sábado, 15 de março de 2014

Prazer em conhecê-lo



Por Dom Alberto Taveira Corrêa
 - Houve um homem que deixou uma grande descendência, comparada com as areias do mar ou as estrelas do céu. Seu nome, Abraão (Cf. Gn 12,1-4), está ligado às grandes religiões monoteístas, o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. Um nômade chamado a deixar a própria terra, convocado a apostar numa promessa de paternidade, quando os anos lhe eram passados. Arriscou sua vida na visão do invisível, por ter conhecido a experiência magnífica da fé. Até seus afetos foram tocados, inclusive endurecidos, quando esteve disposto a sacrificar o fruto da promessa. É que alguém passava na frente de todas as suas seguranças. Ele é chamado pai da fé, para a imensa multidão que se espalha pelos rios da terra e da história!
No rastro deixado por Abraão, homens e mulheres caminharam atrás do invisível, enfrentaram obstáculos intransponíveis, viveram de esperança em esperança. Aquele em que acreditavam suscitou-lhes profetas, pessoas teimosas que entreviam luz onde tudo parecia treva, gente que arregimentava multidões, capazes de atravessar desertos durante quarenta anos, ou sofrer o exílio, a perseguição e a incompreensão. Muito mais tarde, depois de apanhar de tudo e de todos, cresce um resto pequeno e fiel, aqueles que foram chamados pobres de Javé. Com eles a chama permaneceu acesa. E veio Jesus, Verbo de Deus feito carne, para tornar visível e presente o amor de Deus, que amou seriamente o mundo!
Os que tiveram primeiro o prazer de conhecê-lo formaram um grupo, chamados de discípulos. Quem foram eles? Pescadores e pecadores, funcionários, comerciantes, publicanos, doentes que jaziam à beira da estrada, pobres e ricos, gente bonita e gente feia. Deus tem um gosto diferente! É que Ele vê lá dentro, sabe descobrir uma chama frágil dentro do coração das pessoas. E o faz mais do que qualquer outro. Por isso, muitos querem ter o prazer de conhecê-lo.
Os primeiros discípulos tiveram surpresas ao se decidirem a seguir Jesus. Para muitas pessoas, a expectativa era de um Messias poderoso, cheio de poder e autoridade, disposto a enfrentar os poderes opressores, corajoso diante das ameaças. As conversas correntes aprontavam para um líder glorioso, e se apresenta um homem que percorre as estradas da Palestina, anunciando um Reino que é de Deus, propondo uma vida diferente, curando as pessoas, a espalhar o perdão, erguendo os braços e pernas vacilantes. Muito prazer tiveram ao conhecê-lo, ainda que os deixasse implicados com a novidade.
Uma das realidades humanas cultivadas por Jesus foi a amizade. Três de seus discípulos o acompanharam em ocasiões especiais. O primeiro, Pedro, homem da generosidade, da sinceridade, da insegurança e da negação. Depois os dois “Filhos do Trovão – Boanerges”, cujo apelido não deve ter significado muita coisa boa. Um deles, pela proximidade com Jesus, João, fez com que até hoje valorizemos quem é “amigo do peito”. Os três acompanharam Jesus quando foi à Casa de Jairo, estiveram com Ele (dormindo!) durante as horas de agonia no Horto das Oliveiras e foram reconhecidos como colunas da Igreja nos tempos apostólicos. Sempre próximos de Jesus, nas intervenções oportunas ou não, mas amigos, daquele tipo de amizade sincera que dizemos ser um santo remédio! E foi diante deles que Jesus quis apresentar-se com o que havia de mais bonito, quando os conduziu ao monte que a tradição reconheceu ser o Tabor.
Ao se apresentar diante deles, Jesus teve o cuidado de assegurar-lhes, num respeito profundo às tradições em que tinham sido criados, testemunhas qualificadas, Moisés e Elias, a Lei e os Profetas. Como se não bastasse, é na nuvem da presença divina que são envolvidos e a voz do Pai se manifesta, para proclamar que nele estava todo o seu agrado. Por isso, era para escutá-lo. Prazer em conhecer Jesus! A experiência dos discípulos se destina a todos nós.
Conhecer Jesus quer dizer aprender que com a paixão e a cruz se chega à glória da Ressurreição. Deus não nos engana, mas nos faz realistas, com os pés no chão, para edificar a fidelidade cotidiana e enfrentar, sem desanimar, todos os desafios da vida. Discípulo se forma no torno de um cotidiano apertado mesmo, no qual de aprende a amar e a sair de si.
O prazer em conhecer Jesus leva as pessoas a se interessarem por Ele, pela força de sua Palavra, cria nelas o empolgamento pelas causas que são suas, como a verdade, a justiça e a fraternidade. Trabalhar pelo bem dos outros passa a ser a alegria da vida, e os pesos desaparecem! Ao descer das montanhas em que o Senhor se revela, ao longo da vida, àqueles que são seus, Ele continua pedindo o silêncio do testemunho, para que suas vidas suscitem questionamentos e as pessoas sejam conduzidas a fazerem a mesma experiência. Tanto é verdade que São Paulo, ecrevendo ao seu amigo Timóteo, não teve receio de dizer-lhe: “Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação. Portanto, não te envergonhes de testemunhar a favor de nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro; mas, sustentado pela força de Deus, sofre comigo pelo evangelho. Deus nos salvou e nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do seu plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus” (2 Tm 1,7-9).

O Pedro das várias aventuras com Jesus, que até pediu que dele se afastasse seu amigo, por sentir-se pecador, o que foi feito pescador de homens em lugar dos peixes, guardou a memória dos acontecimentos da Transfiguração: “Não foi seguindo fábulas habilmente inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da sua grandeza. Efetivamente, ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: ‘Este é o meu Filho bem-amado, no qual está o meu agrado’. Esta voz, nós a ouvimos, vinda do céu, quando estávamos com ele na montanha santa” (2 Pd 1, 16-18). Com Pedro, Tiago e João, descendo da montanha para a planície, resplandeça em nossas ações a luz daquele que tivemos o prazer de conhecer!

Caminhar com Francisco




Reflexões dom Dom Wamor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte
Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo

BELO HORIZONTE, 14 de Março de 2014 (Zenit.org) - Juntos com Francisco, há um ano, estamos trilhando os caminhos missionários da Igreja pelo mundo afora. Um ano de incontáveis novidades e de muitos acontecimentos. Neste período, reacendeu uma chama que ilumina os cantos mais diferentes do mundo, especialmente o coração das pessoas. Um fenômeno de presença amorosa, simples, próxima e evangélica, que indica um percurso novo para a vida missionária da Igreja. As palavras, gestos, atitudes e encaminhamentos, no exercício do ministério de sucessor do Apóstolo Pedro, fazem do Papa Francisco um sinal que convoca todos para um novo tempo. Sua presença faz crescer no mundo a coragem e o empenho desafiador de resgatar o sempre novo tesouro da alegria do Evangelho da vida. Uma volta à fonte e um banhar-se nela, saciando a sede e lavando-se, para recompor a força que devolve serenidade misericordiosa aos olhares, alento para os pés cansados no caminhar, livra semblantes da poeira de tudo o que já ficou obsoleto.
O que está acontecendo, diante das necessidades urgentes - a recuperação de referências morais, religiosas, culturais, políticas e todas as outras carências gritantes - produz perguntas, ainda sem as respostas completas. Reacende esperanças, aguça curiosidades e prova que a força maior vem de Deus, da fidelidade a Ele. Essa lealdade desdobra-se em serviço à vida de todos, particularmente dos pobres e dos que estão nas periferias, especialmente aquelas existenciais. Ao celebrar este primeiro ano de pontificado, a Igreja é desafiada a trilhar as direções indicadas pelo Papa Francisco, conclamando todos para um projeto novo, de Igreja e humanidade. Para se efetivar, esse projeto depende daqueles que o testemunham, seguindo o exemplo do Papa, com vigor espiritual e simplicidade evangélica, que capacita intuições corajosas e criativas. Percepções e discernimentos diferentes das que viabilizam artimanhas políticas ou conchavos partidários. São, na verdade, fundamentadas no amor que desconcerta e refaz, aprende e ensina, convence sobre o bem, inspira o gosto pela justiça, deixa envergonhado quem não se faz solidário..
A surpresa da escolha do nome, Francisco, inspirado pela lembrança, a mais forte, significativa e sempre transformadora de não se esquecer dos pobres, é explicada pelos gestos e palavras do Papa Bergoglio. O Santo Padre, durante peregrinação a Assis, sublinhou que ser cristão é uma relação vital com a pessoa de Jesus, revestir-se Dele e a Ele se assemelhar. No horizonte, o ensinamento inspirado em São Francisco de Assis que se fez como os últimos, os pobres, não por um amor à pobreza em si mesma, mas porque seguindo os pobres, e a eles amando, se segue e se ama a Cristo. Um princípio que implica em novos ordenamentos, faz crescer a fé autêntica, aponta o horizonte de um resgate humanitário e cultural. É, neste sentido, remédio indispensável para que a humanidade seja curada de seus graves problemas existenciais, morais e políticos. Um verdadeiro raio de luz que indica uma possibilidade aparentemente simples, até por isso com o risco de ser desconsiderada pela soberba da racionalidade contemporânea.
O Evangelho de Jesus é o ponto de partida, único e insubstituível, com sua luz simples em meio a tantas luzes, argumento de amor entre tantos argumentos. Permite cultivar um jeito de ser com validade universal no horizonte das mais diversificadas culturas contemporâneas. O Papa Francisco, conforme sua Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, está sinalizando para a Igreja sua renovação e fortalecimento missionário, e ao mundo contemporâneo um caminho novo para a cultura da vida e da paz, ao propor que a resposta pode ser encontrada na busca e vivência de uma fraternidade mística. Trata-se de uma fraternidade “contemplativa, que sabe ver a grandeza sagrada do próximo, que sabe descobrir Deus em cada ser humano, que sabe tolerar as moléstias da convivência agarrando-se ao amor de Deus, que sabe abrir o coração ao amor divino para procurar a felicidade dos outros como a procura o seu Pai bom”.  O Papa alerta, com a força do Evangelho e a leveza de seu testemunho, sobre a ferida gritante da desumanização, mostrando um caminho para mudança dos cenários catastróficos que afligem a humanidade, onde a Igreja deve estar sempre presente como servidora, casa de todos, cultivando a fidelidade ao amor pelo qual cada um será julgado. Um ano de pontificado, Ação de Graças por tudo, é motivo de alegria poder assumir o desafio de caminhar com o Papa Francisco.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

sexta-feira, 14 de março de 2014

RECEITA DE SANTIDADE

Muitas vezes temos diante das bulas de remédios, outras são as longas orientações anexas aos muitos aparelhos eletrônicos. Nem sempre lemos tudo isso, ainda que saibamos o quanto são úteis para nossa vida. Os eventuais efeitos secundários de medicamentos usados indevidamente podem trazer consequências graves, e o desconhecimento de possibilidades oferecidas pelos recursos tecnológicos limita o pleno aproveitamento dos mesmos. Quanto à saúde não são supérfluas ou indiferentes as prescrições constantes nas receitas médicas. 

E a vida cristã comporta receitas? É possível encontrar um tipo de manual, com o qual caminhar com mais segurança na estrada da perfeição cristã? O Senhor põe à nossa disposição prescrições destinadas à nossa saúde espiritual? Para responder a esta pergunta, é bom lembrar-nos que, ao criar-nos com o precioso dom da liberdade, Deus quis assentar-se conosco à mesa da vida (Cf. Ap 3,20), para que acolhamos seu convite e abramos a porta do coração. Como somos obra prima de sua criação, é claro que Ele oferece o que existe de melhor para os que são feitos filhos e filhas. O ponto de partida para a viagem da vida é que Deus nos leva a sério e nos fez livres, para sermos felizes, como Deus é feliz.

O Catecismo da Igreja Católica começa com a feliz constatação de que o ser humano é “capaz de Deus” (Cf. números 27-35). De fato, “Deus não cessa de atrair o homem para si e só em Deus é que o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso”. Através dos múltiplos sinais, começando pela sede de infinito existente no coração humano, o Senhor atrai para perto de si os homens e mulheres de todos os tempos, o que se torna fonte de alegria para todos. Vale a pena conhecer a busca incessante existente no coração das pessoas inquietas, que querem saber mais, conhecer, descobrir estradas novas!

Quando a Sagrada Escritura relata a entrega dos mandamentos ao Povo de Deus (Lv 19,1-2.17-18), inclui um convite provocante: “O Senhor disse a Moisés: Dirás a toda a assembleia de Israel o seguinte: ‘sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”. Quando a Igreja se prepara para a canonização de dois Papas de nosso tempo, João XXIII e João Paulo II, faz muito bem saber que é possível percorrer o caminho da santidade. Mais ainda, é bom saber que é o melhor para todos. Não fomos feitos para chafurdar-nos na lama do pecado e do egoísmo, mas para a felicidade, a comunhão com Deus e uns com os outros. São Paulo (Cf. 1 Cor 3,16-23) usa uma feliz expressão, com a qual se identifica a presença contínua de Deus em nossa vida: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” Não dá para fugir! Como Deus não tem duas palavras, Ele está sempre perto de nós e, de sua parte, vai sempre insistir em que respondamos ao seu amor. Primeiro item de nossa “receita”: é possível caminhar na direção da perfeição e esta se chama santidade!

Para alcançá-la, não se trata de fazer um caminho de heroísmo individual, mas de guardar a Palavra de Deus. De fato, é perfeito o amor de Deus em quem guarda sua palavra (Cf. 1Jo 2,5). Manter um diálogo constante com Deus, escutar sua Palavra que se encontra na Escritura e sua voz presente no grande Livro que é a vida! Para ser santos, antenas do coração e da inteligência ligadas nos grandes sinais de Deus.

E a Palavra do Evangelho (Mt 5,38-48), no Sermão da Montanha, desdobra um verdadeiro mapa da estrada da santidade, com itens extremamente práticos. Trata-se de seguir as orientações! Ao encontrar-nos em situações desafiadoras, não resistir ao mau, oferecer a outra face, ou a túnica, quem sabe mais mil passos, ou não fugir de quem pede dinheiro emprestado, amar os inimigos, fazer o bem aos que nos odeiam, orar pelos que nos perseguem. É natural nossa reação: seremos inativos ou tolos diante de quem nos agride? Trata-se, sim, de acreditar na força da não-violência, escolher os verdadeiros caminhos alternativos, com os quais se desmonta a trama da maldade. A paciência diante das agressões, a opção pela escuta dos que pensam de modo diferente, enxergar o lado das outras pessoas nas questões mais delicadas exige muito mais força e coragem do que quebrar e destruir tudo que estiver à nossa volta.

