sexta-feira, 7 de março de 2014

A Igreja é divina e humana



Não obstante às falhas de seus filhos, em Mt 28,20, o Senhor Jesus promete estar com a Igreja até o fim dos tempos
Por Vanderlei de Lima

AMPARO, 07 de Março de 2014 (Zenit.org) - Há homens e mulheres, irmãos na fé católica, que ficam perplexos quando um (a) filho(a) da Igreja (leigo(a), religioso(a), sacerdote ou bispo) comete algum erro.
É, pois, a esses cristãos atônitos que dedico, com apreço, o presente artigo a fim de deixar claro o seguinte: a Igreja, como Corpo místico de Cristo prolongado na história (cf. Cl 1,24; 1Cor 12,12-21), é divina, mas formada por filhos pecadores é também humana, segundo a parábola do joio e do trigo (cf. Mt 13,24-30) ao relatar que no campo do Senhor, junto ao trigo (os bons) cresce o joio (os maus).
Aqui já se coloca um impasse: por que Deus permite que os pecadores permaneçam na sua Igreja? – Responde São Tomás de Aquino (†1274) que é pelas seguintes razões: a) o pecado de uns, longe de desanimar, deve incentivar os fiéis a serem mais santos em resposta supridora ao pecado; b) o Senhor quer dar a cada um desses pecadores a oportunidade de se converterem, especialmente por meio do Sacramento da Confissão; c) mesmo com o mau exemplo dos errantes, a Igreja não deixa de exercer a missão que Nosso Senhor lhe confiou: o ouro da graça divina pode passar por mão sujas, mas não perde o seu pleno valor.
Sim, desde o início do Cristianismo, de um modo particular a partir de Santo Agostinho (†430), a Igreja, lembrando as parábolas do joio e do trigo, já citada, e da rede que recolhe bons e maus peixes (cf. Mt 13,47-50), demonstra que sempre houve problemas nas comunidades: incesto (cf. 1Cor 5,1); injúrias ao apóstolo Paulo (cf. 2Cor 2,5-11), renegação da doutrina (cf. Hb 6,4-8; 10,26-31), falhas morais diversas (cf. Gl 1,6; 3,1;5,4), esfriamento da fé (cf. Ap 2-3) etc.
Todavia, não obstante às falhas de seus filhos, em Mt 28,20, o Senhor Jesus promete estar com a Igreja até o fim dos tempos. Daí comentar Dom Estevão Bettencourt, OSB, o seguinte: “Jesus promete à sua Igreja uma assistência vigilante... Igreja caracterizada pela sucessão apostólica; Jesus não promete estar com os mais santos ou os mais cultos, mas, sim, com os Apóstolos e seus legítimos sucessores [os Bispos] até o fim dos tempos. Muitas pessoas procuram o Cristo na comunidade mais simpática ou mais emocionante (critérios subjetivos). O que importa é não perder a comunhão com essa linhagem [dos Apóstolos em seus sucessores], mesmo que nela se encontre figuras humanas pouco dignas (o joio não impede o trigo de frutificar)” (A Igreja divina e humana. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2004, p. 6).
Isso posto, vê-se que só se afasta do colo da Mãe Igreja aquele(a) que desconhece em profundidade a fé que diz professar ou que se deixa levar por sentimentalismos capazes de colocar o bispo X ou o padre Y no lugar de Deus. Isso, se feito conscientemente, é pecado.. E pecado grave.
Em sentido contrário, quem entende que a Igreja é divina e humana concorda, neste ponto, com o filósofo Jacques Maritain ao escrever que “Os católicos não são o Catolicismo. As faltas, as lerdezas, as carências e as sonolências do católico não comprometem o Catolicismo... A melhor apologética [defesa] não consiste em justificar os católicos quando erram, mas, ao contrário, em assinalar esses erros e dizer que não afetam a substância do Catolicismo e só contribuem para melhor trazer à tona a força de uma religião sempre viva apesar deles... Não nos considereis a nós pecadores. Vede, antes, como a Igreja sana as nossas chagas e nos leva trôpegos para a vida eterna... A grande glória da Igreja é ser santa com membros pecadores” (Religion et culture. Paris, 1930, p. 60).
Possam essas reflexões levar-nos a confiar na mensagem transmitida pela Mãe Igreja por meio de seus ministros (às vezes pouco dignos) e rezar sempre pela nossa conversão e pela dos nossos irmãos. Afinal, somos chamados a ser santos como o Pai celeste é santo (cf. Lv17,1; Mt 5,48; 1Pd 1,5s).

Catequese para Adultos: catequese reconciliadora



A catequese é um sair de si mesmo, um desalojar-se para dar espaço aos excluídos.
Por José Barbosa de Miranda

BRASíLIA, 07 de Março de 2014 (Zenit.org) -
  OS QUE FORAM AFASTADOS
No artigo anterior refletimos sobre a catequese insuficiente, aquela que chamamos de verniz superficial. A catequese que não ajuda no amadurecimento da fé por falta de conteúdo.
Hoje, refletiremos sobre a necessidade de uma catequese voltada para os excluídos, os que foram rejeitados por pessoas da Igreja por falta de humildade e caridade. Ainda reporto-me a Dom Juventino Kestering, em sua conferência na Segunda Semana Brasileira de Catequese, que dizia: “Um dos grupos que desperta hoje nossa atenção é o dos que foram afastados por falta de acolhida: eles buscaram na Igreja respostas aos seus problemas concretos, não encontraram acolhida e nem sequer ouvidos atentos para escutar” (Estudos CNBB 84, p. 260).
A CATEQUESE QUE LEMBRA JESUS
Essa catequese visa essencialmente uma reaproximação com “as ovelhas desgarradas”. Fazem parte do aprisco, mas estão distantes à espera de uma oportunidade de diálogo, de um reencontro. A catequese com esses adultos deve ser alimentada pela docilidade do Bom Pastor (cf. Jo 10, 11-15). Nesse momento é oportuno mostrar que a Igreja é obra divina, mas administrada por homens. O que deve prevalecer agora não são os erros, as prepotências, o autoritarismo humano, mas o reencontro com Deus que se manifesta em seu Filho, e seu Filho permanece na Igreja. É catequisar com São Paulo: “Vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus” (1Cor 4,23). É uma catequese que busca o reencontro com Cristo. É o momento em que o catequista se pareça com Cristo, chegando a despertar na ovelha que foi afastada a admiração: “você me lembra Jesus”! Um dos eixos dessa catequese é a humildade: reconhecer as fragilidades que podem ser transformadas em instrumentos confiáveis para o reencontro com o Reino de Deus. As pessoas que foram afastadas ainda estão com as feridas abertas pela exclusão injusta, mas aceitam o curativo que pode restabelecer a inclusão. São Paulo dá a receita para essa catequese: “Para os fracos, fiz-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a todo custo. E isto tudo eu faço por causa do evangelho, para dele me tornar participante” (1Cor 9, 22).
UMA CATEQUESE DE ESCUTA
Certa ocasião, em um encontro de preparação para o matrimônio, dele participava um casal jornalista que ainda tinha a feridas abertas de quando foram afastados da Igreja. Eu conversava com eles e dava-lhes oportunidade de abertura para promover um possível reencontro com a Igreja. Nesse momento se aproxima um sacerdote e, ao ouvir os desabafos do casal jovem contra a Igreja, foi ríspido: “vocês não deveriam estar aqui. Aqui não é lugar de falar mal da Igreja. Podem se retirar”. Eu tentei argumentar com o sacerdote sobre um diálogo caridoso, mas ele não aceitou, concluindo; “aqui é lugar para quem acredita na Igreja e não de quem fala mal dela. Não vale a pena perder tempo com essa gente”.
A catequese com adultos se prima pela escuta que gera diálogo e sem prejulgamento. Como catequisar com monólogo e sem aceitar as diferenças? Como falar farisaicamente de Cristo sem admitir erros que podem ser reparados? A partir do momento que a pessoa começa a falar de suas frustações já se supõe uma relação: restabelecer laços. É o início da catequese paulina: “fiz-me fraco para ganhar os fracos”.
A CATEQUESE DA RECONCILIAÇÃO
Na mesma conferência, Dom Juventino comenta: “Existe também o grupo dos que se afastaram por desentendimentos com o padre.. Na maioria dos casos, a experiência de “afastamento” é traumática. Muitos sentem-se amargurados, cultivam resistência contra a Igreja e seus líderes, e alguns, inclusive, tornam-se agressivos” (Estudos da CNBB 84, p. 260).                                            
Como encontrar essa ovelha tresmalhada se não for ao seu encontro? É a catequese do amor e da reconciliação. A catequese da “minha culpa, minha máxima culpa”. A catequese que coloca a ovelha nos braços do Pai.
Nesse momento aparece a catequese sobre a Igreja, depositária da fé. Cristo instituiu a Igreja para ser seu Sacramento, uma instituição que contém e realiza a graça redentora de Cristo. A igreja que provocou o afastamento não estava revestida do mandato de Cristo: “Fazei todos meus discípulos, ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei” (cf. Mt 28,19-20), mas agiu como instrumento de divisão e exclusão. Não se trata de uma catequese de jogar pedras, mas de recuperar, mostrando a misericórdia de Deus. Cristo não veio para condenar, mas salvar. A essência dessa catequese está na misericórdia e gratuidade do amor: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, para não serdes julgados; não condeneis, para não serdes condenados; perdoai, e vos será perdoado” (Lc 6, 36-37).
A catequese, toda ela é uma Escola de Jesus, Escola de Igreja. Seu itinerário é o de Jesus.
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A vida de fé sem vida de caridade é hipócrita



