sábado, 9 de novembro de 2013

Rezemos pelas crianças e jovens que recebem de seus pais pão sujo



Na missa em Santa Marta, o Papa denuncia o perigo do mundanismo e reza pelos jovens que recebem de seus pais bens provenientes de subornos e corrupção, mas estão famintos "de dignidade"
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 08 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Junto com misericórdia, nos lábios do Papa Francisco há sempre uma outra palavra: mundanismo. O Papa continua sua incansável denúncia dos perigos de viver conforme “os valores do mundo", com um estilo de vida "que é tão agradável ao diabo". Também hoje, na missa em Santa Marta, reiterou: "O mundanismo é o inimigo".. E a partir do Evangelho de hoje sobre a parábola do administrador desonesto, ressaltou que por causa deste espírito do mundo, a alma humana está contaminada ao ponto dos pais transmitirem aos filhos “sujeira" e “corrupção”, em vez de fazer o bem.
Foi para eles o pensamento do Santo Padre: jovens cheios de presentes caros, que frequentam ambientes sofisticados, sem saber que isto é resultado de suborno e práticas desonestas. Recebem continuamente esse "pão sujo" -disse o Papa- esses meninos e meninas "têm fome", fome de dignidade, pois – destacou– "o trabalho desonesto tira a dignidade".
Tudo isso, de acordo com Francisco, mostra "como atua o mundanismo e como é perigoso". É por isso que Jesus "orava ao Pai para que seus discípulos não caíssem no mundanismo". Mesmo o administrador do Evangelho de hoje, é nada mais do que uma vítima do encanto deste espírito corrupto do mundo.
Alguém - disse o Papa – poderia questionar: "Mas este homem fez o que todo mundo faz!”. Nem todos, destacou o Papa: "Alguns diretores, administradores de empresa, gestores públicos, alguns administradores do governo...”. No final, "nem são tantos". Muitos são aqueles que, por vezes, deixam poluir a alma e o coração pela "atitude do caminho mais curto, mais cômodo para ganhar-se a vida”.
Francisco, em seguida, retornou à parábola de hoje, e lembrou que o patrão elogiou o administrador desonesto, por sua astúcia. “Ha sim, este é um louvor 'às luvas'!" - observou- notando que "o hábito das 'luvas' é um hábito mundano e altamente pecaminoso". Isso -continuou ele- "não é de Deus", porque "Deus nos mandou trazer o pão para casa com o nosso trabalho honesto".
Mesmo o administrador do Evangelho, representante de muitos administradores mencionados acima, trouxe para casa o pão. Um pão sujo! "E os seus filhos - disse o Papa - talvez educados em colégios caros, talvez criados em ambientes cultos, receberam dos pais comida suja, porque seus pais, trazendo pão sujo para casa, perderam sua dignidade!".
Suborno e corrupção são "pecados graves"- disse Bergoglio-. Mas isso, na consciência geral, é conhecido. O que se subestima é que esses pecados são "como drogas", porque - disse o Papa – "talvez comece com um pequeno suborno", e isso cria uma dependência que leva ao abuso e à morte... da dignidade e da alma....
Paralelamente a esta "astúcia mundana", existe uma "astúcia cristã”, vivendo honestamente. O próprio Cristo -disse o Santo Padre- nos exorta asermos “astutos como as serpentes mas simples como as pombas”. “Colocar junto estas duas dimensões éuma graçado Espirito Santo”,que bem como todas as graças,é um “dom que devemos pedir ao Senhor”.
O Papa, no final da homilia, dirigiu uma oração profunda a Deus pelas “crianças e jovens que recebem de seus pais pão sujo" e, portanto, estão "famintos de dignidade".
O risco -disse o Bispo de Roma- é acabar como aquele homem do Evangelho de Lucas "que tinha tantos celeiros, tantos silos cheios e não sabia o que fazer"; a quem o Senhor na mesma noite pede a vida. Estas pobres pessoas que perderam a dignidade na prática de subornos -concluiu o Papa- não levam consigo o dinheiro que ganham, mas a falta de dignidade! Rezemos por elas".

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Creio na ressurreição da carne



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre a fé
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 07 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Estamos para terminar o Ano da Fé, convocado por Bento XVI e confirmado pelo Papa Francisco, no qual foram assumidas muitas iniciativas em vista de um aprofundamento das verdades que sustentam a vida cristã. Muitas pessoas aprenderam de novo a profissão de fé chamada “niceno-constantinopolitana” que, ao lado do “Símbolo dos Apóstolos” expressa, de forma resumida e precisa, o que nós cristãos acreditamos.
A fé é dom recebido e oferecido, a modo de testemunho e anúncio, a todas as gerações da humanidade, a partir do acontecimento que é Nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecido por todos os cristãos como Senhor e Salvador. Sabemos que o Espírito Santo espalha sementes do Verbo de Deus em todos os recantos da humanidade, fazendo com que o anseio pela verdade se encontre no coração dos homens e mulheres de todos os tempos. Entretanto, seríamos os cristãos dignos de dó se não existisse a convicção profunda a respeito do que acreditamos. É inclusive condição indispensável para dialogar com quem pensa diferente de nós o conhecimento e a certeza da fé, com a qual nos dignificamos e somos valorizados. Não oferecemos a fé cristã numa espécie de supermercado de ofertas consideradas “iguaizinhas”, mas a professamos com dignidade, dando testemunho, vivendo com coerência e oferecendo aos outros o anúncio da Boa Nova do Evangelho.
Desde o Antigo Testamento e passando por toda a história da Igreja, há homens e mulheres cuja coerência nos edifica e sustenta: “Com tamanha nuvem de testemunhas em torno de nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que nos envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é proposta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva à perfeição”(Hb 12,1-2). A conhecida saga dos Macabeus, em tempo de perseguição acirrada, é um dos significativos exemplos. Assim descreve a Escritura: “Sobremaneira admirável e digna de abençoada memória foi a mãe, a qual, vendo morrer seus sete filhos no espaço de um dia, soube portar-se animosamente por causa da esperança que tinha no Senhor. A cada um deles exortava na língua dos seus antepassados, cheia de coragem e animando com força viril a sua ternura feminina. E dizia-lhes: ‘Não sei como viestes a aparecer no meu ventre, nem fui eu quem vos deu o espírito e a vida. Também não fui eu quem deu forma aos membros de cada um de vós. Por isso, o Criador do mundo, que formou o ser humano no seu nascimento e dá origem a todas as coisas, ele, na sua misericórdia, vos restituirá o espírito e a vida. E isto porque, agora, vos sacrificais a vós mesmos, por amor às suas leis’” (Cf. 2 Mac 7, 1-14). E os filhos, quase como em refrão, proclamavam a certeza da ressurreição para a vida eterna, que é dada por Deus!
Jesus, numa discussão com os saduceus, acentua a verdade da Ressurreição dos mortos e a certeza de que Deus é Deus dos vivos (Lc 20, 27-38). E chegamos a um dos pontos cruciais de nossa fé cristã, diante de convicções tantas vezes diferentes com as quais convivemos no dia a dia, a fé na ressurreição dos mortos e na vida eterna. Reafirme-se o respeito às pessoas que pensam de outra forma, mas não é possível, para nós cristãos, omitirmos as razões de nossa esperança.
Acreditamos em Deus, que nos dá uma vida só, a ser entregue em suas mãos, quando terminar o curso de nossa aventura terrena, pois “está determinado que os homens morram uma só vez, e depois vem o julgamento” (Hb 9, 27). Quem nos salva e nos introduz na vida eterna não são eventuais e sucessivos retornos a esta terra, mas os méritos de Jesus Cristo, Senhor, Salvador e Redentor. Diante dele, cada pessoa se torna responsável pelos seus atos, abrindo-se ao seu amor misericordioso, para poder proclamar com toda certeza: “Pois eu sei que meu redentor está vivo e que, no fim, se levantará sobre o pó; e, depois que tiverem arrancado esta minha pele, em minha carne, verei a Deus. Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não a um estranho” (Jó 19, 25-27).
Consequência de nossa fé na ressurreição da carne será uma grande responsabilidade do cristão diante da vida e pelos seus próprios atos. Não é possível jogar nas mãos dos outros a própria existência. Seremos, sim, irmãos e irmãs, solidários uns com os outros, mas chegará o momento de nossa páscoa pessoal em que, como uma pessoa sozinha no deserto, nua diante do Senhor, encontraremos, na maravilhosa experiência do amor misericordioso, fogo que purga como ao ouro e à prata no cadinho, a verdade definitiva, que se chama salvação eterna! Poderemos dizer nosso sim definitivo a Deus, consequência de nossas escolhas cotidianas.
Homens e mulheres que assim acreditam se tornam semeadores de esperança. Não proclamam condenação diante de quem quer que seja, mas anunciam perdão e vida. Em nome de tais certezas, vão em busca de todos. Recolhem em cada recanto do mundo as pessoas que sofrem, fazendo brilhar diante delas o amor que abre novas estradas. Acreditar na ressurreição da carne faz ainda valorizar a própria vida, a saúde do corpo que é feito templo do Espírito Santo. E diante da vida dos outros, trata-se de admirar o verdadeiro santuário em que Deus quer habitar.
Quem assim acredita acolhe exigências fortes e salutares, como as que se encontram no Livro da Sabedoria (Sb 1, 12-15): “Não procureis a morte com uma vida desregrada, e não provoqueis a ruína com as obras de vossas mãos. Pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal”.
Quem assim professa a fé supera o círculo vicioso de certo eterno retorno! Sim, Deus pode ser e é original. A prova está em cada um de nós! Um dito jocoso afirma com verdade que Deus “jogou a forma fora” quando criou cada homem e cada mulher. E de surpresa em surpresa descobriremos a maravilha que é cada pessoa, destinada à felicidade eterna, pois ele não fez ninguém para a perdição. Todos, sem exceção, são candidatos à felicidade nesta terra e na eternidade, o que não nos permite passar em vão perto das pessoas, mas olhar ao nosso redor para oferecer o que estiver ao nosso alcance, em vista da realização, dignidade e salvação, a partir dos mais pobres e dos pequenos.
Quem assim acredita na vida eterna e na ressurreição da carne encontra desde já o sentido e o rumo de sua existência! Amém!

