sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Jornada Missionária Mundial



Se celebra neste final de semana

Belém do Pará,  (Zenit.orgDom Alberto Taveira Corrêa 

A Igreja inteira recebe e comunica ao mundo a mensagem do Papa Francisco para a Jornada Missionária Mundial, que se celebra neste final de semana.
Dentre tantas riquezas das palavras do Papa, colhemos alguns preciosos ensinamentos úteis para a compreensão do mandato missionário, que alcança todos os cristãos (Cf. Mensagem do Papa Francisco). A fé é um dom precioso de Deus, que abre a nossa mente para o conhecermos e amarmos, podermos conhecer e amar. Deus nos ama! Mas a fé pede a nossa resposta pessoal, a coragem de nos confiarmos a Deus e vivermos o seu amor, agradecidos pela sua infinita misericórdia. É um dom que não se pode conservar para si mesmo, mas deve ser partilhado; se o quisermos conservar apenas para nós mesmos, tornamo-nos cristãos isolados, estéreis e combalidos. O anúncio do Evangelho é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja. "O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial" (Bento XVI, Exortação Apostólica Verbum Domini, 95). Toda a comunidade é adulta, quando professa a fé, celebra-a com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra de Deus, saindo do próprio recinto para levá-la até às "periferias", sobretudo a quem ainda não teve a oportunidade de conhecer Cristo. Às vezes, estão relaxados o fervor, a alegria, a coragem, a esperança de anunciar a todos a Mensagem de Cristo e ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-lo. Por vezes há ainda quem pense que levar a verdade do Evangelho seja uma violência à liberdade. A propósito, são iluminadoras estas palavras de Paulo VI: "Seria certamente um erro impor qualquer coisa à consciência dos nossos irmãos. Mas propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência fará, é uma homenagem a essa liberdade" (Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, 80). A Igreja não é uma organização assistencial, uma empresa, uma ONG, mas uma comunidade de pessoas, animadas pela ação do Espírito Santo, que viveram e vivem a maravilha do encontro com Jesus Cristo e desejam partilhar esta experiência de profunda alegria, partilhar a Mensagem de salvação que o Senhor nos trouxe. É justamente o Espírito Santo que guia a Igreja neste caminho.
Diante do desafio lançado pelo Santo Padre, nosso país, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2013 e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio 2013), faz a sua Campanha Missionária, refletindo sobre “Juventude em Missão”, com o lema tirado do profeta Jeremias: “A quem eu te enviar, irás” (Jr 1, 7), que recorda que Deus continua a chamar e a enviar pessoas para anunciar a Boa Notícia de Jesus a todos os povos. A Missão é a principal razão de ser da nossa Igreja e seus missionários e missionárias representam uma grande riqueza. Pela Campanha Missionária, toda a comunidade cristã é convidada a renovar seu compromisso batismal em conformidade ao mandato de Jesus Cristo, “Ide fazei discípulos todas as nações” (Mt 28, 19).
Há algumas contribuições a serem oferecidas ao impulso missionário da Igreja pelos cristãos das diversas idades, estados de vida, classes sociais ou vocações. O ponto de partida é a certeza de que o tesouro da fé é oferecido para ser compartilhado como o mais decisivo talento de nossa existência. Cristão que se preze há de ser militante, empenhado com todas as suas forças para testemunhar o Evangelho. Por isso, cabe-lhe a responsabilidade de fermentar os ambientes em que vive com os valores que fazem a diferença e são bebidos na fonte da Palavra de Deus. Começamos a ser missionários quando o mundo ao nosso redor se torna melhor com nossa presença.
Entretanto, há muitas pessoas, especialmente jovens, rapazes e moças, convocados diretamente pelo Senhor a uma vocação missionária específica. Sim, esta é a ocasião para um chamado vocacional específico, feito hoje com toda força. Não posso me furtar a esta responsabilidade, tendo a certeza de que muitos deles serão tocados pelo convite que faço, em nome do Senhor: "Ide para a minha vinha" (Mt 20, 4). O primeiro convite se repete ao longo da jornada de trabalho e no correr da vida, mas chega a hora da resposta, para arregaçar as mangas e começar o trabalho pelo anúncio e testemunho do Evangelho. Desejo que esta Jornada Missionária Mundial veja muitos jovens procurarem suas Paróquias para darem a resposta pedida na Jornada Mundial da Juventude. Há muitas periferias geográficas e existenciais que clamam pela resposta generosa de novos missionários!
Outra contribuição, e não menos importante, para as Missões, é indicada por Jesus, quando "contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de orar sempre, sem nunca desistir: "Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, e lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: 'Não temo a Deus e não respeito ninguém. Mas esta viúva já está me importunando. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha, por fim, a me agredir!'" E o Senhor acrescentou: “Escutai bem o que diz esse juiz iníquo! E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar fé sobre a terra?” (Lc 18, 1-8). O mundo nos parece ruim ou até perdido? Respondamos com oração insistente e constante. O Pai do Céu não nos abandona e vem ao encontro de nossas necessidades! Oração de louvor, oração de ação de graças, pedido de perdão e súplica! Está em nossas mãos e em nossos lábios, por vontade do próprio Senhor.
Enfim, a Igreja se une, em todo o mundo, na Jornada Missionária Mundial, para oferecer com generosidade a ajuda material necessária aos inúmeros campos de missão, espalhados pelo mundo inteiro. O Brasil inteiro acolhe o apelo do Papa e participa com generosidade da Coleta Missionária. É nosso modo para ir mais longe, ajudando a manter os que, em nome das diversas Dioceses, mas antes ainda, em nome de Deus, evangelizam conosco e em nosso nome.
Rezemos! Ó Deus, quisestes que a vossa Igreja fosse o sacramento da salvação para todas as nações, a fim de que a obra do Salvador continuasse até o fim dos tempos. Despertai nos corações dos vossos fiéis a consciência de que são chamados à trabalhar pela salvação da humanidade até que de todos os povos surja e cresça para vós uma só família e um só povo. Amém!

O papa à FAO: o escândalo do século XXI é que ainda exista fome e desnutrição



O papa à FAO: o escândalo do século XXI é que ainda exista fome e desnutrição
Mensagem lida pelo observador vaticano na sede da FAO: não esquecer a família rural e superar a cultura do descartável
Por Rocio Lancho García