Santo Padre pede que os católicos não tenham vergonha da carne do seu irmão
Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 07 de Março de 2014 (Zenit.org) - "Eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?", perguntou o Santo Padre na homilia desta manhã, na Casa Santa Marta. O papa destacou que a vida de fé está estreitamente unida com a vida de caridade para com os pobres. Sem essa vida de caridade em união com a vida de fé, o que se professa é pura hipocrisia.
Francisco explicou que o cristianismo não é uma regra sem alma, não é um manual de observações formais para pessoas que mostram a face aparentemente bela da hipocrisia para esconder um coração vazio de caridade. Ele também recordou que o cristianismo é a própria carne de Cristo, que se aproxima, sem vergonha, daqueles que sofrem. Para aprofundar neste ponto, o pontífice usou como referência o Evangelho de hoje, em que Jesus dialoga com os doutores da lei que criticam os discípulos porque eles não respeitam o jejum, em contraste com eles e com os fariseus, que jejuam e fazem questão de demonstrá-lo. O Santo Padre ressaltou que os doutores da lei tinham transformado a observação dos mandamentos em uma "formalidade", reduzindo a "vida religiosa" a "uma forma de ética" e esquecendo-se das raízes, ou seja, "uma história de salvação, de escolha e de aliança".
Assim, o papa Francisco afirmou: "Receber do Senhor o amor de um Pai, receber do Senhor a identidade de um povo e depois transformá-la em um mero sistema de ética é rejeitar esse dom de amor. Essas pessoas hipócritas são pessoas boas, fazem tudo o que tem que ser feito. Parecem boas! São 'especialistas em ética', mas 'especialistas em ética' sem bondade, porque perderam o senso de pertença a um povo! Nosso Senhor dá a salvação dentro de um povo, no pertencimento a um povo".
Francisco observou também que o profeta Isaías já tinha descrito com clareza qual era o jejum verdadeiro aos olhos de Deus: "dissolver os injustos grilhões", "tornar livres os oprimidos", mas também "compartilhar o pão com o faminto, acolher em casa os indigentes que não têm teto", "vestir quem está nu". E matizou: "Este é o jejum que nosso Senhor quer! O jejum que se preocupa com a vida do irmão, que não se envergonha, e isso é o próprio Isaías quem diz, que não se envergonha da carne do irmão. A nossa perfeição, a nossa santidade se realiza com o nosso povo, o povo em que nós somos escolhidos e introduzidos. O nosso maior ato de santidade está precisamente na carne do irmão e na carne de Jesus Cristo. O ato de santidade de hoje, nosso, aqui, no altar, não é um jejum hipócrita: é um não envergonhar-se da carne de Cristo que vem hoje aqui! É o mistério do Corpo e do Sangue de Cristo. É compartilhar o pão com o faminto, cuidar dos doentes, dos idosos, de quem não pode nos dar nada em troca: isto é não se envergonhar da carne!".
Isto quer dizer que o "jejum mais difícil", afirmou o papa, é "o jejum da bondade". É o jejum de que é capaz o Bom Samaritano, que se inclina para ajudar o homem ferido, mas não o jejum do sacerdote, que olha para o mesmo desafortunado e passa direto, talvez por medo de se contaminar. E esta é, portanto, "a pergunta que a Igreja nos faz hoje: eu me envergonho da carne do meu irmão, da minha irmã?".
Francisco indagou ainda: "Quando eu dou esmola, deixo a moeda cair sem tocar na mão do meu irmão? E se toco na mão dele por acaso, me limpo logo em seguida? Quando eu dou uma esmola, olho nos olhos do meu irmão, da minha irmã? Quando eu sei que uma pessoa está doente, vou visitá-la? Saúdo aquele doente com ternura? Existe um sinal que talvez nos ajude. É uma pergunta: eu sei acariciar os doentes, os idosos, as crianças? Ou perdi o sentido da carícia? Esses hipócritas não sabiam acariciar! Eles tinham se esquecido... Não ter vergonha da carne do nosso irmão: ela é a nossa carne! É conforme fizermos isso com o nosso irmão, com a nossa irmã, que seremos julgados".

Permissivismo e rigorismo não fazem crescer a santidade



Papa Francisco exorta os sacerdotes a serem misericordiosos e a terem compaixão para com a humanidade ferida "pelas ilusões do mundo
Por Luca Marcolivio