A alegria e a "fraqueza" de Deus para com os pecadores reencontrados



Na homilia em Santa Marta, Papa Francisco recorda a solicitude do Bom Pastor para com a ovelha perdida que triunfa sobre a "murmuração hipócrita" dos homens
Por Luca Marcolivio

ROMA, 07 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Jesus, os fariseus e os publicanos, o pecado e a hipocrisia, a ovelha perdida. Esta manhã, durante a homilia na Santa Marta, Papa Francisco voltou com uma das ‘chaves de leitura’ de sua pregação: a misericórdia de Deus que triunfa sobre o mal e a mesquinhez dos homens.
O Evangelho de hoje (cf. Lc 15,1-10), explicou o Papa, mostra o espanto dos escribas e fariseus em relação a Jesus, percebido como uma "ameaça" por sua proximidade com os pecadores e que, por essa razão, "ofende a Deus" e "contamina o ministério do profeta".
Mas Jesus tacha a "música da hipocrisia" de seus adversários e a “murmuração hipócrita” deles, e responde com uma "alegre parábola" em que destaca a "alegria de Deus” diante da ação de seu Filho que perdoa os pecadores.
De fato, Deus "não gosta de perder”, então, vai em busca “daqueles que estão longe dEle. Como o pastor que vai em busca da ovelha perdida". Seu "trabalho" é buscar qualquer criatura e "convidar para a festa de todos, bons e maus”.
Deus não quer perder nenhum dos seus, assim como Jesus revela na oração da Quinta-feira Santa: “Pai, que não se perda nenhum daqueles que tu me deste”.
Em sua busca pelos homens, Deus " tem uma certa fraqueza de amor para com aqueles que estão mais distantes, que estão perdidos", disse o Papa. Esta busca não para, como o pastor do Evangelho de hoje, que procura incansavelmente sua ovelha ou como a mulher da parábola " que quando perde uma moeda acende a luz, varre a casa e procura cuidadosamente”.
O reencontro da ovelha perdida, no entanto, não diz respeito apenas a ela e ao pastor, mas deve envolver as noventa e nove restantes que permaneceram no campo, e ninguém lhe pode dizer mas “tu és uma de nós” para que volte a ganhar a “dignidade”. Sem distinção, “Deus coloca tudo nos seus lugares” e ao fazê-lo "se alegra" sempre.
"A alegria de Deus não é a morte do pecador, mas a sua vida", acrescentou o Santo Padre, destacando o comportamento daqueles que "murmuravam contra Jesus": pessoas "distantes do coração de Deus", que "não o conheciam", que identificavam o ser religioso pela boa educação. Esta atitude, no entanto, não tem nada a ver com a fé, mas apenas com a "hipocrisia de murmurar”.
A alegria de Deus é "aquela do amor" que vai infinitamente além de nossa vergonha, e do nosso senso de indignidade. Se um homem diz: "Eu sou um pecador ", a resposta de Deus será sempre: "Eu te amo do mesmo jeito e eu vou encontrá-lo e levá-lo para casa”.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

NO JEITO DE JESUS


      



                    
O caminho da salvação esta em se comprometer com o projeto de Jesus. Ele veio por causa dos pobres, dos simples.
Jesus veio de Nazaré, partiu da periferia para o centro, saiu de junto dos excluídos. Ele viveu entre eles, conhecia o sofrimento e a angustia deste povo, por se sentir distante de Deus.
Jesus sentia compaixão por  esse povo, eram “ como ovelhas sem pastor” e foi por eles e para eles, que saiu a pregar a Boa Nova.
Durante  os 3 anos de pregação, Jesus foi mostrando por que veio, qual a sua missão. Ele reuniu multidões, formou o grupo de 72 discípulos, separou os 12 apóstolos, tinha 3 mais íntimos, Pedro, Tiago e João, e destacou o Pedro a quem deixou a continuidade de sua proposta evangelizadora, a Igreja.
Jesus apresentou uma nova proposta de vida, baseada no amor, na solidariedade e na caridade, buscando a justiça. Ele propôs uma mudança de vida que abrange as estruturas sócias, criando uma sociedade fraterna e solidária.
Durante 3 anos pregou ao povo, reuniu multidões, que aos poucos foram se retirando, e aos pés da cruz ficaram poucos, porém cientes do seu compromisso com projeto do Reino de Deus.
 Há diferentes graus de fé, de participação e de compromisso pessoal com a comunidade, e para cada situação devemos dar uma resposta adequada, pois a fé é uma graça de Deus, e atingir os corações é a meta de todo aquele que quer anunciar a Boa Nova de Jesus.
O Evangelho de São Marcos  dá exemplo do agir de Jesus,  relata a pratica e atividades de Jesus, que através de sua ação foi revelando a vontade do Pai.
São destaques sete atitudes de Jesus:
1-     Mc 1, 17 – reúne pessoas para o seguirem.
Então, reunir pessoas em torno de Jesus, para uma experiência de comunidade, para viver em comunhão com Deus e testemunhar a Igreja. Saber viver em comunhão requer ternura pelo o ser humano, é ter compaixão  pelo outro. É saber partilhar, ser solidário com os mais necessitados. É fazer o outro sentir-se importante para Deus. Ser para o outro o rosto da Igreja, saber acolher com carinho cada irmão, fazer com que cada um sinta a alegria de ser cristão e a caminho da salvação. Enfim testemunhar que somos capazes de viver juntos como irmãos, do jeito que Jesus ensinou. Viver em comunidade.

