sexta-feira, 30 de agosto de 2013

MISSÃO



A mais completa revelação de amor de Deus nos veio na pessoa, na vida e na palavra de Jesus. Acreditamos fortemente em Jesus, mas não basta ter fé em Jesus, amá-lo, cantar louvores, se não colocarmos em pratica os seus ensinamentos. Estaremos em um caminho seguro se cultivarmos uma fé semelhante a de Jesus, ou seja, cultivar não só a fé em Jesus, mas também a fé de Jesus.
Jesus conhecia o Projeto do Pai, e se colocou em missão para que a vontade do Pai fosse anunciada a todos. Portanto ser missionário é anunciar a vontade de Deus, anunciar a Palavra. A missão é ver um horizonte maior, é querer caminhar para alcançar o horizonte.

Missão como diz D. Helder Câmara, em sua poesia:
Missão é partir...
Caminhar deixar tudo....
Sair de si...
Quebrar a crosta do egoísmo....
Que nos fecha no nosso eu...

Missão é abrir-se aos outros, ir ao encontro, buscar o outro. é deixar de lado o egoísmo. Se cada um de nós mudasse. Em nosso redor tudo seria diferente. Caminhamos em caminho, queremos mudar a paisagem, mas, não andamos sozinhos, encontramos pessoas que nos ensinam, nos consolam, nos perguntam, pessoas que nos amam, mas também pessoas que nos criticam. Pessoas com dificuldades, muitas dificuldades. Em meio a essa paisagem, às vezes desoladora, há vida e esperança. A missão precisa alcançar a todos.
 Nunca podemos esquecer que a Trindade é a fonte da missão. Pois:
O Pai envia o Filho...
O Filho é o enviado pela força do Espírito Santo...
Jesus envia os seus discípulos....
A Igreja se abre para a humanidade....
Com pessoas missionárias...
Com entusiasmo...
Com meios para que...
Jesus seja tudo para todos.
A missão é a natureza de nossa Igreja, ou a Igreja é missionária ou não é Igreja. Eu também tenho uma missão intransferível que me foi dada por ocasião do batismo, e se eu não cumprir a missão do batismo, não sou cristão. Tornamos-nos cristão através do batismo, passamos a ser membro da Igreja, e nos tornamos povo de Deus. Assumimos a condição de filhos de Deus. É no momento do batismo que recebemos a missão, que é particular, de cada um. É a mesma missão da Igreja, de anunciar a pessoa de Jesus Cristo.

Precisamos aprender a viver o nosso batismo, com alegria e entusiasmo. Se recebemos graças de Deus, recebemos muito amor, temos que levar esse amor a outros. O Papa Bento XVI, em sua encíclica busca a afirmação de São João e a renova dizendo Deus é amor.
“ AI DE MIM SE NÃO EVANGELIZAR” nos diz São  Paulo ( 1Cor 9, 16-23.)
Precisamos ter como exemplo um copo que quando esta cheio de água, se colocar mais água  ele transbordará e derramará ao seu redor, e a água vai atingir distancias.
Assim somos nós, recebemos de Deus muito amor, e esse amor transborda.
 O que faço com tudo o que recebo de Deus?
Para onde vai esse amor?
Guardo no meu egoísmo?
Evangelizar é fazer transbordar o copo. Por onde passar devo derramar amor, sem fazer distinção.
                                                              Maria Ronety Canibal