ROMA, 06 de Março de 2014 (Zenit.org) - Durante o tradicional encontro do início da Quaresma, com os párocos da diocese de Roma - o primeiro de seu pontificado - o Papa Francisco voltou ao tema da misericórdia.
Antes de ler seu discurso, o Santo Padre disse que ficou abalado com as acusações injustas contra alguns padres. "Eu quero dizer publicamente que estou próximo ao presbiterato, porque os acusados não são 7, 8, 15 .... É todo o presbiterato, representado nestes 07, 08, 15,", afirmou Francisco, sob aplausos.
Lembrando que entre os acusadores há uma pessoa do serviço diplomático, o Bispo de Roma pediu desculpas pelo "grave ato de injustiça", em nome do serviço diplomático, afirmando que está estudando o assunto, “para que esta pessoa seja afastada", acrescentou.
Comentando o Evangelho, o Santo Padre destacou como Jesus sente "compaixão" para com todas as pessoas "cansadas e exaustas, como ovelhas sem pastor", semelhantes às "que vocês encontram nas ruas de seus bairros", e que se encontram em todo o mundo.
Falando sobre a Divina Misericórdia, o Papa Francisco evocou a figura de Santa Faustina Kowalska e a festa litúrgica inspirada e instituída pelo Beato João Paulo II.
Em 2000, por ocasião da canonização de Irmã Faustina, João Paulo II recordou que "a luz da misericórdia divina "iluminaria" o caminho das pessoas no terceiro milênio.
A intuição da divina misericórdia, disse Bergoglio, não deve ser esquecida e é dever dos pastores da Igreja "manter viva esta mensagem, especialmente nas pregações e nos gestos, sinais, nas decisões pastorais, por exemplo, a escolha de restituir prioridade ao sacramento da Reconciliação e, ao mesmo tempo, às obras de misericórdia.”
Com um tom mais sério, referindo-se a algumas conversas telefônicas e correspondências da diocese de Roma, o Santo Padre disse: "Disseram que eu ‘sou duro’ com os sacerdotes!”. Isto faz lembrar que o exercício da misericórdia para um padre é semelhante ao de Jesus, o Bom Pastor, “cheio de ternura para com o povo, é repleto de ternura pelas pessoas, especialmente pelos excluídos, pelos pecadores e pelos doentes que ninguém quer curar.
Esta atitude misericordiosa, o padre a demonstra principalmente ao “ministrar o sacramento da Reconciliação”, principalmente “no modo de acolher, de ouvir, de aconselhar e de absolver”.
Recordando o caso de um sacerdote de Buenos Aires, que confidenciou a ele ter o "escrúpulo” de “perdoar demais", o papa Bergoglio sugeriu enfrentar dúvidas semelhantes "na capela, diante do sacrário”.
“O coração do sacerdote tem que se comover”, continuou papa Francisco. Não há espaço para os padres “ascéticos” ou “de laboratório”, estes “não ajudam a Igreja “. Podemos pensar na Igreja hoje como um ‘hospital de campo’, onde se cura as pessoas feridas pelos problemas materiais, pelos escândalos, inclusive na Igreja, pessoas feridas pelas ilusões do mundo.
Onde existem pessoas feridas, um padre deve estar presente com a sua misericórdia, curando todas as feridas. "Quando alguém está ferido, precisa imediatamente disto, não de análise, como a dosagem de colesterol, glicemia", disse o Papa perguntando aos párocos romanos: “Vocês conhecem as feridas de seus paroquianos? Estão próximos a eles?”.
Lugar privilegiado do exercício da misericórdia é o confessionário, onde o padre muitas vezes coloca um dilema: ser “laxista” ou “rigorista”? Na verdade, é um falso problema, na medida em que a diferença de estilos entre os confessores "não diz respeito à substância, ou seja, a sã doutrina moral e a misericórdia".
Nem o “laxista” nem o “rigorista" testemunham Jesus, porque não cuidam daqueles que encontram. O primeiro é somente aparentemente misericordioso, mas na realidade minimiza o pecado. O segundo se concentra somente na lei, compreendida de modo frio e rígida. 
A verdadeira misericórdia “leva em consideração a pessoa, a ouve atentamente, se põe com respeito e com verdade à sua situação e a acompanha no caminho da reconciliação.
O sacerdote “verdadeiramente misericordioso” se comporta como o Bom Samaritano”. O seu coração é “capaz de compaixão, como o de Cristo”.
Em resumo, o Pontífice disse: Permissivismo e rigorismo não fazem crescer a santidade, e isto se aplica aos sacerdotes e aos leigos, mas sim o sofrimento pastoral, que é uma forma de misericórdia. Isso significa sofrer por e com as pessoas, assim como um pai e uma mãe sofrem pelos filhos.
Por fim, o Papa Francisco dirigiu aos representantes do clero romano, as seguintes perguntas:
Você chora? Ou perdemos as lágrimas? Chora por seu povo? Quando uma criança adoece, quando morre…Faz a oração de intercessão diante do Tabernáculo? Luta com o Senhor pelo seu povo? Como conclui o seu dia? Com o Senhor? Ou com a televisão? Como é a sua relação com os aqueles que ajudam a ser mais misericordiosos? Crianças, idosos, doentes. Sabe acariciá-los? 
Usando outra expressão cara a ele, o Santo Padre exortou finalmente a “não ter vergonha da carne do seu irmão", já que "no final dos tempos, será admitido a contemplar a carne glorificada de Cristo somente que não terá tido vergonha da carne do seu irmão ferido e excluído”.

Não existe estilo cristão sem cruz ou sem Jesus



O Santo Padre nos lembra que a vida do cristão só pode seguir o exemplo de Jesus
Por Redacao

ROMA, 06 de Março de 2014 (Zenit.org) - Humildade, doçura, generosidade: este é o estilo cristão, um caminho que passa pela cruz e que leva à alegria. Esta foi a ideia central da homilia do papa Francisco na manhã de hoje, na Casa Santa Marta.
No Evangelho proposto pela liturgia desta quinta-feira, Jesus diz aos discípulos: "Quem quiser me seguir, negue a si mesmo, tome a sua cruz todo dia e me siga". Francisco destacou que este é "o estilo cristão", porque Jesus mesmo percorreu este caminho antes de nós. E explicou: "Nós não podemos pensar a vida cristã fora deste caminho. Sempre teremos este caminho que Ele trilhou primeiro: o caminho da humildade, o caminho também da humilhação, de negar a si mesmo e depois ressurgir. Mas este é o caminho. O estilo cristão sem cruz não é cristão. E se a cruz é uma cruz sem Jesus, ela não é cristã. O estilo cristão carrega a cruz com Jesus e vai em frente. Não sem cruz, não sem Jesus".
O papa recordou ainda que Jesus "deu o exemplo" e, mesmo "sendo igual a Deus", "se humilhou e se fez servo por nós". Francisco acrescentou que "este estilo nos salvará, nos dará alegria e nos tornará fecundos, porque este caminho de negar a si mesmo é para dar vida, é contra o caminho do egoísmo, de estar apegado a todos os bens só para mim... Este caminho é aberto aos outros, porque esse caminho que Jesus trilhou, de anulação, esse caminho foi para dar vida. O estilo cristão é precisamente esse estilo de humildade, de doçura, de mansidão. Quem quer salvar a própria vida a perderá, porque se o grão de trigo não morre, não pode dar fruto".
Francisco destacou: E "tudo isto com alegria, porque a alegria é Ele mesmo quem nos dá. Seguir Jesus é alegria, mas seguir Jesus com o estilo de Jesus, não com o estilo do mundo". O papa observou que seguir o estilo cristão significa percorrer o caminho de nosso Senhor, "cada um do jeito que pode, para dar vida aos outros, não para dar vida a si mesmo. É o espírito da generosidade". O nosso egoísmo nos faz querer parecer importantes diante dos outros. Mas o livro da Imitação de Cristo "nos dá um conselho belíssimo: 'Ama o fato de não seres conhecido e de seres julgado como nada'. É a humildade cristã, que Jesus praticou primeiro".
Para terminar, o pontífice explicou que "esta é a nossa alegria e esta é a nossa fecundidade: estar com Jesus. Outras alegrias não são fecundas; só pensam em ganhar o mundo inteiro, mas, no final, perdem a vida. No início da quaresma, peçamos que nosso Senhor nos ensine um pouco desse estilo cristão de serviço, de alegria, de rebaixamento de nós mesmos e de fecundidade com Ele, como Ele quer