ROMA, 17 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - "O desperdício de alimentos é mais um dos frutos da ‘cultura do descartável’, que frequentemente leva a sacrificar homens e mulheres aos ídolos do lucro e do consumo; um triste sinal da ‘globalização da indiferença’, que vai nos ‘acostumando’ lentamente ao sofrimento dos outros, como se ele fosse normal".
Este é um dos parágrafos mais impressionantes da mensagem do santo padre Francisco por ocasião da Jornada Mundial dos Alimentos, que neste ano trata de "Sistemas alimentares sustentáveis para a segurança alimentar e para a nutrição".
A mensagem do papa foi enviada ao brasileiro José Graziano da Silva, diretor geral da FAO, entidade da Organização das Nações Unidas que se ocupa da alimentação e da agricultura. A missiva foi lida pelo Observador Permanente da Santa Sé junto à FAO, dom Luigi Travaglino, durante a solene cerimônia realizada na manhã de hoje na sede da organização em Roma.
No texto, o santo padre destaca que a Jornada Mundial da Alimentação "nos coloca diante de um dos desafios mais sérios para a humanidade: o da trágica condição em que ainda vivem milhões de pessoas famintas e desnutridas, entre elas muitas crianças". O papa alerta: "Isto se torna ainda mais grave num tempo como o nosso, caracterizado por um progresso sem precedentes em diversos campos da ciência e por possibilidades cada vez maiores de comunicação".
O santo padre também adverte, no texto, que "é um escândalo que ainda exista fome e desnutrição no mundo", e enfatiza que não se trata apenas de responder às emergências imediatas, mas de enfrentarmos, juntos, um problema que interpela a nossa consciência pessoal e social, a fim de chegarmos a uma solução justa e duradoura. Francisco ressalta o paradoxo que vivemos hoje: num "momento em que a globalização permite conhecer as situações de necessidade no mundo e multiplicar os intercâmbios e as relações humanas, parece crescer a tendência ao individualismo e ao encerramento em si mesmo, o que nos leva a uma certa atitude de indiferença".
Jamais podemos nos acostumar com a fome e a desnutrição, afirma Francisco. E propõe uma solução: "Considero que um passo importante é derrubar com decisão as barreiras do individualismo, do encerramento em si mesmo, da escravidão do lucro a todo custo; e isto não apenas na dinâmica das relações humanas, mas também na dinâmica econômica e financeira global".
O papa também afirmou que é necessário "educar-nos na solidariedade, redescobrir o valor e o significado desta palavra tão incômoda e tão frequentemente deixada de lado, e fazer com que ela se torne uma atitude de fundo para as nossas decisões em âmbito político, econômico e financeiro, nas relações entre as pessoas, entre os povos e entre as nações".
Em uma segunda parte do texto, o santo padre aborda o tema escolhido pela FAO para este ano: os “sistemas alimentares sustentáveis para a segurança alimentar e para a nutrição”. Nesta temática, Francisco vê "um convite a repensarmos e renovarmos os nossos sistemas alimentares a partir de uma perspectiva da solidariedade, superando a lógica da exploração selvagem da criação e orientando melhor o nosso compromisso de cultivar e cuidar do meio ambiente e dos seus recursos, para garantirmos a segurança alimentar e avançarmos rumo a uma alimentação suficiente e sadia para todos".
Francisco recorda, no texto, que os dados proporcionados pela FAO indicam que aproximadamente um terço da produção mundial de alimentos não é disponibilizado às pessoas por causa das perdas e desperdícios cada vez maiores. Bastaria eliminar essas falhas na logística para reduzir drasticamente o número de famintos no mundo.
Por isso, o papa destaca que "o desperdício de alimentos é um dos frutos da ‘cultura do descartável’, que frequentemente leva a sacrificar homens e mulheres aos ídolos do lucro e do consumo; um triste sinal da ‘globalização da indiferença’, que vai nos ‘acostumando’ lentamente ao sofrimento dos outros, como se ele fosse normal".
O desafio da fome, explica o papa,  não tem somente uma dimensão econômica ou científica, mas também "ética e antropológica". Deste modo, "educar na solidariedade significa educar-nos na humanidade: edificar uma sociedade que seja verdadeiramente humana significa sempre colocar no centro a pessoa e a sua dignidade, e nunca vendê-la à lógica do lucro".
Finalmente, o pontífice recordou que já estamos às portas do ano internacional que, por iniciativa da FAO, será dedicado à família rural. Por isso, o terceiro ponto de reflexão no discurso foi "a educação na solidariedade e numa forma de vida que supere a ‘cultura do descartável’ e enfatize realmente toda a pessoa e a sua dignidade, como é característico da família". A família, aprofundou o papa, "é a primeira comunidade educativa, onde se aprende a cuidar do outro, do bem do outro, a amar a harmonia da criação e a desfrutar e compartilhar os seus frutos, favorecendo um consumo racional, equilibrado e sustentável". Por isso, Francisco exortou a "apoiar e proteger a família para que ela eduque na solidariedade e no respeito, passo decisivo para caminharmos rumo a uma sociedade mais equitativa e humana".
Para concluir a mensagem, o papa afirma que a "Igreja Católica percorre essa estrada junto com vocês, consciente de que a caridade, o amor, é a alma da sua missão".
Francisco deixa um convite: que esta celebração não seja uma simples data anual, mas uma verdadeira oportunidade para exigirmos de nós mesmos e das instituições um comportamento de acordo com uma cultura de encontro e de solidariedade.