Jesus sabia muito bem quais seriam as reações ao seu discurso e que estas ressoariam através dos séculos no interior das pessoas. Por isso mesmo, ofereceu o modelo para este novo modo de encarar a vida. Trata-se de olhar para o Pai do Céu, e basta ver o sol ou a chuva, que servem a bons e maus, justos e injustos! Estupenda e desafiadora simplicidade! Pagar o mal com o mal não é novidade. É fácil! “Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?” (Mt 5, 47). Revolucionário é trazer para a terra o modo de viver que é próprio de Deus. Perfeição é uma ação do próprio Deus no coração do discípulo. Maior a docilidade, mais o Espírito Santo poderá agir em nós.

A proposta do Evangelho é de grande atualidade, pois nos possibilita criar, num mundo agressivo e violento, bolsões de vida mais digna e respeitosa. As famílias e as comunidades cristãs podem começar a ser diferentes. O exercício da gratuidade no relacionamento, a capacidade de gastar tempo para ouvir as pessoas, o cultivo de valores, como a simplicidade no trato ou a civilidade de novo cultivada. De forma muito prática, os cristãos exercitarão e ajudarão muitas outras pessoas a descobrirem que na vida social não se pode apenas e tão somente exigir direitos, mas há deveres a serem cumpridos e com os quais construímos a civilização. Se não nos cuidarmos, há um risco de verdadeira barbárie bem perto de nós, mas se começarmos a caminhar contra a correnteza do egoísmo, a mudança já começou, e para melhor.

Basta olhar ao nosso redor. Pode começar com o cumprimento mais polido aos vizinhos, para alcançar o cuidado dos estudantes com as carteiras escolares, ou as lixeiras conservadas e utilizadas em nossos espaços públicos, a superação da agressividade no trânsito e daí por diante! 

A casa que é a Igreja será o lugar da formação e do intercâmbio de experiências, onde as pessoas são chamadas a compartilhar suas experiências de vida, alimentar-se do próprio Deus e rezar umas pelas outras. Como sabemos muito bem de nossas limitações, peçamos ao próprio Pai do Céu que nos ajude: “Concedei-nos, ó Deus todo-poderoso, que, procurando conhecer o que é reto, realizemos vossa vontade em nossas palavras e ações”.

Dom Alberto Taveira Corrêa

CNBB divulga mensagem sobre a Copa do Mundo: "Jogando pela vida"



Texto na íntegra da mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo
 - O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reúne a presidência e os presidentes dos regionais e das comissões da instituição, aprovou hoje, 13, mensagem sobre a Copa do Mundo, que terá início em junho, no Brasil.
No texto, intitulado "Jogando pela vida", os bispos afirmam que "a Igreja no Brasil acompanha, com presença amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal".
Ao mesmo tempo, manifestam solidariedade "com os que, por causa das obras da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes queridos".
Os bispos convidam a sociedade brasileira a aderir ao projeto "Copa da Paz" e à Campanha "Jogando a favor da vida - denuncie o tráfico humano", que têm a finalidade de colaborar para que o evento seja "lembrado como tempo de fortalecimento da cidadania".
Leia o texto na íntegra:
Jogando pela vida
Mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo

Direito humano de especial valor, o esporte é necessário a uma vida saudável e não deve ser negligenciado por nenhum povo. De todos os esportes, o brasileiro nutre reconhecida paixão pelo futebol. Explicam-se, assim, a expectativa e a alegria com que a maioria dos brasileiros aguarda a Copa do Mundo que será realizada em nosso país, pela segunda vez.
Fiel à sua missão evangelizadora, a Igreja no Brasil acompanha, com presença amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal, “na alegria que o esporte pode trazer ao espírito humano, bem como os valores mais profundos que é capaz de nutrir”, como nos lembra o Papa Francisco.
Os brasileiros, identificados por sua hospitalidade e alegria, saberão acolher aqueles que, de todas as partes do mundo, virão ao nosso país por ocasião da Copa. Nossos visitantes terão a oportunidade de conhecer a riqueza cultural que marca nossa terra, sua gente, sua arte, sua religiosidade, seu patrimônio histórico e sua extraordinária diversidade ambiental.
A Copa se torna, portanto, ocasião para refletir com a sociedade sobre as relações pacíficas e culturais entre todos os povos, bem como sobre os aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte que é harmonia, desde que o dinheiro e o sucesso não prevaleçam como objeto final, conforme alerta o Papa Francisco.
Lamentamos que, na preparação para a Copa, esse último aspecto tenha prevalecido sobre os demais, motivando manifestações populares que acertadamente reivindicam a soberania do país, o respeito aos direitos dos mais vulneráveis e efetivas políticas públicas que eliminem a miséria, estanquem a violência e garantam vida com dignidade para todos. Solidarizamo-nos com os que, por causa das obras da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes queridos.
Não é possível aceitar que, por causa da Copa, famílias e comunidades inteiras tenham sido removidas para a construção de estádios e de outras obras estruturantes, numa clara violação do direito à moradia. Tampouco se pode admitir que a Copa aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de exceção, mediante decretos, medidas provisórias, portarias e resoluções.
O sucesso da Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. Seu êxito estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis e combatam eficazmente o racismo e a violência.
A sociedade brasileira é convidada a aderir ao projeto “Copa da Paz” e à Campanha “Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico humano”. Seu objetivo é contribuir para que a Copa do Mundo em nosso país seja lembrada como tempo de fortalecimento da cidadania. Por meio destas iniciativas, a Igreja se faz presente na vida política e social do país, cumprindo sua missão evangelizadora. Ao mesmo tempo, conclamamos as Dioceses em cujo território estão localizadas as cidades-sede da Copa a oferecerem especial atenção religiosa aos seus diocesanos e aos visitantes.
O jogo vai começar e o Brasil se torna, nesse momento, um imenso campo, sem arquibancadas ou camarotes. Somos convocados para formar um único time, no qual todos seremos titulares para o jogo da vida que não admite espectadores. Avançando na mesma direção, marcaremos o gol da vitória sobre tudo que se opõe ao bem maior que Deus nos deu: a vida. Essa é a “coroa incorruptível” (1Cor 9,25) que buscamos e que queremos receber ao final da Copa. Então, seremos todos vencedores!
Que a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, nos agracie com sua bênção e proteção neste tempo de fraternidade e congraçamento entre os povos

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

quinta-feira, 13 de março de 2014

Principais frases do Papa Francisco no 1.º ano de Pontificado


Principais frases do Papa Francisco no seu primeiro ano de Pontificado, que teve início a 13 de março de 2013.

