sexta-feira, 11 de abril de 2014

A tentação cresce, contagia e dá justificativas



O Santo Padre nos recorda que o diabo existe também no século XXI
Por Redacao
CIDADE DO VATICANO, 11 de Abril de 2014 (Zenit.org) - 
O papa Francisco pediu nesta manhã, durante a homilia na Casa Santa Marta, que aprendamos do Evangelho a lutar contra as tentações do demônio. O pontífice recordou que todos somos tentados, porque o diabo não quer a nossa santidade, e reiterou que a vida cristã é uma luta contra o mal.
O Santo Padre declarou que “a vida de Jesus foi uma luta. Ele veio para vencer o mal, para vencer o príncipe deste mundo, para vencer o demônio”. E a luta contra o demônio tem que ser enfrentada por cada cristão. O demônio “tentou Jesus muitas vezes e Jesus sentiu as tentações”, como “também sentiu as perseguições”. Nós também, completou Francisco, “somos tentados, somos objetos do ataque do demônio, porque o espírito do mal não quer a nossa santidade, não quer o testemunho cristão, não quer que nós sejamos discípulos de Jesus. E como é que o espírito do mal procura nos afastar do caminho de Jesus com a tentação? A tentação do demônio tem três características e nós precisamos conhecê-las para não cair nas armadilhas. Como é que o demônio faz para nos afastar do caminho de Jesus? A tentação começa de leve, mas cresce: sempre cresce. Ela cresce e contagia o outro, se transmite para o outro, tenta ser ‘comunitária’.. E, por último, para tentar tranquilizar a alma, ela dá uma justificativa. Ela cresce, contagia e dá justificativas”.
O Santo Padre observou que a primeira tentação de Jesus “quase parece uma sedução”: o diabo sugere que Jesus se jogue do alto do templo para que todos digam: “Este é o Messias!”. É a mesma coisa que ele fez com Adão e Eva: “É a sedução”. O diabo “quase fala como se fosse um mestre espiritual”. E, “quando é rejeitado”, ele “cresce: cresce e se torna mais feroz”.. Francisco lembrou que Jesus “diz isso no Evangelho de Lucas: quando o demônio é rejeitado, ele procura companheiros e volta com essa ‘turma’”. Portanto, “ele cresce envolvendo outros”. E assim, prosseguiu o pontífice, “aconteceu com Jesus”: “o demônio envolve” os inimigos dele. E o que “parecia um fio d’água, pequeno, tranquilo, se transforma numa torrente”. O Santo Padre observou que, quando Jesus prega na sinagoga, os seus inimigos o menosprezam dizendo: “Mas este é o filho de José, o carpinteiro, o filho de Maria! Ele nunca estudou! Com que autoridade ele está falando? Ele não estudou!”. A tentação “envolveu todos contra Jesus”, disse o papa. E o ponto mais alto, “mais forte da justificativa”, vem do sacerdote que diz: “Não sabeis que é melhor que um homem morra para salvar o povo?”.
Francisco voltou a destacar: “Temos uma tentação que cresce: cresce e contagia os outros. Vamos pensar numa fofoca, por exemplo: eu tenho um pouco de inveja de tal pessoa e de tal outra. Primeiro, essa inveja está dentro de mim, apenas. Mas começa a ‘necessidade’ de compartilhá-la. E eu vou falar com alguém: ‘Você viu aquela pessoa?’… E a tentação cresce e contagia outro, e outro… Este é o mecanismo da fofoca e todos nós já fomos tentados a fofocar! Esta é uma tentação cotidiana. Mas começa assim, suavemente, como o fio d’água. Cresce por contágio e, no fim, tenta se justificar”.
Por isso, Francisco nos pediu ficar “atentos quando em nosso coração sentirmos algo que vai acabar destruindo as pessoas”. E reforçou: “Vamos ficar atentos porque, se não pararmos a tempo, esse fio d’água, quando crescer e contagiar os outros, será uma torrente que só nos levará a justificar o mal, como aquelas pessoas tentaram se justificar” afirmando que “é melhor que morra um só homem pelo povo”.
Para terminar, o bispo de Roma destacou que “todos somos tentados, porque a lei da vida espiritual, da nossa vida cristã, é uma luta: uma luta. Porque o príncipe deste mundo, o diabo, não quer a nossa santidade, não quer que nós sigamos a Cristo. Algum de vocês, talvez, pode dizer: ‘Mas, padre, como você é antiquado: falar do demônio em pleno século XXI! Mas o diabo existe! O diabo existe. Também no século XXI! E não devemos ser ingênuos! Temos que aprender do Evangelho como se luta contra ele”.

Nasce a Federação One of us para defender a vida na Europa

Organizações pró-vida e pró-família de mais de vinte países vão trabalhar em coordenação
Por Ivan de Vargas

ROMA, 11 de Abril de 2014 (Zenit.org) - Após o sucesso da Iniciativa Cidadã Europeia "Um de nós" ("One of Us"), ao mobilizar a adesão de quase dois milhões de pessoas nos 28 Estados membros da UE, seus promotores deram uma passo a mais e ontem constituíram a Federação “One of us”.
Conforme relatado em um comunicado divulgado hoje, quinta-feira, a Comissão Europeia convocou os artífices de “One of us” para uma audiência pública que teve lugar em Bruxelas. Durante a reunião estiveram presentes os comissários pertencentes ao Comitê de pesquisa e ao Comitê de Cooperação para o Desenvolvimento.
"Pela primeira vez, com um certo equilíbrio, ocorreu um debate intenso e apaixonado com relação à defesa da vida no Parlamento Europeu. Embora haja eurodeputados a favor e outros contra, o que importa é a troca de pontos de vista", salientou Jaime Mayor Oreja, eurodeputado espanhol, promotor da iniciativa no Parlamento Europeu.
Depois da audiência, as organizações pró-vida e pró- família europeias que trabalharam durante os últimos dois anos na citada Iniciativa Cidadã Europeia, se reuniram para prosseguir com a criação da Federação “One of us” e assinar os seus estatutos.
Os coordenadores da iniciativa enfatizaram na mesma nota que a Federação “nasce com o propósito e a finalidade de assegurar que sempre haja uma voz europeia que defenda o direito à vida e à proteção do embrião humano, ainda mais agora, um momento histórico em que se abre um debate cultural importante sobre esta questão".
Enquanto chega o próximo dia 28 de maio, data que a Comissão Europeia estabeleceu para divulgar a sua posição sobre a iniciativa, a Federação "One of us" já começou a se organizar com o fim de tornar-se essa voz em Bruxelas.
"Um de nós" é uma iniciativa legislativa popular, lançada por um grupo de cidadãos de diferentes países da UE para pedir às instituições comunitárias a proteção do ser humano desde a sua concepção. Esta iniciativa reúne na prática a todas as organizações pró-vida e pró-família da Europa.