O LUGAR DE CADA UM



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre o comportamento humano
BELéM DO PARá, 29 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Trago na memória e no coração os ensinamentos de meus pais, em tempo de criança: "peça a bênção!"; "não avance na comida"; "agradeça ao moço!"; "espere que lhe ofereçam as coisas!"; "fale mais baixo!" Sim, as normas mais simples de boa educação vêm do berço, vistas mais no exemplo do que ouvidas em discursos! São dignas de reconhecimento as famílias que ensinam os caminhos do bem, cuidam que seus filhos tenham civilidade no trato e edifiquem com seu comportamento o corpo social. Civilidade, bons modos e etiqueta ainda estão na moda!
A Sagrada Escritura, no Antigo Testamento, é como um grande código de comportamento, no qual entram noções de saúde pessoal e pública, normas de respeito mútuo, leis sobre a organização das cidades ou outras agregações, respeito à terra e aos ritmos da natureza. Os povos da primitiva aliança tinham um só livro a que se referir, nele encontrando a vontade de Deus, na qual está incluído o bem estar das pessoas. Nele deviam encontrar o equilíbrio nas relações sociais e os limites no trato com os outros. E não era um povo tranquilo e parado! Era gente de temperamento forte, povo briguento ao enfrentar os que lhe eram ameaçadores. Deus teve paciência de pai e ternura de mãe para cuidar daquele povo de cabeça dura! Sua história é um processo de educação desenvolvido por Deus com infinita paciência..
A plenitude dos tempos acontece com a encarnação do Verbo de Deus. Tornou-se o Senhor igual a nós em tudo, menos no pecado. Assumiu tudo o que é nosso, para nos resgatar. Ele chamou homens e mulheres, educou-os com delicadeza e firmeza. Os textos do Novo Testamento são a narrativa da magnífica aventura de amor, na qual se compromete a Trindade Santa e as pessoas destinadas a vida em comunhão com Deus e entre elas mesmas. Passam os séculos, a sociedade enfrenta por muitas mudanças, a Boa Notícia deve ser levada aos confins da terra, pelo anúncio e realização da salvação em Jesus Cristo, Filho de Deus. A quais povos há de chegar? Ninguém fica excluído! E a mesma estrada, conduzida pela pedagogia divina, há de ser continuamente atualizada. Estamos numa escola de formação, desafiados a experimentar aqui na terra o estilo de vida próprio do Céu. E não será menos humano viver do jeito de Deus, pois ninguém entende mais de humanidade do que quem a criou.
Jesus empreende uma intensa jornada de formação com seus discípulos, sem desprezar qualquer oportunidade. Certa feita, a ânsia pelos primeiros lugares numa refeição festiva - falta de educação! - suscita o ensinamento do Senhor (Lc 14,1.7-14). Jesus é observado por todos.
Olhares diferentes, alguns mais curiosos do que piedosos, outros com coração de crianças que querem aprender. A lição é mais do que uma norma de civilidade, mas parte dela. Discrição, prudência no relacionamento com os outros, delicadeza, sentar-se "no último lugar". O que vai além das normas de etiqueta é o coração daquele que se faz discípulo de Cristo. Sua meta é amar e servir, mais do que competir por posições no concerto da sociedade. Olha ao seu redor, reconhece o valor dos outros, toma a iniciativa do amor, sempre disposto a cumprimentar primeiro, vencer o fechamento, ouvir e servir. Não se trata de humilhação, mas de humildade, na qual se estabelece, no correr do tempo, uma sadia competição, na qual todos têm como objetivo comum o serviço mútuo. Todos serão importantes, porque ninguém quer ser maior do que outro, mas deseja ser "suporte" para que todos cresçam.
A quem considera superado ou irreal tal modo de agir, permito-me desafiar a fazer a experiência! Tenho a certeza de que vai mudar alguma coisa, e muito, quando se transformarem as relações entre as pessoas. Afinal de contas, não é difícil perceber que multiplicamos as indelicadezas e agressões em escala cada vez maior. Os conflitos existentes, inclusive os que depois chamamos de guerras, são escalas mais amplas do mesmo egoísmo do dia a dia. A sociedade sofre as consequências do que lhe pareceu condição de crescimento, a competição desenfreada, onde vale a destruição recíproca dos que entram no jogo. Somos como que crianças grandes que se esqueceram das lições de casa, com os riscos de destruir o grande brinquedo que a vida nos ofereceu.
As lições de Jesus, na aparentemente ingênua proposta de vida nova, pedem um jeito novo de fazer a festa da vida: “Quando ofereceres um almoço ou jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes podem te convidar por sua vez, e isto já será a tua recompensa.. Pelo contrário, quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos! Então serás feliz, pois estes não têm como te retribuir! Receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (Lc 14,12-14).
Para praticá-las, não há outra estrada senão rever os objetivos com os quais nos colocamos diante das pessoas, valorizando-as mais do que os eventuais proveitos ou lucros que possam oferecer. Elas valem antes e mais do que mostra sua aparência externa. Do coração de quem tem fé brotarão os sentimentos e a prática da misericórdia e da atenção, o cuidado e o serviço. Ninguém se cansará de ser assim "bem educado".
Só com a graça de Deus poderemos alcançar tal mudança na sociedade. Por isso pedimos: "Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco, para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes".

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sonhando Uma Comunidade Ideal