2-    Mc 1, 21-22 – fala com autoridade.
Faz nascer a consciência critica, discernimento. Ajudar as pessoas a terem critérios de escolhas, o bem, o limite. O caminho da salvação passa por atitudes e posicionamentos bem concretos em relação ao que se passa em nossa volta. Não podemos querer fugir dos apelos que chegam até nós. É ilusão pensar que a Igreja está a parte do mundo, onde entram influencias externas tanto negativas como positivas.
Hoje existem temas que estão em discussão a nível mundial, questões como os embriões, homossexualidade, eutanásia, entre outros, e é preciso tomar uma posição a luz dos ensinamentos da Igreja.
Somos capazes de mudar, isso é uma conquista, é uma virtude. Assim missão é movimento, á ação mudança conversão. É deixar de ser o que era para vir a ser o que não era. É converter-se, é uma troca de identidade.

3-    Mc 1, 23-29. Manda até os espíritos maus.
Identificar o mal que estraga a vida. A nossa missão vai exigir preparo e discernimento, saber o que é essencial, ter argumentos para poder  convencer e converter.

4-    Mc 1, 29-31.  Curou e  segurou a mão,  mandou levantar-se.
Recuperar a dignidade humana. A evangelização abrange integralmente a pessoa, corpo e espírito. Somos todos imagem e semelhança de Deus. Não podemos permitir que nosso irmão passe necessidade. Alimentar o corpo, recuperar o irmão para servir a comunidade. Não bata ler estatísticas sobre a pobreza, é preciso dar prioridade a projetos que ajudam a mudar a situação.
É necessário que levemos o amor até os excluídos, até aqueles que estão nas prisões, aos drogados. Eles têm o direito de conhecer o amor, a verdade de Cristo, para poderem ser recuperados na sua dignidade e para receberem a luz.

5-    Mc 1, 35. Foi rezar em um lugar deserto.
Manter-se unido ao Pai por uma vida de oração. Precisamos nos disciplinar, cultivar o silencio e interiorização que nos faz crescer, que da sintonia com Deus.

6-    Mc 1, 36-39.  Vamos para as aldeias vizinhas.
Sair e ir espalhar o Evangelho a exemplo de Jesus é a nossa missão, não desanimar, sempre recomeçar, saber que somos apenas semeadores, que a colheita não é nossa. Ir até aqueles que estão distantes geograficamente e socialmente. Os pés nos ajudam a chegar mais perto, o pé ajuda a converter a cabeça e o coração. Leva-nos a ver e sentir a situação e toca o coração para transformar a realidade. Ir para outros lugares, eis a missão.

7-     Mc 1, 40-45. Não conte nada a ninguém.
Reconduzir o excluído a convivência, a Igreja deve ser sinal vivo de que é possível organizar as relações humanas, com prioridade absoluta a caridade fraterna. A missão deve fortalecer o trabalho da Igreja neste sentido. Jesus não andou com os mais santos, andou no meio do povo simples, excluído, doente e pecador.

Não há como ser cristão sem defender os pequenos, pois a missão nasce da contemplação de Jesus, que tem um projeto de vida para toda a humanidade, o Reino de Deus.
A fé de Jesus exige que se coloque a vida humana como prioridade por que entende que é isso que o Pai quer.
     
                                                 Maria Ronety Canibal                           


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sacramentos, carismas e caridade são os bens espirituais da comunhão dos santos



No final da Audiência Geral, o Papa Francisco rezou uma Ave-Maria juntamente com os peregrinos por uma criança gravemente doente
Por Luca Marcolivio

ROMA, 06 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Depois de uma semana, o papa Francisco voltou a dedicar a catequese da Audiência Geral à realidade da comunhão dos santos, focando dessa vez nas “coisas santas” e nos “bens espirituais”. A referência do Papa foi em primeiro lugar aos “sacramentos”, aos “carismas” e à “caridade”.
No que diz respeito aos Sacramentos, o Papa explicou como eles "expressam e realizam uma efetiva e profunda comunhão entre nós”, permitindo o encontro com Cristo Salvador e, “por meio Dele”, com “os nossos irmãos na fé”.
Os sacramentos não são "aparências", nem “ritos”, mas são a “força de Cristo” que está presente neles. “Quando celebramos a Eucaristia é Jesus vivo, que nos reúne, nos faz comunidade, nos faz adorar o Pai”, disse Francisco.
São os sacramentos, portanto, que “fazem” a Igreja, gerando assim “novos filhos, agregando-os ao povo santo de Deus, consolidando a sua pertença".
Os Sacramentos, além do mais, são o modo pelo qual Cristo “nos dá a salvação” e nos convida a transmiti-la aos nossos irmãos: em outras palavras, nos convida a ser “missionários” e a “levar o Evangelho a todo ambiente, também àqueles mais hostis”.
Com a graça dos Sacramentos, se alimenta em nós "uma fé forte e alegre" que sabe "admirar-se das maravilhas de Deus e sabe resistir aos ídolos do mundo", acrescentou o Papa Francisco.
Por esta razão, sublinhou, é importante "comungar" e garantir que "as crianças sejam batizadas logo” e “crismadas”, para que vivam a presença benéfica de Jesus Cristo nelas.
Também o sacramento da reconciliação é importante e faz "crescer toda a Igreja": embora alguém possa ter medo de que o sacerdote o “golpeará”, este medo deve ser superado com o pensamento de que na realidade, a confissão é o encontro com Jesus que “te perdoa” e que “te espera ali”.
O segundo componente das "coisas santas" , ou seja a comunhão dos carismas, é um dom do Espírito Santo, finalizado à “edificação da Igreja”.
Os carismas não existem para “benefício de quem os recebe”, nem sequer servem para “afirmar a si mesmos” mas são finalizados à “utilidade do povo de Deus”. Trata-se de “atitudes”, “inspirações” e “impulsos interiores” que têm origem “na consciência e na experiência de determinadas pessoas” que os colocam ao serviço da comunidade” e “em benefício da santidade da Igreja e da sua missão”..
O Papa também exortou: "Não extingamos o Espírito que nos dá esses dons, estas habilidades, essas virtudes tão bonitas que fazem crescer a Igreja".
O terceiro aspecto da comunhão às coisas santas é a comunhão na caridade, que os pagãos já notaram nos primeiros cristãos, dizendo: "mas como eles se amam, como eles se querem bem! Não se odeiam, não falam mal uns dos outros”. Também a caridade é um dom do Espírito Santo, destacou Francisco.
Sem a caridade e sem o amor “todos estes dons e carismas não servem à Igreja, porque onde não há amor, há o vazio que é preenchido pelo egoísmo”, continuou o Pontífice, lembrando que também “o menor dos nossos gestos de amor tem efeitos bons para com todos”.
A "solidariedade fraterna" não é uma "figura retórica", mas é "parte integrante da comunhão entre os cristãos": vivendo-a, nos tornamos “sinais” e “sacramento” do amor de Deus no mundo. Essa não é uma simples “caridade mesquinha", mas "algo mais profundo" ou seja "uma comunhão que nos permite entrar na alegria e na dor dos outros para fazê-los nossos sinceramente."
Infelizmente, os cristãos são muitas vezes "indiferentes , individuais e em vez de transmitir fraternidade”, transmitem “mau humor, frieza, egoísmo": com esses sentimentos “não é possível fazer crescer a Igreja”, é necessário “o amor que vem do Espírito Santo”.
Papa Francisco até mesmo propôs que se traduza em ações concretas, a caridade apenas pregada. “Antes de vir à praça – disse – encontrei-me com uma menina de um ano e meio com uma gravíssima doença. Seu pai e sua mãe rezam, e pedem ao Senhor a saúde desta bela menina. Se chama Noemi. A pobrezinha sorria!”
O Santo Padre pediu aos fiéis para fazer um "ato de amor" e orar pela pequena Naomi. “Nós não a conhecemos, mas é uma menina batizada, é uma de nós, é uma cristã”, disse o Pontífice antes de concluir com uma Ave Maria, recitada pela saúde de Noemi juntamente com todos os peregrinos presentes na praça de São Pedro.

