sábado, 22 de novembro de 2014

A virtude deve ser praticada



Dom Alfredo Schaffler 
Bispo de Parnaíba (PI)

A virtude é exaltada pelas pessoas que sabem distinguir o bem do mal, de acordo com a ética, a honradez, os valores inerentes à dignidade humana e o altruísmo. Mas hoje se confunde muito o mal moral com o bem subjetivo, a ponto de se inverterem os valores.A “esperteza” ou a “lei de Gerson” é considerada como a virtude de quem está acima do bem e do mal. Valoriza-se quem se projeta passando por cima dos frágeis. Aí acontecem a compra de votos, a apresentação de alguém se considerar superior ou mais importante dos demais por ter ludibriado os outros nos negócios e empreendimentos, bem como em situações de concorrência.

A Bíblia apresenta a mulher virtuosa na pessoa de quem tudo faz com dedicação e amor para servir a família em vista de um ideal de dar de si para o bem do lar (Cf. Provérbios 31,10-31). Não se trata de uma condição servil na subserviência devida à condição cultural da época, mas da virtude de quem entende o convívio familiar assumido com apreço e vontade de fazê-lo bom para todos os seus membros. Precisamos de exemplos assim para realçar o altruísmo como base para se praticarem as virtudes humanas.
Estas levam à atitude de ternura, desapego, serviço de amor e prática da solidariedade. Viver apenas para se pensar cada um para si, não focaliza a realidade humana frente a um ideal de serviço ao bem comum. Sem a consistência do valor de se viver para ajudar a construir um mundo mais justo e humano, faz o egoísmo grassar a comunidade, a ponto de se pensar que virtude é olhar para si sem compromisso com o bem estar dos outros. Nossa vida é um dom do Criador para colocarmos nossos talentos na prática da realização do seu projeto, que nos quer felizes já na terra.
Para isso, é preciso que cada um coloque seus dons a serviço do bem comum. Caso contrário, nós nos tornamos servos inúteis. Seríamos como os jogadores que pensassem só em si individualmente, sem colaborar com o time para ele ganhar o jogo. Na realidade, o time só ganha quando o ajudarmos a ganhar.
É preciso reconstituir o sentido original das virtudes, para elas serem a prática de um compromisso solidário, com manifestação de ética e altruísmo nas relações interpessoais. A virtude considerada só como um bem para si não dá fruto. 
Seria como uma árvore frutífera que não produz nada. Ao mesmo tempo, o conjunto de virtudes pessoais deve estar atrelado à sua finalização, ou seja, a de ser o cultivo de valores pessoais que culminem com o benefício do semelhante.
Na parábola dos talentos Jesus apresenta o cuidado de quem os recebe para desenvolvê-los de acordo com o que foi contratado pelo dono que os emprestou. De fato, não somos donos de nossa vida e de nossas qualidades. Na hora em que Deus nos chamar para a eternidade, devemos ter o resultado do que fizemos com os dons na vida presente.
Ao contrário, podemos nada receber por não termos merecido o que não fizemos com os pendores recebidos. Poderemos ouvir: “Servo mau e preguiçoso!... Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão” (Mateus 2526.30).
O apóstolo Paulo lembra que os talentos são outorgados por Deus para serem colocados a serviço do bem comum (1 Coríntios 12,7). Firme na fé e fiquem com Deus!

Festa de Cristo Rei, dia dos cristãos leigos e leigas


 

 Dom Severino Clasen
Bispo de Caçador (SC)
Na festa de Cristo Rei, comemoramos o dia dos cristãos leigos e leigas. Iniciamos parabenizando a todos os batizados em nome da Trindade. Pela graça do Batismo fomos incorporados no ressuscitado e com ele aceitamos o convite de sermos “sacerdotes, profetas e reis”.

A Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato da CNBB quer externar a alegria por contar com tantos milhões de cristãos leigos e leigas que se engajam nos trabalhos pastorais, vivem seu carisma específico numa comunidade, ou associação de fieis, ou institutos seculares, ou movimentos ou em tantas outras formas expressões laicais que enriquecem a Igreja como sinal do Reino de Deus.
Jesus Cristo é proclamado Rei do Universo. Por isso, por sermos filhos desse Reino, devemos ajudar e promulgar o mesmo inaugurado por Jesus Cristo. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33).
Nosso modo de viver e testemunhar a fé cristã, o nosso jeito de ser na Igreja e na sociedade deve contribuir para que esse Reino cresça para o bem de toda a humanidade. Na família, no trabalho, na escola, na política, no esporte, na Igreja somos desafiados a viver os sentimentos de Jesus Cristo. O mestre mesmo nos diz: “Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova” (Mc 1,15).
Não podemos ficar protelando na vida os sinais do bem, da justiça, da paz e da alegria. Toda tristeza e toda mágoa que alimentamos nos distanciam do Reino de Deus, portanto, o cristão está em contínua vigilância e atento, de rosto livre e limpo tendo atitudes corretas e de respeito onde vive no dia a dia. “Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!” (Mc 10,15).
Na alegria e na tristeza os batizados agem com sentimentos de estima, de responsabilidade, de compaixão e de misericórdia. Os cristãos leigos e leigas não vivem isolados; fechados em si mesmos, muitos recebem o mandato pela inspiração do Mestre e, iluminados pelo Espírito Santo, decidem agir em outros lugares na busca de fazer o bem. “Mas Ele disse-lhes: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, pois é para isso que fui enviado” (Lc 4,43).
Alegramo-nos com os milhões de cristãos leigos e leigas que, como sujeitos eclesiais, atuam na Igreja como catequistas, animadores de comunidades, ministros extraordinários da Eucaristia, na pastoral da Juventude, nos Conselhos de Pastorais, Pastoral da Criança, Pastoral da Pessoa Idosa, e tantas outras iniciativas. Agradecemos, também, a tantos que atuam nos diferentes campos da sociedade e são pessoas boas que pelo jeito de ser, atraem o bem e são instrumentos de paz e harmonia na sociedade. São pessoas que divulgam com a vida e testemunho a gratuidade do Reino de Deus.
Que em cada Diocese do Brasil os leigos se organizem, vejam quais as ações viáveis para fortalecer os batizados na vida prática e contar cada vez mais com um laicato maduro que ampliará com certeza o Reino de Deus entre nós. Fortalecer os Conselhos Diocesanos de Leigos onde existem, e criar onde ainda não existem, para enriquecer a dignidade dos leigos e leigas em todo o Brasil. Os Conselhos vão além das organizações, das  Pastorais, são a expressão da organização e articulação dos leigos e leigas e da força da sua identidade e dignidade de cristãos batizados, implantando o Reino de Deus entre nós.
Homenageando a todos os cristãos leigos e leigas, queremos afirmar o compromisso de fomentar o desejo de promover a paz, missão de cada ser humano juntamente com os bispos, padres e religiosos e religiosas, diáconos. Assim teremos um mundo sonhado por Deus e nunca mais se ouvirá notícias de mortes violentas, corrupções, desajustes familiares, vícios que machucam famílias e toda a sociedade.
Parabéns por vocês serem pessoas comprometidas com o Reino de Deus.
O Senhor da Vida os abençoe.
Dom Frei Severino Clasen, OFM
Bispo Diocesano de Caçador, SC
Presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