quarta-feira, 5 de março de 2014

Iniciemos a Quaresma



Reflexões de Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 05 de Março de 2014 (Zenit.org) - Quando iniciamos a Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas recebendo-as sobre as nossas cabeças como sinal de reconhecimento do nosso pecado e a necessidade de conversão, a Palavra de Deus nos lembrava do jejum, esmola e a oração (Mt 6, 1-6.16-18). “Quando jejuares perfuma a cabeça e lava o rosto... e o teu Pai que vê o que está escondido, te dará a recompensa. Encontramos também Jesus lembrando que “quando o esposo for tirado, então jejuarão”, na clara alusão tanto à Sexta-feira Santa, como também à nossa separação d’Ele pelo pecado.
Sim, oração, jejum, esmola, lectio divina, confissão e tantas outras práticas quaresmais se juntam ao tema da Campanha da Fraternidade, neste ano sobre o Tráfico Humano para nos ajudar a vivenciar a nossa vida cristã e renová-la neste tempo favorável.
O apelo de Cristo visa a nossa mudança interior, à transformação de nossas vidas, à conversão do coração e à conversão e à penitência interior, reorientando nossa vida para Deus e rompendo com o pecado. É a busca de acolher o coração novo! Para isso as atitudes de reconciliação, cuidado dos necessitados, confissão de nossas faltas, revisão de vida e outras atitudes nos ajudam, assim como algumas atitudes que fazem o nosso corpo também participar dessa renovação espiritual.
Somos chamados a sempre buscar uma vida de conversão, e, para isso, ao acolher a graça de Deus ter também práticas de ascese que nos ajudem nessa caminhada. “O Cristão é, de modos e formas diferentes, asceta e místico, virtuoso e espiritual ao mesmo tempo, operante por capacidade própria e dirigido pelo influxo do Espírito do Ressuscitado. Com esse princípio, a vida cristã propõe também uma ascese que se funda na caridade, em virtude da qual o cristão renuncia a tudo o que impede de tender à perfeição evangélica.”
 A caminhada quaresmal conduz-nos a renovar a vida cristã, que no fundo é uma busca de recolocar-nos no caminho da santidade, atitude que deve ser constante, mas que recebe um incremento especial neste tempo favorável. “O aspecto mais sublime da dignidade humana consiste em sua vocação para a comunhão com Deus. Desde o seu nascimento o homem é convidado ao diálogo com Deus.” (GS, 19)
 É nesse contexto que a Igreja propõe como um dos seus mandamentos “Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja” (CIC 2043), contribuindo para nos ajudar a preparar para as festas litúrgicas e a adquirir domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração.
A  Igreja convida-nos, durante o tempo da Quaresma e depois também todas as sextas-feiras do ano (em memória da Sexta-feira Santa) a termos momentos fortes de prática penitencial.
O Diretório Litúrgico da Igreja no Brasil resume a questão do Jejum e Abstinência lembrando que estão obrigados à abstinência os maiores de quatorze anos de idade e ao jejum os que estão entre os dezoito e os sessenta anos. E ainda aí nos recorda: dias de penitência são todas as sextas-feiras do ano, que pode ser com abstinência de carne ou outro alimento, ou ainda alguma outra forma, como obra de caridade ou exercício de piedade.
Dias de Jejum e Abstinência são apenas a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa. E também aqui “a abstinência pode ser substituída pelos próprios fiéis por outra prática de penitência, caridade ou piedade, particularmente pela participação nesses dias na Sagrada Liturgia.”
Parece muito pouco o que a Igreja nos pede para tão grandes resultados, mas a intenção é que, dentro de uma orientação bastante aberta, possamos andar no caminho sincero de conversão, como, aliás, é o espírito dessa norma, pois lembra, à luz dos documentos, que mesmo os que não estão sujeitos a essas práticas, sejam formados no sentido genuíno da vida em conversão.
Somos convidados a levar a sério este tempo que se abriu par anos refazendo o caminho do Êxodo e estando unidos a Cristo viver esses abençoados 40 dias de renovação interior, de vida de conversão para chegarmos purificado e renovados à Páscoa da Ressurreição, quando, no sábado santo, iremos solenemente renovar os nossos compromissos batismais.
Uma Santa Quaresma para todos nós.
Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

Mensagem do Papa Francisco para a CNBB sobre a CF 2014



"Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha"


CIDADE DO VATICANO, 05 de Março de 2014 (Zenit.org) - Mensagem do Papa Francisco para a CNBB sobre a Campanha da Fraternidade 2014 foi divulgada nesta quarta-feira (5), pela Assessoria de Imprensa do Vaticano. 
Queridos brasileiros,
Sempre lembrado do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recorda a vitória da Páscoa: «É para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos quarenta dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu para fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: «Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!». Neste sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasileira para uma chaga social qual é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõem este ano o tema "Fraternidade e Tráfico Humano".
Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! «A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-se cúmplice desta prepotência» (Discurso aos novos Embaixadores, 12/XII/2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?
Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais… E isso – pasmem! – a troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós: «Abbá, Pai!» (cf. Gal 4,6). A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii gaudium75).
Com estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.
Vaticano, 25 de fevereiro de 2014.
FRANCISCUS PP.

INICIAÇÃO CRISTÃ: PROCESSO QUE INSERE O CRISTÃO NO MISTÉRIO DIVINO


          
        Iniciação é um conceito muito importante presente nos Sacramentos que inserem o cristão na via eclesial. . Para a sociedade em geral é necessário que o ser humano seja iniciado no processo social. A vida social é importante para o ser humano na construção das relações interpessoais. O ser humano é um ser individual, mas, ao mesmo tempo, social. Essa característica implica um olhar para duas realidades presentes na vida humana: a individual e a social. Cada pessoa é uma, continua sendo uma, mas é um ser que precisa do outro para se relacionar. Explicando: o ser humano, é ele como ser que possui uma determinada personalidade, mas que vai em busca do outro ser com sua personalidade para se relacionar formando assim as relações sociais. Estas, por sua vez, influenciam na formação social e cultural de cada ser. Para viver toda essa realidade, o ser precisa ser iniciado nesse processo.
         Da mesma forma acontece com a vida de fé da pessoa. Ela precisa ser iniciada na fé e na vida cristã. Assim como na vida social as dimensões pessoal e social se fazem presente em cada ser, na vida cristã também existem duas dimensões: a pessoal e a eclesial. Cada pessoa é uma. Forma uma família. As famílias formam uma comunidade. A comunidade é o local de encontro fraterno, ao menos deveria, e do encontro de irmãos. Todos buscando alimentar sua fé em Jesus Cristo. A vida em comunidade forma a dimensão eclesial. Para mergulhar na vida eclesial é necessário uma iniciação. Dentro da realidade sacramental de nossa Igreja, temos os chamados Sacramentos de Iniciação Cristã, com os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia. “Batismo, Crisma e Eucaristia introduzem a pessoa na comunidade eclesial: o Batismo a torna membro da Igreja; a Crisma acentua que a ação do Espírito a faz Igreja; a Eucaristia oferece-lhe participação na realidade do Corpo de Cristo permitindo que ela receba aquilo que já é pelo Batismo” (TABORDA, 2001).
        Os Sacramentos da Iniciação Cristã convidam cada cristão a fazer a experiência de mergulhar no Mistério Divino. No entanto cabe uma reflexão que convida a olhar para a realidade desses Sacramentos em nossas comunidades. Três dimensões são importantes ter presente nessa mirada: a dimensão catequética, formadora e estrutural.
       Na dimensão catequética entra outra dimensão, a liturgia. Cada um dos Sacramentos da Iniciação Cristã é realizado numa celebração. Celebração envolve liturgia. Liturgia envolve preparação. Preparação envolve tempo e pessoas. A catequese além de ser um ponto permanente na vida do cristão, onde o fiel é convidado a estar em constante contato com os mistérios divinos, prepara para os Sacramentos. A liturgia celebra os Sacramentos. Portanto, não deveriam caminhar separadas, mas em unidade. Eis o desafio!
      Na dimensão formadora encontra-se um grande desafio. Não basta apenas ter boa vontade. É preciso ter formação para preparar as crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos para os uma Iniciação Cristã. O que mais se tem nas comunidades são pessoas de boa vontade. A realidade do mundo atual pode atrapalhar para a formação. As pessoas que trabalham com a Catequese não fazem somente isso, tem os seus afazeres próprios e os seus trabalhos o que, muitas vezes, dificulta a participação na formação.
    Na dimensão estrutural faltam espaços e material adequados para criar nos catequizandos o gosto pela fé, pela comunidade e pela missão. A catequese não passa de uma obrigação de fé. Ainda se trabalha com o formato aula de catequese.
       Diante dessas três afirmações surgem três perguntas: como fazer para unir catequese e liturgia? Permanece-se com as pessoas de boa vontade, ou se força a formação e se fica sem catequistas? Como fazer para investir mais nos espaços e no material para a catequese?
      Para finalizar mais uma pergunta: onde está o Querigma? A resposta quem dá é o Papa Francisco: “Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou Querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O Querigma é trinitário. É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai. Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: Jesus Cristo te ama, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar. Ao designar-se como “primeiro” este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos. Por isso, também o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado” (EG 164). Que a Iniciação Cristã seja a constante atualização do Querigma na vida dos cristãos. 