Para viver a vocação cristã: sacramentos, carisma e caridade



Texto da catequese do Papa Francisco na audiência da quarta-feira
Fala sobre a comunhão dos santos. 
Por Redacao

ROMA, 06 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Quarta-feira passada falei da comunhão dos santos, entendida como comunhão entre as pessoas santas, isso é, entre nós crentes. Hoje gostaria de aprofundar outro aspecto desta realidade: vocês se lembram de que eram dois aspectos: um a comunhão, a unidade entre nós, e o outro aspecto a comunhão nas coisas santas, nos bens espirituais. Os dois aspectos estão intimamente ligados entre si, de fato, a comunhão entre os cristãos cresce mediante a participação nos bens espirituais. Em particular, consideremos: os Sacramentos, os carismas e a caridade (cfr Catecismo da Igreja Católica nn 949-953). Nós crescemos em unidade, em comunhão, com: os Sacramentos, os carismas que cada um tem do Espírito Santo e com a caridade.
Antes de tudo, a comunhão aos sacramentos. Os sacramentos exprimem e realizam uma efetiva e profunda comunhão entre nós, porque neles encontramos Cristo Salvador e, através Dele, os nossos irmãos na fé. Os sacramentos não são aparência, não são ritos, mas são a força de Cristo; é Jesus Cristo presente nos sacramentos. Quando celebramos a Eucaristia é Jesus vivo, que nos une, que nos faz comunidade, que nos faz adorar o Pai. Cada um de nós, de fato, mediante o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia foi incorporado a Cristo e unido a toda a comunidade dos crentes.. Portanto, se por um lado é a Igreja que “faz” os sacramentos, por outro são os sacramentos que “fazem” a Igreja, edificam-na, gerando novos filhos, agregando-os ao povo santo de Deus, consolidando a sua pertença.
Todo encontro com Cristo, que nos sacramentos nos dá a salvação, convida-nos a “ir” e comunicar aos outros uma salvação que pudemos ver, tocar, encontrar, acolher, e que é realmente credível porque é amor. Deste modo, os sacramentos nos impelem a ser missionários, e o empenho apostólico de levar o Evangelho a todo ambiente, mesmo naqueles mais hostis, constitui o fruto mais autêntico de uma assídua vida sacramental, enquanto é participação na iniciativa salvífica de Deus, que quer dar a todos a salvação. A graça dos sacramentos alimenta em nós uma fé forte e alegre, uma fé que sabe admirar as “maravilhas” de Deus e sabe resistir aos ídolos do mundo. Por isto é importante comungar, é importante que as crianças sejam batizadas cedo, que sejam crismadas, porque os sacramentos são a presença de Jesus Cristo em nós, uma presença que nos ajuda. É importante, quando nos sentimos pecadores, aproximar-nos do sacramento da Reconciliação. Alguém poderá dizer: “Mas tenho medo, porque o padre vai me repreender”. Não, não vai te repreender, você sabe quem você vai encontrar no sacramento da Reconciliação?  Encontrarás Jesus que te perdoa! É Jesus que nos espera ali; e este é um sacramento que faz crescer toda a Igreja.
Um segundo aspecto da comunhão nas coisas santas é aquele da comunhão dos carismas. O Espírito Santo distribui entre os fiéis uma infinidade de dons e de graças espirituais; esta riqueza, digamos, “fantasiosa” dos dons do Espírito Santo é destinada à edificação da Igreja. Os carismas – palavra um pouco difícil – são os presentes que nos dá o Espírito Santo, habilidades, possibilidades… Presentes dados não para que fiquem escondidos, mas para comunicar aos outros.. Não são dados em benefício de quem os recebe, mas para a utilidade do povo de Deus. Se um carisma, em vez disso, um presente desses serve para afirmar a sim mesmo, deve-se duvidar que se trate de um autêntico carisma ou que seja fielmente vivido. Os carismas são graças particulares, dadas a alguns para fazer bem a tantos outros. São atitudes, inspirações e estímulos interiores que nascem na consciência e na experiência de determinadas pessoas, as quais são chamadas a colocá-los a serviço da comunidade. Em particular, esses dons espirituais beneficiam a santidade da Igreja e da sua missão. Todos somos chamados a respeitá-los em nós e nos outros, a acolhê-los como estímulos úteis para uma presença e uma obra fecunda da Igreja. São Paulo advertia: “Não extingais o Espírito” (1 Ts 5, 19). Não extingamos o Espírito que nos dá estes presentes, estas habilidades, estas virtudes tão belas que fazem a Igreja crescer.
Qual é o nosso comportamento diante destes dons do Espírito Santo? Somos conscientes de que o Espírito de Deus é livre para dá-los a quem quer? Nós os consideramos como uma ajuda espiritual, através do qual o Senhor apoia a nossa fé e reforça a nossa missão no mundo?
E chegamos ao terceiro aspecto da comunhão nas coisas santas, isso é, a comunhão da caridade, a unidade entre nós que faz a caridade, o amor. Os pagãos, observando os primeiros cristãos, diziam: mas, como se amam, como se querem bem! Não se odeiam, não falam uns contra os outros. Esta é a caridade, o amor de Deus que o Espírito Santo nos coloca no coração. Os carismas são importantes na vida da comunidade cristã, mas são sempre meios para crescer na caridade, no amor, que São Paulo coloca acima dos carismas (cfr 1 Cor 13, 1-13). Sem o amor, na verdade, mesmo os dons mais extraordinários são vãos; este homem cura o povo, tem esta qualidade, esta outra virtude… mas tem amor e caridade no seu coração? Se tem, tudo bem, mas se não tem, não serve à Igreja. Sem o amor todos estes dons e carismas não servem à Igreja, porque onde não há o amor há um vazio que vem preenchido pelo egoísmo. E me pergunto: se todos somos egoístas, podemos viver em comunhão e em paz? Não se pode, por isto é necessário o amor que nos une. O menor dos gestos de amor tem efeito bom para todos! Portanto, viver a unidade na Igreja e a comunhão da caridade significa não buscar o próprio interesse, mas partilhar os sofrimentos e as alegrias dos irmãos (cfr 1 Cor 12, 26), prontos a levar os fardos daqueles mais frágeis e necessitados. Esta solidariedade fraterna não é uma figura retórica, um modo de dizer, mas é parte integrante da comunhão entre os cristãos. Se a vivemos, nós somos no mundo sinal, “sacramento” do amor de Deus. Somos uns pelos outros e somos por todos! Não se trata somente daquela caridade pequena que podemos oferecer ao outro, trata-se de algo mais profundo: é uma comunhão que nos torna capazes de entrar na alegria e na dor dos outros para fazê-las nossas sinceramente.
E muitas vezes somos tão secos, indiferentes, distantes e em vez de transmitir fraternidade, transmitimos mal humor, frieza, egoísmo. E com mal humor, frieza, egoísmo não se pode fazer crescer a Igreja; a Igreja cresce somente com amor que vem do Espírito Santo. O Senhor nos convida a abrir-nos à comunhão com Ele, nos sacramentos, nos carismas e na caridade, para viver de maneira digna da nossa vocação cristã!
E agora me permito pedir a vocês um ato de caridade: fiquem tranquilos que não se fará coleta! Antes de vir aqui na praça fui encontrar uma menina de um ano e meio com uma doença gravíssima. Seu pai e sua mãe rezam e pedem ao Senhor a saúde desta bela criança. Chama-se Noemi. Sorria, pobrezinha! Façamos um ato de amor. Não a conhecemos, mas é uma menina batizada, é uma de nós, é uma cristã. Façamos um ato de amor por ela e em silêncio peçamos que o Senhor a ajude neste momento e lhe dê saúde. Em silêncio um momento e depois rezemos a Ave Maria. E agora todos juntos rezemos à Nossa Senhora pela saúde de Noemi. Ave Maria… Obrigado por este ato de caridade.