 Os membros desta comunidade tomavam Deus e os irmãos a sério. Quem entrasse nesta comunidade tinha a sorte de encontrar pessoas livres, conscientes e responsáveis.Tinham uma forte consciência de pertença comunitária. Por isso cultivavam a fraternidade entre si.
Todos sabiam que o fundamental é eleger o outro como alvo de bem-querer.Entendiam muito bem que o amor é o caminho do amadurecimento e felicidade humana.Ninguém ignorava que o amor não se confunde com paixão ou simples emoção
Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitá-lo e valorizá-lo, apesar de ser diferente de mim ou do que eu gostaria que fosse. Além disso, o amor implica agir de modo a facilitar a realização e felicidade do outro.
Naquela comunidade, as pessoas sentem-se responsáveis pelas próprias tarefas, procurando agir de modo a edificar a comunidade. Todos são iguais, apesar da diversidade de carismas, ministérios e capacidades. Todos se sentem estimados e valorizados naquilo que fazem.
Por isso não há pessoas desenquadradas ou marginalizadas. Este fato faz que cada qual procure render o melhor dos seus talentos.
Naquela comunidade não há parasitismo, mediocridade ou fraude. As pessoas sorriem alegres, pois têm sentidos para viver. Como todos são tomados a sério, O contributo de cada um é estimado por todos.
Naquela comunidade não há cobardes nem heróis. Aquelas pessoas sabem que recebemos os talentos uns dos outros. O nosso mérito está apenas em fazê-los render. Todos têm tarefas para realizar, mesmo os menos dotados ou possibilitados.
As pessoas tomam todas parte no que a todos diz respeito. Ninguém se sente excluído. As pessoas compreendem que a meta da comunidade é chegar à plena comunhão.Graças ao sentido que aquelas pessoas têm do amor, encontram condições para optar e decidir de acordo com a sua realização e o bem comum da comunidade. Ninguém imagina o bem pessoal como inimigo da comunidade ou vice-versa.
Além do trabalho há espaços de convívio e descanso, a fim de que não falte qualidade às suas vidas.Todos sabem cantar e partilhar a alegria. Aprender, naquela comunidade, não é tarefa aborrecida, pois ninguém pretende ensinar coisas inúteis para a fraternidade e a realização pessoal. As pessoas sentem-se livres para pensar e falar. Todos estão suficientemente amadurecidos para amar.
Há lugar para a originalidade de cada um, pois todos sabem que as pessoas são únicas, originais e irrepetíveis Todos se olham nos olhos. No seu olhar e no modo de sorrir há transparência e sabor a verdade e lealdade. Quando olham para o jeito de ser e viver naquela comunidade as pessoas percebem que é disto que todos temos fome.
As atitudes das pessoas entre si coincidem com as aspirações mais profundas e autênticas do coração humano.O gesto mais espontâneo entre as pessoas da comunidade é estender a mão e dizer bom dia ou boa noite.Esta comunidade é fruto de muitas decisões, escolhas, opções e compromissos de vida.
Nas celebrações da Fé, a comunidade sente-se o sujeito celebrante.Sabe que a presidência tem um sentido sacramental, pois exprime a presidência de Cristo.Mas na partilha da Palavra todos se sentem livres e motivados para intervir, pois sabem que são mediação do Espírito para os irmãos. Procuram orar segundo o Espírito Santo, a fim de não caírem em meras repetições ou atribuir um efeito mágico a rezas sem conteúdos de vida ou horizontes de Fé teologal.
Apesar de possuírem um elevado nível de maturidade humana e cristã, as pessoas têm consciência de estar em realização. Aquela comunidade é um espaço privilegiado para a ação do Espírito Santo. Em termos cristãos, a comunidade é um espaço de fraternidade e comunhão.
As pessoas sentem que os outros são um dom de Deus para si e procuram ser dom para os outros. Não são família segundo os laços do sangue, mas procuram construir a família de Deus, a qual assenta nos laços do Espírito Santo.
Uma comunidade cristã, dinamizada pelo amor fraterno e o Espírito Santo, é um espaço privilegiado para fazer a experiência de Cristo Ressuscitado no seu meio. Depois, torna-se sinal da presença de Deus para o mundo. É isto que significa ser corpo de Cristo, isto é, mediação de encontro das pessoas com Cristo Ressuscitado. As relações, na vida da comunidade, são interpessoais e de amizade. Existe um objetivo comum para o qual todos procuram convergir.
Ninguém se sente mais que os outros, pois são todos membros do corpo de Cristo (1 Cor 12, 13; 10, 17; 12, 27).Todos têm a mesma dignidade fundamental: pessoas humanas, filhos de Deus e irmãos uns dos outros. As diferenças são apenas de tipo funcional, não essencial.
De fato, os membros do corpo têm todos a mesma densidade e nível ontológico ou espiritual. É o mesmo princípio de organicidade que circula e alimenta a vida em todos. Cristo é o tronco e todos são ramos alimentados pela única seiva que vem do tronco (Jo 15, 1-7).
O projeto de vida é elaborado e decidido por todos. Não é cristã a comunidade onde as pessoas não são tomadas a sério. A coordenação, na comunidade, tem densidade sacramental: Exprime e significa a presidência de Cristo que é a cabeça do corpo. Na comunidade amadurecida não há pessoas faz tudo, as quais são um veneno para a vida comunitária. É melhor todos a fazer pouco, que poucos a fazer tudo.
Uma comunidade amadurecida é um espaço privilegiado para a vivência do Batismo no Espírito que é a dimensão espiritual da vida cristã.
Nesta comunidade o Espírito diz a Palavra no coração das pessoas pela mediação dos irmãos, das escrituras e dos sinais dos tempos. As pessoas que têm a sorte de viver em comunidades amadurecidas crescem enormemente na vida de Fé, Esperança e Caridade, que é o amor ao jeito de Deus.
Cada membro da comunidade sente-se livre para dizer o que pensa. Mas, ao mesmo tempo, sente o dever de dar a palavra ao irmão e escutá-lo, pois ninguém é dono da verdade. Uma comunidade amadurecida gera cristãos adultos, isto é, pessoas amadurecidas na fé e, portanto, capazes de ser sal, luz e fermento no mundo.
Cristo precisa de cristãos amadurecidos, a fim de transformar o mundo e conduzir a Humanidade para o Reino de Deus.
       Pe. Calmeiro Matias


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Que o legado social da JMJ possa estender-se a todo o Brasil, disse Pe. Manuel Manangão