Edemilton dos Santos. Professor no Colégio Medianeira, Rede Verzeri, em Santiago – RS e  Membro da Rede Celebra, Rede de Animação Litúrgica.

Ser cristão não é "uma vantagem comercial", mas "seguir Jesus"



O Santo Padre recordou nesta terça-feira os cristãos perseguidos, hoje em maior número do que nos primeiros séculos da Igreja
Por Redacao

ROMA, 04 de Março de 2014 (Zenit.org) - O Papa recordou nesta manhã na homilia de Santa Marta que “a Cruz está sempre no caminho cristão”. O Santo Padre falou sobre os cristãos perseguidos e advertiu que hoje há mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja. Por isso, afirmou que vida cristã não é “uma vantagem comercial", mas "é simplesmente seguir a Jesus".
O Evangelho de hoje recorda a passagem em que Jesus acabou de falar sobre o perigo das riquezas. Pedro pergunta o que os discípulos que deixaram tudo para segui-lo vão receber e Francisco fez referência a este episódio. Afirmou que Jesus é “generoso”. Na verdade, responde o Senhor, ‘não existe ninguém que tenha deixado a família, a casa, os campos que “não receba já nesta vida, cem vezes mais”. O Papa indicou que talvez Pedro pensa que “ir atrás de Jesus” seja uma “bonita atividade comercial”, porque nos faz ganhar cem vezes mais. Mas Jesus acrescenta que junto com este ganho terá perseguições: “Como se dissesse: ‘Sim, vocês deixaram tudo e vão receber aqui, na terra, muitas coisas: mas com a perseguição!’ Como uma salada com o azeite da perseguição: sempre!
Este é o ganho do cristão e esse é o caminho de quem quiser ir atrás de Jesus, porque é o caminho que Ele percorreu: Ele foi perseguido! É o caminho do abaixamento. O que Paulo disse aos Filipenses: ‘Se abaixou. Se fez homem e se abaixou até a morte, e uma morte de cruz’. Esta é justamente a tonalidade da vida cristã”.
Continuou o Santo Padre mencionando também as bem-aventuras, quando Jesus disse: Bem-aventurados aqueles que serão insultados, ou perseguidos por causa de mim, “é uma bonita bem-aventurança a perseguição”. Assim, destacou que os discípulos “imediatamente depois da vinda do Espírito Santo, começaram a pregar e começaram as perseguições: Pedro foi preso”, Estevão foi assassinado e depois “muitos discípulos até o dia de hoje”.
O Santo Padre recordou que "a Cruz está sempre no caminho cristão!”. E acrescentou que “nós teremos muitos irmãos, muitas irmãs, muitas mães, muitos pais na Igreja, na comunidade cristã”, mas “também teremos a perseguição”.
E o explicou assim: "Porque o mundo não tolera a divindade de Cristo. Não tolera o anúncio do Evangelho. Não tolera as bem-aventuranças. E assim a perseguição é com palavras, calúnias, as coisas que diziam dos cristãos nos primeiros séculos, as difamações, a prisão... Embora nós esqueçamos facilmente.
Mas pensemos também nos muitos cristãos que há 60 anos acabaram nos campos, nas prisões nazistas, comunistas: muitos! Por ser cristãos! Também hoje... ‘Mas hoje temos mais cultura e não existem essas coisas’ (dirá alguém). Existem sim!, e eu digo que hoje existem mais mártires do que nos primeiros tempos da Igreja”.
O Papa também destacou em sua homilia que muitos irmãos e irmãs "que dão testemunho de Jesus, oferecem o testemunho de Jesus e são perseguidos”. Cristãos - acrescentou – que não podem nem sequer ter uma Bíblia consigo: “São condenados porque têm uma Bíblia. Não podem fazer o sinal da cruz. E este é o caminho de Jesus. Mas é um caminho alegre, porque o Senhor nunca nos prova por acima das nossas forças.
A vida cristã não é uma vantagem comercial, não é fazer carreira: é simplesmente seguir a Jesus! Mas quando seguimos Jesus acontece isso. Pensemos se temos dentro de nós o desejo de ser valentes no testemunho de Jesus. Também pensemos – nos fará bem – nos muitos irmãos e irmãs que hoje, hoje!, não podem rezar juntos, porque são perseguidos; não podem ter o livro do Evangelho e uma Bíblia, porque são perseguidos”.
E já para concluir, Francisco convidou a pensar nos irmãos que “não podem ir à missa, porque está proibido”. E colocou o exemplo das vezes que “vem um sacerdote de incógnito entre eles, fingem estar na mesa tomando um chá e ali celebram a missa”, “para que não os vejam”. O Santo Padre recordou que “isto acontece hoje”. E finalmente convidou a pensar se estamos dispostos “a levar a cruz como Jesus.. A suportar perseguições para dar testemunho de Jesus”, como “fazem estes irmãos e irmãs que hoje são humilhados e perseguidos”.