SER VERDADEIRAMENTE CRISTÃO


          

 Ser verdadeiramente cristão requer que estejamos todos engajados, que tomemos consciência de que somos responsáveis, que todos temos a missão de fazer acontecer aqui o Reino de Deus. É preciso seguir Jesus, os seus ensinamentos devem ser as setas no nosso caminho. Fazer acontecer aqui a presença de Jesus, em nossa paróquia, através da vivência comunitária.
 Por isso é necessário conhecer, amar e comprometer-se com o projeto de Jesus.
Nós precisamos ser cristãos de verdade, ter consistência, buscar de fato a essência. Não podemos de maneira nenhuma, ser oco, só ter aparência, só ter fachada. Já em 1965, o Papa Paulo VI, falando na ONU, afirmava que a Igreja precisava de qualidade, que era preciso que o cristão fosse maciço para levar adiante a tarefa da evangelização, e nós também precisamos ser madeiras boas, madeira de lei, ser espesso para alcançar o nosso objetivo, de viver plenamente a fé.
A fé é pessoal, precisamos cultivá-la, pois nos foi transmitida, assim como também recebemos a vida, através de nossos pais. Portanto é nosso dever também transmitir a fé a outros.. É na Igreja que aprendemos a viver como Deus quer, ali exercitamos a nossa fé, vivendo a fraternidade, e assim transmitindo a fé, à comunidade e à família.
  Ser cristão é ter uma vida diferente, é ter um estilo de vida, é viver de acordo com os valores evangélicos, pautado no amor e na solidariedade. É um sentido de vida com objetivo de fazer mudanças estruturais na sociedade. É fundamental que o nosso modo de viver seja exemplo para outros. 
 Buscar a medida alta da fé, buscar uma proximidade com Deus   é uma capacidade que nos foi dada por Ele, pois fomos feitos a sua imagem e semelhança. Foi Deus que nos deu a condição de:
  - Fé = outra inteligência = pensar como Deus.
  - Caridade = um novo coração = amar como Deus
  - Esperança = querer participar da vida divina.
 Com fé, caridade e esperança podemos alcançar a graça de Deus , e para receber a graça de Deus, precisamos nos abrir a Deus, e assim não  estamos sós, estamos com Deus. Participar de graça de Deus, é ir ficando  identificado com Cristo. Abrir espaço para Deus agir em mim e na  comunidade ,é estar à disposição, ser instrumento de Deus na comunidade cristã e na sociedade.
Recebemos dons que enriquecem a comunidade, pois Deus os distribui   entre todos, e nos enriquecemos com a diversidade. A comunidade é o  lugar de se viver a fé, é o espaço especial para cada um e para todos  exercer o seu batismo, só assim alcançaremos a salvação;
Aprouve, no entanto, a Deus santificar e salvar os homens, não individualmente, excluindo toda a relação entre os mesmos, mas formando com eles um povo, que o conhecesse na verdade e o servisse em santidade.”(LG 9)
Fala-se muito no amor, a palavra por si só mexe com o coração, com a emoção. Somos sensíveis ao amor, Deus é amor e somos fruto deste amor de Deus por nós. Toda a ação da Igreja está pautada o amor, mas nem sempre percebemos o que implica a vivência concreta do amor. Assim muitas vezes perdemos a credibilidade, dando um contra testemunho.
A comunidade que vivemos é o lugar da vivência cristã, a pessoa nunca deve ser reduzida as suas atitudes negativas, pois precisamos agir como cristão, ter perdão, cuidado e amor para com o outro. A comunidade deve ser acolhedora, dar espaço e oportunidade para que todos se sintam acolhidos, respeitados e valorizados como filhos de Deus.
 Viver o amor concreto é conhecer a nossa realidade, as necessidades de nossos irmãos, é criar formas e projetos para promoção da pessoa humana, é resgatar a dignidade. Jesus sempre teve cuidado com as pessoas humanas, foi esse caminho que trilhou, Jesus se fez humano para tornar o ser humano sagrado. Seguir o exemplo de Jesus é viver o verdadeiro amor cristão ao próximo. O Papa João XXIII em sua encíclica A PAZ DOS POVOS diz que toda a ofensa ao ser humano é uma ofensa a Deus, é pecado.

                          A fé abrange a totalidade da existência humana, ser cristão em todas as circunstâncias, em casa, na comunidade, na sociedade sempre buscando a transformação social, buscando uma sociedade mais justa. Participar com entusiasmo de sua comunidade e paróquia, estar sempre pronto a servir.
                                                                            Maria Ronety Canibal

terça-feira, 5 de novembro de 2013

"A Igreja não é a Igreja somente para as pessoas boas"



Homilia desta manhã na Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa de Santa Marta
Por Redacao

ROMA, 05 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - A essência do cristianismo é um convite para a festa. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa desta manhã, na Casa Santa Marta. O Papa reiterou que a Igreja “não é somente para as pessoas boas”, o convite a fazer parte dela é para todos. E acrescentou, que na festa do Senhor, “participa-se plenamente” e com todos, não se pode fazer seleção. “Que os cristãos – advertiu – não se contentem em estar na lista de convidados”, pois seria “como estar fora da festa”.
“As leituras do dia – disse o Papa no início da homilia – nos mostram a carta de identidade do cristão”, sublinhando a seguir que “antes de tudo, a essência cristã é um convite: somente nos tornamos cristãos se somos convidados”. Trata-se, portanto, de “um convite gratuito” para participar, “que vem de Deus”. Para entrar nesta festa, “não se pode pagar: ou és convidado ou não podes entrar”. Se “na nossa consciência não temos esta certeza de sermos convidados”, então “não entendemos o que é um cristão”:
“Um cristão é alguém que é convidado. Convidado para que? Para um negócio? Convidado para fazer um passeio? O Senhor quer nos dizer algo a mais: ‘Tu és convidado para a festa!’. O cristão é aquele que é convidado à festa, à alegria, à alegria de ser salvo, à alegria de ser redimido, à alegria de participar da vida com Jesus. Isto é uma alegria! Tu és convidado para a festa! Se entende, uma festa é um encontro de pessoas que falam, riem, festejam, são felizes. Mas é um encontro de pessoas. Entre as pessoas normais, mentalmente normais, nunca vi alguém que faça festa sozinho, não é mesmo? Isto seria um pouco aborrecido! Abrir a garrafa de vinho... Isto não é uma festa, é uma outra coisa. Festeja-se com os outros, festeja-se em família, festeja-se com os amigos, festeja-se com as pessoas que são convidadas, como fui convidado. Para ser cristão é necessário uma pertença e se pertence a este Corpo, a esta gente que foi convidada para a festa: esta é a pertença cristã”.
Referindo-se à Carta aos Romanos, o Papa afirmou que esta festa é “uma festa de unidade”. E evidenciou que todos são convidados, “bons e maus”. E os primeiros a serem chamados são os marginalizados:
“A Igreja não é a Igreja somente para as pessoas boas. Quem pertence à Igreja, a esta festa? Os pecadores, todos nós pecadores somos convidados. E aqui o que se faz? Se faz uma comunidade que tem dons diversos: um tem o dom da profecia, o outro o ministério, um é professor... Todos têm uma qualidade, uma virtude. Mas a festa se faz levando isto que tenho em comum com todos...à festa se participa, se participa plenamente. Não se pode entender a essência cristã sem esta participação. É uma participação de todos nós. ‘Eu vou à festa mas vou ficar apenas na primeira sala, porque eu tenho que estar somente com três ou quatro que eu conheço e os outros ...". Isso não se pode fazer na Igreja! Ou tu entras com todos ou você fica de fora! Você não pode fazer uma seleção, a Igreja é para todos, começando por estes que eu falei, os mais marginalizados. É a Igreja de todos! "
É a “Igreja dos convidados” – acrescentou: “Ser convidado, ser participante de uma comunidade com todos”. Mas – observou o Papa – na parábola narrada por Jesus lemos que os convidados, um após outro, começam a encontrar desculpas para não ir à festa: “Não aceitam o convite! Dizem sim, mas fazem não”. Estes “são os cristãos que somente se contentam em estar na lista dos convidados: cristãos elencados”. Mas – advertiu Francisco – isto “não é o suficiente” porque se não se entra na festa não se é cristão. “Tu estarás na lista, mas isto não serve para a tua salvação! Esta é a Igreja: entrar na Igreja é uma graça; entrar na Igreja é um convite”. “E este direito não se pode comprar”, advertiu.
“Entrar na Igreja – reiterou - é fazer comunidade, comunidade da Igreja; entrar na Igreja é participar com tudo o que nós temos de virtudes, das qualidades que o Senhor nos deu, no serviço de uns pelos outros. E ainda: “Entrar na Igreja significa estar disponível àquilo que o Senhor Jesus nos pede”. “Entrar na Igreja é fazer parte deste Povo de Deus, que caminha para a Eternidade”. “Ninguém é protagonista na Igreja – observou - mas temos um protagonista que fez tudo. Deus é o protagonista!”. Todos nós O seguimos e quem não O segue, é alguém que se desculpa” e não vai à festa:
“O Senhor é muito generoso. O Senhor abre todas as portas e também entende aquele que Lhe diz: ‘Não, Senhor, não quero ir contigo!’. Entende e o espera, porque é misericordioso. Mas ao Senhor não agrada aquele homem que diz ‘sim’ e faz ‘não’; que finge agradecer-lhe por tantas coisas bonitas, mas em verdade segue seu próprio caminho; que tem boas maneiras, mas faz a própria vontade e não a do Senhor: estes que sempre se desculpam, que não conhecem a alegria, que não experimentam a alegria do pertencer. Peçamos ao Senhor esta graça: de entender bem quão belo é ser convidado para a festa, quão belo é estar com todos e partilhar com todos as próprias qualidades, quão belo é estar com Ele e que ruim é jogar entre o “sim” e o “não”, de dizer “sim” mas contentar-me somente em fazer parte da lista dos cristãos”.