Os cristãos "discípulos da ideologia": uma doença grave. A cura é a oração



Na missa em Santa Marta, o Papa adverte de um cristianismo ideológico que leva a uma atitude de isolamento, e adverte que se não se reza cai-se no moralismo e na soberba
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 17 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - No ‘caderno médico’ onde o Papa Francisco, através das homilias matutinas em Santa Marta, identifica a cada dia as ‘doenças’ que poderiam contagiar cada cristão, acrescenta hoje um novo vocábulo: ideologia. Se um cristão “se torna discípulo da ideologia, perdeu a fé” afirmou o Santo Padre na Missa de hoje. A ‘cura’ é a oração, acrescentou, e quando um cristão a abandona corre o risco de cair no moralismo e em uma atitude de isolamento.
Como sempre, uma frase do Evangelho é o ponto de partida para a homilia do Papa:
"Ai de vós, legistas, porque tomastes a chave da ciência!”. A advertência de Cristo no Evangelho de Lucas (11, 47-54) vale muito bem, de acordo com o Papa, para o contexto atual: “Quando caminhamos pela rua e nos encontramos com uma igreja fechada, sentimos algo estranho”, porque “uma igreja fechada não se entende”, disse.
Às vezes, disse ele, "nos dão explicações” que nada mais são do que "desculpas" e "justificativas" que escondem a verdade, ou seja, de “que a igreja está fechada e as pessoas que passam na frente não podem entrar". Ou pior, que "o Senhor que está dentro não pode sair". "A imagem de encerramento" que Jesus retrata é, portanto, "a imagem daqueles cristãos que têm em mãos a chave, mas a levam embora, não abrem a porta” e que, não deixando entrar, “nem sequer eles entram”.
"Como é possível que um cristão caia nessa atitude de chave no bolso e porta fechada?", perguntou-se o Santo Padre. É a “falta de testemunho cristão” que faz isso. Um fato – observou – que se torna ainda mais grave “quando aquele cristão é um sacerdote, um bispo ou um Papa”.
"A fé - disse o Papa Francisco - passa, por assim dizer, por um alambique e se transforma em ideologia. E a ideologia não convoca. Nas ideologias Jesus não está: a sua ternura, amor, mansidão.. As ideologias são rígidas, sempre”. Por isso o Pontífice disse que “quando um cristão se torna discípulo da ideologia, perdeu a fé”, porque dessa forma “não é mais discípulo de Jesus, é discípulo desta atitude de pensamento”.
É claro, então, a admoestação de Cristo: ‘Vós tomastes a chave da ciência’. “O conhecimento de Jesus – explicou o Papa – é transformado em um conhecimento ideológico e também moralista, porque eles fechavam a porta com um monte de prescrições”. Mas Jesus, no Evangelho de Mateus, faz outra repreensão, disse o Santo Padre: "Vós carregais sobre os ombros das pessoas muitas coisas; só uma é necessária”. Quem tem a porta fechada e a chave no bolso é vítima portanto de um “processo espiritual, mental”, no qual a fé se torna aquele tipo de ideologia que “espanta”, “afasta as pessoas" e as "distanciam" da Igreja..
Não é uma questão superficial “essa dos cristãos ideologizados”, mas uma “doença grave”, destacou o Papa. Uma doença que tem suas raízes já nos séculos passados. Já o apóstolo João, de fato, na sua primeira Carta falava daqueles cristãos “que perdem a fé e preferem as ideologias”, tornando-se “rígidos, moralistas, eticistas, mas sem bondade”.
A questão, portanto, chega a esse ponto: “Mas, como é que um cristão pode chegar a isso? O que acontece no coração daquele cristão, daquele sacerdote, daquele bispo, daquele Papa, que o torna assim?". "Só uma coisa - disse o Papa – aquele cristão não reza e se não há oração, você sempre fecha a porta”. Não somente: “Quando um cristão não reza” o seu testemunho é “soberba”, porque “quem não reza é um soberbo, é um orgulhoso, é um seguro de si mesmo. Não é humilde. Busca a própria promoção”, destacou Francisco. Pelo contrário, “quando um cristão reza, não se distancia da fé, fala com Jesus”.
Porém, cuidado: "Uma coisa é orar e outra é recitar orações”, disse Bergoglio. “Estes doutores da lei recitavam muitas orações”, por orgulho, “para aparecer”. Eles “não oram, abandonam a fé e a transformam em ideologia moralista, casuística, sem Jesus”, afirmou o Papa. Tanto que, quando “um profeta ou um bom cristão os reprova, fazem o mesmo que fizeram com Jesus: quando saiu de lá, os escribas e fariseus começaram a tratá-lo de modo hostil (estes ideologizados são hostis) e a fazê-lo falar sobre muitos temas, armando-lhe armadilhas (são insidiosos) para surpreendê-lo com alguma palavra saída da sua própria boca".
"Coitadinhos", exclamou o Santo Padre, "não são transparentes", "são pessoas sujas pela soberba”. Nós cristãos queremos cair nessa armadilha? Não? Então, exortou o Papa: “Peçamos ao Senhor a graça de não deixarmos a oração, para não perdermos a fé, permanecermos humildes. E assim não nos tornaremos fechados, que bloqueiam o caminho ao Senhor”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Por que era necessário que o Papa Francisco consagrasse de novo o mundo à Virgem Maria?


O Presidente Internacional do Apostolado Mundial de Fátima, Prof. Américo López Ortiz, explicou o motivo que teria levado o Papa Francisco a consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria, repetindo o gesto que o Beato João Paulo II teve em 1984.

Em 13 de outubro o Papa Francisco renovou a consagração do mundo à Virgem, aniversário da sexta aparição de Fátima, na Praça de São Pedro do Vaticano diante da imagem original de Nossa Senhora de Fátima levada da Capela das Aparições situada em Fátima, Portugal.

O perito explicou que esta nova consagração do Papa Francisco não anula a que fez o Beato João Paulo II, mas a renova.

Para López, embora esta consagração seja permanente, o mundo requeria de sua renovação porque segundo a humanidade "precisa recarregar as baterias da graça e misericórdia para enfrentar os tremendos desafios da história".

Em uma entrevista concedida ao Grupo ACI, o perito afirmou que com a consagração "se invoca o Espírito Santo para que este nos traga um Novo Pentecostes Mariano, uma nova primavera para a Igreja, onde a Igreja descubra a sua verdadeira vocação humilde e simples de atrair os homens e mulheres a Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor".

O Beato João Paulo II consagrou pela primeira vez o mundo à Virgem de Fátima, em 25 de março de 1984. Com a nova consagração, Francisco pediu ao Senhor a paz do mundo e a unidade da Igreja Universal, assim como a conversão dos pecadores e o triunfo do bem sobre o mal.

López explica que o papel da Virgem "é o de refletir a luz do sol radiante que é seu Filho; é como a lua, que reflete a luz solar, não produz luz própria".

A Virgem "é o orgulho da nossa raça humana, a chamada bem-aventurada por todas as gerações, a que guardava todas essas coisas maravilhosas do seu Filho Jesus Cristo no seu Coração. É filha do Pai Eterno, mãe do Filho Redentor do mundo e esposa do Espírito Santo. Ninguém tem esta relação particular com cada pessoa da Santíssima Trindade", assegurou.

O perito insistiu no ato de "consagrar", que significa "entregar, oferecer, encomendar".

"É entregar a Deus a nossa existência, passada, presente e futura, para que disponha dela segundo seus desígnios amorosos e providentes. É nos colocar nas mãos de Deus e nos abandonar ao seu amor providente".

"Em tempos de crise, de grandes provas e perigos, a Igreja recorre através da sua cabeça visível, o Vigário de Cristo na terra, o Papa, ao remédio sugerido pela Virgem em Fátima para conscientizar o mundo da necessidade de conversão e penitência, da necessidade de um novo espírito de renovação, de transformação das estruturas corruptas e pecaminosas para criar uma civilização de amor", acrescentou.

A Mensagem de Fátima "é como a medicina exata que necessitamos"

A Mensagem de Fátima "é como a medicina exata que necessitamos para superar os males de nosso tempo, para prevenir males ainda maiores, para resgatar o Evangelho de Cristo e gravá-lo nos corações para nunca mais perdê-lo. Por isso o consideramos o instrumento ideal para a Nova Evangelização", manifestou.

Nas suas aparições, a Virgem em Fátima prometeu a salvação das almas, uma nova era de paz, de unidade e de fortaleça para a Igreja Universal, através da comunhão reparadora dos primeiros sábados do mês por cinco meses consecutivos, a confissão mensal, a meditação do Santo Terço por quinze minutos fazendo-lhe companhia com intenção de desagravar o seu Coração Imaculado.

Para López o triunfo da Virgem Maria sobre o mal já começou, mas é um processo "difícil, gradual e trabalhoso" que necessita de nossa correspondência com a graça e misericórdia de Deus.

O triunfo da Virgem "pode crescer e estender-se, pode diminuir e esgotar-se pelo pecado; pode adiantar-se ou pode atrasar-se, segundo o livre-arbítrio humano. Mas isso sim, chegará com força e o nosso trabalho é que chegue logo e que seja imenso, graças à correspondência dos homens e mulheres de boa vontade com a graça do Céu", concluiu López.