terça-feira, 4 de março de 2014

SANTA TEREZA DE VERZERI



Teresa Eustóquio Verzeri nasceu em Bérgamo, norte da Itália, no dia 31 de julho de 1801, filha primogênita de Antonio Verzeri e de Elena Pedrocca-Grumelli. Foi batizada no dia seguinte na igreja Santo Alexandre in Colonna e recebeu os nomes de Anna Maria Inácia Teresa Catarina Josefa. O casal Antonio e Elena teve outros seis filhos: Catarina, Jerônimo que faleceu antes de completar o primeiro ano de vida, Jerônimo que se tornou bispo de Bréscia, Maria, Antonia e Judite. Mais ou menos até o ano de 1810, a família Verzeri residiu à Rua Santo Alexandre nº. 126, Bairro São Lourenço, transferindo-se depois à rua S. Giacomo, na Cidade Alta. Conforme os costumes da nobreza da época, a educação das filhas era tarefa da mãe. Os filhos homens, aos 6(seis) anos, passavam sob a responsabilidade paterna.
Da infância de Teresa pouco se sabe. Em uma carta, a mãe escreve que sua primogênita de um ano tivera uma doença grave e que fora salva por intercessão de São Jerônimo Emiliani, a quem recorrera.
Os poucos testemunhos escritos nos falam de uma Teresa dotada de grande inteligência, de porte senhoril, de físico franzino e de saúde frágil, necessitada de constantes cuidados maternos.
Aos cinco anos de idade, aproximadamente, a mãe acompanhou a filha ao sacramento da confissão. Aos nove anos, no dia de Santa Teresa d'Ávila, Teresa recebeu a sua primeira comunhão das mãos do missionário Pe Martinho Agazzi, integrante do Colégio Apostólico, na capela da casa de veraneio dos Verzeri, no Casale de Cologno. Em 1813, recebeu o sacramento da Crisma das mãos de Mons. João Paulo Dolfin, bispo de Bérgamo.
Em dezembro de 1817, o governo austríaco permitiu a reabertura do mosteiro de Santa Grata sob a condição de abrirem, em anexo, uma escola e um educandário para a educação feminina. Segundo o testemunho de Pe. Ludovico Scaburri que, por dois anos, foi professor de Jerônimo, residindo na casa Verzeri, Teresa entrou em 1818 no mosteiro de Santa Grata para estudar, saindo após alguns meses por motivo de saúde. Aí conheceu Virgínia Simoni, sobrinha de Mons. Benaglio, com quem estabeleceu laços de amizade.
Em 1821, Virgínia e Teresa retornaram ao mosteiro de Santa Grata como aspirantes à vida monástica. O dia das duas jovens era ocupado pela oração, formação monástica, estudo e presença no educandário como assistentes, sob a orientação da diretora, uma monja de votos perpétuos. A abadessa ofereceu a possibilidade de se prepararem para um dia poderem atuar na escola como professoras. O governo austríaco era muito exigente em termos de habilitação para o exercício do magistério.
O mosteiro, apenas reaberto após longo período de supressão, era integrado por monjas provenientes de vários outros mosteiros suprimidos, se ressentia dessa situação, encontrando dificuldades, sobretudo em relação à organização comunitária. A situação se tornou muito difícil especialmente para as jovens que não encontravam o espaço com o qual sonhavam, de modo que em março de 1823, saíram do mosteiro. Com elas saiu também Maria Ceresoli.
Há tempo Benaglio vinha refletindo sobre a urgência de uma escola feminina de caridade, a exemplo da que ele reabrira em 1814 para os meninos artesãos. Pensava, também, em oferecer às jovens que o desejassem um modelo alternativo de vida religiosa, apostolicamente ativa. Num primeiro momento, as jovens permaneceriam na própria família, mas se constituiriam em grupo que se ocuparia da escola, fazendo, ao mesmo tempo, a experiência de vida religiosa adaptada aos tempos, isto é, não monástica. Como superiora do grupo o Mons. Benaglio nomeou Carolina Suardo. À Maria Ceresoli confiou a direção da escola feminina de caridade do Gromo. Virgínia e Teresa ainda não podiam exercer o magistério porque lhes faltava o diploma o qual lhes seria conferido somente em 1824, após exames oficiais exigidos pelo governo de Viena.
Em junho daquele ano de 1823, o grupo se consagrou ao Sagrado Coração de Jesus e pronunciou os votos simples e particulares de pobreza, de castidade, de obediência, de dedicar–se ao bem do próximo e de entrar na vida religiosa, se Deus para isso as chamassem.
Sob a orientação de Mons.Benaglio, Carolina Suardo escreveu a regra de vida do grupo. A escola, sob a direção de Maria Ceresoli, prosperou. O grupo, porém, aos poucos, se desfez. Em janeiro de 1826, Carolina se casou com o Marquês Del Carretto, transferindo–se a Turin, no Piemonte. A Itália, nessa época, ainda era um conjunto de ducados e repúblicas independentes. Carolina, portanto, se transferiu para o exterior. Maria Ceresoli desapareceu das crônicas, ainda em 1824. Teresa pouco se fazia presente, encontrando–se, freqüentemente, fora da cidade. Virgínia Simoni se tornou a coluna mestra da escola do Gromo que nunca fechou as portas.
A decisão de Carolina contribuiu em muito para que o grupo perdesse o "elã", sobretudo Teresa que a considerava grande amiga e guia espiritual segura.
Em 1827, o governo austríaco permitiu a reabertura do mosteiro de S. Bento. Teresa, num primeiro momento, pensou em aí professar mas, no dia 12 de dezembro de 1828, contrariando o parecer de Mons. Benaglio, retornou ao mosteiro de Santa Grata, após intervenção do Bispo de Bérgamo Mons. Pietro Mola. Em janeiro de 1829, Teresa relata a Mons. Benaglio a situação extremamente difícil em que se encontrava. Mons. Benaglio, acreditando tratar–se de tentação, aconselhou–a a encaminhar o pedido para a vestição, que aconteceu no dia 3 de julho de 1829. Ao vestir o hábito beneditino, Teresa escolheu o nome de Eustóchio e continuou assinando–se com este nome, mesmo depois de sua saída do mosteiro de Santa Grata.
Em maio de 1830, Teresa informa Carolina Suardo sobre a intenção de Mons. Benaglio de fundar um novo instituto e que pensava que ela poderia fazer parte do mesmo. Em resposta, Carolina aconselha–a, em vez disso, a transferir–se a Turin onde tinha boas relaçães com um Instituto dedicado à educação das jovens de civil condiçães, cujo espírito, segundo o parecer de Carolina, era conforme o de Teresa Verzeri que gostou da proposta, mas não quis contrariar o parecer de Mons. Benaglio que a convidara a fazer parte da nova instituição, que ele estava projetando.
No dia 7 de fevereiro de 1831, o Fundador escreve à Teresa e à Josepha Vallaperta, ambas noviças no mosteiro de Santa Grata, enviando–lhes uma brevíssima síntese das regras de vida do novo Instituto pedindo–lhes para, mais uma vez, ponderarem sobre o passo que estavam a dar e que, se estivessem decididas a viver integralmente o quanto lhes propunha no dia seguinte se dirigissem ao Gromo, no horário previsto por ele. A síntese desta regra de vida é: despojar–se de si mesmas; abandonar–se inteiramente nas mãos de Deus; obedecer prontamente; cultivar um grande espírito de oração e de recolhimento; observar a discrição e a prudência no falar.
No dia 8 de fevereiro de 1831, às 6 horas da manhã, Teresa e Josepha Vallaperta, vestindo o hábito beneditino adaptado à nova situação, se dirigiram ao Gromo onde encontram Virgínia Simoni, nomeada por Mons. Benaglio superiora do grupo, Maria Verzeri e Rosa Manghenoni. Era a festa de São Jerônimo Emiliani, santo que dedicou sua vida aos jovens, pobres e doentes, que as integrantes do novo Instituto deveriam imitar. O dia da fundação teve início com uma hora de meditação, seguida pela celebração eucarística e, após o café da manhã, seguiu o trabalho na escola, em funcionamento desde 1823.
Do evangelho de Lucas 12, o Fundador destacou: "Não temais pequeno rebanho...".
Em fins de novembro, daquele ano, Mons. Benaglio nomeou Teresa Verzeri, Superiora, em lugar de Virgínia Simoni a quem entregou a responsabilidade pelo grupo das jovens que se reuniam na capela de S. Vicente Diácono (que ele iniciara em 1803).
