O Sonho
de Deus é possível de ser realizado. Jesus, com a sua maneira de ser, agir e de
conviver com as pessoas, mostra o que é concretizar o Sonho de Deus.
Para
compreender Jesus e o seu Projeto é preciso conhecer um pouco de sua vida, o
lugar onde viveu, a realidade de sua época, e costumes do povo.
A vida em Nazaré na Galiléia.
Jesus
viveu aproximadamente 30 em Nazaré, lá cresceu em estatura e graça. Aprendeu com
a vivencia no meio do povo, entre pessoas pobres e simples, mas um povo muito
religioso e praticante. O povo de Nazaré cumpria os compromissos religiosos.
Era costuma nas famílias a oração diária, uma visita semanal à sinagoga e uma
vez por ano uma peregrinação ao templo em Jerusalém.
Acreditavam que o mundo repousa em 3 colunas: a Lei de Deus, o Culto e a
Caridade.
AS AUTORIDADES RELIGIOSAS:
- os fariseus procuravam a observância da pureza.
- os escribas, doutores da lei, ensinavam a lei nos
mínimos detalhes.
- os sacerdotes exerciam o culto no Templo.
- o povo achava que as doenças eram causadas por
maus espíritos.
- que o sofrimento era castigo de Deus.
Só com a pureza legal é que podiam comparecer
ao Templo, diante de Deus e receber as bênçãos. Custava caro a purificação.
Para os pobres era muito difícil manter-se puro, pois era impossível trabalhar
e manter-se puro. Assim muitos ficavam marginalizados e excluídos, observavam
os preceitos, mas não eram rigorosos, comiam sem lavar as mãos, arrancavam
espigas no sábado, se estavam com fome. Convivam com os pagãos. Era um povo que
tinha bom senso, não se importado com as criticas dos fariseus.
Jesus vivia no meio de um povo dividido, pois havia muitos conflitos e
tensões sociais entre grupos de tendências políticas diferentes. As classes
sociais eram bem definidas, mesmo no templo.
E
esse povo esperava “aquele” que iria libertá-los como os profetas haviam
anunciado.
A
Galiléia era governada por Herodes Antipas, filho de Herodes. Na época havia
pesados impostos e do que produziam pouco sobrava, e povo ficou empobrecido e
sem condições de observar a lei, assim
ficavam afastados de Deus, e eles sofriam por causa desta situação.
O
Templo era usado para ganhar dinheiro, pois as Autoridades religiosas já não
defendiam o que Deus queria, a Lei anulava a vida e as normas de pureza legal
pesavam sobre o povo pobre. A religião não promovia a vida do povo.
É
a partir dessa realidade dura e sofrida que Jesus vai discernir a ação do
Espírito de Deus, descobrir a sua Missão e anunciar a Boa Nova do Reino.
Jesus anuncia a Boa Nova.
João Batista foi precursor de Jesus, e é visto como um profeta, pois
anuncia a liberdade dos oprimidos e pede mudanças no modo de viver.
Para Jesus, a prisão de João Batista foi o sinal de Deus de que o Reino
tinha chegado: “Esgotou-se o tempo. O Reino de Deus chegou. Mudem de vida.” O que todos esperavam já estava ali, mas não o
percebiam. É esta presença escondida do Reino no meio do povo que ele quer
anunciar e revelar aos pobres e excluídos de sua terra.
Jesus reúne multidões, e ali ele acolhe a todos sem descriminação, cura
os doentes, expulsa os maus espíritos, consola os tristes, confraterniza com
eles. Jesus quer ajudar o povo, assim convoca um grupo e o prepara para a mesma
missão. Revela uma paixão pelo Pai e pelo povo abandonado.
Jesus anuncia a Boa Nova nas sinagogas, em casa de amigos, na praia, no
deserto, na montanha, nas praças e no Templo. Anuncia o Reino de Deus e também
da o testemunho vivi dele. Revela qual é o Sonho de Deus.
O impacto da Boa Nova do Reino.