Pe. Manuel de Oliveira Manangão, vigário episcopal para a caridade social da Arquidiocese do Rio de Janeiro e diretor do legado social em conversa com ZENIT
Por Thácio Lincon Soares de Siqueira

BRASíLIA, 26 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Hoje é dia 26 de agosto e justamente há dois meses atrás, 26 de Junho, ocasião em que a ONU celebrou o dia Internacional contra o abuso de drogas, e emitiu o Relatório Mundial sobre Drogas 2013, Ban Ki-Moon, secretário geral da instituição denunciava em sua mensagem: “Em todo o mundo, as drogas ameaçam a saúde e o bem-estar de jovens e crianças, famílias e comunidades, e os bilhões de dólares gerados pelo tráfico de drogas que alimentam a corrupção aumentam o poder das redes criminosas e geram medo e instabilidade”.
Quase um mês depois, 24 de Julho, um dia depois de ter visitado o Santuário de Aparecida, o Papa Francisco visitava o “Santuário do sofrimento humano”, como ele mesmo denominou, o hospital São Francisco de Assis, na cidade do Rio de Janeiro, “lugar de luta contra a dependência química” e lugar que nos ensina que  “precisamos todos aprender a abraçar quem passa necessidade”.
Papa Francisco, em seu discurso alertou que “a chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química.”
A solução, fortemente apresentada pelo Papa, é a de “enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro.”
Porém, ainda só “abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser.”, afirmava o Papa.
“Esse estender a mão a quem vive em dificuldade” foi uma grande preocupação prática da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, e se concretizou nesse legado social que permaneceu na Cidade Maravilhosa.
No meio do corre-corre daqueles dias de Jornada, entre multidão, emoção, muita espiritualidade, praia e a presença do Papa Francisco, ZENIT bateu um papo com o Pe. Manuel de Oliveira Manangão, vigário episcopal para a caridade social da Arquidiocese do Rio de Janeiro e diretor do legado social.
O que é o Legado Social
“O legado social da Jornada Mundial da Juventude, na verdade é a construção de uma grande rede das entidades católicas que já lidam na área da recuperação da drogadição e que agora vão ter a possibilidade de potencializar os trabalhos que individualmente cada uma das entidades já fazia.”, explicou Pe. Manuel de Oliveira Manangão.
Focos principais do Legado
O diretor do legado esclareceu os três focos principais do projeto: A prevenção, ou seja, “impedir com que a criança, o jovem cheguem ao estágio de envolvimento com a drogadição”; o tratamento, que “é uma internação livre porque as portas ficam abertas e a pessoa, não querendo ficar, não fica. Período que vai até ela ir adquirindo uma evolução nessa tomada de consciência de adquirir a liberdade de continuar vivendo. É um processo que pode chegar a um máximo de nove meses ou talvez um pouco mais”; e por último a continuidade, já que “quando a pessoa sai de uma dessas unidades ou diretamente do atendimento da rede hospitalar para a sociedade, se ela não tiver um grupo no qual se apoie, normalmente cairá novamente na drogadição”, enfatizou o diretor do legado.
Ligação entre Legado Social e JMJ
Padre Manuel Manangão disse que “Chama-se legado da JMJ porque ele nasce a partir da JMJ. Agente queria que a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, para além daquilo que tradicionalmente a Jornada já deixa, que é todo um trabalho de ação pastoral, deixasse algo muito visível que pudesse servir de motivação para a sociedade trabalhar a realidade dos jovens”.
Portanto, “Ao terminar a Jornada de Madrí, aqueles que já estavam envolvidos com a preparação da Jornada daqui do Rio de Janeiro tomaram consciência e perceberam a possibilidade de deixar alguma coisa mais palpável e aí foi criado esse legado social voltado para o mundo da drogadição”.
Grande sonho: replicar o legado em todos os regionais
“O grande sonho – continuou o diretor do legado - é que isso pudesse se replicar em todo o Brasil a partir dos centros de pastoral de cada um dos regionais. Aqui no Rio de Janeiro acabou se realizando isso porque quando agente abriu para começar a conversar com as entidades religiosas, com as entidades terapêuticas, vieram pessoas dos mais variados lugares. Veio gente de Niterói, veio gente da baixada, veio gente de Petrópolis, de Teresópolis, de Friburgo... então, das dioceses vizinhas, acabou se tornando um legado em função do Regional Leste 1.”, concluiu Pe. Manangão.