A Comunhão dos Santos



Contemplar todos os santos é sentir o chamado de Deus para a busca de Seu rosto
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 04 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - A Igreja militante, isto é, aquela que caminha pelas estradas desse mundo, particularmente aqui no Rio de Janeiro, que, durante o mês de outubro caminhou sob o olhar materno de Nossa Senhora da Penha, tão querida e amada pelo povo carioca e fluminense, se une neste dia 02, à Igreja Padecente, ou seja, aquelas almas que estão no purgatório, e à Igreja Triunfante, da comunhão dos santos, solenidade litúrgica do dia 1º de novembro, no Brasil transferida para o próximo domingo.A Igreja é comunhão dos santos: esta expressão designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo.
Neste Ano da Fé, que está para findar, o aprofundamento do Catecismo da Igreja Católica (cujas citações estão abaixo) nos motivou a continuar conhecendo a nossa profissão de Fé que nos relembra que: Depois de ter confessado "a santa Igreja Católica", o Símbolo dos Apóstolos acrescenta "a comunhão dos santos". "Que é a Igreja senão a assembleia de todos os santos?" (505). “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja" (cf. Catecismo da Igreja Católica 946). "Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros [...]. E, assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. [....] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça [...]. “Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja". "Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum".
"A expressão "comunhão dos santos" tem, portanto, dois significados estreitamente ligados: 'comunhão nas coisas santas, e 'comunhão entre as pessoas santas. Oque é santo, para aqueles que são santos". “Assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais no momento da elevação dossantos Dons antes do serviço da comunhão”. “Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo”.
A comunhão com os santos. "Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus".
O Corpo Místico não é constituído apenas da Igreja visível, peregrina na Terra. A Igreja Triunfante é a porção do Corpo Místico que já se encontra na eterna bem-aventurança, termo final de nossa caminhada nesse mundo. Por estar junto do trono de Deus, essa assembleia de Eleitos roga constantemente pelos seus irmãos que ainda peregrinam no mundo.
A Igreja Padecente é o conjunto de fiéis que sofrem no Purgatório, expiando seus defeitos e purificando suas vistas espirituais para encontrar-se com Deus.
E nós que, neste vale de lágrimas, caminhamos para, pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, receber a coroa de glória, constituímos a Igreja Militante, segundo o termo clássico, que põe em realce a necessidade de combater nesta vida o pecado e as más inclinações.
Estes três estados da única e indivisível Igreja Católica estão estreitamente unidos entre si, como bem acentua o Concílio Vaticano II: "Enquanto o Senhor não vier na sua majestade e todos os seus Anjos com Ele (cf. Mt 25, 31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cf. I Cor 15, 26-27), dos seus discípulos uns peregrinam sobre a Terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam ‘claramente Deus trino e uno, como Ele é'; todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n'Ele (cf. Ef 4, 16)". Ao final do prefácio da missa é clássica essa afirmação: com os anjos e santos – o que significa que celebramos unidos.
A Igreja comunica a fé; com o pleno poder de Jesus administra os sacramentos e funda assim a "comunhão dos santos". Comunhão quer dizer "comum união”, e Comunhão dos Santos quer dizer união comum com Jesus Cristo de todos os santos do céu, das almas do purgatório e dos fiéis que ainda peregrinam na Terra. É a união de todos os santos entre si. Os do Céu intercedem pelos demais; os da Terra honram aos do céu e encomendam a sua intercessão, também oram e oferecem sufrágios pelos defuntos do purgatório, e estes também intercedem a nosso favor. A comunhão dos santos é, portanto, a união comum que há entre Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, e seus membros, e destes entre si. Os membros da Igreja são os santos do Céu, as almas do Purgatório e os fiéis da Terra. Os que não estão em graça de Deus participam da Comunhão dos santos somente enquanto podem alcançar alguns benefícios do Senhor e, principalmente, a graça da conversão.
Ao celebrarmos a festa solene de todos os santos, rezamos pedindo a Deus que, com aqueles que estão na visão beatífica, nós caminhemos aqui neste mundo na busca da verdadeira conversão que nos conduza à santidade a cada instante de nossas vidas.
Contemplar todos os santos é sentir o chamado de Deus para a busca de Seu rosto.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CUIDAR DO COMPROMISSO SOCIAL - 2