Fonte: ACI Digital
VIA INTERNET - PORTAL ECCLESIA

"Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus Cristo entre nós", disse Papa Francisco





Texto completo da audiência do santo padre. Três significados do adjetivo apostólico aplicado à Igreja

ROMA, 16 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Quando recitamos o Credo dizemos: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Não sei se vocês já refletiram sobre o significado que tem a expressão “a Igreja é apostólica”. Talvez qualquer vez, vindo a Roma, vocês tenham pensado na importância dos Apóstolos Pedro e Paulo que aqui doaram as suas vidas para levar e testemunhar o Evangelho.
Mas é mais que isso. Professar que a Igreja é apostólica significa destacar a ligação constitutiva que essa possui com os Apóstolos, com aquele pequeno grupo de doze homens que Jesus um dia chamou a si, chamou-os pelo nome, para que permanecessem com Ele e para enviá-los a pregar (cfr Mc 3, 13-19). “Apóstolo”, de fato, é uma palavra grega que quer dizer “mandado”, “enviado”. Um apóstolo é uma pessoa que é mandada, é enviada a fazer alguma coisa e os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus para continuar a sua obra, para orar – é o primeiro trabalho de um apóstolo – e, segundo, anunciar o Evangelho. Isso é importante porque quando pensamos nos Apóstolos poderíamos pensar que foram somente anunciar o Evangelho, fazer tantas obras. Mas nos primeiros tempos da Igreja houve um problema porque os Apóstolos deviam fazer tantas coisas e então formaram os diáconos, para que houvesse para os Apóstolos mais tempo para pregar e anunciar a Palavra de Deus. Quando pensamos nos sucessores dos Apóstolos, os Bispos, incluindo o Papa, porque ele também é um bispo, devemos perguntar-nos se este sucessor dos Apóstolos primeiro reza e depois se anuncia o Evangelho: isto é ser Apóstolo e por isto a Igreja é apostólica. Todos nós, se queremos ser apóstolos como explicarei agora, devemos perguntar-nos: eu rezo pela salvação do mundo? Anuncio o Evangelho? Esta é a Igreja apostólica! É uma ligação constitutiva que temos com os Apóstolos.
Partindo propriamente disto gostaria de destacar brevemente três significados do adjetivo “apostólico” aplicado à Igreja.
1. A Igreja é apostólica porque é fundada na pregação e na oração dos Apóstolos, sobre a autoridade que foi dada a eles pelo próprio Cristo. São Paulo escreve aos cristãos de Éfeso: “Sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus” (2, 19-20); compara, isto é, os cristãos a pedras vivas que formam um edifício que é a Igreja, e este edifício é fundado sobre os Apóstolos, como colunas, e a pedra que apoia tudo é o próprio Jesus. Sem Jesus não pode existir a Igreja! Jesus é justamente a base da Igreja, o fundamento! Os Apóstolos viveram com Jesus, escutaram as suas palavras, partilharam a sua vida, sobretudo foram testemunhas da sua Morte e Ressurreição. A nossa fé, a Igreja que Cristo quis, não se baseia em uma ideia, em uma filosofia: baseia-se no próprio Cristo . E a Igreja é como uma planta que ao longo dos séculos cresceu, desenvolveu-se, deu frutos, mas as suas raízes estão bem plantadas Nele e a experiência fundamental de Cristo que tiveram os Apóstolos, escolhidos e enviados por Jesus, chega até nós. Daquela planta pequenina aos nossos dias: assim a Igreja está em todo o mundo.
2. Mas perguntemo-nos: como é possível para nós nos conectarmos com aquele testemunho, como pode chegar até nós aquilo que viveram os Apóstolos com Jesus, aquilo que escutaram Dele? Eis o segundo significado do termo “apostolicidade”. O Catecismo da Igreja Católica afirma que a Igreja é apostólica porque “protege e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras ouvidas da boca dos Apóstolos” (n. 857). A Igreja conserva ao longo dos séculos este precioso tesouro que é a Sagrada Escritura, a doutrina, os Sacramentos, o ministério dos Pastores, de forma que possamos ser fiéis a Cristo e participar da sua própria vida. É como um rio que flui na história, desenvolve-se, irriga, mas a água que escorre é sempre aquela que parte da fonte, e a fonte é o próprio Cristo: Ele é o Ressuscitado, Ele é o Vivo, e as suas palavras não passam, porque Ele não passa, Ele está vivo, Ele está entre nós hoje aqui, Ele nos sente e nós falamos com Ele e Ele nos escuta, está no nosso coração. Jesus está conosco hoje! Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus Cristo entre nós. Sempre pensamos quanto é importante este dom que Jesus nos deu, o dom da Igreja, onde podemos encontrá-Lo? Sempre pensamos em como é justamente a Igreja no seu caminho ao longo dos séculos – apesar das dificuldades, dos problemas, das fraquezas, dos nossos pecados – que nos transmite a autêntica mensagem de Cristo? Doa-nos a segurança de que aquilo em que acreditamos é realmente aquilo que Cristo nos comunicou?
3. O último pensamento: a Igreja é apostólica porque é enviada a levar o Evangelho a todo o mundo. Continua no caminho da história a mesma missão que Cristo confiou aos Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que eu vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20). Isto é aquilo que Jesus nos deu para fazer! Insisto neste aspecto da missionariedade, porque Cristo convida todos a “ir” ao encontro dos outros, envia-nos, pede-nos para nos movermos e levar a alegria do Evangelho! Mais uma vez perguntemo-nos: somos missionários com a nossa palavra, mas, sobretudo, com a nossa vida cristã, com o nosso testemunho? Ou somos cristão fechados no nosso coração e nas nossas igrejas, cristãos de sacristia? Cristãos só nas palavras, mas que vivem como pagãos? Devemos fazer-nos estas perguntas, que não são uma repreensão. Também eu digo a mim mesmo: como sou cristão, com o testemunho verdadeiro?
A Igreja tem as suas raízes no ensinamento dos Apóstolos, testemunhas autênticas de Cristo, mas olha para o futuro, tem a firme consciência de ser enviada – enviada por Jesus – a ser missionária, levando o nome de Jesus com a oração, o anúncio e o testemunho. Uma Igreja que se fecha em si mesma e no passado ou uma Igreja que olha somente para as pequenas regras de hábitos, de atitudes é uma Igreja que trai a própria identidade; uma Igreja que trai a própria identidade! Então, redescubramos hoje toda a beleza e a responsabilidade de ser Igreja apostólica! E lembrem-se: Igreja apostólica porque rezamos – primeira tarefa – e porque anunciamos o Evangelho com a nossa vida e com as nossas palavras.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Igreja é católica porque é a casa de todos



Catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira

Cidade do Vaticano,  (Zenit.org) | 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Vê-se que hoje, com esta bruta jornada, vocês são corajosos: parabéns!
“Creio na Igreja una, santa, católica…” Hoje nos concentramos em refletir sobre este aspecto da Igreja: digamos católica, é o Ano da catolicidade. Antes de tudo: o que significa católico? Deriva do grego “kath’olòn” que quer dizer “segundo o tudo”, a totalidade. Em que sentido esta totalidade se aplica à Igreja? Em que sentido nós dizemos que a Igreja é católica? Em diria que em três significados fundamentais.
1. O primeiro. A Igreja é católica porque é o espaço, a casa na qual vem anunciada toda a fé, por inteiro, na qual a salvação que nos trouxe Jesus é oferecida a todos. A Igreja nos faz encontrar a misericórdia de Deus que nos transforma porque nessa está presente Jesus Cristo, que lhe doa a verdadeira confissão de fé, a plenitude da vida sacramental, a autenticidade do ministério ordenado. Na Igreja, cada um de nós encontra o que é necessário para crer, para viver como cristãos, para tornar-se santo, para caminhar em todo lugar e em todo tempo.
Para dar um exemplo, podemos dizer que é como na vida em família; na família, a cada um de nós é dado tudo aquilo que nos permite crescer, amadurecer, viver. Não se pode crescer sozinho, não se pode caminhar sozinho, isolando-se, mas se caminha e se cresce em uma comunidade, em uma família. E assim é na Igreja! Na Igreja nós podemos escutar a Palavra de Deus, seguros de que é a mensagem que o Senhor nos doou; na Igreja podemos encontrar o Senhor nos Sacramentos que são as janelas abertas através das quais nos é dada a luz de Deus, dos córregos nos quais traçamos a própria vida de Deus; na Igreja aprendemos a viver a comunhão, o amor que vem de Deus. Cada um de nós pode perguntar-se hoje: como eu vivo na Igreja? Quando eu vou à Igreja, é como se eu fosse ao estádio, a uma partida de futebol? É como se eu fosse ao cinema? Não, é outra coisa. Como eu vou à Igreja? Como acolho os dons que a Igreja me oferece para crescer, para amadurecer como cristão? Participo da vida de comunidade ou vou à Igreja e me fecho nos meus problemas isolando-me do outro? Neste primeiro sentido, a Igreja é católica porque é a casa de todos. Todos são filhos da Igreja e todos estão nesta casa.
2. Um segundo significado: a Igreja é católica porque é universal, está espalhada em toda parte do mundo e anuncia o Evangelho a todo homem e a toda mulher. A Igreja não é um grupo de elite, não diz respeito somente a alguns. A Igreja não tem trancas, é enviada à totalidade das pessoas, à totalidade do gênero humano. E a única Igreja está presente também nas menores partes desta. Todo mundo pode dizer: na minha paróquia está presente a Igreja católica, porque também essa é parte da Igreja universal, também essa tem a plenitude dos dons de Cristo, a fé, os Sacramentos, o ministério; está em comunhão com o Bispo, com o Papa e está aberta a todos, sem distinções. A Igreja não está só na sombra do nosso campanário, mas abraça uma imensidão de pessoas, de povos que professam a mesma fé, alimentam-se da mesma Eucaristia, são servidas pelos mesmos Pastores. Sentir-nos em comunhão com todas as Igrejas, com todas as comunidades católicas pequenas ou grandes do mundo! É bonito isto! E depois sentirmos que estamos todos em missão, pequenas ou grandes comunidades, todos devemos abrir as nossas portas e sair pelo Evangelho. Perguntemo-nos então: o que faço eu para comunicar aos outros a alegria de encontrar o Senhor, a alegria de pertencer à Igreja? Anunciar e testemunhar a fé não são tarefas de poucos, diz respeito também a mim, a você, a cada um de nós!
3. Um terceiro e último pensamento: a Igreja é católica porque é a “Casa da harmonia” onde unidade e diversidade combinam-se para ser uma riqueza. Pensemos na imagem da sinfonia, que quer dizer acordo, harmonia, diversos instrumentos tocando juntos; cada um mantém o seu timbre inconfundível e as suas características de som têm algo em comum. Depois tem o guia, o diretor, e na sinfonia que vem apresentada todos tocam juntos em “harmonia”, mas não é cancelado o timbre de algum instrumento: a peculiaridade de cada um, antes, é valorizada ao máximo!
É uma bela imagem que nos diz que a Igreja é como uma grande orquestra na qual há variedade. Não somos todos iguais e não devemos ser todos iguais. Todos somos diversos, diferentes, cada um com as próprias qualidades. E este é o bonito da Igreja: cada um leva o seu, aquilo que Deus lhe deu, para enriquecer os outros. E entre os componentes há esta diversidade, mas é uma diversidade que não entra em conflito, não se contrapõe; é uma variedade que se deixa unir em harmonia pelo Espírito Santo; é Ele o verdadeiro “Mestre”, Ele mesmo está em harmonia. E aqui perguntamo-nos: nas nossas comunidades vivemos a harmonia ou brigamos entre nós? Na minha comunidade paroquial, no meu movimento, onde eu faço parte da Igreja, há fofocas? Se há fofocas, não há harmonia, mas luta. E isto não é Igreja. A Igreja é harmonia de todos: nunca fofocar um contra o outro, nunca brigar! Aceitamos o outro, aceitamos que haja uma certa variedade, que isto seja diferente, que este pensa de um modo ou de outro – mas na mesma fé se pode pensar diferente – ou tendemos a uniformizar tudo? Mas a uniformidade mata a vida. A vida da Igreja é variedade, e quando queremos colocar esta uniformidade sobre todos matamos os dons o Espírito Santo. Rezemos ao Espírito Santo, que é propriamente o autor desta unidade na variedade, desta harmonia, para que nos torne sempre mais “católicos”, isso é, nessa Igreja que é católica e universal! Obrigado.

Jesus Cristo fundou alguma Igreja?



Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja (Mt 16, 18)

Jesus Cristo fundou a Igreja católica. Grafa-se corretamente a palavra “católica”, que quer dizer universal, com cê minúsculo, porque não se trata de um nome próprio, mas de um atributo da única Igreja de Cristo.
Vejamos alguns trechos da constituição dogmática Lumen Gentium: A) "Por isso, não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar." (N. 14a, grifos meus); B) "Este sacrossanto sínodo, seguindo os passos do Concílio Vaticano I, com ele ensina e declara que Jesus Cristo pastor eterno fundou a santa Igreja (...) e [Jesus] quis que os sucessores dos apóstolos fossem em sua Igreja pastores até a consumação dos séculos." (N. 18b, grifos meus).
No ano 2000, a Congregação para a Doutrina da Fé, através da declaração Dominus Iesus, reiterou a doutrina bimilenar: A) "Deve-se crer firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por ele [Cristo] fundada." (N. 16b, grifos meus); B) "Os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica - radicada na sucessão apostólica - entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja católica" (N. 16c, grifos meus); C) "Existe, portanto, uma única Igreja de Cristo, que subsiste (continua a existir) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele." (N. 17a, grifos meus).
Os dois documentos supramencionados, embora embasados, é óbvio, tanto na sagrada tradição quanto na sagrada escritura, não deixam de ser uma referência mais para os católicos.
Nossos irmãos separados, os temporãos no cristianismo (século XVI), não podem, todavia, negar a história. Desta feita, muito tempo antes do Concílio de Niceia, no século IV, data em que alguns protestantes querem ver o início do catolicismo, o papa Clemente (+97), por exemplo, com autoridade doutrinal, dirige-se à Igreja de Corinto. O papa Vitor I (+199) teve atuação decisiva na escolha da data da Páscoa, em controvérsia com outras comunidades. Os papas Zeferino (+217) e Calixto (+222), na questão sobre a penitência, na disputa sobre o batismo dos hereges, também deram a última palavra. Santo Inácio elogia a Igreja de Roma, em virtude de ser ela a sé primeira. Santo Irineu exige a união doutrinal com a Igreja de Roma. São Cipriano, por seu turno, vê naquela Igreja a fonte da unidade eclesiástica. São Jerônimo, o tradutor da bíblia, escreve ao papa Dâmasco I (+384), dizendo que “no meio das convulsões da heresia ariana, a verdade encontra-se somente com Roma.”
Na Igreja católica apostólica romana está atuante e vigorosa a totalidade dos recursos salvíficos legados pelo divino salvador, sobremodo os sete sacramentos.  

