São João Crisóstomo é, certamente, o mais
conhecido dentre os padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia por volta do
ano 349. Pertencia a uma família distinta. Após a morte de Antusa, sua mãe,
retirou-se para o deserto, onde viveu por seis anos, monasticamente. Os dois
últimos anos passou-os numa caverna, na mais completa solidão.
Em 386, foi ordenado sacerdote pelo bispo Flaviano. A esta altura compôs o excelente tratado sobre o sacerdócio, por causa da consagração episcopal do seu amigo e companheiro de estudos, D. Basílio Magno. Logo alcançou fama de grande pregador, cuja eloquência lhe valeu o título de "Crisóstomo", o que significa: "boca de ouro". Mais tarde tornou-se patriarca de Constantinopla.
Desenvolveu, então, uma pastoral sistematizada, com evangelização rural, criação de hospitais, sermões "de fogo" com que incriminava e advertia os fiéis, chamando-os à conversão. São Pio X proclamou-o patrono especial da eloquência sagrada. A sua produção literária (600 entre discursos e sermões) ultrapassa todos os escritores orientais e no Ocidente apenas se lhe pode comparar Santo Agostinho. O seu estilo junta a espiritualidade cristã com a elegância e forma helênicas.
As intrigas políticas levaram-no várias vezes ao exílio, onde morreu. Era o dia 14 de Setembro de 407. Somente em 438 os seus restos mortais foram transferidos de Comana do Ponto para Constantinopla. São João da "Boca de Ouro" deixou-nos vários escritos expondo a fé cristã e encorajando à vivência daquilo que Jesus ensinou.
"Porque se alguém procurasse considerar o que é um homem ainda envolto na carne e no sangue, ter o poder de se aproximar daquela feliz e imortal natureza, veria então quão grande é a honra que a graça do Espírito Santo concedeu aos sacerdotes. Pois por meio desses se exercem essas coisas e outras também nada inferiores, que dizem respeito à nossa dignidade e a nossa salvação.
A eles que habitam nessa terra e fazem nela sua morada, foi dado o encargo de administrar as coisas celestiais e receberam um poder que Deus não concedeu nem mesmo aos anjos e arcanjos, pois não foram a esses que foi dito: "Tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no Céu e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no Céu" (Mt18,18). Os que dominam nesse mundo possuem também o poder de atar, porém somente os corpos; mas a atadura de que falamos, diz respeito à própria alma e penetra os Céus; e as coisas que aqui na terra, o fazem os sacerdotes, Deus as ratifica lá nos Céus confirmando a sentença de seus servos.
Afinal o que mais lhes foi dado, senão todo o poder celestial? "Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo. 20,23). Que poder maior do que esse alguém poderia receber? O Pai entregou ao Filho todo o poder, porém vejo que todo esse poder o Filho colocou nas mãos dos sacerdotes. É como se já tivessem sido trasladados aos Céus e erguendo-se sobre a natureza humana, livres de nossas paixões, tivessem sido elevados a tão grande poder.
Imagine se um rei proporcionasse tal honra a um de seus súditos, o qual por sua vontade encarcerasse, ou pelo contrário, livrasse das prisões a quem bem entendesse, será que esse não seria visto como um fortunado e respeitado por todos? E aquele que recebeu de Deus um poder infinitamente maior, mais precioso ao Céu do que à terra, mais precioso à alma do que ao corpo, será que para alguns tal honra possa parecer algo tão insignificante que não mereça consideração ou que se possa depreciar o benefício? Longe de nós tal loucura!
De fato, seria sem dúvida uma grande loucura depreciar uma dignidade tão grande, sem a qual não podemos obter nem a salvação, nem os bens que nos foram propostos, porque ninguém pode entrar no Reino dos Céus se não for regenerado pela água e pelo espírito (Jo. 3,5). E aquele que não come a carne do Senhor e não bebe seu sangue, está excluído da vida eterna. Nenhuma dessas coisas se faz pelas mãos de qualquer outro,senão por aquelas santas mãos do sacerdote. Como poderá pois alguém, sem o auxílio desses, escapar do fogo do Inferno ou chegar à conquista das coroas que lhes estão reservadas?
Esses pois são a quem foram confiados os partos espirituais e encomendados os filhos que nascem pelo Batismo. Através desses, nos revestimos de Cristo e nos unimos ao Filho de Deus tornando-nos membros daquela bem-aventurada Cabeça, de forma que para nós, com justiça eles devem ser respeitados não apenas mais do que os poderosos e reis, mas até mesmo mais do que nossos próprios pais, porque esses nos geraram pelo sangue e pela vontade da carne, enquanto os sacerdotes são os autores do nosso nascimento para Deus, para aquela ditosa geração da verdadeira liberdade e da adoção de filhos segundo a graça."
São João Crisóstomo, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja (+ Ponto, Ásia Menor, 407) Passou alguns anos como eremita solitário no deserto e depois foi sacerdote
Despertou, por tudo isso, antipatias em pessoas poderosas, tanto na ordem espiritual quanto na temporal. Foi, em conseqüência, duas vezes desterrado e morreu no exílio. Era amigo íntimo e tinha sido colega de estudos de Basílio Magno. Sua eloqüência extraordinária lhe valeu o título de Crisóstomo, que em grego significa "Boca de Ouro" e a designação, pelo Papa Pio X, como o patrono da eloqüência sagrada.
É considerado um dos quatro grandes Doutores da Igreja Oriental e deixou uma produção intelectual abundante e variada, composta de aproximadamente 600 sermões e discursos.
São João Crisóstomo, rogai por nós.