Jesus Cristo não vem a morrer de novo na Cruz. Agora é a nossa vez!



Reflexões de Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 11 de Abril de 2014 (Zenit.org) -
 "Jesus Cristo morreu, Jesus Cristo ressuscitou, Jesus Cristo é o Senhor, Jesus Cristo há de voltar!" Poucas palavras, com as quais se resume o essencial da fé cristã. Impressiona o fato de que os seguidores de Jesus, nos Atos dos Apóstolos, tenham tido tamanha força transformadora, capaz de compungir os corações mais endurecidos. De lá para cá, é a mesma verdade, a certeza que decide a vida das pessoas, anunciada em todos os recantos da terra, até alcançar os confins do mundo que o Senhor nos deu. É que os pregadores do Evangelho não falam sozinhos e nem são portadores de mensagens próprias. Apenas se colocam à disposição de Deus, que envia a força do Espírito Santo, dando-lhes palavras adequadas e a força para o testemunho corajoso de Jesus Cristo.
Como somos humanos e vivemos a fé no correr do tempo a pedagogia da Igreja nos faz percorrer, num aprofundamento contínuo do mistério cristão, as diversas etapas da história da salvação. Com a Semana Santa, que está para começar, Jesus Cristo, o único Salvador e Senhor, não percorre de novo os passos da Via Dolorosa, ou vem a morrer de novo na Cruz, para depois ressuscitar. Agora é a nossa vez! E começa a Semana Santa com o convite a visitarmos os lugares santos, para recolher os ensinamentos deixados e, mais do que tudo, recebermos a graça de Deus que nos é dada em tempo oportuno.
Pelas ruas começa nosso giro pelos lugares da fé na manhã do Domingo de Ramos. Começando pelas crianças até chegar aos mais velhos, as ruas da Jerusalém de ontem e de hoje devem ficar fervilhando de gente, aclamações e orações, com os ramos da fé erguidos em louvor ao Senhor. Peço que a juventude nos tome pelas mãos, na Jornada Mundial, desta feita celebrada em cada Igreja Local, no mundo inteiro. O Papa Francisco escolheu como tema da Jornada uma bem-aventurança: "Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5, 3). Nesta estação do Domingo de Ramos, três lições: ser livres em relação às coisas, despojando-nos do que é supérfluo, pondo Jesus em primeiro lugar em nossas escolhas, com a coragem para viver a sobriedade; depois, cuidar dos mais pobres e sofredores. Diante das mais variadas formas de pobreza, o desemprego, a emigração, dependências dos mais variados tipos, permanecer vigilantes e conscientes, vencendo a tentação da indiferença. Ainda uma lição: os mais pobres são mestres para nós. Ensinam-nos que uma pessoa não vale por aquilo que possui. Mesmo sem bens materiais, conserva sempre a sua dignidade.
Entremos numa casa! Com nossas boas vindas a este novo "turismo religioso", peço a alguns amigos de Jesus, Marta, Maria e Lázaro, assim como os apóstolos do Senhor, que nos acompanhem de segunda até quarta-feira. São dias de mais oração e intimidade com Jesus. Sugerimos um tempo de silêncio e adoração, diante de Jesus Eucaristia, aquele que gostava de ir à casa de Betânia. O lugar santo para esta etapa da peregrinação da Semana Santa pode ser a sua própria casa, ou quem sabe, um pouco mais de silêncio e revisão de vida.
Visitar a Igreja! Na quinta-feira pela manhã, a Igreja quer conduzir-nos ao coração de seu mistério de unidade. Visite, se possível, a Catedral de sua Diocese, para participar da Missa da Unidade. Lá você acompanhará a Bênção dos Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e a Consagração do Óleo do Crisma. Os padres renovarão, diante de você e de todo o povo, como testemunhas qualificadas, seus compromissos de serviço.. O lugar Santo é a Igreja que se realiza em torno do Bispo, unida ao mundo inteiro! É bom sentir que somos Igreja viva, povo sacerdotal, que bendiz ao seu Senhor.
Bem vindo ao Cenáculo! Desde o início da Quaresma, vivemos para acompanhar Jesus e com ele vivermos a sua Páscoa. Quinta-feira à noite começa a Páscoa. O primeiro lugar a ser visitado tem o nome de Cenáculo, sim, lugar da ceia! Ali, quando chega a "hora" de Jesus, ele se despoja de suas vestes, lava os pés dos discípulos, gesto inusitado e ao mesmo tempo coerente com tudo o que tinha vivido junto deles. Dá de presente o seu mandamento, "amai-vos uns aos outros como eu vos amei" e, para a grata surpresa de todos, institui a Eucaristia, memorial permanente de seu eterno amor. Corpo, Sangue, Alma e Divindade estão verdadeiramente presentes! Todas as vezes que comemos deste Pão e bebemos deste Vinho, anunciamos a Morte do Senhor e anunciamos a sua Ressurreição, até que ele venha! Sejam bem vindos os irmãos e irmãs que ultrapassam os umbrais do Cenáculo, para participar da Mesa do Senhor e aprender as lições do altar! Depois da Missa da Ceia do Senhor, os peregrinos da Semana Santa são convidados a adorarem em silêncio o grande Mistério!
Agora, a subida do Calvário. Daqui para frente, despedida, dor, apreensão, correria, crise. São os discípulos de Jesus que se dispersam por não conseguirem acompanhar seu intrépido Senhor. E nós vamos juntos, pois suas dificuldades retratam o que nós mesmos somos e vivemos. Saia de sua casa, irmão ou irmã, vá pelas ruas, recolha as dores e os pecados próprios ou dos outros, siga o Senhor dos Passos ou a Virgem Dolorosa, representados pelas suas imagens. Abra os ouvidos do coração, pois o esperam três horas de sabedoria pura, destilada da Escritura, no Sermão das Sete Palavras. Em Belém, é a centésima trigésima quinta vez que a cidade interrompe tudo o que faz para apenas ouvir a pregação da Palavra de Deus. Depois, é hora da Igreja, para repousar à sombra dos braços do Servo Sofredor de Javé, ouvir com piedade a narrativa da Paixão, beijar a Cruz e comungar. É a Páscoa da Cruz!
A casa do silêncio! De repente, tudo se faz silêncio. É Sábado Santo! Percorra com os passos do coração o Jardim de José de Arimateia. Aproveite para recordar outros jardins, o da criação, o do Horto das Oliveiras, o do Calvário. Procure a sepultura do Senhor e não desperdice qualquer detalhe. Guarde bem as imagens, registre o som do silêncio.
Da Cruz ao Sepulcro e à Galileia! Estamos preparados para o ato final, derradeira etapa de nossa visita aos lugares santos da Semana Santa.. Ninguém fique em casa! Noite de sábado, roupas festivas, velas nas mãos, uma fogueira nos atrai. É fogo novo, sinal de um acontecimento que mudou o mundo. A Igreja acende no único Círio Pascal, as velas de todos os fiéis. A luz do Lume aceso nas noites do mundo, a Igreja nos faz contemplar a história da Salvação, Criação, Alianças, Êxodo, Profetas, Esperanças!
Nenhum roteiro de viagens pode conduzir-nos a tal experiência. É necessário ser peregrinos da fé, desejosos de ver Deus e a sua vitória. Para nossa renovada surpresa, ressoa de novo o Aleluia! O Evangelho, perene Boa Nova, anuncia que Jesus Cristo ressuscitou. Ele está vivo no meio de nós. É o Senhor e portador da Paz. É hora de acompanhar os que são recebidos na Igreja na noite santa e renovar os compromissos batismais. Somos filhos da Igreja, somos irmãos, somos um povo de fé! E o Domingo, que veio a se tornar a Páscoa Semanal dos cristãos, celebrado com alegria e devoção, abrirá a peregrinação cotidiana dos homens e mulheres que, voltando às suas casas, tornar-se-ão anunciadores do mesmo mistério.