UMA FÉ CONCRETA



O Ano da Fé nos leva a meditar mais profundamente sobre a fé pessoal, no nosso modo de viver. O papa Francisco tem lembrado aos cristãos, que a fé comporta um estilo de vida, um jeito de viver, pautado nos critérios  do ensinamento de Cristo.
Vivemos em uma sociedade não que não se identifica com  os valores cristãos. É uma sociedade egoísta,  consumista e relativista, regida pelo dinheiro e pelo poder, que não valoriza a vida, que exclui e marginaliza o pobre, o desvalido...
O cristão de hoje não se encontra mais na primeira linha da produção cultural, mas recebe sua influência e seus impactos. As grandes cidades são laboratórios dessa cultura contemporânea complexa e plural.”(DAp509)
E viver concretamente a fé, hoje,  é como caminhar contra a corrente. Portanto ser cristão católico exige fé e perseverança, oração e participação comunitária.  Conhecer a Palavra  de Deus e vivê-la em toda e qualquer circunstância.
Muitas pessoas ainda não têm uma fé adulta, precisam de uma catequese adequada, que ajudará a entender, cultivar e viver os princípios cristãos, na família, na comunidade, no trabalho, no lazer e, sobretudo na política.
Ser católico é estar comprometido com a transformação da sociedade, através de pequenas ações que buscam a  justiça e a paz. Sonhar com um mundo melhor parece utopia, mas na verdade deve ser a aspiração de todo cristão. Pois, Jesus veio ao mundo para implantar o Reino de Deus, um reino de amor, solidariedade e paz.
Os leigos católicos conscientes de seu compromisso têm atuado na sociedade na busca de uma vivencia social mais de acordo com o projeto de Deus.
O Documento de Aparecida diz que: “A coerência entre fé e vida no âmbito político, econômico e social exige a formação de consciência, que se traduz no conhecimento da Doutrina Social da Igreja...porque a vida cristã não se expressa somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas.”(505)
Portanto, faz-se necessário buscar uma nova relação com o Senhor para motivar-se e renovar os valores pessoais, e tomar consciência da missão de todo cristão na sociedade.
Pense nisto!
                                      Maria Ronety Canibal



Eduquemos para o compromisso político

Pacem in terris  é o legado  do Papa João XXIII a uma humanidade desejosa de paz. O título recorda o hino cantado pelos anjos no nascimento de Jesus: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados» (Lc 2, 14). E precisamente como o cântico angélico limita a experiência da paz na terra aos homens através do genitivo limitativo «por ele amados», assim o Papa João XXIII invoca a «paz na terra, anseio profundo dos seres humanos de todos os tempos», subordinando-a  ao «pleno respeito da ordem estabelecida por Deus». E é a exposição desta ordem estabelecida por 

Deus que manteve  João XXIII ocupado na encíclica. De facto, não obstante a crise missilística em Cuba  e a ameaça de um conflito nuclear tenham sido a ocasião mais imediata para a sua promulgação, a encíclica não aconselha diretamente o desarmamento nuclear ou a abolição da guerra.
O tema da Pacem in terris não leva à paz partindo da guerra, mas da dignidade humana e das relações.
As relações não são algo em que nos encontramos por acaso, e a dignidade não é algo que podemos ter ou não. Relações e dignidade são o que somos porque somos  seres humanos, nada e ninguém no céu ou na terra é constituído assim. Por isso «são o fundamento da legitimidade moral de cada  autoridade»  local, nacional ou internacional.  A dignidade e os direitos das pessoas precedem a sociedade, e ela deve reconhecê-los, respeitá-los, protegê-los e promovê-los como tais.
A encíclica, na época da guerra fria, teve também o carácter de um vademecum para a construção da paz. É um manual da doutrina social da Igreja sobre o compromisso em política, baseado em requisitos fundamentais da coexistência humana: o respeito dos direitos que brotam da dignidade de cada pessoa, e a vocação de viver num relacionamento  pelo bem-estar de todos e, por último, pelo bem comum. Uma educação completa e digna do nome católica  inclui três dinâmicas entrelaçadas: inteireza, contextualização e colaboração.
Todos os pontífices da época moderna, de formas diferentes, encorajaram os católicos a assumir o próprio papel na política, a abraçar a vocação à política como uma das formas mais elevadas de caridade. Bento XVI  evocou várias vezes a formação de católicos «capazes de assumir responsabilidades directas nos vários âmbitos sociais, de modo particular no político». Também o Papa Francisco exortou os fiéis a interessarem-se pela política e a participarem nela de modo concreto.
Além disso, o Papa Francisco tratou  de maneira nova os elementos seculares da cultura que se está a globalizar. É  a esta praça pública tumultuosa – o único mercado do mundo que se torna cada vez mais global pela internet – que os católicos devem ser enviados em missão como políticos bem preparados, empregados públicos, opinionistas e  participantes nos grandes debates do nosso tempo.
  Peter Kodwo Appiah Turkson
via internet

terça-feira, 15 de outubro de 2013

A idolatria e a hipocrisia matam a verdadeira fé cristã




Durante a homilia em Santa Marta, papa Francisco exorta a não colocar as próprias ideias antes de Deus               

 Luca Marcolivio 

Ninguém é autenticamente cristão se esquece do “Novo mandamento” que Jesus ensinou: amar o próximo como Ele te ama. Afirmou papa Francisco nesta manhã, durante a missa em Santa Marta, em uma homilia centrada no tema da fé autêntica em contraposição ao formalismo e a hipocrisia.
Muitos cristãos, observou o Santo Padre, são tentados a se transformarem em “apóstolos das próprias ideias”, e não do Evangelho; “devotos do bem estar” e não de Deus.
Na primeira leitura de hoje, São Paulo fala do fenômeno da idolatria daqueles que mesmo conhecendo a Deus, não glorificaram nem agradeceram a Deus: “trocaram a verdade de Deus pela mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre” (cf.Rm 15, 25). Este tipo de idolatria pode “sufocar a verdade da fé, na qual se revela a justiça de Deus”, comentou o Santo Padre.
Os idólatras se perdem “no egoísmo do próprio pensamento, o pensamento onipontente... eu penso a verdade e faço a verdade com o meu pensamento”.
Se em determinado período os ídolos eram estátuas, répteis, ... hoje tomam uma forma diversa: “existem muitos ídolos e muitos idólatras que se acham ‘sabidos’, inclusive entre nós, cristãos, que trocam a glória incorruptível de Deus com a imagem do próprio ‘eu’, as minhas ideias, a minha comodidade.”
Como ninguém está imune às seduções dos ídolos, “podemos perguntar a Deus: qual é o meu ídolo escondido?”
Como São Paulo estigmatizava os idólatras, Jesus não era menos severo com os hipócritas que se espantaram “de que ele não se tivesse lavado antes de comer”  (Cf Lucas 11, 37-41).
“Se tu és um carreirista, se tu és ambicioso, se tu és uma pessoa que sempre se gaba de si próprio, porque acredita que é perfeito – continuou o Santo Padre -  faz um pouco de esmola e isso curará a tua hipocrisia”.
A estrada do Senhor “é adorar Deus, amar Deus, que é sobretudo amar o próximo”.  É tão “simples mas tão difícil! Isto apenas se faz com a graça! Peçamos esta graça.”