"Se não nos reconhecermos em Cristo, o que seremos? Acabaremos como uma organização não-governamental patética." 14-03-2013  
"Não cedamos ao pessimismo, àquela amargura que o diabo nos oferece diariamente." 15-03-2013  
"Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres." 16-03-2013  
"A mensagem de Jesus é a misericórdia." 17-03-2013  
"Não permitam que os sinais de destruição e morte acompanhem o curso do mundo." 19-03-2013  
"É importante intensificar o diálogo entre as várias religiões e estou a pensar em particular no diálogo com o Islão." 22-03-2013  
"O padre que não sai de si mesmo, em vez de ser um mediador, transforma-se, pouco a pouco, num intermediário, em gerente." 28-03-2013  
"A Igreja não pode ser uma 'baby-sitter' para os cristãos, deve ser uma mãe e é por esta razão que os laicos devem assumir as suas responsabilidades de batizados." 17-04-2013  
"[A crise financeira mundial tem origem] numa profunda crise antropológica com a criação de ídolos novos, o culto do dinheiro e a ditadura de uma economia sem rosto, nem objetivo verdadeiramente humano." 16-05-2013  
"Aquilo que domina são as dinâmicas de uma economia e de finanças carentes de ética: assim, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo, é a cultura do descartável." 05-06-2013
"O [sem-abrigo] que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas, como se fôssemos desperdício." 05-06-2013
"A cultura do descartável tornou-nos insensíveis ao lixo e ao desperdício alimentar, que são ainda mais lamentáveis quando em todas as partes do mundo, infelizmente, muitas pessoas e famílias sofrem de fome e subnutrição." 05-06-2013
"Deus não teria abençoado alguém que quisesse, que tivesse vontade de ser papa. Eu não queria ser papa." 07-06-2013
"A crise que estamos a viver é a crise da pessoa, que já não conta, só o dinheiro conta." 07-06-2013
"Há milhões de menores, na maioria meninas, que são vítimas desta forma escondida de exploração, que muitas vezes inclui abuso sexual, maus-tratos e discriminações." 12-06-2013
"Os padres e as freiras têm de ser coerentes com a pobreza. Quando vemos que o primeiro interesse de uma instituição paroquial ou educativa é o dinheiro, isto é uma grande incoerência." 06-07-2013
"A crise mundial nada fez pelos jovens. Corremos o risco de ter uma geração sem trabalho, e do trabalho provém a dignidade da pessoa." 22-07-2013
"Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável, porque nós somos irmãos, ninguém é descartável." 25-07-2013
"Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para julgá-la?" 29-07-2013
"A fé não serve para decorar a vida como se fosse um bolo com nata." 18-08-2013
"A guerra foi sempre um defeito da humanidade." 07-09-2013
[A Igreja] não pode insistir apenas sobre as questões relacionadas com o aborto, o casamento homossexual e o uso de métodos contracetivo." 19-09-2013
"A Cúria tem um defeito: está centrada no Vaticano. Vê e ocupa-se dos interesses do Vaticano e esquece o mundo que o rodeia. Não partilho desta visão e farei tudo para a mudar." 01-10-2013
"Quando veio até mim uma mãe que me disse "tenho um filho de 30 anos, mas não se casa, não se decide, tem uma noiva bonita, mas não se casam", eu respondo: 'Senhora, deixe de passar-lhe as camisas"." 04-10-2013
"Um povo que não escuta os seus avós é um povo morto." 27-10-2013
"Não se deve esperar que a Igreja Católica mude a sua posição [sobre o aborto]." 26-11-2013
"Estamos perante um escândalo mundial que afeta quase mil milhões. Mil milhões de pessoas que ainda hoje passam fome: não podemos virar a cara para o lado e fingir que esta realidade não existe." 09-12-2013
"A ideologia marxista está equivocada, mas na minha vida conheci muitos marxistas boas pessoas, por isso não me sinto ofendido [quando me apelidam de marxista]." 15-12-2013
"Eu vejo lá em baixo, escrito em grande [numa faixa na Praça de São Pedro] 'Os pobres não podem esperar'. É lindo isso!" 22-12-20132
"Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos [na Igreja] que não quero mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são... Escândalos que alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim... a vergonha da Igreja." 16-01-2014
"Rogo a todos para que garantam que a humanidade seja servida pela riqueza e não regida por ela." 21-01-2014
"Rezo ao senhor para que toque o coração [dos líderes] para que, buscando unicamente o maior bem do povo sírio, não se poupem a esforços para alcançar com urgência o fim da violência e do conflito, que causou demasiado sofrimento." 22-01-2014
"Quando uma família não tem dinheiro para comer porque tem que pagar o empréstimo a usurários, isto não é cristão, é desumano." 29-01-2014
"Quando o poder, o luxo e o dinheiro se convertem em ídolos, antepõem-se à exigência de uma distribuição justa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à simplicidade e a compartilhar." 04-02-2014
"A dignidade da pessoa nunca se reduz às suas faculdades ou capacidades, e não diminui quando a pessoa é fraca, inválida e está a precisar de ajuda." 09-02-2014
"Não existe o marido perfeito, a mulher perfeita... não falemos da sogra perfeita." 14-02-2014
"Jesus não veio ensinar uma filosofia, uma ideologia, mas um caminho, um caminho a percorrer com ele. E a estrada aprende-se a caminhar. Sim, queridos irmãos, eis a nossa alegria: andar com Jesus. Não é fácil, não é confortável, porque a estrada que Jesus escolheu é a da cruz." 22-02-2014
"Amemos os que nos são hostis, abençoemos os que dizem mal de nós, saudemos com um sorriso os que provavelmente não o merecem, não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a doçura à tirania, esqueçamos as humilhações sofridas." 23-02-2014
 
 

Papa Francisco completa um ano à frente da Igreja


O papa Francisco completa um ano nesta quinta-feira (13) à frente da Igreja católica e os fiéis do mundo inteiro se preparam para várias comemorações em torno da data. No Rio de Janeiro, o Cardeal Orani Tempesta celebrará uma missa solene, às 12h, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé na rua 7 de Setembro com 1º de Março, no Centro da cidade. Em São Paulo está sendo organizada uma vigília na Catedral da Sé que deverá reunir durante toda a noite centenas de católicos.
A data será marcada ainda pelo lançamento de um álbumdigital pelo Vaticano com 36 fotos e citações de Francisco.  A publicação tem como título ‘Queremos ser santos? Sim ou não?’, pergunta feita pelo Papa aos peregrinos durante a oração do Angelus do último dia 16 de fevereiro. Dentre as frases do álbum, constam: “Nunca sejam homens e mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais!”; e “Não tenham medo dos fracassos, não tenham medo das quedas. Na arte de caminhar, o que importa não é tanto não cair, mas principalmente, não 'ficar caído': levantar-se depressa, logo, e continuar a caminhar”.
Jorge Mario Bergoglio, 77, foi eleito como sucessor de Bento XVI em 13 de março de 2013, no conclave que sucedeu a renúncia de Bento XVI.
Em doze meses, o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e o primeiro sul-americano visitou o Brasil, passando pelo Rio de Janeiro e Aparecida (SP) e realizou três viagens à Itália, incluindo uma à ilha de Lampedusa.
Entre os principais documentos do atual pontificado estão a encíclica ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho). Francisco também convocou um Sínodo sobre a Família que terá duas sessões: uma extraordinária em 2014 e outra ordinária, em outubro de 2015.
O Pontífice criou uma Secretaria para a Economia e um Conselho de Cardeais, com membros dos cinco continentes, para o aconselharem no Governo da Igreja e na reforma da ‘Constituição’ do Vaticano, aprovando nova legislação para regular a atividade financeira da Santa Sé.
Conheça o álbum, na página www.vatican.va.

quarta-feira, 12 de março de 2014

O perigo do "gênero" em educação



Plano Nacional de Educação deseja incluir a ideologia de gênero

A ideologia de “gênero” prega, em matéria sexual, a “liberdade” e a “igualdade”. A “liberdade”, porém, é entendida como o direito de praticar os atos mais abomináveis. E a “igualdade” é vista como a massificação do ser humano, de modo a nivelar todas as diferenças naturais que existem entre o homem e a mulher.