"A superficialidade de fazer da Semana Santa um feriadão pode ser um equívoco"



Reflexões de dom Dom Wamor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte sobre a semana santa.
Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo

BELO HORIZONTE, 11 de Abril de 2014 (Zenit.org) -
 Os diagnósticos da crise contemporânea apontam processos corrosivos de desumanização, pesando existencialmente sobre os ombros de todos. É incontestável a perda do sentido da própria vida, com consequentes atentados contra a dignidade do outro. Violências de todo tipo permeiam as relações sociais e humanas como o tráfico de pessoas - tema da Campanha da Fraternidade (CF-2014) - a banalização da vida e a perda da noção de moralidade, que resultam no desrespeito aos valores essenciais do ser humano.
Essa desumanização que alimenta dia a dia o aumento da violência e intensifica a inércia de ações governamentais e cidadãs, exige reação urgente e massiva na reconfiguração dos cenários socioculturais e políticos.
Tem-se a impressão de que a sociedade contemporânea é um caminhão desgovernado ladeira a baixo, sem freios. De tudo acontece. Tudo parece possível quando deixa de existir clareza sobre os valores do bem e do mal na vida social e familiar. Diante desta realidade, é compromisso inegociável do cristão o combate diuturno para fazer triunfar o bem e a justiça.
Ardiloso, o mal não se dobra facilmente a qualquer ameaça. Vencê-lo requer estratégias inteligentes, de racionalidade e de vontade política próprias de quem tem estatura cidadã. Mas só a espiritualidade é capaz de sustentar a competência daquele que assume esta luta. Só ela tem poderes para alargar os corações e capacitar as pessoas para uma compreensão que ultrapassa a simples lógica das relações formais e conduzir à construção de uma sociedade justa e solidária, por meio do aprendizado do amor a partir de sua gênese: a fonte inesgotável, o amor, Deus revelado de maneira plena na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador e Redentor. Significativo é ter presente o ápice do diálogo de Jesus com Nicodemos, narrado pelo evangelista João, quando o Mestre diz: ‘Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna’.
Não se pode ser coração da paz e, assim, vencer o mal, sem beber da fonte do amor, que o limite humano não garante, em si.  E este amor de Deus, na história da humanidade, se personifica em Jesus Cristo. Se há essa compreensão, permanece cotidianamente o desafio de aproximação dessa fonte e o usufruto da oferta dadivosa que ele faz de si, com ensinamentos e gestos que, imitados e testemunhados, podem fazer de cada coração da paz instrumento de consecução de uma dinâmica social e política que promova a dignidade humana.
Esses espantosos diagnósticos de desumanização da sociedade contemporânea precisam ser afrontados, com o propósito inadiável de nova configuração, em segurança pública, educação, trabalho, saúde, moradia, política menos partidarista e mais cidadã. Pela garantia de oportunidades para todos, por uma cultura que supere a exclusão social. Sendo assim, a reconquista da humanização que se anseia neste momento, com a reorganização das diversidades de todo tipo, autonomias e liberdades, demandas e prioridades, só será possível por meio de uma espiritualidade enraizada, fazendo de cada pessoa coração da paz.
A vivência da Semana Santa, a Semana Maior, fixando o olhar na revelação plena do amor de Deus, aproximando-nos da fonte inesgotável, é a grande oportunidade para se recuperar a espiritualidade tão necessária. A superficialidade de fazer da Semana Santa um feriadão pode ser um equívoco. O repouso justo, o silêncio fecundante, a oração alargadora do coração, as abstinências, a sensibilização pela escuta e a celebração do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus são possibilidades fecundas para um novo tempo de vida pessoal e comunitária em busca do indispensável vigor espiritual.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

TRÍDUO PASCAL



O espírito quaresmal nos encaminha para a Semana Santa, que precede a Páscoa.

Na segunda, terça e quarta-feira da Semana Santa, a Igreja prepara-se para o Tríduo Pascal, contemplando o Servo sofredor. Nesse período, aparecem como figuras eloquentes, Maria, a Mãe de Jesus, Maria Madalena, que perfuma o corpo do Senhor, Pedro e Judas.

Na liturgia romana o Tríduo Pascal é ponto culminante: "não se trata de um tríduo preparatório para a festa da Páscoa, mas são três dias de Cristo crucificado, morto e ressuscitado. Tem início na celebração da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, na missa vespertina, terminando com o domingo de Páscoa". São dias dedicados a celebrações e orações especiais.

Na Quinta-feira Santa comemoramos a última Ceia da páscoa hebraica que Jesus fez com os 12 apóstolos antes de ser preso e levado à morte na cruz. Durante esta ceia, Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio Cristão, prefigurando o evento novo da Páscoa cristã que haveria de se realizar dois dias depois.

O Cordeiro pascal a partir dessa ceia, é Ele próprio, que se oferece num voluntário sacrifício de expiação, de louvor e de agradecimento ao Pai, mareando assim a definitiva aliança de Deus com toda a humanidade redimida do poder do maligno e da morte.