A fraternidade



Olhar a história através dos olhos da fé é realmente algo único
Por Carmine Tabarro

ROMA, 26 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Quando há dois anos foi convocada a Jornada (Semana) Mundial da Juventude por Bento XVI, somente o Espírito Santo poderia ter imaginado que isso coincidiria com o primeiro vôo intercontinental de um Papa latino-americano em seu continente de origem, que este novo Papa seria o primeiro Papa jesuíta da História, e que pela primeira vez na História da Igreja um Papa seria chamado pelo nome de Francisco (um “santo que incomoda”).
Da mesma forma, totalmente inesperado, embora o local fosse o coração (numericamente falando) do mundo católico, foi o fato deste Papa, que veio "do fim do mundo", ter atraído mais de 3 milhões de jovens de 178 países, ter visitado uma favela, ser aquele que se deixa abraçar pelo povo, que demonstra ternura pelos ex-viciados em drogas, que contou com a presença de 1.500 bispos e 60 cardeais, etc.
Dessas maravilhas o Senhor fez-nos testemunhas e espectadores, graças aos antigos e novos meios de comunicação.
Entre os muitos encontros maravilhosos, um que recebeu pouca atenção da mídia foi o encontro com os Bispos responsáveis pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), por ocasião da reunião geral de coordenação, realizada no Centro de Estudo do Sumaré, no Rio de Janeiro em 28 de julho de 2013, que eu pude acompanhar ao vivo, graças aos novos meios de comunicação.
A reunião contou com a presença de 45 bispos da Comissão de Coordenação do CELAM, mas o assunto tratado diz respeito à Igreja universal.
Antes de falar sobre o discurso do Papa (que na minha opinião contêm as prioridades do Papa Francisco seja para assegurar a renovação da Igreja, seja para melhorar o diálogo com o mundo – sendo assim, é uma "encíclica"), eu gostaria de destacar apenas um aspecto pouco comentado nos dias sucessivos.
Papa Francesco quer uma Igreja sinodal.
Nós tivemos evidências a esse respeito quando da sua saudação após a eleição, e quando chegou ao Brasil em 22 de julho, acenando para os bispos das "Igrejas particulares", como bispo de Roma, enviado às dioceses de outros bispos, e não como chefe da Igreja universal.
Da mesma forma, quando, no sábado 27 e domingo 28 de julho ao dirigir-se aos seus "irmãos" Bispos do Brasil, ele não o fez de maneira ex cathedra, mas de modo sinodal, com um convite ao diálogo, lançando uma série de questões e propostas e, ouvindo os testemunhos dos bispos seus "irmãos".
Esta "forma" de Igreja o Papa Francisco retoma do Concílio Vaticano II, da Lumen Gentium, onde o Papa é o primeiro (primus), entre outros (inter pares).
Nesta visão, o Papa tem o primeiro lugar em um colegiado de bispos, de quem se espera a responsabilidade conjunta na tarefa do governo da Igreja. Ele não decide sozinho de maneira arbitrária ou monárquica.
Esta descoberta é a chave fundamental da eclesiologia do Papa Francisco.
O discursos do Papa coloca no centro a conferência de Aparecida (2007), após fazer memória de Medellín, Puebla e Santo Domingo. Ele lembrou a forma original com a qual a América Latina encarnou o Concílio Vaticano II.
Dito em estilo sinodal e retomando a metodologia do Concílio, reiterado na V Conferência de Aparecida, Para Francisco falou do "ver", "julgar", "agir” (Gaudium et Spes, n. 19). Para o Papa Francesco "ver", no entanto, "nunca é algo estéril, mas é influenciado pelo olhar”.
A questão era, então, a mesma que se faz hoje: "Com que olhar veremos a realidade? Aparecida nos respondeu: “com o olhar de discípulo."
O Papa ao falar sobre a missão continental, que foi o grande compromisso que a Igreja da América Latina e do Caribe assumiu em 2007, retorna à importância da mudança de estruturas "uma mudança de estruturas (de caduca à nova) que não é fruto de um estudo sobre "a organização do sistema funcional eclesiástico”.
O que faz cair por terra as estruturas caducas, o que leva o corações dos cristãos à mudança, é precisamente a misionariedade"
A missão continental, tanto programática quanto paradigmática, requer a consciência de uma Igreja que se organiza para atender a todos os batizados e os homens de boa vontade, começando pelos mais pobres ("Ah, como eu queria uma Igreja pobre para os pobres").
Este (o segundo ponto tocado), é o que o Papa pede à Igreja: para converter em ação missionária as atividades habituais das igrejas e pede que cada "reforma das estruturas eclesiais não seja o resultado de um estudo sobre "organismos eclesiais, mas seja conseqüência da dinâmica da missão".
Por esta razão o Papa interroga aos seus irmãos, sublinhando novamente o seu papel como bispo, e pede que eles se perguntem: "Nos organizamos de um jeito que o nosso trabalho e dos nossos sacerdotes seja mais pastoral que administrativo? Quem é mais beneficiado pelo trabalho da Igreja, a Igreja como organização ou o povo de Deus em sua totalidade?
E ainda: "Participamos da missão dos fiéis leigos? É um critério habitual o discernimento pastoral, servindo-se dos Conselhos Diocesanos? Tais conselhos, e aqueles dos assuntos pastorais e econômicos das paróquias são espaços reais para a participação dos leigos na consulta, no planejamento e na organização pastoral? ".
Nessa ótica de renovação da Igreja, o Papa faz perguntas precisas sobre os leigos e como eles são valorizados: "Na prática, fazemos participar da missão os fiéis leigos?" Nós, como bispos e padres damos aos leigos “a liberdade para que sigam discernindo, conforme o caminho próprio de discipulado, a missão que o Senhor confia a eles? Os acompanhamos e apoiamos, superando qualquer tentação de manipulação indevida ou submissão? ".
Ele faz isso colocando o dedo na ferida do que ainda está atrasando a implementação, a plena participação dos leigos nos conselhos pastorais diocesanos, sobre uma certa tendência clerical que levou tantos a privilegiarem os dogmas e as diretrizes em vez da proximidade com as pessoas e a compreensão dos trabalhos.
O que o Papa Fracisco faz é uma lista com itens sobre os quais trabalhar para que a Igreja possa dar resposta "às questões existenciais de hoje, especialmente à geração mais jovem, prestando atenção à sua linguagem", para que não ceda à tentação.
São palavras que captam a realidade da Igreja em diversos países do mundo, até mesmo no velho continente.