A origem da ideologia de gênero é marxista. Para Marx, o motor da história é a luta de classes. E a primeira luta ocorre no seio da família. Em seu livro A origem da família, da propriedade privada e do Estado (1884), Engels escreveu:
Em um velho manuscrito não publicado, escrito por Marx e por mim em 1846, encontro as palavras: ‘A primeira divisão de trabalho é aquela entre homem e mulher para a propagação dos filhos’. E hoje posso acrescentar: A primeira oposição de classe que aparece na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre homem e mulher unidos em matrimônio monogâmico, e a primeira opressão de classe coincide com a do sexo feminino pelo sexo masculino[1].
Dentro da família, há uma segunda opressão – a dos filhos pelos pais – que Marx e Engels, no Manifesto Comunista (1848), pretendem abolir: “Censurai-nos por querer abolir a exploração das crianças por seus próprios pais? Confessamos esse crime”[2].
Fiel à sua raiz marxista, a ideologia de gênero pretende que, em educação, os pais não tenham nenhum controle sobre os filhos. Nas escolas, as crianças aprenderão que não há uma identidade masculina nem uma feminina, que homem e mulher não são complementares, que não há uma vocação própria para cada um dos sexos e, finalmente, que tudo é permitido em termos de prática sexual.
Note-se que a doutrina marxista não se contenta com melhorias para a classe proletária. Ela considera injusta a simples existência de classes. Após a revolução proletária não haverá mais o “proletário” nem o “burguês”. A felicidade virá em uma sociedade sem classes – o comunismo – onde tudo será de todos.
De modo análogo, a feminista radical Shulamith Firestone (1945-2012), em seu livro A dialética do sexo (1970), não se contenta em acabar com os privilégios dos homens em relação às mulheres, mas com a própria distinção entre os sexos. O fato de haver “homens” e “mulheres” é, por si só, inadmissível.
Como a meta da revolução socialista foi não somente a eliminação do privilégio da classe econômica, mas a eliminação da própria classe econômica, assim a meta da revolução feminista deve ser não apenas a eliminação do privilégio masculino, mas a eliminação da própria distinção de sexo; as diferenças genitais entre seres humanos não importariam mais culturalmente[3].
Se os sexos estão destinados a desaparecer, deverão desaparecer também todas as proibições sexuais, como a do incesto e a da pedofilia. Diz Firestone:
O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a família; então, se nós acabarmos com a família, na verdade acabaremos com as repressões que moldam a sexualidade em formas específicas[4].
Os tabus do sexo entre adulto/criança e do sexo homossexual desapareceriam, assim como as amizades não sexuais [...] Todos os relacionamentos estreitos incluiriam o físico[5].
Por motivos estratégicos, por enquanto os ideólogos de gênero não falam em defender o incesto e a pedofilia, que Firestone defende com tanta crueza. Concentram-se em exaltar o homossexualismo.
Ora, não é preciso uma inteligência extraordinária para perceber que os atos de homossexualismo são antinaturais. Nas diversas espécies, o sexo se caracteriza por três notas: a dualidade, a complementaridade e a fecundidade.
Dualidade: há animais assexuados, como a ameba, que não têm sexo. Os animais sexuados, porém, têm necessariamente dois sexos. Não há uma espécie em que esteja presente apenas o sexo masculino ou apenas o feminino. Complementaridade: os dois sexos são complementares entre si. E isso não se refere apenas aos órgãos de acasalamento e às células germinativas (gametas) de cada sexo. A fisiologia e a psicologia masculinas encontram na fisiologia e psicologia femininas seu complemento natural e vice-versa. Fecundidade: a união de dois indivíduos de sexo oposto é apta a produzir um novo indivíduo da mesma espécie.
Percebe-se que nada disso está presente na conjunção carnal entre dois homens ou entre duas mulheres. Falta a dualidade, a complementaridade e a fecundidade próprias do verdadeiro ato sexual. Os atos de homossexualismo são uma grosseiríssima caricatura da união conjugal, tal como foi querida por Deus e inscrita na natureza.
A ideologia de gênero pretende, porém, obrigar as crianças a aceitar com naturalidade aquilo que é antinatural. Tal ideologia distingue o sexo, que é um dado biológico, do gênero, que é uma mera construção social. Gêneros, segundo essa doutrina, são papéis atribuídos pela sociedade a cada sexo. Se as meninas brincam de boneca, não é porque tenham vocação natural à maternidade, mas por simples convenção social. Embora só as mulheres possam ficar grávidas e amamentar as crianças e embora o choro do recém-nascido estimule a produção do leite materno, a ideologia de gênero insiste em dizer que a função de cuidar de bebês foi arbitrariamente atribuída às mulheres. E mais: se as mulheres só se casam com homens e os homens só se casam com mulheres, isso não se deve a uma lei da natureza, mas a uma imposição da sociedade (a “heteronormatividade”). O papel (gênero) de mãe e esposa que a sociedade impôs à mulher pode ser “desconstruído” quando ela decide, por exemplo, fazer um aborto ou “casar-se” com outra mulher.
Em 2010, o Ministério da Saúde publicou a cartilha Diversidades sexuais[6] com o objetivo único de inculcar nos adolescentes e jovens a ideologia de gênero. A eles é ensinado que o homossexualismo é não uma desorientação, mas uma “orientação sexual”. E mais: que tal “orientação” é natural e espontânea, e não depende da escolha da pessoa!
Hoje já se sabe que ser gay ou lésbica não é uma opção, porque não implica uma escolha. O (a) homossexual não opta por ser homossexual, assim como o (a) heterossexual não escolhe ser heterossexual, o mesmo acontecendo com os (as) bissexuais. É uma característica natural e espontânea[7].
Essa afirmação, apresentada como certeza (“hoje já se sabe...”) é duramente atacada pelo psicólogo holandês Gerard Aardweg, especialista em comportamento homossexual:
O infantilismo do complexo homossexual tem geralmente sua origem na adolescência, e em grau menor na primeira infância. [...]. Não é, porém, durante a primeira infância que o destino do homossexual é selado, como muitas vezes defendem os homossexuais emancipistas, entre outros. Essa teoria ajuda a justificar uma doutrinação das crianças na educação sexual tal como: ‘Alguns de vocês são assim e devem viver de acordo com sua natureza’[8].
Ora, não há uma “natureza homossexual”, pois o homossexualismo é, em sua essência, um vício contra a natureza. Isso, porém, os ideólogos de gênero proíbem que se diga. Para eles, somente os preconceituosos se opõem às práticas homossexuais. Tal “preconceito”, que eles desejam que se torne um crime a ser punido[9], recebe o nome pejorativo de “homofobia”.
O Projeto de Lei 8035/2010, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020, trazia termos próprios da ideologia de gênero: “igualdade de gênero e de orientação sexual”, “preconceito e discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero”. O Senado Federal, porém, em dezembro de 2013, aprovou um substitutivo (PLC 103/2012) que eliminou toda essa linguagem ideológica e ainda acrescentou como diretriz do Plano a “formação para o trabalho e a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade” (art. 2º, V). De volta à Câmara, o projeto agora enfrenta a fúria dos deputados do PT e seus aliados, que pretendem retirar os “valores éticos e morais” e reintroduzir o “gênero” no PNE, a fim de dar uma base legal à ideologia que o governo já vem ensinando nas escolas.
Nem todos compreendem a importância e a extensão do problema. A vitória da ideologia de gênero significaria a permissão de toda perversão sexual (incluindo o incesto e a pedofilia), a incriminação de qualquer oposição ao homossexualismo (crime de “homofobia”), a perda do controle dos pais sobre a educação dos filhos, a extinção da família e a transformação da sociedade em uma massa informe, apta a ser dominada por regimes totalitários.
É a própria família brasileira que está em jogo.
QUE PODEMOS FAZER?
1) LIGUE GRATUITAMENTE PARA O DISQUE CÂMARA 0800 619 619. Tecle "9"
Desejaria enviar uma mensagem para todos os deputados membros da Comissão Especial destinada a votar o Plano Nacional de Educação (Projeto de Lei 8035/2010):
Solicito a Vossa Excelência que mantenha longe do Plano Nacional de Educação as expressões "gênero", "igualdade de gênero" e "orientação sexual". Tal linguagem  não é inócua, mas é própria da ideologia de gênero, que tem por fim destruir a família e massificar o ser humano, nivelando as diferenças naturais entre o homem e a mulher. As crianças e os pais agradecem.
2) ASSINE A PETIÇÃO CONTRA A IDEOLOGIA DE GÊNERO 
Anápolis, 11 de março de 2014.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis
[1] Friedrich ENGELS. The origin of the family, private property and the State. New York: International Publishers, 1942, p. 58.
[2] Karl MARX; Friedrich ENGELS. Manifesto do Partido Comunista, São Paulo: Martin Claret, 2002, Parte II, p. 63.
[3] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex. New York: Bartam Books, 1972, p. 10-11.
[4] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex, p. 59.
[5] Shulamith FIRESTONE. The dialect of sex, p. 240.
[6] Cf. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Diversidades sexuais. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diversidades_sexuais.pdf
[7] BRASIL. Ministério da Saúde. Diversidades sexuais, p. 54.
[8] Gerard AARDWEG. A batalha pela normalidade sexual e homossexualismo. Aparecida: Santuário, 2000, p. 29.
[9] O PLC 122/2006, que criminaliza a “homofobia”, foi apensado ao PLS 236/2012 (projeto de reforma do Código Penal) em 17/12/2013.