A simbologia do sacrifício é expressa pela separação dos dois elementos: o pão e o vinho, a carne e o sangue, o Corpo e o Espírito de Jesus, inseparavelmente unidos e separados, sinal misterioso ao mesmo tempo de vida e de morte.

Esse evento do mistério de Jesus é também profecia e realização do primado do amor e do serviço na sua vida e na dos que crêem, o
que se tornou manifesto no gesto do lava-pés.

Depois do longo silêncio quaresmal, a liturgia canta o Glória. Ao término da liturgia eucarística, tiram-se as toalhas do altar-mor para indicar o abandono que o Senhor vai encontrar agora; a santa Eucaristia, que não poderá ser consagrada no dia seguinte, é exposta solenemente com procissão interna e externa a igreja e a seguir recolocada sobre o altar da Deposição até a meia-noite para adoração por parte dos fiéis.

Na Sexta-feira Santa a Igreja não celebra a Eucaristia. Recorda a Morte de Cristo por uma celebração da Palavra de Deus, constando de leituras bíblicas, de preces solenes, adoração da cruz e comunhão sacramental.

A noite do Sábado Santo é a "mãe de todas as vigílias", a celebração central de nossa fé, nela a Igreja espera, velando, a ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos.

A liturgia da Noite Pascal tem as seguintes partes: Celebração da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.

O Tríduo Pascal termina com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na verdade o Cristo ressuscitou, aleluia! A ele o poder e a glória pêlos séculos eternos.

Uma feliz e abençoada Páscoa!

Pe. Ademir Gonçalves, C.Ss. R.
via site catequizar

Coração e mente fechados não deixam espaço para Deus



Francisco reflete sobre o perigo do pensamento único, que é escravo de esquemas prontos
Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 10 de Abril de 2014 (Zenit.org) - Continua existindo hoje a ditadura do pensamento único, que mata a liberdade dos povos, a liberdade das pessoas, a liberdade das consciências: diante disso, temos que “vigiar e orar”, disse hoje o papa Francisco em sua homilia, na Casa Santa Marta.
Deus promete a Abraão que ele será pai de uma multidão de nações, mas ele e sua descendência deverão observar a aliança com o Senhor. A homilia do papa usou como referência a primeira leitura do dia para explicar a postura farisaica de fechamento diante da mensagem de Jesus. Os fariseus pensavam que tudo se resumia à observância dos mandamentos, mas estes “não são uma lei fria”, porque nascem de uma relação de amor; são “indicativos” que nos ajudam a não errar no caminho para encontrar Jesus.
Os fariseus fecham coração e mente “para qualquer novidade”, não entendem “o caminho da esperança”. Este é “o drama do coração fechado, o drama da mente fechada. E quando o coração está fechado, ele fecha a mente; e quando coração e mente estão fechados, não há lugar para Deus”, mas apenas para o que achamos que deve ser feito. Os mandamentos, porém, “carregam uma promessa; e os profetas despertam essa promessa”. Quem tem coração e mente fechados não consegue acolher a “mensagem de novidade” trazida por Jesus, que “é o que tinha sido prometido pela fidelidade de Deus e dos profetas. Mas eles não entendem”.
Explica o Santo Padre: “É um pensamento que não está aberto ao diálogo, à possibilidade da existência de outra coisa, à possibilidade de que Deus nos fale, nos diga como é o seu caminho, como Ele fez com os profetas. Aquela gente não tinha escutado os profetas e não escutava Jesus. É mais do que simples teimosia. É mais: é a idolatria do próprio pensamento. ‘Eu penso assim, isso tem que ser assim e fim’. Aquela gente tinha um pensamento único e queria impor esse pensamento ao povo de Deus. Por isso Jesus os repreende”.
O que Jesus repreende, observou Francisco, é a incoerência deles. “A teologia daquela gente se torna escrava de um esquema, de um esquema de pensamento, o pensamento único”.
O papa afirmou ainda que “não há possibilidade de diálogo, não há possibilidade de se abrir às novidades que Deus nos traz através dos profetas. Eles assassinaram os profetas. Aquela gente fecha a porta para a promessa de Deus. E, na história da humanidade, quando ocorre esse fenômeno do pensamento único, quantas desgraças! No século passado, todos nós vimos as ditaduras do pensamento único, que acabaram matando tanta gente! Quando eles se sentiam donos, ninguém podia pensar de outra forma. ‘O único jeito de pensar é assim’”.
Hoje também existe a idolatria do pensamento único, alertou o papa. “Hoje temos que pensar assim e quem não pensa assim não é moderno, não é aberto, ou coisa pior. Muitas vezes, alguns governantes dizem: ‘Peço ajuda financeira para isto’. E respondem: ‘Se você quer esta ajuda, tem que pensar assim e criar essa lei, e essa outra, e aquela outra…’. Hoje também sofremos a ditadura do pensamento único e essa ditadura é a mesma daquela gente [citada no Evangelho]: pegar as pedras para apedrejar a liberdade dos povos, a liberdade das pessoas, a liberdade das consciências, a relação das pessoas com Deus. E Jesus é crucificado mais uma vez”.
Ao terminar, o pontífice destacou que a exortação de nosso Senhor “diante desta ditadura é sempre a mesma: vigiar e orar; não ser tolos, não comprar coisas que não servem para sermos humildes e para rezarmos. Que nosso Senhor sempre nos dê a liberdade do coração aberto, para recebermos a sua Palavra, que é promessa, alegria e aliança”.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Significado do Domingo de Ramos



O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição.
Domingo de Ramos é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus Cristo passava montado num jumento.
Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”… E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder.
Começa então uma trama para condenar Jesus à morrer na cruz no Domingo de Ramos. O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus Cristo como o profeta de Nazaré da Galiléia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria Jesus de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.
Por isso, na celebração do Domingo de Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo.
Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.
O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia nos relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte.
Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai’

(Filipenses l:2,11).

Oração para o 1º dia da Semana Santa: Senhor, nessa semana que inicia, a Semana Santa, em que celebramos sua morte e ressurreição, peço-te: converte meu coração. Abra meus olhos para perceber a grandeza de seu maravilhoso sacrifício por minha salvação, e do mundo inteiro. Leva-me para mais perto de Ti e do grande mistério do Seu Amor. Que seu Santo Espírito inunde meu coração, com, ao menos uma parcela desse Tão Grande Amor, que mudou a história da humanidade!
via internet

Significado e data da Páscoa cristã



O que significa essa festa? E por que essa festa é celebrada cada ano em uma data diferente?