O cristão deve mostrar uma vida concreta de fé praticada


krouillong karla rouillon gallangos no recibas la eucaristia en la mano comunion en la mano alabanzas a dios

Papa Francisco recebeu em audiência os participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização
Por Redacao

ROMA, 14 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - O Papa Francisco resumiu em três pontos o assunto tratado hoje em audiência com os participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. "O que eu gostaria de dizer hoje a vocês pode ser resumido em três pontos: primado do testemunho; urgência de ir ao encontro; projeto pastoral centrado no essencial" –afirmou.
O Papa iniciou falando sobre atitude de indiferença para com a fé no nosso tempo e explicou que “a fé é um dom de Deus, mas é importante que nós, cristãos, mostremos uma vida concreta de fé praticada, por meio do amor, da concórdia, da alegria, do sofrimento, porque isso levanta questões, como no início da jornada da Igreja: por que eles vivem assim? O que os impulsiona?”
"A nova evangelização, que nos chama a ter coragem de nadar contra a corrente, de nos convertermos dos ídolos para o Deus único e verdadeiro, não pode deixar de usar a linguagem da misericórdia, feita mais de gestos e atitudes do que de palavras".
Sobre a urgência de ir ao encontro o pontífice recordou que “o Filho de Deus "saiu" da sua condição divina e veio ao nosso encontro” e por isso “cada cristão é chamado a ir ao encontro dos outros, a dialogar com aqueles que não pensam como nós, com aqueles que têm uma fé diferente, ou que não têm fé”.
O Papa destacou ainda que “a Igreja é a casa em que as portas estão sempre abertas não só para que cada um encontre acolhimento e respire amor e esperança, mas também para que possamos transmitir esse amor e esperança”.
“Tudo isso não é abandonado ao mero acaso dentro da Igreja, à mera improvisação”-comentou Francisco destacando a importância de um projeto pastoral que “animado pela criatividade e pela imaginação do Espírito Santo, que nos leva também a seguir novos caminhos, com coragem, sem nos fossilizar!”
O Pontífice levou os presentes a refletirem sobre a pastoral nas dioceses e paróquias. E questionou: “Ela torna visível o essencial, que é Jesus Cristo? As diferentes experiências, características, caminham juntas na harmonia que o Espírito Santo nos traz? Ou a nossa pastoral é dispersa, fragmentada, e, no fim, cada um age por conta própria?”
Ao final, o papa Francisco destacou o serviço dos catequistas: “É valioso para a nova evangelização o serviço dos catequistas, e é importante que os pais sejam os primeiros catequistas, os primeiros educadores da fé na própria família, com o testemunho e com a palavra.”

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

É POSSÍVEL CRESCER NA FÉ?



Roma,  (Zenit.orgPe. Anderson Alves

Estamos vivendo o ano da fé, pensado por Bento XVI como «uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé»[i]. Nesse período cada fiel deve procurar aprofundar na própria vida de fé para poder comunicá-la mais eficazmente. «A fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria»[ii]. Mas com frequência surge uma dúvida: é realmente possível crescer na fé? Não é verdade que distinguimos simplesmente entre os que têm fé e os que não a tem?
Depende de como se entende a fé. Ela é essencialmente uma relação entre Deus e o homem. Deus se revela livremente doando-se ao homem, no tempo estabelecido por Ele. E o homem é livre para aceitá-lo ou não. A fé é, pois, um dom divino e uma resposta humana. O objeto da fé (Tomás de Aquino chamava de “razão formal”) é a verdade primeira, ou seja, a afirmação da existência e da Providência divina[iii]. Nesse sentido, o primeiro ato de fé é crer que «Deus existe e recompensa os que o buscam» (Heb. 11, 6). E assim se distingue simplesmente os que acolheram o dom fé e os que ainda não.
Todavia a “razão material” da fé é Deus mesmo e as outras realidades ordenadas a Ele. Isso significa que a realidade na qual se crê é simples: é Deus mesmo. E como a fé é um ato humano, de conhecimento amoroso de Deus, esse ato deve ser bem entendido. Pois o homem conhece diversamente de Deus e dos anjos. Deus conhece as realidades compostas num ato simples: Ele, ao pensar a si mesmo, apreende todas as coisas complexas. O homem, por sua parte, conhece as realidades simples (como o ser de Deus), por meio de muitos atos complexos. O conhecimento da verdade por parte do homem é sempre discursivo, parcial, ou seja, depende da simples apreensão da realidade, dos juízos e dos raciocínios. O homem apreende então o simples por meio do complexo, e Deus conhece o complexo na Sua simplicidade. Podemos conhecer a Deus a partir das suas criaturas e do que é revelado por Ele. Mas Deus se revela através de muitas palavras: os diversos enunciados da fé. Em outras palavras, a partir da perspectiva do que é conhecido pela fé, o objeto da fé é o ser simplicíssimo de Deus. E a partir do ponto de vista de quem crê, o objeto da fé é composto, são os diversos enunciados da fé, que correspondem ao modo humano de conhecer[iv].
Os principais enunciados da fé se encontram reunidos nos chamados Símbolos, compostos por artigos. Os artigos são as partes distintas que devem ser unidas. Artigos e símbolo se relacionam como os membros de um corpo e o mesmo corpo[v]. Aceitar a fé cristã implica aceitar o símbolo de fé completo, sem mutilações. Os artigos são ordenados entre si, pois há alguns anteriores a outros. Para se crer na ressurreição de Cristo, por exemplo, é necessário aceitar a sua morte; para se crer na sua morte, é necessário crer antes na sua Encarnação. Os artigos de fé se reduzem a um só: crer em Deus e na sua Providência (Heb. 11, 6). Pois no ser divino estão incluídas todas as realidades que acreditamos existir eternamente nele; e a fé na Providência inclui aceitar todos os meios que Deus tem para nos levar à nossa felicidade.
A fé pode então crescer? Depende. Se se refere ao objeto formal da fé, que é único e simples (a verdade primeira) a fé não pode variar nos fiéis: ou se aceita o ser e a ação de Deus ou não. No que se refere ao objeto material da fé, ou seja, às verdades propostas aos fiéis, essas são múltiplas e podem ser acolhidas de modo mais ou menos explícito. Nesse sentido, um fiel pode crer em mais coisas do que outros e pode haver uma fé maior em base ao conhecimento mais profundo das verdades de fé.
Além disso, a fé se distingue segundo os diversos modos nos quais as pessoas a aceitam. Pois o ato de fé provém da inteligência e da vontade. Pode haver uma maior ou menor certeza e firmeza ao aderir a uma verdade de fé, assim como uma maior prontidão, devoção e confiança em Deus[vi].
Pode-se crescer na fé então na medida em que se procura conhecer melhor os seus conteúdos, de modo a aderir a eles com maior convicção, amor e confiança. «Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo»[vii]. E a fé é um ato primeiramente intelectual, mas deve formar toda a vida cristã. Em palavras de Bento XVI: «Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A “fé, que atua pelo amor” (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem»[viii].
[i] Bento XVI, Porta Fidei, n. 4.
[ii] Ibidem, n. 7.
[iii] São Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II,q. 1, a. 1.
[iv] Ibidem, II-II, q. 1, a. 2.
[v] Ibidem, II-II, q. 1, a. 6.
[vi] Ibidem, II-II, q. 5, a. 4.
[vii] Bento XVI, Porta Fidei, n. 4.
[viii] Cfr. Ibid; Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17.