terça-feira, 11 de março de 2014

Fraternidade sim, racismo não!


Não faz muito tempo, numa roda de amigos, alguém disse: “O racismo já era. A sociedade já superou esse pecado. Vejam! Aqui estamos desfrutando a riqueza da amizade com a diversidade dos tons de nossa epiderme e de nossa etnia”. Lamentavelmente, a afirmação entusiástica do amigo se defronta, em nossos dias, com um racismo vivo e violento. Presente não apenas em estádios de futebol, mas também em tantos outros espaços sociais, culturais e até religiosos.

À revelia dos princípios de igualdade, reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e nos propósitos e compromissos da III Conferência Mundial Contra o Racismo (promovida pela ONU, em Durban na África do Sul, em 2001), a discriminação racial, a xenofobia e intolerância correlatas, o racismo continua ferindo, e em muitos lugares desprezando, traficando e matando seres humanos, “imagem e semelhança de Deus”. As pessoas de bem, os religiosos, as lideranças responsáveis pelo bem comum, não podem ficar de braços cruzados ou de olhos vedados. O racismo, crime “lesa-humanidade”, está vivo. Negros e negras são os mais atingidos por essa violência.

A maneira perversa do racismo brasileiro torna invisível uma inaudível população de cerca de 80 milhões de brasileiros. É um fenômeno no mundo contemporâneo. Os interesses do povo afro-brasileiro são escamoteados e a impressão superficial que se tem da sociedade brasileira é a de que, em matéria de convívio interétnico, o Brasil é exemplo para o mundo.

O Documento de Aparecida, elaborado em maio de 2007, na V Conferência Episcopal Latino-americana e Caribenha, continua atual quando afirma: “A história dos afro-americanos tem sido atravessada por uma exclusão social, econômica, política e, sobretudo, racial, onde a identidade étnica é fator de subordinação social. Muitos são discriminados na inserção do trabalho, na qualidade e conteúdo da formação escolar, nas relações cotidianas e, além disso, existe um processo de ocultamento sistemático de seus valores, história, cultura e expressões religiosas. Permanece, em alguns casos, uma mentalidade e um certo olhar de menor respeito em relação aos afro-americanos. Desse modo, descolonizar as mentes, o conhecimento, recuperar a memória histórica, fortalecer os espaços e relacionamentos interculturais, são condições para a afirmação da plena cidadania destes povos”.

A Igreja Católica − que, como lembrou o Bem-aventurado Papa João Paulo II, pede perdão a Deus, por algumas ações equivocadas ou algumas omissões em sua missão pastoral junto à população negra − “denuncia a prática da discriminação e do racismo em suas diferentes expressões, pois ofende no mais profundo a dignidade humana criada à imagem e semelhança de Deus”. (cf. Documento de Aparecida, 533).

Nos dias de hoje, a família das nações precisa de um concertado programa de ação para abordar a questão do racismo e desativá-lo para sempre. Pois, ele é o motor principal da cultura de morte, presente em nossa sociedade. “Rezemos uns pelos outros para que haja uma grande fraternidade” (Papa Francisco).
Dom Gilio FelicioBispo de Bagé
CNBB Sul 3

Guia de votação para os católicos



Este Guia oferece declarações claras e concisas acerca de cinco assuntos morais inegociáveis.