 (Zenit.orgPe. Anderson Alves 

Estamos nos aproximando da festa da Páscoa e talvez muitos se perguntem: o que significa essa festa? E por que essa festa é celebrada cada ano em uma data diferente? Para respondê-las temos que fazer uma viagem no tempo. De fato, a origem dessa festa é muito antiga e foi se desenvolvendo e adquirindo significados cada vez mais ricos.
No mundo mediterrâneo, muitos anos antes de Cristo, havia uma festa da passagem do inverno para a primavera, no mês de março. Geralmente esta festa era realizada na primeira lua cheia da “época das flores”.
Os judeus celebravam essa festa no seu início. Mas, por volta do ano 1250 a. C., a dita festa ganhou novo significado: começou a significar uma passagem (Passah): ou a passagem de Deus no Egito, ferindo os primogênitos e libertando o povo escravo do faraó; ou a passagem do povo da escravidão à liberdade, com a importante travessia do Mar Vermelho. A Páscoa se tornou então a festa central do povo de Israel.
Entre os cristãos a Páscoa ganha novo significado: Cristo morreu durante a Páscoa dos judeus, que se celebrava no dia 14 de Nisán do calendário judaico, ou seja entre março e abril no nosso calendário atual. Esse dia sempre coincidia com a primeira lua cheia da primavera.
Os cristãos, nos primeiros anos da vida da Igreja, celebravam o domingo – a páscoa dominical – o dia da passagem da morte à vida nova de Cristo. E a festa cristã da Páscoa anual surge por volta do ano 150. Para determinar uma data anual os cristãos discutiram muito, segundo a forma de compreender o mistério pascal de Cristo.
Por um lado, os asiáticos entendiam que é Cristo que “passa” da morte à vida. Os romanos, por outro lado, acentuavam que somos nós os que passamos da morte à vida através da morte e ressurreição de Cristo. De acordo com essa diferente forma de considerar o mistério pascal, começou a se celebrar a Páscoa em diferentes datas: a maioria dos cristãos (inclusive a Igreja em Roma) a celebrava no domingo seguinte ao dia 14 de Nisán; e os cristãos da região da Ásia Menor celebravam a Páscoa sempre no dia 14 de Nisán.
No ano 325 foi celebrado o Concílio de Nicéia, ou seja, a reunião de todos os bispos católicos do mundo, convocados pelo imperador Constantino, para discutir questões doutrinais que preocupavam os pastores da Igreja. Nessa importantíssima reunião se definiu a data da Páscoa, decisão que segue vigente até nossos dias. Então ficou definido:
1º - Que a Páscoa deve ser celebrada sempre no domingo;
2º - Que jamais possa ser celebrada no mesmo dia que é celebrada pelos judeus; isso implica que quando o dia 14 de Nisán cair no domingo, a Páscoa deverá ser celebrada no domingo posterior;
3º - Que é proibido aos cristãos celebrar a Páscoa duas vezes no mesmo ano.
Dessa forma ficou estabelecido o critério para a celebração da Pascoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo e nossa passagem da vida antiga de escravos do pecado à vida livre dos filhos de Deus e então podemos entender porque a maior festa cristã é celebrada sempre em datas diversas.
A Páscoa sempre foi considerada uma celebração da vida. Da vida nova que nasce na primavera, e da vida nova que nasce de Deus: do Deus que liberta o seu povo por amor e que o faz vencer a morte pela ressurreição de Cristo. Bem posteriormente, se uniu à Páscoa o símbolo do coelho, animal que representa a fecundidade e a beleza da vida. A figura do coelho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do XVIII. E os ovos de Páscoa simbolizam a alegria da vida, que nos é dada gratuitamente.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O DOM DA SABEDORIA




Papa Francisco explica o dom da sabedoria
Texto completo da catequese

CIDADE DO VATICANO, 09 de Abril de 2014 (Zenit.org) -
 Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Iniciamos hoje um ciclo de catequeses sobre os dons do Espírito Santo. Vocês sabem que o Espírito Santo constitui a alma, a seiva vital da Igreja e de cada cristão: é o amor de Deus que faz do nosso coração a sua morada e entra em comunhão conosco. O Espírito Santo está sempre conosco, está sempre em nós, no nosso coração.
O próprio Espírito é “o dom de Deus” por excelência (cfr Jo 4, 10), é um presente de Deus e à sua volta comunica a quem o acolhe diversos dons espirituais. A Igreja identifica sete, número que simbolicamente diz plenitude, completude; são aqueles que se aprendem quando nos preparamos ao sacramento da Confirmação e que invocamos na antiga oração chamada “Sequência ao Espírito Santo”. Os dons do Espírito Santo são: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus
1. O primeiro dom do Espírito Santo, segundo este elenco, é então a sabedoria. Mas não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência. Na Bíblia conta-se que Salomão, no momento da sua coroação como rei de Israel, tinha pedido o dom da sabedoria (cfr 1 Re 3, 9). E a sabedoria é justamente isso: é a graça de poder ver cada coisa com os olhos de Deus. É simplesmente isso: é ver o mundo, ver as situações, as conjunturas, os problemas, tudo, com os olhos de Deus. Esta é a sabedoria. Algumas vezes vemos as coisas segundo o nosso prazer ou segundo a situação do nosso coração, com amor ou com ódio, com inveja… Não, estes não são os olhos de Deus. A sabedoria é aquilo que faz o Espírito Santo em nós a fim de que nós vejamos todas as coisas com os olhos de Deus. É este o dom da sabedoria.
2. E obviamente isto deriva da intimidade com Deus, da relação íntima que nós temos com Deus, da relação de filhos com o Pai. E o Espírito Santo, quando nós temos esta relação, nos dá o dom da sabedoria. Quando estamos em comunhão com o Senhor, é como se o Espírito Santo transfigurasse o nosso coração e o fizesse perceber todo o seu calor e a sua predileção.
3. O Espírito Santo torna ainda o cristão “sábio”. Isto, porém, não no sentido de que tem uma resposta para cada coisa, que sabe tudo, mas no sentido de que “sabe” de Deus, sabe como Deus age, conhece quando uma coisa é de Deus e quando não é de Deus; tem esta sabedoria que Deus dá aos nossos corações. O coração do homem sábio neste sentido tem o gosto e o sabor de Deus. E quão importante é que nas nossas comunidades haja cristãos assim! Tudo neles fala de Deus e se torna um sinal belo e vivo da sua presença e do seu amor. E isto é uma coisa que não podemos improvisar, que não podemos procurar por nós mesmos: é um dom que Deus faz àqueles que se tornam dóceis ao Espírito Santo. Nós temos dentro de nós, no nosso coração, o Espírito Santo; podemos escutá-Lo, podemos não escutá-Lo. Se nós escutamos o Espírito Santo, Ele nos ensina esta via da sabedoria, presenteia-nos com a sabedoria que é ver com os olhos de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, amar com o coração de Deus, julgar as coisas com o juízo de Deus. Esta é a sabedoria que nos dá o Espírito Santo e todos nós podemos tê-la. Somente devemos pedi-la ao Espírito Santo.
Pensem em uma mãe, em sua casa, com as crianças que, quando uma faz uma coisa, a outra pensa em outra, e a pobre mãe vai de um lado a outro, com os problemas das crianças. E quando as mães se cansam e gritam com as crianças, isto é sabedoria? Repreender as crianças – pergunto-vos – é sabedoria? O que vocês dizem: é sabedoria ou não? Não! Em vez disso, quando a mãe pega a criança e a repreende docemente e lhe diz: ‘Isto não se faz por isso…’ e lhe explica com tanta paciência, isto é sabedoria de Deus? Sim! É aquilo que nos dá o Espírito Santo na vida! Depois, no matrimônio, por exemplo, os dois esposos – o esposo e a esposa – brigam e depois não se olham ou se o fazem é com a cara amarrada: isto é sabedoria de Deus? Não! Em vez disso, se diz: ‘Bem, a tempestade passou, façamos as pazes’, e recomeçam a seguir adiante em paz: isto é sabedoria? [o povo: Sim!] Sim, este é o dom da sabedoria. Que esteja casa, que esteja com as crianças, que esteja com todos nós!
E isto não se aprende: isto é um presente do Espírito Santo. Por isto, devemos pedir ao Senhor que nos dê o Espírito Santo e nos dê o dom da sabedoria, daquela sabedoria de Deus que nos ensina a olhar com os olhos de Deus, a ouvir com o coração de Deus, a falar com as palavras de Deus. E assim, com esta sabedoria, vamos adiante, construímos a família, construímos a Igreja e todos nos santificamos. Peçamos hoje a graça da sabedoria. E peçamos à Nossa Senhora, que é a sede da sabedoria, este dom: que Ela nos dê esta graça. Obrigado!