Jesus fala de coisas novas, e duas coisas causam impacto ao povo:
1-
o jeito novo
de ensinar.
2-
o poder que
saia dele para purificar.
A Boa Nova, trazida por Jesus,
mexia com o povo, pois “ ensinava com autoridade”, mexia também com as colunas
centrais da Religião oficial , o ensino e a pureza, e incomodava as autoridades
religiosas, os escribas e fariseus.
O povo percebeu a diferença, ficou admirado e gostou do que Jesus dizia,
mas os fariseus respondiam que era “blasfêmia”, “ que Jesus tinha o demônio no
corpo”, “ como com os pecadores”. A pregação de Jesus mostrava a hipocrisia e o
erro das autoridades.
Jesus possibilitou ao povo alcançar a pureza e em condições de se
colocar diante de Deus, foi uma libertação. Devolveu ao povo a vontade de
viver, sem medo de ser feliz.
Conseqüências da missão de Jesus.
Por causa da Boa Nova, Jesus entrou em
conflito, tanto com a religião oficial da época, como com a política do governo
e foi condenado por ambos.
Vamos ver:
·
Para realizar
a sua missão, Jesus se colocou na contramão, em defesa da vida. Numa sociedade
que exclui e marginaliza as pessoas, a mensagem da vida, da igualdade, da
justiça e fraternidade só pode seguir se for na contramão.
·
Entrou em
conflito com a religião oficial porque impunha ao povo uma infinidade de normas
e leis, que marginalizava os pobres. Jesus queria que todos tivessem vida
plena, que a fé em Deus fosse um motivo de alegria para o povo.
·
Jesus
criticava a política do governo porque ela desintegrava a comunidade. Jesus promovia a partilha, a
solidariedade e a fraternidade, insistindo na vida em comunidade.
Jesus chama para segui-lo
Para
atender o chamado de Jesus é preciso decisão e compromisso, deve haver uma
mudança de vida, uma verdadeira conversão, acreditar na Boa Nova.
É preciso amar a Jesus, e deixar tudo para
segui-lo. Aceitar o chamado de Jesus é encontrar um tesouro. É começar tudo de
novo, uma nova vida na família, na comunidade.
Para
ser seguidor de Jesus é preciso imitá-lo, nas suas atitudes, nas suas práticas. A
pobreza marca a vida dos seguidores, devem confiar no povo e não se preocupar
com dinheiro, ter seriedade na administração dos bens, e ter opção pelos
pobres.
A
comunidade, ensaio do Reino.
Na
comunidade de Jesus todos eram irmãos, a base da comunidade é igualdade e
fraternidade, há partilha, são amigos e não empregados, há oração, são felizes.
Estas
são marcas na comunidade de Jesus que é sinal do Reino de Deus para o mundo. É
a verdadeira experiência de Deus.
A
morte de Jesus deixou os seus seguidores frustrados, ficam aflitos e chorosos. Com
a morte de Jesus eles morreram também “ nós esperávamos que ele fosse o
libertador...”
Mas a
ressurreição de Cristo é a confirmação do poder de Deus sobre a morte.
Por isso
todas as comunidades vão nascer, crescer e testemunhar essa verdade
central do Evangelho.
A vida
de Jesus, toda em obediência ao Pai e a serviço do povo, é vida vitoriosa.
Ainda
hoje para sermos testemunhas fiéis da ressurreição é necessário lutar pela
vida, andar na contramão da sociedade, buscar a justiça para alcançar a paz.
O
mesmo Jesus que viveu na Palestina, que acolhia os pobres e era para eles a
revelação do Pai, este mesmo Jesus continua vivo no meio de nós, nas nossas
comunidades. Com ele continuaremos na contramão da sociedade, em defesa da
vida.
Jesus
viveu para tornar realidade o Sonho de Deus. O seu projeto de vida foi
implantar aqui e agora o Reino de Deus,
a felicidade para o povo através do amor.
Jesus nos amou até o fim. Por amor a Jesus precisamos ser fieis ao seu projeto,
aos seus ensinamentos e ser seu seguidor.
Maria Ronety Canibal