A MISSÃO NO DOCUMENTO DE APARECIDA



Caros diocesanos. Hoje continuaremos nossa reflexão sobre o tema da Missão, a partir do Documento de Aparecida (maio de 2007) que teve a missão como tema central de todo evento: não há como ser discípulo sem ser missionário e não pode haver verdadeira Igreja sem que ela seja missionária. O princípio da missionaridade está enraizado na própria Santíssima Trindade: assim como o Pai havia enviado Jesus para a salvação do mundo, ele estava enviando seus discípulos para esta mesma missão (Jo 20, 21). O encontro com a Pessoa de Jesus Cristo dá novo horizonte e orientação decisiva à vida (DAp 12): “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp 18). Ao encontrar-se verdadeiramente com Jesus Cristo, o discípulo missionário vê nele “o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem” (DAp 107). Assim descobre, a partir dele, o mistério do homem e sua altíssima vocação: ser dele e fazer parte dos seus e participar de sua missão. Na Igreja não há discipulado sem missão e nem é possível discipulado sem comunhão eclesial, onde a fé se nutre, sobretudo, com o Pão da Palavra e da Eucaristia. A Igreja atrai quando vive em comunhão; ela cresce, não por proselitismo, mas por atração, por fascínio. Assim, a comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si; a comunhão é missionária e a missão é para a comunhão (DAp 154 - 163). A Igreja particular e a Paróquia – Comunidade de comunidades – e outras formas de Comunidades e grupos eclesiais são convidados a ser escolas e casas de comunhão, lugares privilegiados dessa comunhão missionária (DAp 164, 170, 178 e 180).
Eis o itinerário da formação do discípulo missionário: encontro – conversão – discipulado – comunhão – missão (DAp 278). Esse caminho deve conduzir a uma espiritualidade de ação missionária, não fechada e cômoda num intimismo recôndito. A Igreja precisa de pessoas generosas e criativas, felizes no anúncio e no serviço missionário (DAp 285): “Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de ‘sentido’, de verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranqüilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história...” (DAp 548).
A missão deve estar a serviço da vida plena para todos (Jo 10, 10), especialmente para os mais necessitados. A Igreja precisa de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem daqueles que sofrem: “É uma contradição dolorosa que o Continente com o maior número de católicos seja também o de maior iniqüidade social” (DAp 527). Exige-se proximidade afetuosa: misericórdia, solidariedade, compaixão, diálogo, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez (DAp 362-263). Dizia o Papa Bento XVI no discurso inaugural de Aparecida: “A opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica” (DAp 392). Enfim, precisamos converter a cultura da morte em cultura da vida. Consideramos a vida “presente gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a concepção, em todas as suas etapas, até a morte natural, sem relativismos” (DAp 464). Enfim, necessita-se de uma pastoral que vá além da mera conservação para uma pastoral decididamente missionária (DAp 367 e 370).
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

domingo, 13 de outubro de 2013

Nada é impossível à misericórdia de Deus



Catequese do Papa Francisco na tarde de ontem, sábado, 12 de outubro

ROMA, 13 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Amados irmãos e irmãs,
Reunimo-nos aqui, neste encontro do Ano da Fé dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós. Maria leva-nos sempre a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente. Como foi a fé de Maria?
1. O primeiro elemento da sua fé é este: a fé de Maria desata o nó do pecado (cf. LG, 56). Que significa isto? Os Padres conciliares retomaram uma expressão de Santo Ireneu, que diz: «O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé» (Adv. Haer. III, 22, 4).
O «nó» da desobediência, o "nó" da incredulidade. Poderíamos dizer, quando uma criança desobedece à mãe ou ao pai, que se forma um pequeno «nó». Isto sucede, se a criança se dá conta do faz, especialmente se há pelo meio uma mentira; naquele momento, não se fia da mãe e do pai. Isto acontece tantas vezes! Então a relação com os pais precisa de ser limpa desta falta e, de facto, pede-se desculpa para que haja de novo harmonia e confiança. Algo parecido acontece no nosso relacionamento com Deus. Quando não O escutamos, não seguimos a sua vontade e realizamos acções concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. Estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar.Mas, para a misericórdia de Deus, nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça. E Maria, que, com o seu «sim», abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Poderíamos interrogar-nos: Quais são os nós que existem na minha vida? Para mudar, peço a Maria que me ajude a ter confiança na misericórdia de Deus?
2. Segundo elemento: a fé de Maria dá carne humana a Jesus. Diz o Concílio: «Acreditando e obedecendo, gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai» (LG, 63). Este é um ponto em que os Padres da Igreja insistiram muito: Maria primeiro concebeu Jesus na fé e, depois, na carne, quando disse «sim» ao anúncio que Deus lhe dirigiu através do Anjo. Que significa isto? Significa que Deus não quis fazer-Se homem, ignorando a nossa liberdade, quis passar através do livre consentimento de Maria, do seu «sim».
Entretanto aquilo que aconteceu de uma forma única na Virgem Mãe, sucede a nível espiritual também em nós, quando acolhemos a Palavra de Deus com um coração bom e sincero, e a pomos em prática. É como se Deus tomasse carne em nós: Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua palavra.Perguntemo-nos: Estamos nós conscientes disto? Ou pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado, que não nos toca pessoalmente? Crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projectos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus. Tudo isto acontece graças à acção do Espírito Santo. Deixemo-nos guiar por Ele!
3. O último elemento é a fé de Maria como caminho: o Concílio afirma que Maria «avançou pelo caminho da fé» (LG, 58). Por isso, Ela nos precede neste caminho, nos acompanha e sustenta.
Em que sentido a fé de Maria foi um caminho? No sentido de que toda a sua vida foi seguir o seu Filho: Ele é a estrada, Ele é o caminho! Progredir na fé, avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, não é senão seguir a Jesus; ouvi-Lo e deixar-se guiar pelas suas palavras; ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas, ter os próprios sentimentos e atitudes d’Ele: humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento, da idolatria.. O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz. Por isso, o caminho da fé passa através da cruz, e Maria compreendeu-o desde o princípio, quando Herodes queria matar Jesus recém-nascido. Mas, depois, esta cruz tornou-se mais profunda, quando Jesus foi rejeitado: então a fé de Maria enfrentou a incompreensão e o desprezo; quando chegou a «hora» de Jesus, a hora da paixão: então a fé de Maria foi a chamazinha na noite. Na noite de Sábado Santo, Maria esteve de vigia. A sua chamazinha, pequena mas clara, esteve acesa até ao alvorecer da Ressurreição; e quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Este é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Tenho a alegria da fé?
Esta noite, ó Maria, nós Te agradecemos pela tua fé e renovamos a nossa entrega a Ti, Mãe da nossa fé.