Sabedoria é ver e agir com os olhos de Deus


Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 50 mil pessoas compareceram à Praça S. Pedro esta manhã, para a Audiência Geral com o Papa Francisco.

Durante meia-hora, o Pontífice fez o giro da Praça com o papamóvel para receber e retribuir o carinho dos fiéis. Do Brasil, havia grupos das Dioceses de Belém (PA) e de Rio Bonito (RJ).

Ao concluir na semana passada as catequeses sobre os Sacramentos, nesta quarta o Pontífice iniciou um novo ciclo: trata-se dos dons do Espírito Santo, que invocamos na antiga oração chamada “Sequência ao Espírito Santo”: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor a Deus – dons de que fala Profeta Isaías.

Falando sobre o primeiro desses dons, a sabedoria, Francisco citou o Rei Salomão, que no momento da sua coroação pediu “um coração que escuta, que saiba discernir entre o bem e o mal”. A sabedoria é justamente isso, explicou o Papa: “É a graça de poder ver cada coisa com os olhos de Deus. Às vezes vemos as coisas de acordo com a conveniência ou de acordo com o nosso coração, com amor, com ódio ou inveja. Este não é o olhar de Deus”.

A sabedoria, portanto, não nasce tanto da inteligência ou do conhecimento que podemos adquirir, mas da intimidade com Deus, “de filhos com o Pai”.

Quando estamos em comunhão com o Senhor, de certo modo o Espírito Santo transfigura o nosso coração e faz-nos sentir todo o seu calor e a sua predileção: então tudo nos fala de Deus e torna-se sinal da sua misericórdia e do seu amor. Isto torna sábio o nosso coração, não no sentido de saber tudo, de ter uma resposta para tudo, mas no sentido de que saboreia Deus: o nosso coração e a nossa vida têm o gosto, o sabor de Deus.

Como é importante ter cristãos assim nas nossas comunidades! Neles, tudo fala de Deus, tornando-se um sinal vivo e estupendo da sua presença e do seu amor. Mas isto não o podemos improvisar, nem alcançar só por nós mesmos; é um dom que Deus concede àqueles que se tornam dóceis ao seu Espírito. Todos temos dentro de nós o Espírito Santo, ao qual podemos ou não escutar. Se nós o ouvimos, teremos a sabedoria de Deus.
O Papa então deu dois exemplos práticos de “aplicação” da sabedoria de Deus: uma mãe com seus filhos e um casal de esposos. A mãe não deve repreender os filhos com nervosismo ou agitação, mas com doçura e paciência; já no matrimônio, quando brigam, os esposos não devem se olhar com “cara fechada”, mas fazer as pazes depois da tempestade.

Isso (sabedoria) não se aprende, é um presente do Espírito Santo. Por isso, peçamos ao Senhor que nos dê a sabedoria, de olhar com os olhos Deus, de sentir com Seu coração, de falar com as palavras de Deus. E com esta sabedoria devemos ir avante, construindo a família, a Igreja. Peçamos a Maria, sede da sabedoria, que nos conceda esta graça.
Na Audiência Geral, entre os inúmeros brasileiros na Praça S. Pedro estava o Bispo de Bafatá, na Guiné-Bissau, Dom Pedro Carlos Zilli.


Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2014/04/09/audi%C3%AAncia:_sabedoria_%C3%A9_ver_e_agir_com_os_olhos_de_deus/bra-789166
do site da Rádio Vaticano 