Este Guia oferece declarações claras e concisas acerca de cinco assuntos morais inegociáveis. Ao terminar de lê-lo, não restará dúvida ou confusão a respeito do ensino da Igreja, sobre o que ela exige de seus filhos.
Nenhuma parte deste Guia deverá ser interpretada como apoio para algum candidato ou partido político.
Como este guia do eleitor pode ajudá-lo?
Este Guia do Eleitor o ajudará a votar de modo consciente, fundamentado no ensino moral católico. Este Guia o auxiliará a eliminar aqueles candidatos que apóiam políticas irreconciliáveis com as normas de moralidade sustentadas por todo cristão.
Face à maioria dos temas apresentados pelos candidatos e legisladores, os católicos podem favorecer um ou outro, sem ter que agir contra a sua fé. Com efeito, a maioria dos assuntos não necessita de uma “postura católica”.
Porém, alguns assuntos são tão importantes, tão fundamentais, que apenas uma única ação pode estar de acordo com o ensino do evangelho cristão. Ninguém que defenda uma postura incorreta nesses assuntos pode dizer que age segundo as normas morais da Igreja.
Este Guia do Eleitor identifica os cinco assuntos “inegociáveis” e o ajuda a chega numa lista de candidatos aceitáveis, que postulam um cargo político, seja a nível nacional, estatal ou municipal.
Os candidatos que respaldarem qualquer dos cinco assuntos inegociáveis, devem ser considerados desqualificados para o desempenho de cargo público e, portanto, não devem receber o seu voto. Assim, você deverá fazer a sua escolha entre os candidatos restantes.
Seu papel como eleitor católico
Os católicos têm a obrigação moral de promover o bem comum ao exercer o seu privilégio de voto (cf. CIC, §2240). As autoridades civis não são as únicas responsáveis pelo país. “O serviço do bem comum exige dos cidadãos que cumpram com a sua responsabilidade na vida da comunidade pública” (CIC, §2239). Isto significa que os cidadãos devem participar do processo político na urna de votação.
Porém, a votação não pode ser arbitrária. “A consciência cristã bem formada não permite a alguém favorecer com o próprio voto a concretização de um programa político ou a aprovação de uma lei particular que contenham propostas alternativas ou contrárias aos conteúdos fundamentais da fé e da moral” (CVP nº 4).
Algumas questões sempre estarão erradas e ninguém poderá votar a favor delas direta ou indiretamente. Os cidadãos votam a favor desses males quando votam nos candidatos que se propõem a promovê-los. Portanto, os católicos não devem votar a favor de alguém que promove programas ou leis intrinsecamente más.
Os cinco assuntos inegociáveis
Estes cinco assuntos são chamados inegociáveis porque contêm atos que sempre são moralmente maus e nunca podem ser promovidos pela lei. É pecado grave defender ou promover qualquer destes atos e nenhum candidato que verdadeiramente deseja fomentar o bem comum pode apoiar estes cinco assuntos inegociáveis:
1. O Aborto
Sobre uma lei que permite o aborto, a Igreja ensina que “nunca é lícito submeter-se a ela, nem participar em uma campanha de opinião a favor de uma lei semelhante, nem dar-lhe o sufrágio do próprio voto” (EV nº 73). O aborto é o assassinato intencional de um ser humano inocente e, portanto, é uma espécie de homicídio.
A criança sempre é parte inocente e nenhuma lei pode permitir que lhe seja tirada a vida. Mesmo quando uma criança é concebida em razão de estupro ou incesto, a criança não tem culpa e não deve sofrer a morte pelo pecado dos outros.
2. A Eutanásia
Às vezes disfarçada sob a denominação de “morte misericordiosa”, a eutanásia é uma forma de homicídio. Ninguém tem o direito de tirar sua própria vida (suicídio) e ninguém tem o direito de tirar a vida de uma pessoa inocente.
Com a eutanásia, os doentes e os idosos são assassinados sob um sentido de compaixão mal fundamentado, pois a verdadeira compaixão não pode incluir o cometimento de atos intrinsecamente maus contra outra pessoa (cf. EV nº 73).
3. As Pesquisas com Células Estaminais Fetais
Os embriões humanos são seres humanos. “O respeito pela dignidade do ser humano exclui toda manipulação experimental ou exploração do embrião humano” (CDF nº 4b).
Os recentes avanços científicos demonstram que qualquer cura que possa resultar dos experimentos com células estaminais fetais pode também ser desenvolvida a partir do uso de células estaminais adultas. As células estaminais adultas podem ser obtidas sem causar mal aos adultos das quais provêem. Portanto, já não existe um argumento médico favorável ao uso das células estaminais fetais.
4. A Clonagem Humana
“As tentativas… para se obter um ser humano sem conexão alguma com a sexualidade, mediante ‘fissão gemelar’, clonagem, partenogênesis, devem ser consideradas contrárias à moral, porque estão em contraste com a dignidade tanto da procriação humana como da união conjugal” (RVH 1,6).
A clonagem humana também acaba sendo uma forma de homicídio porque destrói o clone “rejeitado” ou “fracassado”; no entanto, cada clone é um ser humano.
5. O “Matrimônio” Homossexual
O verdadeiro matrimônio é a união entre um homem e uma mulher. O reconhecimento legal de qualquer outra forma de “matrimônio” menospreza o verdadeiro matrimônio e o reconhecimento legal das uniões homossexuais na realidade causa dano aos homossexuais, pois os anima a continuar vivendo sob um acordo objetivamente imoral.
“No caso de uma Assembléia Legislativa propor pela primeira vez um projeto de lei a favor da legalização das uniões homossexuais, o parlamentar católico tem o dever moral de expressar clara e publicamente seu desacordo e votar contra o projeto de lei. Conceder o sufrágio do próprio voto a um texto legislativo tão nocivo ao bem comum da sociedade é um ato gravemente imoral” (UPH nº 10).
Com quais cargos políticos devo me preocupar?
As leis são aprovadas pelo Legislativo, o Executivo as faz cumprir e o Judiciário as interpreta. Isto quer dizer que você deve se preocupar com qualquer candidato ao Legislativo, ou qualquer um que se apresente como candidato ao Poder Executivo e, [nos países onde for cabível] os que se candidatam à magistratura. E isto não apenas em nível nacional, mas também estadual e municipal.
É certo que, quando o cargo é inferior, há menor probabilidade do candidato apoiar certas causas. Por exemplo, é possível que a Câmara Municipal jamais discuta o tema da clonagem humana. Porém, é muitíssimo importante avaliar cada candidato antes das eleições, sem importar o cargo que está disputando.
Poucas pessoas alcançam um alto posto sem ter ocupado um cargo menor. Algumas poucas pessoas se convertem em deputados, em senadores ou presidentes sem ter sido antes eleitas para um cargo menor. Porém, a maioria dos deputados, senadores e presidentes começaram sua carreira política em nível local. O mesmo ocorre com os deputados estaduais; muitos deles começaram nas Câmaras Municipais e associações de bairro, galgando aos poucos a carreira política.
Os candidatos que futuramente postularão cargos superiores procederão principalmente dos atuais candidatos a cargos menores. Por isso, é prudente empregar os mesmos princípios para os candidatos municipais como para os estaduais e federais.
Se os candidatos que estão equivocados nos cinco assuntos inegociáveis fracassarem na eleição para os cargos menores, talvez não postularão cargos superiores. Isto facilitaria a eleição dos melhores candidatos para os postos de maior influência em nível estadual e nacional.
Como determinar a postura de um candidato
1. Isto poderá se conseguir com maior facilidade quanto mais importante for o cargo. Por exemplo: apresentar estes assuntos [inegociáveis] aos deputados e senadores e determinar sua postura. O mesmo podemos fazer em nível estadual. Em ambos os casos, conhecer a postura de um candidato pode ser fácil ao ler artigos em jornais e revistas, buscar suas opiniões na Internet ou avaliar suas propostas impressas e distribuídas durante o período eleitoral.
2. Um pouco mais difícil é conhecer as opiniões dos candidatos aos cargos municipais, porque poucos deles tiveram a oportunidade de considerar a legislação sobre temas como o aborto, a clonagem e a santidade do matrimônio. Porém, estes candidatos, por serem locais, freqüentemente podem ser contatados diretamente ou mantêm comitês eleitorais onde poderão explicar sua postura perante estes temas.
3. Se não for possível determinar a postura do candidato por outros meios, não hesite em escrever-lhe diretamente e perguntar-lhe qual a sua posição sobre cada um dos assuntos inegociáveis.
Como não se deve votar
1. Não confie seu voto apenas à sua filiação partidária, em seus anteriores hábitos de votação ou na tradição familiar de voto. Há alguns anos, estas eram formas confiáveis para determinar em quem se poderia votar, mas hoje não são mais confiáveis. Deve-se olhar cada candidato como um indivíduo. Isto significa que você pode votar em candidatos de partidos distintos.
2. Não vote pela aparência ou personalidade do candidato ou por sua astúcia perante os meios de comunicação. Alguns desses candidatos atraentes, agradáveis e que dizem o que convém apóiam males intrínsecos quando deveriam se opor a eles, enquanto que outros candidatos, que parecem simples, cansados ou incomodados pelas câmaras defendem leis que estão de acordo com os princípios cristãos.
3. Não vote em candidatos apenas porque se declaram católicos. Infelizmente, muitos dos candidatos que se dizem católicos rejeitam os ensinamentos básicos da moral católica. Eles apenas são “católicos” porque querem o voto dos católicos.
4. Não selecione os candidatos baseando-se apenas no pensamento: “O que vou ganhar?”. Tome sua decisão optando pelos candidatos que pareçam mais dispostos a promover o bem comum, ainda que você não se beneficie direta ou imediatamente do ordenamento legal que propõem.
5. Não premie com seu voto os candidatos que estejam corretos em assuntos menos importantes, mas que estão equivocados em assuntos morais fundamentais. Pode ser que um candidato adquira uma certa consideração por ter votado exatamente como você deseja, embora já tenha votado a favor – digamos – da eutanásia. Tal candidato jamais deve receber o seu voto. Os candidatos devem saber que estar equivocado em um dos cinco assuntos inegociáveis é suficiente para excluí-los da sua consideração.
Como votar
1. Para cada cargo, determine primeiro a posição que cada candidato possui em cada um dos cinco assuntos inegociáveis.
2. Elimine da sua relação os candidatos que estiverem equivocados em qualquer um dos assuntos inegociáveis. Não importa que tenham razão em outros assuntos; devem ser desprezados se estiverem equivocados em um só dos não negociáveis.
3. Escolha entre os candidatos restantes, baseando-se no seu juízo sobre as posições de cada candidato em outros assuntos de menor importância.
Quando não há um candidato “aceitável”
Em alguns debates públicos, cada candidato assume uma postura equivocada em um ou mais assuntos inegociáveis. Nesse caso, você pode votar no candidato que assuma menos posturas incorretas; ou que pareça ser mais incapaz para fazer avançar a legislação imoral; ou pode, ainda, não votar em ninguém.
O papel da sua consciência
A consciência é como um alarme: o adverte quando está a ponto de cometer algum erro. Ela apenas não determina o que é bom ou mau. Para que a sua consciência funcione corretamente, deve estar bem informada. Ou seja, você deve se informar sobre o que é bom e o que é mau. Só assim sua consciência será um guia confiável.
Infelizmente, muitos católicos hoje em dia não formaram suas consciências adequadamente sobre os assuntos fundamentais da moralidade. O resultado é que suas consciências não disparam nos momentos apropriados, inclusive no dia das eleições.
Uma consciência bem formada jamais contradiz o ensino moral católico. Por essa razão, se você tem dúvidas sobre o caminho que deve trilhar a sua consciência no momento de votar, ponha sua confiança no firme ensino moral da Igreja (o Catecismo da Igreja Católica é uma excelente fonte de ensino moral autêntico).
Quando acabar de ler este Guia do Eleitor
Por favor, não pare com a simples leitura deste Guia. Leia-o, aprenda com ele e prepare a sua seleção de candidatos baseado nele. Em seguida, forneça este Guia do Eleitor a um amigo e peça-lhe que o leia e o repasse a outros. Quanto mais pessoas votarem de acordo com os princípios morais básicos, melhor será o nosso país.
Abreviações:
CIC – Catecismo da Igreja Católica
CVP – Congregação para a Doutrina da Fé: Nota doutrinal sobre algumas questões relativas ao compromisso e a conduta dos católicos na vida política.
CDF – Pontifício Conselho para a Família: Carta dos Direitos da Família.
EV – João Paulo II: Carta Encíclica Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida)
RVH – Congregação para a Doutrina da Fé: Instrução acerca do respeito da vida humana nascente e dignidade da procriação.
UPH – Congregação para a Doutrina da Fé: Considerações acerca dos projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais
[Fonte: Apostolado Veritatis Splendor: Guia do eleitor católico. Disponível em http://www.veritatis.com.br/doutrina/doutrina-social/926-guia-do-eleitor-catolico, desde 07 Outubro 2010; tradução:Carlos Martins Nabeto, Revisão TS].