No dia 19 de março de 1833, Mons. Benaglio e Teresa fundam a segunda casa das FSCJ, em Romano, na planície Bergamasca.
No dia 25 de junho de 1834, Mons. Benaglio e Teresa abrem a terceira casa do novo Instituto, a primeira na província de Bréscia. Em 1835, Mons. Benaglio, preocupado com a aprovação do Instituto, se dirige, na companhia de Teresa, ao Bispo de Bréscia, Mons. Ferrari, pedindo–lhe apoio. O vigário geral daquela Diocese sugere ao Fundador de requerer a aprovação como um ramo das Ursulinas, alegando ser bem mais simples e fácil. Mons. Benaglio se mostra muito decidido quanto a não mudar nada no seu Instituto. De retorno a Bérgamo, encontra a cidade abalada por um surto de cólera e adoece.
As 4h30min, do dia 18 de janeiro de 1836, Mons. José Benaglio morre, provavelmente, coleroso. A partir deste dia, o bispo de Bérgamo mostrou–se claramente contra o Instituto das FSCJ e, sobretudo contra Teresa, sua superiora geral. Segundo o testemunho de uma religiosa, que entrou na Congregação em 1833, são deste período as pichaçães nos muros do beco do Gromo contra Teresa e as FSCJ. Em 1837, Teresa adoece e as Irmãs temem por sua vida.
Carolina Suardo Del Carretto, de passagem por Bérgamo, aconselha a Teresa a unir as FSCJ com o Instituto francês das Damas do S. Coração de Jesus, fundado por Maddalena Sophia Barat, em 1800 e aprovado por Roma em 1826.
Após algum tempo, Teresa, ainda convalescente, parte para Turin a fim de conhecer esse Instituto e preparar o caminho para a união. Após dois meses, aproximadamente, retorna a fim de preparar as demais Irmãs para o passo decisivo, reunindo–as na casa de Darfo.
No dia 5 de agosto, chegam duas religiosas do S. Coração enviadas por Sophia Barat para introduzir as FSCJ nos usos e costumes do seu Instituto, enquanto Teresa devia ocupar–se dos necessários encaminhamentos junto ao governo austríaco. Apesar de todos os esforços, o projeto não teve êxito, mas a questão ficou pendente até 1839.
Em outubro de 1839, partindo da casa de Darfo, em viagem para a fundação de Lugano, Teresa com as companheiras pernoitam no Casale, onde trocam a medalha usada, até então como distintivo da Congregação, pela cruz permanecendo em Lugano, até o dia 28 de dezembro.
Teresa se vê obrigada, pelas circunstâncias e pela falta de apoio do Bispo de Bérgamo, a fechar a Casa do Gromo. Transfere as poucas Irmãs que ainda se encontravam ali e aluga a casa. As FSCJ retornarão ao Gromo em 1854, convidadas a retornarem pelo novo Bispo, Mons. Luiz Speranza.
Desfeitas todas as possibilidades de união com as Damas, Teresa passa a se ocupar com a documentação necessária para a aprovação das FSCJ como instituto autônomo, assumindo os destinos da Congregação. Nesta tarefa soube fazer–se ajudar, tanto pelas Irmãs como por sacerdotes e pessoas leigas, imprimindo um modo de trabalho em equipe característico da Congregação. Entre as pessoas que contribuíram decididamente com a Fundadora está o delegado do governo austríaco em Bérgamo, João Batista Bozzi, os integrantes do Colégio Apostólico, as FSCJ e Carolina Suardo a qual, em viagem a Roma, em março de 1840, submeteu as Constituições a uma primeira apreciação do Cardeal Mai e preparou o terreno para a ida de Teresa à cidade eterna, já com as Constituições organizadas de acordo com as exigências da Sagrada Congregação.
No final de novembro deste mesmo ano, Teresa acompanhada por Maria Antonia Verzeri e Joana Francisca Grassi, parte para Roma aonde chega ao entardecer, do dia 5 de dezembro de 1840. A luta para obter a aprovação do Instituto não foi fácil, nem simples. As três FSCJ – Teresa Verzeri, Joana Francisca Grassi e Maria Antonia Verzeri – passaram muito trabalho. Permaneceram em Roma por vários meses.
No dia 14 de maio de 1841, a Sagrada Congregação dos Bispos e Regulares aprovou a Congregação das FSCJ e deu um voto de louvor às Constituições. Retornando a Bérgamo, Teresa se dedica a novas fundações, à elaboração do Livro dos Deveres em que é auxiliada pelas pessoas que já haviam trabalhado na elaboração das Constituições. No dia 18 de janeiro de 1845, ficou concluída a obra do Livro dos Deveres das FSCJ que motivou nova viagem de Teresa a Roma. Faltava ainda, o Ofício ao Sagrado Coração de Jesus próprio do Instituto, o Livro do Ofício dos Defuntos, o Livro das Celebrações, como Vestição, como Profissão e outras que, aos poucos, também foram compilados.
Na sua terceira viagem a Roma, em 1847, Teresa obtém a aprovação definitiva das Constituições. O Breve Pontifício de aprovação e que, também, desvincula o Instituto da bula Quamvis Justo traz a data de 13 de novembro de 1847.
Teresa retoma o caminho da volta ao norte da Itália, no dia 5 de fevereiro de 1848, após longa e inútil tratativa em vista da abertura de uma Casa em Roma. Chega à cidade de Bréscia, dia 9 de março. No dia 22, do mesmo mês, tem início a insurreição contra a ocupação austríaca. Foram dias de muita preocupação para Teresa, sobretudo pela falta de notícias das demais Comunidades. No dia 31 de março, Teresa recebe do governo provisório, o decreto de supressão do Instituto das FSCJ, considerado afiliado aos Jesuítas. Teresa toma com garra a defesa e vence. Em seguida, oferece ao comitê de segurança a Casa e os préstimos do Instituto para os feridos da guerra e transforma em hospital militar. A resistência de Bréscia durou 10 dias.
Passado o maior perigo, Teresa põe–se a caminho, em visita, às comunidades vizinhas. Sua saúde sempre precária mostrou–se, neste momento, extremamente frágil. As Irmãs consideravam um verdadeiro milagre que continuasse fazendo o que fazia na situação de saúde em que se encontrava.
Teresa pede à Santa Sé licença para a nomeação de uma Vigária Geral e seu pedido é atendido. Feita a consulta às superioras das Comunidades, nomeia Inácia Grassi como sua Vigária Geral, no dia de Páscoa de 1850, reservando para si a correspondência tanto com as Irmãs como com as demais pessoas. A partir de então, Teresa praticamente viveu em Bréscia. Um último desejo seu foi o de estar presente em Roma para a ordenação episcopal do irmão Jerônimo (Momolo), na Igreja de Jesus. Esta foi a sua quarta e última viagem a Roma.
No dia 07 de janeiro de 1852, em Bréscia, no palácio episcopal, residência de Momolo, morre Helena Pedrocca Grumelli, viúva Verzeri, mãe de Teresa.
À noite do dia 2 de março, como que pressentindo o fim próximo, Teresa quis entreter–se com as Irmãs da comunidade. O assunto da conversa foram os caminhos de santidade. No dia 3 de março de 1852, após 25 ataques epiléticos consecutivos, Teresa sucumbia, por volta das 20 horas, aos 51 anos, sete meses e três dias.
Em 1865, foi introduzida a causa de beatificação. Em 1883, Leão XIII assinou o decreto. Em 22 de abril de 1922 foi reconhecida a heroicidade de suas virtudes. A 27 de outubro de 1946, S. Santidade Pio XII a proclamou bem–aventurada. No dia 10 de junho, ano do bicentenário de seu nascimento, João Paulo II a inscreveu no cânone dos Santos, oferecendo à Igreja e ao mundo Santa Teresa Verzeri como modelo de santidade.
Santa Teresa Eustóquio Verzeri passou por este mundo, orientando–se pelos princípios da fé cristã. Seu olhar se manteve fixo no sumo bem de sua vida, a vontade de Deus foi o seu grande amor. Tornou–se mestra de vida espiritual, orientando as FSCJ na busca do único necessário, numa relação de intimidade com o Verbo de Deus Humanado, num coração a Coração para investir–se de seus sentimentos e aprender dele as suas virtudes. Em vista da santificação pessoal e do próximo, a cada FSCJ e a Congregação das FSCJ Jesus Cristo fez o precioso dom de seu próprio Coração para que Dele e não de Outro cada FSCJ aprendesse a santidade, sendo Ele a única fonte da verdadeira santidade. Entre os grandes ensinamentos que Teresa legou à Congregação está o que ela chama de "magistério da graça". Cada pessoa deve ser fiel à graça e segui–la com generosa fidelidade.
via internet