O próximo tema tocado pelo Papa diz respeito ao relacionamento com o mundo, e Francisco cita o Concílio Vaticano II (cf. n.1) para explicar que o fundamento do diálogo com a sociedade contemporânea: "As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e daqueles que sofrem são, por sua vez, as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo".
É preciso prestar atenção – explica o Papa – às novas linguagens, aos “cenários e areópagos mais variados". "Se nós permanecermos dentro dos parâmetros da ‘cultura de sempre’, o resultado será a anulação da força do Espírito Santo. Deus está em todas as partes: é preciso saber descobri-Lo para poder anuncia-Lo no idioma de cada cultura. Cada realidade, cada língua tem um ritmo diverso”.
Aqui, também, Papa Francisco chama os homens e as mulheres da Igreja a não serem auto-referência, mas  a refletirem sobre essas palavras.
Outro ponto tocado por Bergoglio, de importância crucial para toda a Igreja diz respeito a algumas "tentações" que cercam os missionários.
A primeira é a "ideologização da mensagem do Evangelho", que se apresenta de quatro modos diferentes. O "reducionismo socializante”, uma "pretensão interpretativa" com base nas ciências sociais, que abarca os campos mais diversos: "do liberalismo de mercado às categorizações marxistas."
A ideologização "psicológica", uma tentação da elite, baseada principalmente na espiritualidade e nos retiros espirituais, que "gera uma atitude imanente e de auto-referencial."
Depois, há a “proposta agnóstica”: grupos ou elites com “uma proposta de espiritualidade superior, desencarnada da História. Normalmente são chamados de "católicos esclarecidos". Por fim, existe a “proposta pelagiana” que aparece disfarçada como "restauração."
Diante dos desafios difíceis e dolorosas que a Igreja é chamada a viver no seu interior, “se procura uma solução apenas disciplinar, na restauração das condutas e formas superadas, que nem mesmo culturalmente, têm ainda capacidade de serem significativas."
Na América Latina, "se verifica em pequenos grupos, em algumas novas congregações religiosas, a tendências à segurança doutrinária ou disciplinar."
Papa Francisco propõe, sem hesitar em usar a palavra "sedução" ou a "astúcia do Evangelho”, uma Igreja mais "pastoral", que saiba acolher antes de julgar, uma Igreja de misericórdia e não de julgamento ou regras.
Com estas palavras, mostra a visão inaciana, que consiste em caminhar ao lado das pessoas a partir da situação em que elas vivem, e não a partir de uma moral estabelecida a priori. (Papa Francisco e "a revolução de ternura").
Outras duas tentações sublinhadas pelo Papa Francesco (que dizem respeito a toda a Igreja) são representadas pelo "funcionalismo", isto é, de uma concepção que “que não tolera o mistério" e se "guia pela eficácia”. "Elea reduz a realidade da Igreja a de  uma ONG. O que vale são os resultados verificáveis e as estatísticas.
Daqui se parte para todas as modalidades empreendedoras e de negócios da Igreja".
Para o Papa Francisco, muitos dos fiéis deixaram a Igreja porque ela não foi capaz de alcança-los onde eles estavam. "Lhes pareceu muito alta a medida da Grande Igreja", e é em parte por isso que eles foram seduzidos pelos movimentos pentecostais...
A última tentação – essa também não confinada somente aos parâmetros da América Latina – é o "clericalismo". Trata-se, diz o Papa, "de uma cumplicidade pecaminosa: o pároco clericaliza-se e o leigo deixa-se clericalizar.
O fenômeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade e liberdade cristã em grande parte do laicato latino-americano".
"O leigo ou não cresce (a maioria), ou se encolhe sob máscaras de ideologizações como aquelas já apontadas, ou em participação parcial ou limitada. Existe em nossa terra uma forma de liberdade dos leigos através da experiência de povo: o católico como povo."
O Papa pede o empenho no hoje tendo o passado como memória e o futuro como uma promessa, mas sabendo que o convite para o discípulo é o compromisso na realidade cotidiana.
A partir das periferias: "O discípulo vive em tensão em direção às perferias... incluidas as de eternidade no encontro com Jesus Cristo. No anúncio do Evangelho, falar de "periferias existenciais" descentraliza e geralmente temos medo de sairmos do centro. O discípulo missionário é um "descentralizado": o centro é Jesus Cristo, que chama e envia. O discípulo é enviado às periferias existenciais"...
"O discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade que se doa aos outros."
Francisco explica sobre a autonomia dos leigos: "Aqui se ve uma maior autonomia, geralmente saudável, que se exprime fundamentalmente na piedade popular. O capítulo de Aparecida sobre a piedade popular descreve esta dimensão em profundidade. A proposta de grupos de estudo bíblico, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos Pastorais seguem a linha da superação do clericalismo e de um crescimento da responsabilidade dos leigos".
O Papa depois de ter alertado sobre a "projeção utópica" com relação ao futuro e a projeção "restauracionista" sobre o passado, explicou que "Deus é real e se manifesta no hoje.." A Igreja, quando se “posiciona no centro se torna funcional e se transforma em uma ONG", e ao pretender assim, ter luz própria, torna-se mais auto-referencial e "se enfraquece na sua necessidade de ser missionária." Acaba por tornar-se "administradora”, de serva torna-se "controladora". Existem, acrescenta Francisco, pastorais "distantes", pastorais disciplinantes que privilegiam os “princípios, as condutas, os processos organizacionais... obviamente sem proximidade, sem ternura, sem afeto. Ignora-se a teologia da ternura, a "revolução da ternura" que gerou a encarnação do Verbo. Para o Papa uma via para a construção de pontes, para ir ao encontro do outro, são as homilias. "Nos aproximemos do exemplo de Nosso Senhor, que falava como quem tem autoridade, ou o que falamos são meros preceitos, distantes e abstratos? ".
O Papa concluiu seu discurso aos núncios em junho passado, reiterando que os bispos devem "ser pastores próximos do povo", pacientes e misericordiosos. Eles devem amar a pobreza, também aquela exterior, com "simplicidade e austeridade da vida", sem ter a "mentalidade de príncipes" e sem ambição.
Traduzido do original italiano por Elena Arreguy Sala