terça-feira, 8 de abril de 2014

A cruz não é um enfeite



Francisco explica que o cristianismo é uma pessoa, não uma doutrina filosófica
Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 08 de Abril de 2014 (Zenit.org) - "Não há cristianismo sem a cruz": esta foi a ideia central da homilia do papa Francisco na missa desta manhã, na Casa Santa Marta. O pontífice destacou que "não há possibilidade de sairmos do nosso pecado por conta própria" e reiterou que a cruz não é um enfeite para colocarmos no altar, e sim o mistério do amor de Deus.
Caminhando no deserto, o povo se lamuriava contra Deus e contra Moisés. Mas, quando o Senhor enviou serpentes, o povo admitiu o seu pecado e pediu um sinal de salvação. O Santo Padre se referiu à primeira leitura, tomada do Livro dos Números, para refletir sobre a morte no pecado. Em seguida, constatou que Jesus, no Evangelho de hoje, admoesta os fariseus dizendo: "Morrereis em vosso pecado".
"Não há possibilidade de sairmos sozinhos do nosso pecado. Não há. Aqueles doutores da lei, aquelas pessoas que ensinavam a lei, não tinham uma ideia clara sobre isso. Eles acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas se sentiam fortes, autossuficientes, sabiam todo. E, no fim das contas, eles tinham feito da religião, da adoração a Deus, uma cultura com valores, reflexões, certos mandamentos de conduta para ser educados, e pensavam, sim, que nosso Senhor pode perdoar; eles sabiam disso, mas tudo era muito distante".
No deserto, mais tarde, Deus ordena que Moisés faça uma serpente e a exponha em uma vara: quem for picado pelas serpentes e olhar para esta, viverá. Mas o que é a serpente? "A serpente é o símbolo do pecado", como vemos no Livro do Gênesis quando "foi a serpente que seduziu Eva ao lhe propor o pecado". E Deus manda levantar o "pecado como uma bandeira da vitória". Isto, explicou Francisco, "não pode ser compreendido direito se não entendermos o que Jesus nos diz no Evangelho". Jesus diz aos judeus: "Quando tiverdes levantado ao Filho do homem, então conhecereis que sou eu". No deserto, prosseguiu o papa, foi levantado o pecado, "mas é um pecado que procura a salvação, porque ele é curado ali mesmo". O que é elevado, destacou Francisco, é o Filho do homem, o verdadeiro Salvador, Jesus Cristo.
"O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de vida para sobrevivermos, para sermos educados, para fazermos as pazes. Estas são as consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa levantada na cruz, uma pessoa que aniquilou a si mesma para nos salvar; Ele se fez pecado. E, assim como o pecado foi levantado no deserto, aqui foi levantado Deus feito homem e feito pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam lá. Não se entende o cristianismo sem se entender esta profunda humilhação do Filho de Deus, que humilhou a si mesmo transformando-se em servo até a morte e morte de cruz, para servir".
“Não temos nada de que nos gloriarmos”, observou o pontífice: “esta é a nossa miséria”. Mas, “por misericórdia de Deus, nos gloriamos em Cristo crucificado”, como São Paulo. E por isso "não há cristianismo sem a cruz e não há cruz sem Jesus Cristo". O coração da salvação de Deus "é o seu Filho, que tomou sobre si todos os nossos pecados, as nossas soberbas, as nossas seguranças, as nossas vaidades, os nossos desejos de ser como Deus". Por isso, "um cristão que não sabe se gloriar em Cristo crucificado não entendeu o que significa ser cristão". As nossas chagas, "as chagas que o pecado deixa em nós, só podem ser curadas com as chagas do Senhor, com as chagas de Deus feito homem, humilhado, aniquilado. Este é o mistério da cruz".
"Não é um enfeite, que tem que ser colocado sempre nas igrejas, no altar. Não é um símbolo que nos diferencia dos outros. A cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que se humilha, que se transforma em ‘nada’, que se faz pecado.. Onde está o teu pecado? 'Eu não sei, eu tenho muitos'. Não, o teu pecado está ali, na cruz. Vai buscá-lo ali, nas chagas do Senhor, e o teu pecado será curado, as tuas chagas serão sanadas, o teu pecado te será perdoado. O perdão que Deus nos dá não consiste em eliminar uma conta que temos com Ele: o perdão que Deus nos dá são as chagas do seu Filho na cruz, levantado na cruz. Que Ele nos atraia para si e que nós nos deixemos sanar".

O milagre vivido na Jornada da Juventude deve se repetir todos os dias



Francisco recebeu hoje, o Comitê Organizador da JMJRio 2013
Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 07 de Abril de 2014 (Zenit.org) - O Papa Francisco recebeu em audiência, na manhã desta segunda-feira (7), na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano, os membros do Comitê Organizador da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro. Os membros do Comitê foram agradecer ao Santo Padre pela JMJ Rio 2013.
Francisco recebeu com “alegria especial” o grupo, guiado pelo cardeal Dom Orani, nove meses após sua “inesquecível viagem ao Brasil”, onde foi “recebido de braços abertos pelo povo carioca”, afirmou.
Em seu discurso, o Papa “falando de coração” fez a seguinte confidência: “Quando cheguei ao Brasil, no meu primeiro discurso oficial, disse que queria ingressar pelo portal do imenso coração dos brasileiros pedindo licença para bater delicadamente à sua porta e passar a semana com o povo brasileiro. Porém, ao término daquela semana, voltando para Roma, cheio de saudades, dei-me conta de que os cariocas são uns “ladrões”! Sim, “ladrões”, pois roubaram o meu coração! Aproveito a presença de vocês aqui hoje para agradecer-lhes por este “roubo”: Muito obrigado por terem me contagiado com o entusiasmo de vocês lá no Rio de Janeiro, e por hoje me ajudarem “matar” as saudades do Brasil.”
Recordando todos os leigos, religiosos, sacerdotes e bispos que “deram a sua contribuição generosa durante a Jornada”, Francisco convidou a “olhar para atrás e ver que as horas de trabalho, os sacrifícios, até mesmo os desentendimentos passageiros são pouca coisa quando comparada com a grandiosidade da ação de Deus sobre os nossos pobres recursos humanos”.
“É a dinâmica da multiplicação dos pães”, continuou o Papa citando a passagem do Evangelho quando Jesus pediu aos apóstolos que dessem de comer à multidão: “estes sabiam que isso era impossível. Porém, foram generosos.. Deram ao Senhor tudo aquilo que tinham. E Jesus multiplicou os seus esforços. Não foi assim que aconteceu com a Jornada Mundial da Juventude?”, recordou o Papa.
Continuando seu discurso ao Comitê, o Papa disse que “não só devemos olhar para trás”, antes, “olhar para o futuro, fortalecidos com a certeza de que Deus sempre multiplicará os nossos esforços”. E exortou que “este milagre vivido na Jornada da Juventude deve se repetir todos os dias, em cada paróquia, em cada comunidade, no apostolado pessoal de cada um! Não podemos ficar tranquilos sabendo que há ainda «tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida» (Exort. ap.Evangeliigaudium,45)”, afirmou.
E recordou as três ideias que “resumem toda a mensagem da Jornada Mundial da Juventude: ide, sem medo, para servir”. Devemos ser uma “Igreja em saída” (cf. ibid., 20), como discípulos missionários que não tem medo das dificuldades”.
Por fim, Francisco recordou o exemplo de José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, numa de suas cartas: «Nada é difícil para aqueles que acalentam no coração e têm como fim único a glória de Deus e a salvação das almas, pelas quais não hesitam em dar a sua vida» (Carta ao Padre Tiago Laynez). “Pois é pela sua intercessão que lhes animo a seguir adiante, com alegria e coragem na bela missão de manter viva no coração dos brasileiros a chama de amor por Cristo e pela sua Igreja. Novamente agradeço a presença de vocês e peço-lhes que nunca deixem de rezar por mim. Muito obrigado!”, concluiu o Santo Padre. 

