu uma prova muito dura; mas agora, para  Jerusalém, chegou o tempo da consolação; a tristeza e o medo devem dar lugar à alegria: «Alegrai-vos (...), rejubilai (…) regozijai-vos» – diz o Profeta (66, 10). É um grande convite à alegria. Porquê? Qual é o motivo deste convite à alegria? Porque o Senhor derramará sobre a Cidade Santa e seus habitantes uma «cascata» de consolação, uma cascata de consolação – ficando assim repletos de consolação –, uma cascata de ternura materna: «Serão levados ao colo e acariciados sobre os seus regaços» (v. 12). Como faz a mãe quando põe o filho no regaço e o acaricia, assim o Senhor fará connosco… faz connosco. Esta é a cascata de ternura que nos dá tanta consolação. «Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei» (v. 13). Cada cristão, mas sobretudo nós, somos chamados a levar esta mensagem de esperança, que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Mas só podemos ser seus portadores, se experimentarmos nós primeiro a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele. Isto é importante para que a nossa missão seja fecunda: sentir a consolação de Deus e transmiti-la! Algumas vezes encontrei pessoas consagradas que têm medo da consolação de Deus e… pobrezinho, pobrezinha delas, se amofinam porque têm medo desta ternura de Deus. Mas não tenhais medo. Não tenhais medo, o nosso Deus é o Senhor da consolação, o Senhor da ternura. O Senhor é Pai e Ele disse que procederá connosco como faz uma mãe com o seu filho, com a ternura dela. Não tenhais medo da consolação do Senhor. O convite de Isaías: «consolai, consolai o meu povo» (40,1) deve ressoar no nosso coração e tornar-se missão. Encontrarmos, nós, o Senhor que nos consola e irmos consolar o povo de Deus: esta é a missão. Hoje as pessoas precisam certamente de palavras, mas sobretudo têm necessidade que testemunhemos a misericórdia, a ternura do Senhor, que aquece o coração, desperta a esperança, atrai para o bem. A alegria de levar a consolação de Deus!
2. O segundo ponto de referência da missão é a cruz de Cristo. São Paulo, ao escrever aos Gálatas, diz: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (6, 14). E fala de «estigmas», isto é, das chagas de Jesus crucificado, como selo, marca distintiva da sua vida de apóstolo do Evangelho. No seu ministério, Paulo experimentou o sofrimento, a fraqueza e a derrota, mas também a alegria e a consolação. Isto é o mistério pascal de Jesus: mistério de morte e ressurreição. E foi precisamente o ter-se deixado configurar à morte de Jesus que fez São Paulo participar na sua ressurreição, na sua vitória. Na hora da escuridão, na hora e da prova, já está presente e operante a alvorada da luz e da salvação. O mistério pascal é o coração palpitante da missão da Igreja. E, se permanecermos dentro deste mistério, estamos a coberto quer de uma visão mundana e triunfalista da missão, quer do desânimo que pode surgir à vista das provas e dos insucessos. A fecundidade pastoral, a fecundidade do anúncio do Evangelho não deriva do sucesso nem do insucesso vistos segundo critérios de avaliação humana, mas de conformar-se com a lógica da Cruz de Jesus, que é a lógica de sair de si mesmo e dar-se, a lógica do amor. É a Cruz – sempre a Cruz com Cristo, porque às vezes oferecem-nos a cruz sem Cristo: esta não vale! É a Cruz, sempre a Cruz com Cristo – que garante a fecundidade da nossa missão. E é da Cruz, supremo acto de misericórdia e amor, que se renasce como «nova criação» (Gl 6, 15).
3. Finalmente, o terceiro elemento: a oração. Ouvimos no Evangelho: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). Os trabalhadores para a messe não são escolhidos através de campanhas publicitárias ou apelos ao serviço da generosidade, mas são «escolhidos» e «mandados» por Deus. É Ele que escolhe, é Ele que manda; sim, é Ele que manda, é Ele que confere a missão. Por isso é importante a oração. A Igreja – repetia Bento XVI – não é nossa, mas de Deus; e quantas vezes nós, os consagrados, pensamos que seja nossa! Fazemos dela… qualquer coisa que nos vem à cabeça. Mas não é nossa; é de Deus. O o campo a cultivar é d’Ele. Assim, a missão é sobretudo graça. A missão é graça. E, se o apóstolo é fruto da oração, nesta encontrará a luz e a força da sua ação. De contrário, a nossa missão não será fecunda; mais, apaga-se no próprio momento em que se interrompe a ligação com a fonte, com o Senhor.
Queridos seminaristas, queridas noviças e queridos noviços, queridos jovens em caminhada vocacional! Há dias, um de vós, um dos vossos formadores, dizia-me: évangéliser on le fait à genoux, a evangelização faz-se de joelhos. Ouvi bem: «A evangelização faz-se de joelhos». Sede sempre homens e mulheres de oração! Sem o relacionamento constante com Deus a missão torna-se um ofício. Mas que trabalho fazes? Trabalho de alfaiate, de cozinheira, de padre… Trabalhas de padre, de freira? Não. Não é um ofício, é diverso. O risco do ativismo, de confiar demasiado nas estruturas, está sempre à espreita. Se olhamos a vida de Jesus, constatamos que, na véspera de cada decisão ou acontecimento importante, Ele Se recolhia em oração intensa e prolongada. Cultivemos a dimensão contemplativa, mesmo no turbilhão dos compromissos mais urgentes e pesados. E quanto mais a missão vos chamar para ir para as periferias existenciais, tanto mais o vosso coração se mantenha unido ao de Cristo, cheio de misericórdia e de amor. Aqui reside o segredo da fecundidade pastoral, da fecundidade de um discípulo do Senhor!
Jesus envia os seus sem «bolsa, nem alforge, nem sandálias» (Lc 10, 4). A difusão do Evangelho não é assegurada pelo número das pessoas, nem pelo prestígio da instituição, nem ainda pela quantidade de recursos disponíveis.. O que conta é estar permeados pelo amor de Cristo, deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e enxertar a própria existência na árvore da vida, que é a Cruz do Senhor.
Queridos amigos e amigas, com grande confiança vos  confio à intercessão de Maria Santíssima. Ela é a Mãe que nos ajuda a tomar as decisões definitivas com liberdade, sem medo. Que Ela vos ajude a testemunhar a alegria da consolação de Deus, sem ter medo da alegria; Ela vos ajude a conformar-vos com a lógica de amor da Cruz, a crescer numa união cada vez mais intensa com o Senhor na oração. Assim a vossa vida será rica e fecunda!