O que entendemos mesmo por Pastoral Social ou Pastorais Sociais?
Segundo a religiosa Irmã Delci Maria Franzen, assessora da CNBB nesta área (www.pime.org.br/missaojovem/mjevanggeralsocial.htm), a expressão Pastoral Social, no singular, quer significar o cuidado de toda Igreja com as questões sociais. Ela é, portanto, a solicitude da Igreja, voltada especialmente para a condição sócio-econômica da população, preocupando-se com questões relacionadas à saúde, à habitação, ao trabalho, à educação, em síntese, a tudo o que se relaciona à sua qualidade de vida. Esta ação sócio-transformadora da Igreja tem especialmente quatro alvos: os fracos e indefesos, a solidariedade diante de determinadas emergências, o profetismo no combate à injustiça e uma espiritualidade libertadora. Seu Objetivo Geral é “Contribuir, à luz da Palavra de Deus e das Diretrizes Gerais da CNBB, para a transformação dos corações e das estruturas da sociedade em que vivemos, em vista da construção de uma nova sociedade, o Reino de Deus”. Sendo assim, a Pastoral Social visa desenvolver atividades concretas que tornam possível essa transformação no mundo do trabalho, na realidade das ruas, nos presídios, nas situações de marginalização dos diversos grupos humanos, etc.. Por isso, muitas vezes, usa-se também a expressão Pastorais Sociais, no plural, pela qual tenta-se expressar a diversidade das ações concretas, voltadas para os diferentes grupos humanos ou facetas da exclusão social.
          Nesta missão transformadora das estruturas injustas da sociedade a Pastoral Social está, muitas vezes, em parceria com outras pastorais e dimensões da Igreja, com organismos públicos e Igrejas de outros credos.
          A Religiosa citada anteriormente sugere alguns passos importantes na organização da Pastoral Social:
  1. Tomada de consciência da realidade local, com atenção particular para os mais atingidos pela exclusão (visitas pastorais, pesquisas, levantamentos...);
  2. Criação de Equipe de base que acompanhe esta situação específica ou categoria de pessoas marginalizadas (marcar presença, visitas...);
  3. Desenvolvimento de atividades de apoio e de solidariedade aos movimentos sociais e à luta por melhores condições de vida e trabalho (ação lenta e persistente de conscientização, organização e mobilização);
  4. Encontros conjuntos de Pastoral Social com as diversas equipes de base das pastorais específicas, com reuniões periódicas, seja em nível comunitário e paroquial, seja em nível diocesano e regional;
  5. Integração entre as pastorais: encontros de lideranças e agentes dos diversos níveis para coordenação de ações conjuntas.
Que Maria, nossa Mãe Conquistadora, tão solícita e serviçal às necessidades de seu povo, nos inspire em nossas ações comunitárias e paroquiais ou diocesanas no Cuidado com o Compromisso Social.
Dom Aloísio A. Dilli

Bispo de Uruguaiana

domingo, 3 de novembro de 2013

"Comunidade de comunidades: uma nova paróquia", "estudos da CNBB", número 104



As contribuições acerca deste importante documento deverão ser encaminhadas para a sede da CNBB, em Brasília, até o dia 15 de outubro próximo

Rio de Janeiro,  (Zenit.orgDom Orani Tempesta, O.Cist. 

A CNBB, em sua 51ª Assembleia Geral Ordinária, que se realizou na cidade mariana de Aparecida, entre os dias 10 e 19 de abril deste ano, aprovou que fosse estudado e aprofundado o tema central da Assembleia: "Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, e para isso foi publicado, em forma dos assim chamados "estudos da CNBB", sob o número 104, para ser refletido em todas as nossas paróquias, comunidades e grupos de reflexão.
Foi facultado que as contribuições acerca deste importante documento deverão ser encaminhadas para a sede da CNBB, em Brasília, até o dia 15 de outubro próximo, tendo em vista que estas contribuições serão assimiladas para o documento, que será submetido à apreciação, discussão e votação dos nossos irmãos Bispos, na 52ª Assembleia Geral da CNBB, que será celebrada de 30 de abril a 09 de maio de 2014.
A Igreja nos convida a partir do pensamento central da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho, de 2007, que diz: "Ser Discípulo e Missionário de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida". Este pensamento nos leva a uma "conversão pastoral", abandonando um caminho e escolhendo outro, quando somos instados a "ultrapassar uma pastoral de mera conservação ou manutenção para assumir uma pastoral decididamente missionária" (DGAE, n. 26). Nossas paróquias precisam se renovar. É o chamado constante do Papa Francisco para irmos às periferias existenciais do mundo para proclamar Jesus Cristo como Senhor.
O estudo 104 é dividido em três capítulos. Teremos muitas correções e sugestões a fazer, mas hoje gostaria de expor um pouco desse estudo destinado a tornar-se documento da Igreja do Brasil. No primeiro capítulo, o documento parte da perspectiva bíblica da vida paroquial. Nossas comunidades devem estar focadas nas Sagradas Escrituras. A leitura orante da Bíblia, a intimidade com a Palavra de Deus, a experiência orante nos conduz a contemplar e a viver a missão de Jesus, que é a missão de todos os batizados. Nesse sentido somos convidados a ter intimidade com a oração, com o retiro, a exemplo de Jesus que passou quarenta dias no deserto, fortalecendo-se na sua missão como Servo de Deus e Filho do Homem que resgata o seu povo.
É interessante que ainda temos barreiras ideológicas para serem vencidas em tantas situações de não aceitação do trabalho pastoral, que deve ser cada vez mais vivido, como a questão da leitura orante da Sagada Escritura. Sabemos também que muitos grupos de reflexão e círculos bíblicos são sementes de novas comunidades na paróquia para melhor sermos presenças em nosso território paroquial.
Jesus, em sua pregação, nos chama de amigos, de irmãos e irmãs, havendo igualdade entre homem e mulher, partilha dos bens, superando toda a mentalidade de superioridade de um em função de outro, sendo que na Igreja todo poder é exercido como serviço. Nossas comunidades são convidadas a testemunhar a misericórdia de Deus, pregação que nos fascina no testemunho do Santo Padre Francisco, quando a Igreja é chamada a testemunhar o perdão e a reconciliação. A oração comunitária, dos reconciliados, é a oração eclesial de quem serve com alegria. Nossas Paróquias devem passar por uma mudança de mentalidade, empregando quatro fontes primordiais em todo trabalho pastoral e evangelizador: 1) hospitalidade; 2) partilha; 3) comunhão de mesa e 4) acolhida dos Excluídos. Estas quatro metas sustentam a vida comunitária, a exemplo de Jesus, o Bom Pastor, que nos ensina a recuperar a dimensão "caseira da fé", a dimensão da família que testemunha a sua fé primeiramenteem casa. Porisso, somos chamados a valorizar a dimensão da missa dominical em nossas comunidades, não apenas nas Igrejas Matrizes. O cuidado com os doentes e o anúncio do Reino de Deus para todos e não somente para os santos, já que "Jesus supera as barreiras de sexo, de religião, de etnia e de classe. Ele não se fecha dentro da sua própria cultura, mas sabe reconhecer as coisas boas que existem em todas as pessoas" (cf. Estudos da CNBB 104, número 26).
Jesus mesmo foi um peregrino. Ele "começou a andar por todos os povoados da Galiléia anunciando o Reino ao povo de Deus" (cf. Mc 1,14-15). Isso é o que nós devemos fazer hoje, sem medo de ir ao encontro das periferias urbanas e daqueles que estão afastados de nossas estruturas paroquiais. Acolher e ir. Acolher os que estão retornando e ir ao encontro daqueles que querem ser aquecidos, mas não conseguem saber onde.
Jesus veio para os pobres, os doentes, os pecadores. Isso causou resistência naquele tempo, e nos dias de hoje parece que estamos na contramão da sociedade. Mas não estamos! Os pobres, os doentes, os pecadores, as crianças e os idosos são prioridades de nossa ação pastoral, porque "Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. O Cristo ressuscitou como o primeiro dentre os mortos. Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna" (cf. Jo 3.36). "Os cristãos serão missionários da vida plena e da salvação que Cristo realizou na cruz. Ela suscita a fé em Cristo para que todos tenham vida em seu nome" (cf. Jo 20,30).
"Os apóstolos criaram comunidades nas quais a essência de cada cristão se define como filiação divina. Esta se dá no Espírito Santo pela relação entre fé e batismo. É o Espírito quem realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor de Jesus Cristo, filho de Deus, e membro da comunidade cristã" (cf. Estudos da CNBB 104, n. 34).
Ouvindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo a comunhão fraterna, partindo o Pão pela celebração e participação da Santa Eucaristia e no afeto da oração a nossa comunidade se transformará em "comunidade de comunidades".
Como os apóstolos viveram, no seu tempo, muitas tensões, conflitos e perseguições, esta realidade se torna atual. Por isso, os missionários são chamados a evangelizar em grupos para superar as dificuldades da pós-modernidade. Os católicos devem ser identificados por viverem em comunhão e partilha.
A Igreja fundamenta sua vida comunitária na perspectiva trinitária. Muito bem nos ensina o Papa Francisco no seu discurso aos Bispos do CELAM: "Aparecida propôs como necessária a Conversão Pastoral. Essa conversão implica acreditar na Boa Nova, acreditarem Jesus Cristoportador do Reino de Deus, em sua irrupção no mundo, em sua presença vitoriosa sobre o mal; acreditar na assistência e guia do Espírito Santo; acreditar na Igreja, Corpo de Cristo e prolongamento do dinamismo da Encarnação"
Vamos renovar nossas comunidades, tornando-as comunidade de comunidades, indo ao encontro dos mais afastados e levando a alegria que ninguém pode nos tirar: Jesus Cristo Vivo e presente no meio de nós!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Não há pecado que possa cancelar da memória e do coração de Deus um filho