A dignidade da pessoa e as políticas estatais sobre reprodução humana



Atualmente as políticas oficiais consideram que o aumento do número de pessoas humanas sobre o planeta é um fato absolutamente indesejável, a ser desestimulado, e mesmo combatido.
Por Paulo Vasconcelos Jacobina

BRASíLIA, 07 de Abril de 2014 (Zenit.org) - 
Gente é bom. Este é o princípio jurídico estabelecido logo no art. 1º, III, da Constituição Federal, que, em linguagem técnica, os juristas costumam chamar de “princípio da dignidade da pessoa humana”.
Se gente é bom, se as pessoas são dignas, elas não são dignas apenas individualmente. A proclamação de uma “dignidade” irrestrita do “indivíduo” humano negaria completamente o que a própria Constituição quer estabelecer ao elencar a pessoa humana ao lado da cidadania, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, da soberania e do pluralismo como fundamentos para a nossa própria sociedade. “Pessoa” é sempre mais que indivíduo. Indivíduo é o ser em seu isolamento. “Pessoa” é o ser em relação.
Limitar a dignidade da pessoa humana à simples maximização dos interesses de cada indivíduo é promover exatamente o contrário do que o ordenamento deseja: pode ser do interesse de um indivíduo, numa determinada circunstância, e dentro de uma determinada ideologia, que os demais ao seu redor sejam eliminados. Mas uma eliminação assim, de muitos em nome dos interesses de um, jamais promoveria a dignificação da pessoa humana como tal.
Um dia destes, almoçando com uma professora de direito ambiental, ela me perguntou, durante uma conversa: “será que a terra não estaria melhor se a maioria das pessoas fossem eliminadas? Se pensássemos bem”, dizia ela, “a reprodução humana sempre viola a nossa dignidade como espécie, porque provoca um aumento de degradação ambiental que prejudica a todos. Olho com alegria as políticas populacionais que visam manter, ou mesmo reduzir, a população humana, pelo bem da própria humanidade.”
Esta fala, que me chocou muito, simplesmente verbalizou um entendimento que é corrente, embora muitas vezes não explícito, nos meios acadêmicos e jurídicos: o de que o aumento do número de pessoas humanas sobre o planeta é um fato absolutamente indesejável, a ser desestimulado, e mesmo combatido, por todas as políticas oficiais.
Duas políticas são adotadas com base nesta visão: a promoção de relações humanas sexuadas não reprodutivas como tão ou mais dignas do que aquelas reprodutivas, por um lado, e a esterilização em massa dos casais reprodutivos, inclusive pela promoção pública do aborto como método supremo de controle populacional, por outro.
Este não é um fenômeno brasileiro, é um fenômeno mundial, e basta ligar a televisão para se deparar com a promoção irrestrita de políticas assim. Há, no entanto, aí, um grande paradoxo: em nome da promoção de uma pretensa dignidade da pessoa humana, declara-se que o surgimento de novas pessoas humanas ofende a dignidade da pessoa humana. Ou seja, para estes o ser humano é bom, desde que não produza mais seres humanos.
Não há, no entanto, como declarar que o ser humano é intrinsecamente bom e, ao mesmo tempo, declarar que produzir mais seres humanos é intrinsecamente ruim. Não estou falando aqui de planejamento familiar, de responsabilidade reprodutiva, que são realidades absolutamente desejáveis, uma vez que passam pelo reconhecimento de que os seres humanos são essencialmente seres materiais, e que portanto precisam lidar bem com as relações materiais e econômicas que estabelecem com os outros e com o meio ambiente em razão da sua simples existência. A falta de responsabilidade na reprodução é um acidente ruim num fato bom em si mesmo.
Trato aqui da política estatal deliberada de controle populacional que pressupõe, no seu âmago, que mais seres humanos é uma realidade ruim por si mesmo – que acidentalmente pode ser boa quando a fertilidade é baixíssima e os genitores são economicamente poderosos. Não há como partir desde pressuposto e declarar que políticas assim promovem a dignidade da pessoa humana. Aquilo que é intrinsecamente bom, intrinsecamente digno, continua bom quando se reproduz, independentemente da presença eventual de circunstâncias adversas. Aquilo cuja reprodução é má também é mau em si mesmo, e só pode ser intrinsecamente desprovido de dignidade. Negar, pois, a bondade intrínseca da reprodução humana é negar, portanto, a própria dignidade da pessoa humana.
Paradoxo maior assim é que tal opção anti-humanista se dá no mesmo contexto de políticas públicas em que a promoção da atividade sexual indiscriminada pelo Estado pressupõe uma opção, nunca explicitada, pela ideia de que os instintos sexuais humanos não podem nem devem ser reprimidos, e que cabe ao Estado seu direcionamento. É como se as pessoas fossem bichos no cio: não se pode imaginar que animais sejam capazes de controlar seus próprios impulsos libidinosos, mas o dono deve direcioná-los sempre em favor do rebanho e dos seus próprios interesses comerciais. Esta promoção de atividade sexual indiscriminada sempre caminha, portanto, junto com a defesa da redução das taxas de fecundidade: valorização do sexo homossexual, difusão gratuita dos meios de anticoncepção sob o pretexto do “sexo seguro”, promoção indiscriminada do aborto, e, recentemente, a pretexto de "combater iscriminações", a própria criminalização da opinião contrária como "crime de fobia".
Quando o Estado passa por cima das famílias e promove o controle de natalidade, quando estimula e direciona a afetividade das pessoas para relações inférteis, equiparando-as ou sobrevalorizando-as em comparação com as relações responsáveis e férteis, quando publicamente festeja o decréscimo puro e simples das taxas de natalidade em nome da preservação ambiental, quando esteriliza em massa as mulheres e os homens, quando se cega para as diferenças biológicas e corporais entre as pessoas, não está lidando com gente, mas vê sua população como gado. Não se pode negar que o conceito de “dignidade da pessoa humana” é aberto e impreciso, mas não é absolutamente vazio de conteúdo: há condutas estatais que evidenciam o claro desamor pela humanidade, que são indiscutivelmente atentadoras da dignidade humana. Como dizia o poeta, “gado a gente marca, tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente”.