segunda-feira, 10 de março de 2014

No momento das nossas tentações, nada de argumentos com Satanás



Papa Francisco no Angelus comenta o Evangelho do I Domingo da Quaresma

CIDADE DO VATICANO, 10 de Março de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus deste domingo (9), da janela da residência pontifícia, com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. Apresentamos as palavras pronunciadas pelo Santo Padre:
Queridos irmãos e irmãs,
O Evangelho deste primeiro domingo da Quaresma nos apresenta todos os anos o episódio das tentações de Jesus, quando o Espírito Santo, que desceu sobre Ele depois do Batismo no Rio Jordão, impeliu-o a enfrentar abertamente Satanás no deserto, por quarenta dias, antes de iniciar a sua missão pública.
O tentador procura desviar Jesus do projeto do Pai, isso é, do sacrifício, do amor que oferece a si mesmo em expiação, para fazer-lhe adotar um caminho fácil, de sucesso e de poder. O duelo entre Jesus e Satanás se realiza através de citações da Sagrada Escritura. O diabo, de fato, para desviar Jesus do caminho da cruz, apresenta-lhe as falsas esperanças messiânicas: o bem-estar econômico, indicado pela possibilidade de transformar as pedras em pão; o estilo espetacular e mirabolante, com a idéia de atirar-se do ponto mais alto do templo de Jerusalém e fazer-se salvar pelos anjos; e por fim um atalho do poder e do domínio, em troca de um ato de adoração a Satanás. São três os grupos de tentações: também nós o conhecemos bem!
Jesus resiste decididamente a todas estas tentações e confirma a firme vontade de seguir o caminho estabelecido pelo Pai, sem qualquer compromisso com o pecado e com a lógica do mundo. Reparem bem como responde Jesus. Ele não dialoga com Satanás, como tinha feito Eva no paraíso terrestre. Jesus sabe bem que com Satanás não se pode dialogar, porque é muito esperto. Por isto, Jesus, em vez de dialogar como tinha feito Eva, escolhe refugiar-se na Palavra de Deus e responde com a força desta Palavra. Lembremo-nos disso: no momento da tentação, das nossas tentações, nada de argumentos com Satanás, mas sempre defendidos pela Palavra de Deus! E isto nos salvará. Nas suas respostas a Satanás, o Senhor, usando a Palavra de Deus, recorda-nos, antes de tudo, que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4, 4; cfr Dt 8, 3); e isto nos dá força, apóia-nos na luta contra a mentalidade mundana que reduz o homem ao nível das necessidades primárias, fazendo-o perder a fome daquilo que é verdadeiro, bom e belo, a fome de Deus e de seu amor. Lembra também que “também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’” (v. 7), porque o caminho da fé passa também através da escuridão, da dúvida, e se alimenta de paciência e de espera perseverante. Jesus recorda, enfim, que “está escrito: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (v. 10), isso é, devemos livrar-nos dos ídolos, das coisas vãs, e construir a nossa vida sobre o essencial.
Estas palavras de Jesus encontrarão depois confirmação em suas ações. A sua absoluta fidelidade ao desígnio de amor do Pai o conduzirá depois de cerca de três anos ao confronto final com o “príncipe deste mundo” (Jo 16, 11), na hora da paixão e da cruz, e ali Jesus resgatará a sua vitória definitiva, a vitória do amor!
Queridos irmãos, o tempo da Quaresma é ocasião propícia para todos nós cumprirmos um caminho de conversão, confrontando-nos sinceramente com esta página do Evangelho. Renovemos as promessas do nosso Batismo: renunciemos a Satanás e a todas as suas obras e seduções – porque é um sedutor ele – para caminhar nas sendas de Deus e “chegar à Páscoa na alegria do Espírito” (Oração coleta do I Domingo da Quaresma Ano A).