Papa Francisco recorda que Jesus é misericordioso e nunca se cansa de perdoar

CIDADE DO VATICANO, 03 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de Lucas deste domingo nos mostra Jesus que, em seu caminho rumo a Jerusalém, entra na cidade de Jericó. Esta é a última etapa de uma viagem que resume em si o sentido de toda a vida de Jesus, dedicada a procurar e salvar as ovelhas perdidas da casa de Israel. Mas quanto mais no caminho aproxima-se da meta, mais em torno de Jesus forma-se um círculo de hostilidade.
No entanto, em Jericó, acontece um dos eventos mais alegres narrados por São Lucas: a conversão de Zaqueu. Este homem é uma ovelha perdida, é desprezado, é um “excomungado”, porque é um publicano, antes, é o chefe dos cobradores de impostos da cidade, amigo dos odiados ocupantes romanos, é um ladrão e um explorador. Bela figura, não é? É assim.
Impedido de aproximar-se de Jesus, provavelmente por motivo de sua má fama, e sendo baixo de estatura, Zaqueu sobe em uma árvore para poder ver o Mestre que passa. Este gesto exterior, um pouco ridículo, exprime, porém, o ato interior do homem que procura colocar-se sobre a multidão para ter um contato com Jesus. O próprio Zaqueu não sabe o sentido profundo de seu gesto; não sabe por que faz isto, mas o faz; nem sequer ousa esperar que possa ser superada a distância que o separa do Senhor; conforma-se em vê-Lo somente de passagem. Mas Jesus, quando chega próximo àquela árvore, chama-o pelo nome: “Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa” (Lc 19, 5). Aquele homem baixo de estatura, rejeitado por todos e distante de Jesus é como perdido no anonimato; mas Jesus chama-o, e aquele nome Zaqueu, naquelas línguas daquele tempo, tem um belo significado cheio de alusões: “Zaqueu” de fato quer dizer “Deus recorda”. É belo: “Deus recorda”.
E Jesus vai àquela casa de Zaqueu, suscitando as críticas de todo o povo de Jericó. Porque também naquele tempo se fofoca muito, né? E o povo dizia: “Mas como? Com todas as bravas pessoas que há na cidade, vai hospedar-se justamente na casa de um publicano?” Sim, porque ele estava perdido; e Jesus diz: “Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão” (Lc 19, 9). Na casa de Zaqueu, a partir daquele dia, entrou a alegria, entrou a paz, entrou a salvação, entrou Jesus.
Não existe profissão ou condição social, não há pecado ou crime de qualquer gênero que possa cancelar da memória e do coração de Deus um filho sequer. “Deus recorda”, sempre, não esquece nenhum daqueles que criou; Ele é Pai, sempre à espera vigilante e amorosa de ver renascer no coração do filho o desejo de retornar à casa. E quando reconhece este desejo, mesmo que simplesmente manifestado, e tantas vezes quase inconsciente, imediatamente põe-se a seu lado, e com o seu perdão lhe torna mais leve o caminho da conversão e do retorno. Mas olhemos para Zaqueu hoje na árvore: é ridículo, mas é um gesto de salvação. E eu digo a você: se você tem um peso na consciência, se você tem vergonha de tantas coisas que cometeu, pare um pouco, não se desespere, pense que Um te espera, porque nunca deixou de se lembrar de você, de pensar em você. E este é o teu Pai, é Deus, é Jesus que te espera! Suba, como fez Zaqueu; sai sobre a árvore da vontade de ser perdoado. Eu te asseguro que não te decepcionarás. Jesus é misericordioso e nunca se cansa de perdoar. Lembre-se bem, sim? Assim é Jesus.
Irmãos e irmãs, deixemo-nos também nós sermos chamados pelo nome por Jesus! No fundo do coração, escutemos a sua voz que nos diz: “Hoje devo parar na tua casa; eu quero parar na tua casa e no teu coração”, isso é, na tua vida. E vamos acolhê-Lo com alegria: Ele pode mudar-nos, pode transformar o nosso coração de pedra em coração de carne, pode livrar-nos do egoísmo e fazer da nossa vida um dom de amor. Jesus pode fazê-lo. Deixe-se olhar por Jesus.

CUIDAR DO COMPROMISSO SOCIAL



Certamente, todos nós já nos damos conta que a nossa evangelização, para ser coerente, deve sempre chegar à caridade, ao amor concreto com os irmãos. O cristianismo não é uma bonita teoria do mundo das idéias, mas uma forma de viver a partir do que Jesus Cristo ensinou e testemunhou, sobretudo pelo amor máximo de dar a vida. O critério de julgamento que Jesus apresenta no evangelho de São Mateus (Mt 25, 31-46) deixa claro que a caridade e o amor vividos ou não serão as referências para a salvação ou a condenação: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me... Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes...Todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 35-36.40.45)
          Quando a Igreja fala em Doutrina Social ela quer alertar os fiéis a cuidarem para que o evangelho e suas conseqüências cheguem ao chão da vida e a todas as pessoas, especialmente aos mais necessitados, cujos direitos humanos costumam estar visivelmente ameaçados. Assim nasce nosso compromisso social, ou seja, o evangelho nos convida a irmos ao encontro dos que precisam de vida mais digna, segundo o projeto de Deus. Podemos dizer que o compromisso social tem sua raiz na própria fé. O interesse autêntico pelos problemas da sociedade nasce da solidariedade para com as pessoas e do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Por isso a CNBB lembra com insistência: “Uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer a injustiça é um contra-testemunho, e celebra indignamente a própria liturgia” (DGAE 2008-2010, n. 178). Portanto, não basta rezar nas igrejas para ser um bom e autêntico cristão. As mãos erguidas em oração devem ser as mesmas que são estendidas aos irmãos necessitados.
          Se o Espírito nos fez um apelo maior em relação às pastorais sociais pela leitura dos Sinais dos Tempos em nossa realidade, a diocese quer estar mais atenta a essa dimensão de nossa vivência cristã nos próximos anos. Existem apelos para participação em diversas pastorais sociais como, por exemplo, na pastoral carcerária, na pastoral da criança, na pastoral da saúde, na pastoral dos catadores de lixo, na pastoral dos aidéticos, na pastoral do amor exigente, para citar apenas algumas necessidades... Você ou sua família, sua comunidade, seu movimento, sua escola já pensou em que pastoral poderia marcar presença e atuar? Entre em contato com sua paróquia e comece a participar. Lembremo-nos que o louvor de Deus não acontece apenas nas celebrações, nas vigílias ou devoções, por mais importantes que estas sejam. A dignificação da vida das pessoas é também uma forma de louvar a Deus, pois fomos criados à imagem e semelhança Dele, portanto, com vida digna. Toda forma de vida indigna é uma agressão ao projeto de Deus. Que Ele nos encoraje e faça crescer nossas pastorais sociais!
Dom Aloísio A.Dilli 
Bispo de Uruguaiana