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O CARÁTER COMUNITÁRIO E ECLESIAL DA LITURGIA


 
Caros diocesanos. Em 2013 já tentamos refletir diversos temas relacionados com a Liturgia. Percebemos que a Constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, primeiro documento do Concílio Vaticano II, cujo cinqüentenário nós estamos celebrando, possibilitou um novo espírito litúrgico, centralizado no Mistério pascal de Cristo, essência e pedra angular da Liturgia, a qual é “cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10). Assim supera-se a visão exterior, separada e utilitarista da Liturgia para torná-la fonte primordial da espiritualidade cristã.
Hoje queremos destacar uma das principais características de toda ação litúrgica: seu caráter comunitário e eclesial. Nós fazemos parte de um povo sacerdotal, desde o nosso Batismo. Celebramos como Igreja e com a Igreja, sacramento da unidade (SC 26-27). É por isso que nós formamos assembléia (comunidade) quando celebramos. A oração individual também é importante, mas ela não pode substituir ou perder o caráter eclesial. O individualismo devocional deve ceder lugar à assembléia litúrgica, a qual recebe importância particular, como povo sacerdotal, povo celebrante, também sujeito da celebração. Por isso a CNBB afirma: “Convocada por Deus, a assembléia litúrgica, expressão sacramental da Igreja, unida a Jesus Cristo, é sujeito da celebração” (AVLB, n.54).
Esta vitalidade eclesial e comunitária da liturgia se estende para toda vida do Povo de Deus, pois está fundamentada 
em Jesus Cristo que nos conduz ao seio da Trindade, a comunidade perfeita, e ao encontro dos irmãos e das irmãs. Assim nossa unidade sobrevive à medida que estiver relacionada com o seguimento de Jesus Cristo. A união com Ele não se fecha sobre si mesma, mas abre-se a todos. Quem exclui não é católico (= universal) e nem está alimentado pelo genuíno espírito cristão. Portanto, o centro e o motivo de todo grupo eclesial (comunidades, pastorais, movimentos, serviços, associações...) têm que ser necessariamente o Senhor e não o próprio grupo. Toda tentativa de promoção pessoal ou de grupo, à custa de Deus ou dos outros, contamina o espírito comunitário e não traz bênçãos. Fazer o bem em seu próprio nome, não em nome de Jesus, é escravizar o outro, é usá-lo para si mesmo, com falsa fachada de filantropia (amor ao ser humano). Por isso, o verdadeiro discípulo missionário de Jesus deixa de agir no próprio nome, seja pessoal, seja coletivo. Unido a Jesus, age nEle e com Ele, realizando sempre a obra de Jesus, disposto a renunciar a tudo aquilo que pode atrapalhar, num processo constante de conversão pessoal e pastoral, como afirma o Documento de Aparecida (DAp 368).
O contexto anterior conduz também à dimensão social da liturgia. Toda celebração litúrgica tem uma dimensão de compromisso comunitária e social. Uma das dimensões da Liturgia é celebrar a vida e tudo o que ela significa, para nós e para os outros. É por isso que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2008-2010) orientam: “Uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer a injustiça é um contra-testemunho e celebra indignamente a própria liturgia” (n. 178). Atos dos Apóstolos lembra que a comunhão superava as diferenças sociais: “Entre eles ninguém passava necessidade” (At 4, 24).
Senhor, ajuda-nos a tornar nossas celebrações litúrgicas e ações de vida sempre mais comunitárias e eclesiais, longe de serem expressões egoístas, fechadas aos nossos irmãos.

Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana


domingo, 25 de agosto de 2013

Ser cristão não é ter uma etiqueta



Antes de rezar o Angelus Papa Francisco reflete sobre o caminho da salvação e depois faz um apelo para a paz na Síria

ROMA, 25 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a seguir as palavras pronunciadas pelo Papa Francisco neste domingo (25) diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para rezar o Angelus.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o tema da salvação. Jesus está subindo desde a Galiléia até a cidade de Jerusalém, e ao longo do caminho um tal - diz o evangelista Lucas - se aproxima e pergunta-lhe: "Senhor, são poucos os que se salvam?" (13,23). Jesus não respondeu diretamente a pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mais importante é saber qual é o caminho da salvação. E assim, Jesus responde a questão, dizendo: "Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar, mas não conseguirão" (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E por que Jesus fala de uma porta estreita?
A imagem da porta aparece várias vezes no Evangelho e evoca aquela da casa, do lar doméstico, onde encontramos segurança, amor, calor. Jesus diz-nos que há uma porta que nos permite entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus(cf. João 10,09). Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai.. E a porta, que é Jesus, nunca está fechada, não está fechada nunca, está sempre aberta a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Alguém entre vocês poderia me dizer: "Mas, Padre, com certeza eu estou excluído porque sou um grande pecador: fiz coisas más, fiz tantas coisas, na vida”. Não, você não está excluído! Precisamente por isso és o preferido, porque Jesus prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando para te abraçar, para te perdoar. Não tenha medo: Ele está esperando por você. Anime-se, tenha coragem para chegar à sua porta. Todos são convidados a passar por esta porta, a porta da fé, para entrar na sua vida e deixá-lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e duradoura.
Hoje em dia nós passamos diante de muitas portas que nos convidam a entrar e prometem uma felicidade que, logo, percebemos que dura apenas um instante, que se esgota em si mesma e não tem futuro. Mas eu lhes pergunto: Por qual porta queremos entrar? Quem queremos deixar entrar pela porta de nossas vidas? Eu gostaria de dizer com força: não tenhamos medo de passar pela porta da fé em Jesus, de deixá-lo entrar cada vez mais em nossas vidas, de sairmos do nosso egoísmo, do nosso fechamento, da nossa indiferença para com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que nunca se apaga. Não é um fogo de artifício, não é um flash! É uma luz tranquila que dura para sempre e nos dá a paz. Assim é a luz que encontramos quando entramos pela porta de Jesus.
Claro que a de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, isso não! Mas porque Ele nos pede para abrir os nossos corações para Ele, reconhecermo-nos pecadores, necessitados de sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter a humildade em acolher a Sua misericórdia e de nos deixar renovar por Ele. Jesus no Evangelho nos diz que ser cristão não é ter uma etiqueta''! Eu pergunto a vocês: vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda dentro de si mesmo! Nunca cristãos de etiqueta! Mas cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida.
A Virgem Maria, Porta do Céu, pedimos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que seu Filho transforme nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria do Evangelho.
(Apelo)
Com grande dor e preocupação continuo a acompanhar a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra entre irmãos, com a proliferação de massacres e atrocidades, que todos pudemos ver nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a levantar a voz para que termine o ruído das armas. Não é o confronto que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas a capacidade do encontro e do diálogo.
Do fundo do meu coração, eu gostaria de expressar a minha proximidade na oração e solidariedade a todas as vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças, e convido a manter viva a esperança de paz. Faço um apelo à comunidade internacional para que se mostre mais sensível a esta situação trágica e coloque todos os esforços para ajudar a amada nação Síria a encontrar uma solução para uma guerra que semeia a destruição e a morte. Todos juntos, rezemos, todos juntos rezemos a Nossa Senhora, Rainha da Paz: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.
(Depois do Angelus)
Saúdo com afeto os peregrinos presentes: as famílias, os numerosos grupos e a Associação Albergoni. Em particular, saúdo as Irmãs de Santa Doroteia, os jovens de Verona, Siracusa, Nave, Modica e Trento, os crismandos da Unidade Pastoral de Angarano e Val Liona; os seminaristas e padres do Pontifício Colégio Norte-Americano, os trabalhadores de Cuneo e os peregrinos de Verrua Po, San Zeno Naviglio, Urago d'Oglio, Varano Borghi e São Paulo, do Brsil. Para muitos, estes dias marcam o fim do período das férias de verão. Auguro a todos um retorno sereno e comprometido à vida cotidiana normal olhando para o futuro com esperança.
Desejo a todos um bom domingo, boa semana! Bom almoço e adeus!