Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Com este versículo da Carta de Tiago
Apóstolo, o Papa Francisco nos apresenta a sua mensagem para o tempo da
Quaresma. Tempo favorável de graça que nos leva a experimentar o amor de
Deus por nós, porque Ele nos amou primeiro (1 Jo. 4,19). Esse amor nos
desinstala e nos faz superar a atitude egoísta da indiferença.
Hoje o mundo está submergido na
globalização da indiferença que nos torna complacentes e cúmplices com
as injustiças e atentados contra os pobres e as pessoas mais frágeis. A
Quaresma nos lembra que "se um membro sofre, com ele sofrem todos os
membros, (1 Cor. 12,26) ".
Neste percurso espiritual da Quaresma
somos revestidos da bondade e misericórdia divinas, que nos impele para o
serviço gratuito e desprendido do lava-pés. Cristo nos ensina a servir
para sermos e vivermos a comunhão dos santos, partilhando os dons e
participando como Corpo de Cristo da ternura fraterna da comunidade
cristã, tratando de incluir e alcançar a todos/as. Esta solicitude nos
conduz a deixarmo-nos interpelar pela Palavra: " onde está teu irmão?
(Gn. 4,9)."
Devemos concretizar este amor-comunhão
em todas as comunidades, unindo-nos com toda Igreja através da oração e
da intercessão dos santos, pois eles nos incentivam e lutam conosco. Mas
esta caridade operante e eficaz nos põe em relação com toda a sociedade
circundante que deve ser atingida e envolvida por este amor
transformante, fazendo emergir uma humanidade nova mergulhada na Páscoa
de Jesus Ressuscitado.
Por isso na Quaresma queremos atender
este apelo do Apóstolo Tiago: "Fortalecei os vossos corações" (Tg. 5,8).
Sim, porque com um coração forte e renovado podemos desenvolver o poder
da oração da comunhão eclesial colocando na prática a proposta das 24
horas para o Senhor a ser realizada nos dias 13 e 14 de março em todas
as Dioceses do mundo.
Também poderemos com gestos caritativos e
solidários abraçar de modo concreto e pessoal aos irmãos necessitados.
Finamente o tornar-se próximo do sofrimento nos seus diversos rostos nos
levará a conversão de vida, pois reconheceremos a nossa fragilidade, a
nossa dependência do Pai e a necessidade da graça salvadora.
Que consigamos percorrer esta estrada
com um coração que se deixa impregnar pelo Espírito e nos abre aos
caminhos do amor que liberta e nos faz servir aos irmãos e irmãs,
gastando-nos e entregando-nos totalmente pelo outro que sofre na miséria
e na pobreza. Deus seja louvado!