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2014


          Caros diocesanos. Estamos iniciando nossa quaresma de 2014 e logo nos colocamos diante da temática da Campanha da Fraternidade, que vai nos fazer apelos de conversão pessoal, comunitária e social. “Fraternidade e Tráfico Humano” é o tema e a Carta de São Paulo aos Gálatas nos sugere o lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5, 1). A Campanha da Fraternidade é um convite para nos convertermos a Deus e irmos ao encontro dos irmãos mais necessitados e sofredores, sugerindo em cada ano um assunto que afeta diretamente a dignidade humana ou a vida em sentido geral. Em 2014 ocupa-se com todos aqueles e aquelas que são enganados e usados para o tráfico humano, de trabalho, de órgãos e a prostituição. Normalmente o crime organizado está por detrás das diversas modalidades de tráfico humano. As pessoas, geralmente, são atraídas com falsas promessas de melhores condições de vida em outras cidades ou países e ali são cruelmente usadas e escravizadas, gerando fortunas para consciências inescrupulosas e vorazes. A maioria das pessoas traficadas vive em situação de pobreza e grande vulnerabilidade. Isso facilita o aliciamento com falsas promessas de vida melhor. Por isso, o cartaz da CF retrata essa situação degradante com a figura de mãos acorrentadas e estendidas, com diferente idade, gênero e cor, em estado de impotência. A mão que sustenta a corrente da escravidão é a força coercitiva de pessoas que dominam e exploram esse tráfico humano: “Essa situação rompe com o projeto de vida na liberdade e na paz e viola a dignidade e os direitos do ser humano à imagem e semelhança de Deus” (CF 2014 – Explicação do cartaz – contracapa). Os cristãos não podem aceitar essa moderna forma de escravidão e desrespeito à dignidade humana. Por isso eles a tentam identificar, a denunciam e somam forças para evitá-la, rompendo as correntes, revigorando as pessoas dominadas por esse crime e apontando para a esperança de libertação: “Essa esperança se nutre da entrega total de Jesus Cristo na cruz para vencer as situações de morte e conceder a liberdade a todos: ‘É para a liberdade que Cristo nos libertou’” (Ibidem).
            O Papa Francisco se referiu à prática do tráfico humano com palavras de veemente repúdio: “O tráfico de pessoas é uma atividade despresível, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas”. O pontífice, em Lampedusa – Julho de 2013, ainda nos alertou para a globalização da indiferença, habituando-nos em relação ao sofrimento dos outros, não o considerando responsabilidade nossa: “Peçamos ao Senhor a graça de chorar pela nossa indiferença, de chorar pela crueldade que há no mundo, em nós, incluindo aqueles que, no anonimato, tomam decisões socioeconômicas que abrem a estrada a dramas como este” (Cf. Manual da CF – 2014, Apresentação, p. 8).
            Sensibilizados com as palavras do Papa Francisco, assumamos mais uma vez o tema da Campanha da Fraternidade e rezemos para que nosso ser e agir sejam abençoados pelo Senhor, que deu sua vida para salvar a todos:
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados. Fazei que experimentem a libertação da cruz e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito, e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal, vivamos como vossos filhos e filhas, na liberdade e na paz. Por Cristo nosso Senhor. Amém!”.
Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana

O sudário não tem bolsos





As palavras do papa no ângelus: 
Texto completo. O pontífice recorda que um coração ocupado pela fúria de possuir é um coração vazio de Deus. Francisco também faz novo apelo em prol do diálogo e da concórdia na Ucrânia.
Por Redacao

ROMA, 03 de Março de 2014 (Zenit.org) - Como todo domingo, o papa Francisco rezou o ângelus da janela do Palácio Apostólico diante da multidão de fiéis e peregrinos vindos do mundo inteiro. Reunidos na Praça de São Pedro, eles o acolheram com um longo e caloroso aplauso. O pontífice lhes disse:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No centro da liturgia deste domingo, encontramos uma das verdades mais reconfortantes: a Divina Providência. O profeta Isaías a apresenta com a imagem do amor materno cheio de ternura: “Por acaso pode a mãe esquecer-se do seu filho? Não se compadece a mãe do filho das suas entranhas? Mas, ainda que ela se esquecesse, eu não te esquecerei” (49,15). Como isto é belo! Deus não se esquece de nós! De nenhum de nós! De nenhum de nós! Com nome e sobrenome. Ele nos ama e não se esquece. Que lindo pensamento! Este convite à confiança em Deus encontra um paralelo na página do Evangelho de Mateus: “Olhai as aves do céu”, diz Jesus. “Elas não semeiam, nem colhem, nem armazenam em celeiros; e o vosso Pai celestial as alimenta (...) Olhai os lírios do campo, como crescem; não se fadigam, nem fiam. Mas eu vos digo que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só deles” (Mt 6, 26.28-29).
Pensando em tanta gente que vive em condições de precariedade, ou mesmo na miséria que ofende a sua dignidade, estas palavras de Jesus poderiam parecer abstratas, quando não ilusórias. Mas, na realidade, elas são mais atuais do que nunca! Elas nos lembram que não podemos servir a dois senhores: Deus e a riqueza. Enquanto cada um procurar acumular para si, jamais haverá justiça. Temos que ouvir bem isto: enquanto cada um procurar acumular para si, jamais haverá justiça. Mas se, confiando na providência de Deus, procurarmos juntos o seu Reino, então ninguém ficará sem o necessário para viver dignamente.
Um coração ocupado pela fúria de possuir é um coração cheio dessa fúria de possuir, mas vazio de Deus. Por isso, Jesus advertiu várias vezes aos ricos, porque, neles, é forte o risco de colocar a própria segurança nos bens deste mundo.. Em um coração possuído pelas riquezas, não há mais espaço para a fé. Mas se dermos a Deus o lugar que cabe a ele, ou seja, o primeiro lugar, então o seu amor nos levará a compartilhar também as riquezas, a colocá-las a serviço de projetos de solidariedade e de desenvolvimento, como demostram tantos exemplos, inclusive recentes, na história da Igreja. E, assim, a providência de Deus se realiza através do nosso serviço aos outros, do nosso compartilhar com os outros. Se cada um de nós não acumular riquezas só para si, mas as puser a serviço dos outros, a Providência de Deus se tornará visível como gesto de solidariedade. E quando alguém acumula só para si, o que lhe acontecerá? Quando ele for chamado por Deus, não poderá levar as riquezas com ele. Porque vocês sabem: o sudário não tem bolsos! É melhor compartilhar, porque nós levamos para o céu só o que compartilhamos com os outros.
O caminho que Jesus indica pode parecer pouco realista diante da mentalidade comum e dos problemas da crise econômica. Mas, se pensarmos bem, é ele que nos leva à escala justa de valores. Ele diz: “Não vale mais a vida do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?” (Mt 6, 25). Para que ninguém fique sem pão, sem água, sem vestes, sem casa, sem trabalho, sem saúde, é necessário que todos nos reconheçamos filhos do Pai que está no céu e, portanto, irmãos entre nós, e nos comportemos em coerência. Eu recordei, na Mensagem da Paz do dia 1º de janeiro: o caminho para a paz é a fraternidade. Caminhar juntos, compartilhar as coisas.
À luz da Palavra de Deus deste domingo, invoquemos a Virgem Maria como Mãe da Divina Providência. A ela confiemos a nossa existência, o caminho da Igreja e da humanidade. Em particular, invoquemos a sua intercessão para que todos nos esforcemos para viver com um estilo simples e sóbrio, com o olhar atento às necessidades dos irmãos mais necessitados.
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