HISTÓRICO DE NOSSA SENHORA CONQUISTADORA

Caros diocesanos. Estamos diante da 23ª Romaria Diocesana, que será realizada no dia 23 de novembro, com o lema: “Com Maria caminhamos na estrada de Jesus”.

A história do cristianismo sempre contou com a presença de Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e da Igreja, com um sem-número de nomes e manifestações. O Documento de Aparecida afirma: “Com alegria constatamos que ela tem feito parte do caminhar de cada um de nossos povos, entrando profundamente no tecido de sua história e acolhendo as ações mais nobres e significativas de sua gente” (DAp 269). Isso nós confirmamos na história de nosso País e, especificamente, na Fronteira Oeste de nosso Estado, com a manifestação de Nossa Mãe Conquistadora. Sempre é bom recordarmos sua origem, sua história, sobretudo, na época das romarias. Aliás, estamos numa fase de incentivarmos a devoção a Nossa Senhora Conquistadora, padroeira da diocese. Certamente, os diocesanos dedicam à Mãe Conquistadora sua devoção mariana primordial, uma vez que ela surgiu em nossa região, junto com os Mártires das Missões. Assim como outrora conquistou os nativos desta terra para o cristianismo, ela continua a conquistar hoje também os nossos corações para Jesus. E como gesto concreto nós queremos edificar uma Capela, em sua homenagem, no terreno do santuário. Participe da campanha da estampa de Nossa Senhora Conquistadora! Veja em sua Paróquia!

Eis um breve histórico de Nossa Senhora Conquistadora!

Nossa Senhora foi companheira inseparável de Pe. Roque Gonzáles. Ele, junto com o Pe. Afonso Rodrigues e Pe. João de Castilhos, foi missionário jesuíta que ensinou o Evangelho aos índios do Rio Grande do Sul, região inicialmente chamada Tupanciretã, que significa “Terra da Mãe de Deus”. A partir de 1626, fundou algumas Reduções que não prosperaram (1ª fase do Tape). Entrando de barco pelo nosso rio Ibicuí, até cinqüenta léguas acima de sua foz. Em 1682, ocorreu a fundação dos Sete Povos das Missões, dos quais São Borja foi o primeiro (2ª fase do Tape).

A imagem da Imaculada Conceição que acompanhava os missionários passou a chamar-se de “Conquistadora” pelo seguinte fato: no início de 1614, Pe. Diogo Torres visitou a célebre e próspera Redução de Santo Inácio Guassu (na atual Argentina). Este trazia consigo um quadro da Mãe de Deus, pintado, em 1613, pelo Irmão jesuíta Bernardo Rodrigues, contemporâneo do Pe. Roque Gonzáles. A imagem foi recepcionada solenemente, com músicas, danças e orações. Na entrega da imagem, o Provincial Torres disse aos índios que colocassem nela toda confiança; que grandes benefícios haveriam de alcançar de Deus, pela intercessão de Maria. Na ocasião, estavam também dois caciques de outras aldeias, ainda contrários à fé católica. Pe. Diego os convidou à conversão, mas recusaram. Os índios já cristãos recomendaram o caso a Nossa Senhora e, dia após, ambos apareceram, trazendo consigo um terceiro cacique. Além desse fato, contam que o Pe. Roque Gonzáles, quando ia em missão, carregava consigo o quadro de Nossa Senhora da Conceição e dizia: “Ela é a nossa Conquistadora! Ela nos ajudará a evangelizar e a conquistar os índios!”. E assim, ela passou a ser chamada e invocada por todos como Nossa Senhora Conquistadora.

Aos 15 de novembro de 1628, Pe. Roque Gonzáles e Pe. Afonso Rodrigues foram mortos por outros índios, que não aderiram à fé católica. Após o martírio dos missionários, a estampa da Conquistadora foi rasgada e lançada às chamas. Isso ocorreu em Caaró, município de Caibaté/RS. Dia 17, foi morto também Pe. João de Castilhos. Aos 07/06/1957, o Papa Pio XII declarou Nossa Senhora Conquistadora como Padroeira da Diocese de Uruguaiana, juntamente com São Miguel Arcanjo. Sua festa é celebrada dia 15 de novembro.

Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana