sábado, 21 de dezembro de 2013

O mistério alardeado não é cristão



Depois de explicar que o encontro com Deus só pode ser entendido no silêncio, o papa nos convida a imitar o exemplo de Maria
Por Redacao

ROMA, 20 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - Só o silêncio guarda o mistério do caminho que o homem trilha com Deus, disse o papa Francisco na homilia desta sexta-feira, durante a missa celebrada na Casa Santa Marta. Que Deus nos dê “a graça de amar o silêncio”, que precisa ser “guardado” longe de toda “publicidade”, pediu ele.
Na história da salvação, nem o clamor nem a teatralidade, mas a sombra e o silêncio são os "lugares" que Deus escolheu para se manifestar ao homem. Fronteiras evanescentes, nas quais o seu mistério já assumiu forma visível, fazendo-se carne. A reflexão do pontífice baseou-se na anunciação, proposta pelo evangelho de hoje, em especial a passagem em que o anjo diz a Maria que o poder do Altíssimo a "cobrirá com a sua sombra", o que lembra também “a nuvem com que Deus tinha protegido os judeus no deserto”.
“Deus sempre cuidou do mistério. Um mistério alardeado não é cristão, não é o mistério de Deus: é um mistério falso! E o mistério de Deus é aquele que envolve Maria, quando ela recebe o seu Filho: a maternidade virginal é envolta em mistério. Fica envolta a vida toda! E ela sabia. Essa sombra de Deus, em nossa vida, nos ajuda a descobrir o nosso mistério: o mistério do nosso encontro com Deus, o mistério do caminho da nossa vida com nosso Senhor (...) Cada um de nós sabe como Deus age misteriosamente em nosso coração, em nossa alma”.
E qual é “a nuvem, a potência, o estilo do Espírito Santo para envolver o nosso mistério? Essa nuvem, em nós, na nossa vida, se chama silêncio: o silêncio é precisamente uma nuvem que envolve o mistério da nossa relação com Deus, da nossa santidade e dos nossos pecados. Aquele mistério que não podemos explicar. Guardar o mistério com o silêncio! Essa é a nuvem, essa é a potência de Deus para nós, essa é a força do Espírito Santo".
A Mãe de Jesus foi o ícone perfeito do silêncio, desde o anúncio da sua excepcional maternidade até o Calvário. “Eu penso”, disse o papa, “em quantas vezes ela se calou e em quantas vezes ela não disse o que sentia, para preservar o mistério da relação com o seu Filho", até o silêncio mais duro, "aos pés da Cruz".
“O Evangelho não nos diz nada: se ela falou alguma palavra ou não... Era silenciosa, mas, dentro do coração, quantas coisas ela devia falar com Deus! 'Tu me disseste que ele ia ser grande; tu me disseste que darias a ele o Trono de Davi, seu pai, que ele reinaria para sempre, e agora ele está aqui [na cruz]!'. Maria era humana! E talvez ela sentisse o desejo de dizer: ‘Era mentira! Eu fui enganada!’. João Paulo II meditava nisso ao falar de Maria naquele momento. Mas ela, com o silêncio, envolveu o mistério que não entendia, e, com aquele silêncio, deixou que o mistério crescesse e florescesse na esperança”.
"É o silêncio o que guarda o mistério". O mistério "da nossa relação com Deus, do nosso caminho, da nossa salvação, não pode ser alardeado, publicitado". Que nosso Senhor "nos dê a graça de amar o silêncio, de buscá-lo e de ter um coração guardado pela nuvem do silêncio".

Propósitos de Natal



Dom Walmor, arcebispo de Belo Horizonte, convida a renovar propósitos nesse Natal
Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo

BELO HORIZONTE, 20 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - O Natal é tempo propício para eleger e retomar propósitos, uma preparação qualificada com reflexos no percurso dos dias do novo ano que se aproxima. Assumir propósitos é um exercício educativo e indispensável. São metas desenhadas no horizonte da existência, que precisa ser qualificada. Definir e planejar objetivos são tarefas que podem garantir as correções de rumos, o alcançar de entendimentos indispensáveis e o ajustamento de condutas nos contextos familiar, institucional e social. As metas não podem ser pensadas apenas nas engrenagens empresariais e institucionais, pois a vida não se constrói sem disciplina individual.
Indispensável é o propósito de cada um compreender-se como pessoa humana, coração da paz. Deve se tornar inegociável e compromisso determinante a atitude diária de respeitar o próximo. Um respeito testemunhado em cada gesto e palavras, no cuidado com aquilo que é público e está a serviço de todos. Há uma gramática própria no coração humano que precisa ser recuperada dos desgastes que o consumismo, a indiferença e a mesquinhez do egoísmo e da ganância produzem, desfigurando a humanidade, impulsionando corações ao ódio, à violência, à vingança, que matam a fraternidade como missão e propriedade do ser humano. Essa gramática do coração humano se recompõe pela reconquista do sentido de transcendência, exercitado pela espiritualidade.
A vida vivida, construída e entendida apenas do lado de fora, conduzida por exterioridades, desgasta culturas e pessoas, produzindo cenários desoladores, da miséria à violência.  A espiritualidade exercitada como competência no reconhecimento do lugar central de Deus na própria vida se desdobra em compromisso com a ecologia da paz, isto é, a igualdade da natureza de todas as pessoas. Esta compreensão produz sensibilidade na consideração da realidade social, aquela próxima de cada um de nós, deixando-se incomodar pelas insidiosas desigualdades no acesso a bens essenciais, como água, comida, saúde e moradia. Dessa consideração, surge a prática de pequenos e grandes gestos, o compromisso de cada cidadão no cuidado para com os pobres.
Não importa se o que cada um faz seja como uma gota d’água no oceano, pois o oceano é feito de gotas d’água.. São indispensáveis todos os gestos de solidariedade de cada um. Esta tarefa educativa permanente dos corações deve ser assumida pela família. Se cada família for conduzida como comunidade de paz, se tornará uma permanente escola de solidariedade, capaz de modular, de modo humanístico e justo, a sociedade contemporânea. A família é o lugar primário das relações humanas e, consequentemente, da sociedade. Nela não se pode perder o sentido dos ritos, a aprendizagem dos limites e do respeito incondicional à vida. Se o sentido da paz não for aprendido na família, ficará comprometida a gramática do coração humano. Monstros nascerão, as arbitrariedades presidirão as dinâmicas da sociedade e traçada estará uma avalanche de relativizações.
Avançar na contramão das violências que desfiguram a sociedade supõe assumir o propósito de não se deixar vencer pelo mal. É preciso superá-lo com o bem. O mal tem o rosto de quem o escolhe. É praticado por quem se esquiva das exigências do amor. A competência para o bem moral nasce do amor, manifesta-se e é orientado por ele. E esse amor está plenamente manifestadoem Cristo Jesus, o Salvador da humanidade. Celebrar o seu Natal é antes e acima de tudo compreender a lógica do amor, não permitindo, por nenhuma razão ou título sua camuflagem com ilusórias escolhas e passageiras comemorações.
O grande propósito prático e incidente é vencer o mal com o bem, sempre e em todas as circunstâncias, dedicando particular atenção ao bem comum com suas vertentes sociais e políticas. O propósito de ouro é buscar o bem do outro como se fora o seu. Ainda mais precioso, com efeitos revolucionários, é a meta indicada por Jesus de não se fazer aos outros o que não se deseja a si mesmo. Que o caminho para a paz seja percorrido com a convicção de que a paz não pode ser alcançada sem justiça, e não há justiça sem perdão. Perdoar e fazer o bem devem ser sempre os propósitos de Natal.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Como São Francisco: degustar o mistério do Natal com os olhos e com os lábios



Última pregação do advento: pe. Cantalamessa analisa a humildade da encarnação a partir do ponto de vista do Pobrezinho de Assis e nos convida a "amar, socorrer e evangelizar" os pobres
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 20 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - Terceira e última pregação do advento, feita pelo pe. Raniero Cantalamessa.
Depois de abordar a figura de São Francisco e de explicar como a Igreja inteira foi reformada graças àquele humilde frade, o pregador da Casa Pontifícia agora analisa o mistério do Natal, daquele "pobre Rei recém-nascido" encarnado na pequena cidade de Belém.
O capuchinho lembrou ainda a tradição do presépio, criado pelo Santo de Assis na cidade de Greccio, e salientou que ele "nos ajuda a integrar a visão ontológica da encarnação com a visão mais existencial e religiosa".
"Não importa apenas saber que Deus se fez homem", disse Cantalamessa, mas também "saber que tipo de homem ele se fez". Entre São João e São Paulo já se percebem perspectivas diferentes, embora complementares, do evento da encarnação. Para João, "o Verbo se fez carne"; para Paulo, "Cristo, sendo rico, se fez pobre". São Francisco "se alinha com São Paulo", porque, “mais do que na realidade ontológica da humanidade de Cristo, ele insiste, até a comoção, na humildade e na pobreza dela”.
Segundo as fontes, "a humildade da encarnação e a caridade da paixão" tinham o poder de levar o santo de Assis até as lágrimas. Uma vez, um frade lhe recordou, durante almoço, da pobreza e da indigência da Virgem Maria e do seu Filho. São Francisco imediatamente se levantou da mesa, explodiu em soluços de dor e, com as lágrimas lhe escorrendo pelo rosto, comeu o resto do pão sobre a terra nua. "O santo padroeiro da Itália devolveu ‘carne e sangue’ aos mistérios do cristianismo, tantas vezes ‘desencarnados’ e reduzidos a conceitos e silogismos". A sua distinção "entre o fato da encarnação e o modo da encarnação", disse o pregador da Casa Pontifícia, "lança luz sobre o problema atual da pobreza e da postura dos cristãos perante ela".
Em sua encarnação, Cristo "assumiu, de forma muito especial, o pobre, o humilde, o sofredor, a ponto de se identificar com eles". No pobre há uma presença "real" de Cristo, não, é claro, como na Eucaristia, mas do jeito que Jesus disse: "Aquele certo alguém necessitado de um pouco de pão, aquele idoso que morria enrijecido de frio na calçada, era eu". Cantalamessa prosseguiu: "Não acolhe plenamente a Cristo quem não está disposto a acolher o pobre com quem Cristo se identificou". O pobre é um "vigário passivo de Cristo", no seguinte sentido: "aquilo que se faz ao pobre é como se fosse feito a Cristo".
É por isso que João XXIII, no concílio, cunhou a expressão "Igreja dos pobres", indicando que "todos os pobres do mundo, batizados ou não, fazem parte da Igreja". Segue-se que o papa é o "pai dos pobres" e é "uma alegria ver como este papel tem sido levado a sério pelos últimos papas", em particular pelo papa atual.
No entanto, constatou o pregador, "nós temos a tendência de colocar paredes de vidro duplo entre nós e os pobres. Vemos os pobres andando, se agitando, gritando por trás da tela da televisão, nas páginas dos jornais e nas revistas missionárias, mas o seu clamor nos chega como de muito longe. Não penetra o nosso coração". As palavras "pobre", “imigrante”, provocam, nos países ricos, “o mesmo efeito que provocava nos antigos romanos o grito de "bárbaros": o desconcerto, o pânico".
"Nós lamentamos e protestamos pelas crianças impedidas de nascer, mas não deveríamos fazer o mesmo pelos milhões de crianças que nascem e são condenado à morte pela fome, pela doença, forçadas a ir para a guerra e a matar umas as outras em nome de interesses que não são alheios a nós, dos países ricos?".
Devemos protestar não só "pelos idosos, pelos doentes, pelos deformados que a eutanásia ajuda a matar", mas também "pelos idosos que morrem de frio ou que são abandonados à própria sorte".
O primeiro passo, portanto, é "superar a indiferença e a insensibilidade, é perceber os pobres”. Três palavras são essenciais: "amá-los, socorrê-los, evangelizá-los". Amá-los no sentido de "respeitar e reconhecer a sua dignidade", a exemplo de santos como São Francisco, São Vicente de Paulo e Santa Teresa de Calcutá, “cujo amor pelos pobres foi o caminho da sua santidade”. Os pobres “não merecem só a nossa simpatia, mas também a nossa admiração”, porque “eles são os verdadeiros campeões da humanidade”. Nós distribuímos tantos troféus e medalhas de ouro para quem simplesmente pulou um centímetro a mais do que o outro, mas não levamos em nenhuma consideração "os saltos mortais, as provas de força, os slalom de que os pobres são capazes tantas vezes" para sobreviver.
Ao dever de amar os pobres, segue o de socorrê-los. "De que adianta ter pena de um irmão ou de uma irmã carente de roupa e de alimento e só dizer ‘Coitado, como você sofre! Vá, se aqueça, coma!’, sem lhe dar nada para se aquecer e para comer?", perguntou o padre Cantalamessa, ecoando as palavras de São Tiago: "a compaixão, assim como a fé, sem obras é morta". E acrescentou que, "no dia do juízo, Jesus não dirá: ‘Eu estava nu e tivestes pena de mim’, mas ‘Eu estava nu e me vestistes’. Não devemos culpar a Deus pela miséria do mundo, mas a nós mesmos".
Hoje não basta "a simples esmola": podem ser feitas muitas coisas "para socorrer" os pobres e "promover a sua ascensão". Entre elas, evangelizar: "Não podemos permitir que a nossa má consciência nos leve a cometer a enorme injustiça de privar da boa notícia aqueles que são os primeiros e mais naturais destinatários dela", afirmou Cantalamessa. "A ação social deve acompanhar a evangelização, nunca substituí-la". Os pobres "têm o direito sacrossanto de ouvir o evangelho na sua totalidade, e não numa edição resumida ou controversa".
Para finalizar, o pe. Raniero voltou a refletir sobre Francisco de Assis e explicou que, para ele, o Natal não era "apenas uma oportunidade de chorar a pobreza de Cristo", mas uma festa que "fazia explodir toda a capacidade de exultação que havia em seu coração. No Natal, ele fazia loucuras literalmente, se tornava uma daquelas crianças que ficam sempre com os olhos cheios de maravilhamento diante do presépio, e, toda vez que dizia ‘Jesus’ ou ‘Menino de Belém’, passava a língua pelos lábios como a saborear e reter toda a doçura daquelas palavras". Nós também, convidou Cantalamessa, podemos saborear os sentimentos de São Francisco.
O capuchinho encerrou suas palavras recitando os versos de um popular canto natalino italiano, “Tu scendi dalle stelle” [Tu desces das estrelas], musicado por Santo Afonso Maria de Ligório, e propondo: "Deixemo-nos comover pela mensagem simples, mas essencial" deste canto.

Presentes históricos



Dom Alberto Taveira Correa fala sobre o Natal

Belém do Pará,  (Zenit.org

O que fazer dos muitos presentes recebidos nos natais passados e no natal que se aproxima? Muita gente acumula coisas em casa e ficam abarrotados quartos de brinquedo, armários com aquelas coisas que "um dia poderão servir" ou se transformam mimos em enfeites em profusão, espalhados pela casa. Há pessoas que logo encontram destinação adequada ao que é realmente útil, ou, melhor ainda, sabem partilhar o que se lhes torna supérfluo. Entretanto, valem os gestos de amizade, a troca de atenções e a generosidade dos dias de fim de ano.
Só que os presentes do presente Natal são apenas ponto de partida para outra conversa. É que a humanidade recebeu um presente, o maior de todos, quando o Verbo de Deus se fez carne no ventre da Virgem Maria. Não se trata de um acontecimento de somenos importância, mas "do acontecimento" que mudou a história do mundo, diante do qual mudaram-se as datas e os corações das pessoas. E os cristãos, chamados a cuidar do grande legado da fé, têm a responsabilidade de anunciar a todos a grande notícia, que é alegria para todo o povo e todas as gerações. "Natal é o encontro com Jesus. Deus sempre buscou seu povo e o guiou, tomou conta dele e prometeu que estaria sempre perto. No Livro do Deuteronômio lemos que Deus caminha conosco, guia-nos pela mão como um pai faz com seu filho. Isto é maravilhoso. O Natal é o encontro de Deus com seu povo, e é também um mistério de consolação" (Papa Francisco, em recente entrevista ao jornal italiano "La Stampa").
O presente de Deus à humanidade é sinal da condescendência para com cada pessoa e com todas as situações vividas. Lição de carinho pensado desde a eternidade no plano de Deus, com o qual fomos feitos por amor, no amor e para o amor. Um mundo que foi planejado para que as pessoas sejam felizes, e não para a perdição. A plenitude dos tempos, seu amadurecimento realizado irrompeu quando a Virgem Maria deu à luz o Menino de Belém.
Sua presença veio mostrar que a vida humana vale muito, tanto que tem o preço do amor infinito de Deus. Em tempos como o nosso, em que a vida é vilipendiada, desprezada e jogada no lixo das cidades e da história, o Menino do Presépio é testemunha de que a humanidade só encontrará sua estrada de realização e felicidade quando a sementinha de vida for acolhida com amor, tratada com carinho e custodiada da fecundação até seu ocaso natural. Não podemos iludir-nos! As falcatruas legais com as quais a vida vem a ser destruída trarão suas consequências, pois o salário do pecado é a morte (Cf. Rm 6, 23).
A Sagrada Escritura está recheada de repreensões feitas pelo Senhor a um povo de cabeça dura. Os sucessivos profetas não hesitaram em lançar em rosto justamente ao povo que pertencia a Deus suas censuras. E o povo de nosso tempo, cuja herança da fé cristã foi dada em legado, o que fez dos valores do Evangelho? Não é segredo que muitas vezes o "mea culpa" do reconhecimento dos pecados foi feito por nós cristãos e haverá de ser sempre atual. Não basta enfeitar-nos em trajes de festa e jogar para debaixo do tapete nossa incoerência. Somos nós os que primeiro devem tomar consciência de que os valores do Evangelho, como a verdade e a sinceridade, o amor à vida e a seriedade na administração dos bens materiais e espirituais, foram desprezados e a esperteza ou os interesses passaram na frente. A falta de lisura na prestação de contas, os desvios de verbas públicas e o "por fora" da corrupção são absolutamente incoerentes com o cristianismo. Cuidar do presente recebido de Deus é ter a coragem de recomeçar, reconhecer erros cometidos, limpar as mãos e o coração. Este é um apelo urgente, em nome do Natal.
A história mostra que o cristianismo, malgrado as falhas de todos os que o professam, gerou cultura. É impensável separar a arte dos séculos passados da benéfica influência do Evangelho. Nasceram da Igreja expressões pictóricas e esculturais e peças musicais em profusão. Em muito, foi à sombra da Igreja que o teatro se desenvolveu e consolidou. Os monumentos históricos têm incrustados em seus traços as virtudes e os pecados de gerações de cristãos. E a educação, ou a saúde e tantas ações sociais? A sensibilidade e a solidariedade foram cultivadas a partir do Evangelho e por ele sustentadas. Ignorar a Igreja, pretender jogá-la no lixo da história é no mínimo injustiça. Mas é ainda cegueira pura a pretensa iluminação dos que julgam ser os novos criadores do universo a partir do nada. Assistimos em nossos dias ao espetáculo do laicismo militante, tributário dos muitos desastres que já se entreveem. Parecemos crianças que teimam em por a mão na tomada. O choque já veio e virá!
Muito maior é a vertente positiva, com a qual podemos celebrar mais uma vez o Natal. Continuam verdadeiros os sentimentos mais autênticos nascidos do Presépio. É ainda e sempre será bom e bonito espalhar presentes, ir ao encontro dos mais pobres, experimentar a partilha dos bens, sorrir, saudar os outros com afeto. É nosso programa para estes dias, para recuperar todas as lições dos muitos natais da história e de nossa vida pessoal. É do Papa Francisco a lição do Natal de 2013, na citada entrevista: "Deus nos diz duas coisas. A primeira: tenham esperança. Deus sempre abre as portas e nunca as fecha. Ele é o pai que nos abre as portas. Segunda: não tenham medo da ternura. Quando os cristãos se esquecem da esperança e da ternura se transformam numa Igreja fria, que não sabe para onde ir e se enrola em ideologias e atitudes mundanas, enquanto a simplicidade de Deus te diz: vai para frente, eu sou um Pai que te acaricia. Tenho medo quando os cristãos perdem a esperança e a capacidade de abraçar e acariciar".
É tempo de preparar-se, despojando-nos de preconceitos, purificando o coração, jogando fora o que existe de mais velho em nós, o egoísmo, para revestir-nos dos mesmos sentimentos, que foram os de Jesus Cristo, Filho de Deus, nascido em Belém, morto e ressuscitado, presente na história, vivo para sempre. A Ele sejam dadas a honra e a glória, hoje e em todos os séculos, pela eternidade. 
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém – PA

A humildade nos torna fecundos, a soberba estéreis


 


“A humildade é necessária para a fecundidade”. Foi o que destacou o Papa Francisco na Missa desta manhã de quinta-feira, na Casa Santa Marta. O Santo Padre afirmou que a intervenção de Deus vence a esterilidade da nossa vida e a torna fecunda. Em seguida, chamou a atenção para o comportamento de soberba que nos tornam estéreis.
Tantas vezes, na Bíblia, encontramos mulheres estéreis às quais o Senhor dá o dom da vida. Francisco iniciou assim a sua homilia comentando as leituras do dia e especialmente o Evangelho de hoje que fala de Isabel que era estéril e que teve um filho, João. “A partir da impossibilidade de dar vida - constatou o Papa - vem a vida”. E isso, prosseguiu, também “aconteceu não a mulheres estéreis”, mas que “não tinham esperança de vida”, como Noemi que acabou tendo um neto:
“O Senhor intervém na vida dessas mulheres para nos dizer: ‘Eu sou capaz de dar vida’. Também nos Profetas há a imagem do deserto, a terra deserta incapaz de fazer crescer uma árvore, uma fruta, de fazer brotar alguma coisa. ‘Mas o deserto será como uma floresta - dizem os profetas - será grande, florescerá’. Mas o deserto pode florescer? Sim. A mulher estéril pode dar à luz? Sim. A promessa do Senhor: Eu posso! Eu posso da secura, da secura de vocês, fazer crescer a vida, a salvação! Eu posso da aridez fazer crescer os frutos!”
E a salvação, afirmou o Papa Francisco, é isso: “É a intervenção de Deus que nos torna fecundos, que nos dá a capacidade de dar vida”. Nós, advertiu o Santo Padre, “não podemos fazer isso sozinhos”. Mesmo assim, acrescentou, “muitos provaram pensar na nossa capacidade de se salvar”:
“Até mesmo os cristãos, hein! Pensemos nos pelagianos, por exemplo. (segundo os pelagianos, o homem era totalmente responsável por sua própria salvação e minimizava o papel da graça divina). Tudo é graça. É a intervenção de Deus que traz a salvação. É a intervenção de Deus que nos ajuda no caminho da santidade. Somente Ele pode. Mas, nós o que fazemos? Em primeiro lugar: devemos reconhecer a nossa secura, a nossa incapacidade de dar vida.
Reconhecer isso. Em segundo lugar, pedir: “Senhor, eu quero ser fecundo. Eu quero que a minha vida dê vida, que a minha fé seja fecunda e vá avante e possa transmiti-la aos outros’. 'Senhor, eu sou estéril, eu não posso, Tu podes. “Eu sou um deserto: eu não posso, Tu podes’”.
E essa, acrescentou, pode ser precisamente a oração destes dias antes do Natal. “Pensemos - observou – a como os soberbos, aqueles que acreditam que podem fazer tudo sozinhos, são atingidos”. O Papa voltou seus pensamentos para Micol, filha de Saul. Uma mulher, recordou, “que não era estéril, mas era soberba, e não entendia o que era louvar a Deus”, ao contrário, “ria do louvor”. “E foi punida com a esterilidade”:
“A humildade é necessária para a fecundidade. Quantas pessoas acreditam serem justas, como ela, e no fim são pobrezinhas. A humildade de dizer ao Senhor: ‘Senhor, sou estéril, sou um deserto e repetir nestes dias as belas antífonas que a Igreja nos faz rezar: ‘ Ó filho de Davi, ou Adonai, ou Sabedoria, ou raiz de Jesse, ou Emmanuel..., venha nos dar vida, venha nos salvar, porque só Tu podes, eu não posso!’ E com esta humildade, a humildade do deserto, a humildade de alma estéril, receber a graça, a graça de florescer, de dar frutos e dar vida”.
(Fonte: RADIO VATICANO / SP

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

"Vamos deixar que Deus escreva a nossa história"

Depois da missa, o papa Francisco recebe os cumprimentos de aniversário de quatro sem teto e dos funcionários da Casa Santa Marta
Por Luca Marcolivio

ROMA, 17 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - É um dia diferente na Casa Santa Marta. É o dia do 77º aniversário do seu inquilino mais famoso. O papa Francisco celebrou a missa desta manhã com a presença de todo o pessoal da casa. A eucaristia foi concelebrada com o cardeal Angelo Sodano, decano do Colégio de Cardeais.
No final da missa, o Secretário de Estado Vaticano, dom Pietro Parolin, apresentou ao papa os parabéns em nome de todos os seus colegas da Secretaria de Estado. Dom Konrad Krajewski, esmoleiro de Sua Santidade, apresentou a Francisco quatro convidados sem teto.
O encontro terminou com um coro de parabéns entoado por todos os presentes. Logo em seguida, o papa Francisco foi tomar café da manhã acompanhado por todos os participantes da missa.
Na homilia, falando sobre o evangelho de hoje (Mt 1,1-17), que descreve a genealogia de Jesus, o Santo Padre brincou: "Já ouvi alguém dizer que esta passagem do evangelho parece a lista telefônica".
Mas ela é, explicou o papa, uma passagem importante, que nos lembra que "Deus se tornou história" e que Jesus é "consubstancial ao Pai", mas também "consubstancial à Mãe", a Virgem Maria..
Depois do pecado original, disse o papa, Deus quis "trilhar o caminho conosco", a partir de Abraão, passando por Isaac e Jacó, até chegar a cada um de nós.
"Deus não queria vir nos salvar sem história. Ele quis fazer história conosco", uma história "que vai do pecado à santidade" e na qual há "tanto santos quanto pecadores".
Deus também fez história com "os grandes pecadores", com aqueles que "não responderam a tudo o que Deus pensou para eles", como "Salomão, tão grande, tão inteligente, e que terminou, coitado, sem nem saber como se chamava".
É como se Deus pegasse o nosso nome para transformá-lo no "seu sobrenome" e assim poder dizer: "Eu sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, de Pedro, de Marieta, de Armony, de Marisa, de Simão, de todos".
Em certo sentido, Deus "nos deixou escrever a sua vida", seguindo "a nossa história de graça e de pecado". Isso mostra "a humildade de Deus, a paciência de Deus, o amor de Deus", que comove.
Ao chegar o Natal, “se Ele fez a sua história conosco, se Ele adotou o nosso nome como seu sobrenome, se Ele nos deixou escrever a sua história, vamos deixar pelo menos que Ele escreva a nossa história".
A santidade consiste precisamente em deixar que "Deus escreva a nossa história", concluiu o pontífice

"O Natal é a festa do canto dos anjos



O Mestre de Cerimônias Papal, Monsenhor Guido Marini exorta a manter vivas as tradições musicais e o presépio
Por Sergio Mora

ROMA, 18 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) -
 Na igreja de Santa Maria in Navicella, mais conhecida como “Igreja Nova”, situada entre o Vaticano e o centro histórico de Roma, no passado 14 de dezembro, o Coro pontifício da Capela Sistina teve um concerto de Natal, que começou com um canto gregoriano e terminou com um Adeste Fidelis, em uma versão que acrescenta uma parte da versão britânica, que entrou no repertório depois de que o coro da Sistina cantou com o coro anglicano de Westminster , em Londres.
Concluído o evento, o Mestre de Cerimônias, monsenhor Guido Marini, dirigiu algumas palavras aos presentes e ao coro dirigido pelo salesiano mons. Massimo Palombella, agradecendo-lhes não só pelo concerto do sábado passado, mas por todo o trabalho feito durante o ano, nas celebrações litúrgicas do Papa.
Olhando para o coro, Monsenhor Marini acrescentou: "Vocês tem esta grande graça e esta grande tarefa de ser de alguma forma o eco do canto dos anjos na liturgia, e agradecemos isso”. Depois exteriorizou este pensamento: “ao mesmo tempo sabemos que não podemos cantar com as nossas vozes como na Capela Sistina e muito menos como os anjos do Natal, mas podemos de alguma forma glorificar com a nossa vida, e na medida em que está em sintonia com o Senhor, a nossa vida se torna um canto de glória”.
"O que desejamos este ano é isso: que depois de ter participado deste concerto e de ter ir ido com o pensamento na gruta de Belém, os anjos que cantam nos ajudem a recordar que a nossa vida é autêntica na medida em que se torna um canto e adere sempre mais à vontade de Deus”, disse.
" Porque o voto mais belo que podemos desejar a quem canta – acrescentou Monsenhor Marini – não é somente que esta experiência do canto possa continuar mas também e especialmente que a sua vida possa ser um canto”.
Após a cerimônia, perguntado por ZENIT sobre a importância de que as famílias se comprometam a armar o presépio e também de organizar algum canto para Jesus Menino, Marini disse: “Acho que seja importante, porque a tradição do presépio, assim como nasceu no coração e na mente de São Francisco, é justamente o desejo de fazer sensível, palpável de alguma forma, o mistério grande do Natal. Em uma forma também muito popular, portanto muito compreensível também a todos. Assim, acho que manter viva esta tradição, consolidá-la, alimentá-la seja muito importante para que se possa realmente ter familiaridade com o coração do mistério do Natal”.
"E, ao mesmo tempo - disse o mestre de cerimônias do Papa – o canto do natal entre as famílias, nesta dimensão popular do canto , é importante porque é um reflexo do canto angelical e, especialmente no Natal, a nossa vida deve ser um canto e o é na medida em que aderimos àquele Deus que se faz criança”.

O Papa explica que o natal é a festa da confiança e da esperança, que supera o pessimismo.



Texto da catequese do Papa Francisco na audiência da quarta-feira

Por Redacao

ROMA, 18 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) -
Queridos irmãos e irmãs bom dia,
Este nosso encontro se desenvolve no clima espiritual do Advento, tornado ainda mais intenso pela Novena do Santo Natal, que estamos vivendo nestes dias e que noz conduz às festas natalícias. Por isso, hoje gostaria de refletir convosco sobre o Natal de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo. E a razão da nossa esperança é esta: Deus está conosco e confia ainda em nós. É generoso este Deus Pai! Ele vem morar com os homens, escolhe a terra como sua morada para estar junto ao homem e fazer-se encontrar lá onde o homem passa os seus dias na alegria ou na dor. Portanto, a terra não é mais somente um “vale de lágrimas”, mas é o lugar onde o próprio Deus colocou a sua tenda, é o lugar do encontro de Deus com o homem, da solidariedade de Deus com os homens.
Deus quis partilhar a nossa condição humana ao ponto de fazer-se uma só coisa conosco na pessoa de Jesus, que é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Mas há algo ainda mais surpreendente. A presença de Deus em meio à humanidade não foi realizada de modo ideal, sereno, mas neste mundo real, marcado por tantas coisas boas e ruins, marcado por divisões, maldade, pobreza, prepotência e guerras. Ele escolheu habitar a nossa história assim como ela é, com todo o peso de seus limites e dos seus dramas. Assim fazendo, demonstrou de modo insuperável a sua inclinação misericordiosa e repleta de amor para com as criaturas humanas. Ele é o Deus-conosco; Jesus é Deus-conosco. Vocês acreditam nisso? Façamos juntos esta profissão: Jesus é Deus-conosco! Jesus é Deus-conosco desde sempre e para sempre conosco nos nossos sofrimentos e nas dores da história. O Natal de Jesus é a manifestação de que Deus colocou-se de uma vez por todas do lado do homem, para nos salvar, para nos levantar do pó das nossas misérias, das nossas dificuldades, dos nossos pecados.
Daqui vem o grande “presente” do Menino de Belém: Ele nos traz uma energia espiritual, uma energia que nos ajuda a não nos abatermos com os nossos cansaços, os nossos desesperos, as nossas tristezas, porque é uma energia que aquece e transforma o coração. O nascimento de Jesus, de fato, nos traz a bela notícia de que somos amados imensamente e singularmente por Deus, e este amor não somente o faz conhecer, mas o doa, comunica-o!
Da contemplação alegre do mistério do Filho de Deus nascido por nós, podemos tirar duas considerações.
A primeira é que se no Natal Deus se revela não como um que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se rebaixa, vem à terra pequeno e pobre, significa que para sermos similares a Ele nós não devemos nos colocar sobre os outros, mas antes rebaixar-nos, colocarmo-nos a serviço, fazer-nos pequenos com os pequenos e pobres com os pobres. Mas é uma coisa ruim quando se vê um cristão que não quer rebaixar-se, que não quer servir. Um cristão que se exibe sempre é ruim: aquele não é cristão, aquele é pagão. O cristão serve, rebaixa-se. Façamos com que estes nossos irmãos e irmãs não se sintam nunca sozinhos!
A segunda consequência: se Deus, por meio de Jesus, envolveu-se com o homem a ponto de tornar-se como um de nós, quer dizer que qualquer coisa que fizermos a um irmão ou a uma irmã a teremos feito a Ele. Recordou isso o próprio Jesus: quem tiver alimentado, acolhido, visitado, amado um dos mais pequeninos e dos mais pobres entre os homens, terá feito isso ao Filho de Deus.
Confiemo-nos à materna intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa, para que nos ajude neste Santo Natal, agora próximo, a reconhecer na face do nosso próximo, especialmente das pessoas mais frágeis e marginalizadas, a imagem do Filho de Deus feito homem.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Consciência Ecológica


 


 Deus fez o céu e a terra e todas as coisas. Criou todas as criaturas que vivem na água, que voam no céu e habitam a terra, em seus campos e florestas.( Gn 1,1-31)         
O ser humano foi criado por Deus, a sua imagem e semelhança para viver e ser feliz na natureza que lhe foi entregue por Deus.  Por isso é necessário que haja uma convivência pacifica entre o homem e a natureza.( Gn 2, 1-25)
 O mundo foi se transformando ao longo do tempo. O homem cada vez mais inventando coisas, que foram se integrando ao seu dia a dia, até chegar aos dias de hoje, quando não se vive mais uma vida simples integrada com a natureza.

1- O que é consciência ecológica?
    Consciência ecológica é a busca da mudança de comportamento em relação a natureza e a modernidade. É a valorização da vida no seu sentido mais amplo.
   Consciência ecológica é o despertar de uma compreensão e de uma sensibilidade acerca da degradação do meio ambiente e das conseqüências desse processo para a qualidade da vida humana e para o futuro das espécies como um todo.
      Significa, também, uma nova forma de ver e compreender as relações entre os homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibilidade entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilidade desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, historicamente, tem caracterizado a cultura e civilizações modernas ocidentais.

O que é ecossistema natural?
Ecossistemas naturais :    Na natureza,  nenhum  ser  vivente é isolado. No ecossistema  "natural",  todas as comunidades de seres vivos se inter-relacionam de maneira equilibrada. Assim, os vegetais considerados produtores, crescem pela incorporação da energia solar. Os animais consumidores se alimentam dos vegetais, de  insetos  ou  de  outros  animais.  A  morte  de  todos  os  seres  vivos,  a  queda  de  folhas,  a decomposição,  de todos os resíduos,  devolvem ao ambiente os materiais iniciais, completando o ciclo. Quando o homem realiza esta revolução ecológica de cultivar a vontade vegetais,  criar e domesticar animais úteis e agrupar-se em núcleos multifamiliares, ele passa a interferir nos mecanismos naturais de regulação ambiental.

Para refletir:
Como nos relacionamos com a natureza em nosso dia a dia?

                                                           Maria Ronety Canibal



Senhor, livra o teu povo do clericalismo



Pontífice explica que todos os batizados são profetas
Por Redacao

ROMA, 16 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) - Quando falta a profecia na Igreja, falta a própria vida de Deus e predomina o clericalismo, disse o papa Francisco na homilia desta terceira segunda-feira do Advento, ao celebrar a missa na Casa Santa Marta.
O profeta, disse o papa ao comentar as leituras do dia, é aquele que escuta as palavras de Deus, sabe enxergar o momento e projetar o futuro. “Ele tem dentro dele esses três momentos”: o passado, o presente e o futuro.
“O passado: o profeta é consciente da promessa, ele tem no coração a promessa de Deus, a mantém viva, se lembra dela, a repete. Depois ele olha para o presente, para o seu povo, e sente a força do Espírito para dizer uma palavra que o ajude a se levantar, a continuar no caminho em direção ao futuro. O profeta é um homem de três tempos: promessa do passado, contemplação do presente, valentia para apontar o caminho rumo ao futuro. Nosso Senhor sempre protegeu o seu povo, com os profetas, nos momentos difíceis, nos momentos em que o povo se desanimava ou era destruído, quando não tinha o templo, quando Jerusalém estava sob o poder dos inimigos, quando o povo se perguntava: ‘Mas, Senhor, tu nos fizeste essa promessa! O que está acontecendo agora?’”.
É o que “aconteceu no coração de Maria”, explicou o pontífice, “quando ela estava aos pés da cruz”. Nessas horas “é necessário o agir do profeta. E o profeta nem sempre é bem recebido. Muitas vezes ele é rejeitado. Jesus mesmo disse aos fariseus que os pais deles assassinaram os profetas, porque os profetas diziam coisas que não eram agradáveis: diziam a verdade, recordavam a promessa! E quando falta a profecia no povo de Deus, falta a vida do Senhor! (...) Quando não há profecia, predomina o legalismo”. Assim, no Evangelho, “os sacerdotes pediam a Jesus a cartilha da legalidade: ‘Com que autoridade fazes tais coisas? Nós somos os senhores do templo!’. Eles não entendiam as profecias. Tinham se esquecido da promessa! Eles não sabiam ler os sinais do momento, não tinham nem olhos penetrantes nem tinham escutado a Palavra de Deus: só tinham a autoridade!”.
“Quando não há profecia no povo de Deus, o vazio é ocupado pelo clericalismo: e é esse clericalismo que pergunta a Jesus: ‘Com que autoridade tu fazes estas coisas? Com que legalidade?’. E a memória da promessa e a esperança de seguir em frente ficam reduzidas apenas ao presente, sem passado e sem um futuro esperançador. O presente é a legalidade: se isso é legal, então vá em frente”.
Mas quando reina o legalismo, “a Palavra de Deus fica de fora e o povo de Deus chora no seu coração, porque não encontra o Senhor: falta a profecia”. Ele chora “como chorava a mãe Ana, a mãe de Samuel, pedindo a fecundidade do povo, a fecundidade que vem da força de Deus, quando Ele desperta a memória da sua promessa e nos empurra para o futuro com a esperança. Este é o profeta! Este é o homem do olho penetrante que escuta as palavras de Deus”.

“Que a nossa oração neste período em que nos preparamos para o Natal do Senhor seja esta: ‘Senhor, que não faltem os profetas no teu povo!’.. Todos nós, batizados, somos profetas. ‘Senhor, que não nos esqueçamos da tua promessa! Que não nos cansemos de seguir em frente! Que não nos encerremos no legalismo que fecha as portas! Senhor, livra o teu povo do espírito do clericalismo e ajuda-o com o espírito da profecia!’”.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

ALEGRIA DE SERVIR

 
Caros diocesanos. Vivemos o belo tempo do Natal. Os cristãos festejam o mistério da encarnação, o nascimento do Filho de Deus que veio habitar entre nós (Jo 1, 14); tornou-se Emanuel, ou seja, Deus-conosco. Como afirmou Bento XVI: “A Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz; agora a Palavra tem um rosto, que por isso mesmo podemos ver: Jesus de Nazaré” (VD 12). São Francisco de Assis, ao realizar o primeiro presépio, quis representar esse grande amor de Deus por nós, assumindo nossa pequenez humana para fazer-nos participantes de sua natureza divina. Deus veio ao nosso encontro, não por merecermos, mas por atitude de amor. Assim, o Natal torna-se tempo propício para agradecermos seu infinito amor, sua alegria de nos servir. O clima de fim de ano, igualmente, nos convida a expressar nossa gratidão a Deus e aos outros por todos os benefícios com os quais fomos agraciados durante o ano, o qual vê chegar seu último ocaso, aguardando 2014.
A encarnação confirma a atitude de servo, assumida por Jesus em toda sua vida, e também o que dirá mais tarde, em poucas palavras: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45). Toda sua vida foi um lava-pés de humildade, de serviço, até a doação na cruz. Bem que Gabriela Mistral afirma, sob o título: Alegria de Servir: “El servir no es una faena de seres inferiores. Dios, que da el fruto y la luz, sirve. Pudiera llamársele así: El que sirve. Y tiene sus ojos fijos en nuestras manos y nos pregunta cada día: ¿Serviste hoy? ¿Al árbol? ¿A tu amigo? ¿A tu madre?”.
Ao terminarmos o ano de 2013, certamente, poderemos avaliá-lo como de mais ou menos valor, pela medida da alegria de termos servido a Deus, aos irmãos e irmãs, enfim, de termos feito o bem no mundo que nos rodeia. No ano da Missão em nossa diocese, sem dúvida, teremos muito a agradecer aos que se dedicaram com alegria e generosidade nas diversas pastorais, comunidades, movimentos, associações, serviços, escolas... Certamente, não faltou o tempero do amor e da alegria de servir em presenças e atividades missionárias, das mais nobres até as mais simples. É bem como disse a integrante da equipe de cozinha, Marbel Bolson, no final da missa do 32º Cursilho de Mulheres (Julho de 2013):

A comida era preparada com todo o cuidado para que ficasse saborosa, com um toque de sal para temperar nossas ações, mais um pouco de fermento para fermentar o amor de Cristo em cada uma de nós e uma pitada de luz para iluminar os nossos pensamentos e sentimentos. 
Tivemos comida com fartura. Aliás, fartura foi o que mais teve: fartura de amor, fartura de dedicação, fartura de alegria e fartura de boa vontade. Para preparar o alimento que seria servido a vocês, novas cursilhistas, nossa equipe fervia panelas e ao mesmo tempo fervíamos de amor, companheirismo e carinho. Cozinhávamos os alimentos e também cozinhávamos dentro de nós os mais nobres sentimentos, servindo o alimento a vocês com o que tínhamos de melhor. Alimentamos a todas e também alimentamos o nosso espírito em Cristo. Louvamos a Deus por todos os momentos...”.

Que neste Natal e final de ano, todos nós possamos fazer nossa prece de gratidão, recitando ao Senhor o Salmo da alegria de ter servido, sem esquecer também da súplica para termos forças de continuar nesta nobre missão, também em 2014.
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

domingo, 15 de dezembro de 2013

"A alegria do cristão está em descobrir que é acolhido e amado por Deus"



Texto completo das palavras do Papa Francisco. Em uma praça de São Pedro sob chuva, abençoou as imagens do Menino Jesus para os presépios
Por Redacao

ROMA, 15 de Dezembro de 2013 (Zenit.org) -
Obrigado!
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje é o terceiro domingo do Advento, dito também domingo Gaudete, isso é, domingo da alegria. Na liturgia, ressoa várias vezes o convite à alegria, a alegrar-se, por que? Porque o Senhor está próximo. O Natal está próximo. A mensagem cristã se chama “evangelho”, isso é, “boa notícia”, um anúncio de alegria para todo o povo; a Igreja não é um refúgio para o povo triste, a Igreja é a casa da alegria! E aqueles que estão tristes encontram nessa a alegria, encontram nessa a verdadeira alegria!
Mas aquela do Evangelho não é uma alegria qualquer. Encontra a sua razão no saber-se acolhido e amado por Deus. Como nos recorda hoje o profeta Isaías (cfr 35, 1-6.8ª.10), Deus é aquele que vem para nos salvar, e presta socorro especialmente aos desanimados de coração. A sua vinda em meio a nós nos fortalece, torna sãos, dá coragem, faz exultar e florir o deserto e o estepe, isso é, a nossa vida quando se torna árida. E quando a nossa vida se torna árida? Quando está sem a água da Palavra de Deus e do seu Espírito de amor. Por mais que sejam grandes os nossos limites e os nossos desânimos, não nos é permitido sermos fracos e vacilantes diante das dificuldades e das nossas próprias fraquezas. Ao contrário, somos convidados a robustecer as mãos, a firmar os joelhos, a ter coragem e não temer, porque o nosso Deus nos mostra sempre a grandeza da sua misericórdia. Ele nos dá a força para seguir adiante. Ele está sempre conosco para nos ajudar a seguir adiante. É um Deus que nos quer tanto bem, nos ama e por isto está conosco, para nos ajudar, para nos robustecer e seguir adiante.. Coragem! Sempre avante! Graças à sua ajuda nós podemos sempre começar de novo. Como? Começar de novo? Alguém pode me dizer: “Não, padre, eu fiz tantas coisas…Sou um grande pecador, uma grande pecadora…Eu não posso recomeçar!”. Você está errado! Você pode recomeçar! Por que? Porque Ele te espera, Ele está próximo a você, Ele te ama, Ele é misericordioso, Ele te perdoa, Ele te dá a força de recomeçar! A todos! Então somos capazes de reabrir os olhos, de superar tristeza e choro e entoar um canto novo. E esta alegria verdadeira permanece também na prova, também no sofrimento, porque não é uma alegria superficial, mas desce no profundo da pessoa que se confia a Deus e confia Nele.
A alegria cristã, como a esperança, tem o seu fundamento na fidelidade de Deus, na certeza de que Ele mantém sempre as suas promessas. O profeta Isaías exorta aqueles que perderam o caminho e estão no desânimo a terem confiança na fidelidade do Senhor, porque a sua salvação não tardará a irromper nas suas vidas. Quantos encontraram Jesus ao longo do caminho, experimentam no coração uma serenidade e uma alegria da qual nada e ninguém poderá privá-los. A nossa alegria é Jesus Cristo, o seu amor fiel e inesgotável! Por isso, quando um cristão se torna triste, quer dizer que se afastou de Jesus. Mas então não é preciso deixá-lo sozinho! Devemos rezar por ele e fazê-lo sentir o calor da comunidade.
A Virgem Maria nos ajude a apressar o passo rumo a Belém, para encontrar o Menino que nasceu para nós, para a salvação e a alegria de todos os homens. A ela o Anjo disse: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28). Ela nos ajude a viver a alegria do Evangelho na família, no trabalho, na paróquia e em todo lugar. Uma alegria íntima, feita de admiração e ternura. Aquela que experimenta uma mãe quando olha para a sua criança recém-nascida e sente que é um dom de Deus, um milagre pelo qual só agradecer!

Uma única família






Silvonei José Protz
via internet

Eis que o Natal se aproxima!



Muitos acontecimentos marcam nossa caminhada eclesial nesta semana. O Papa ter sido escolhido “personalidade do ano” pela revista “Time” foi um sinal interessante de como a visão do mundo contemporâneo tem sede de sinais e de lideranças fortes que ajudem o mundo a caminhar melhor. Tivemos as celebrações com várias pastorais, entre as quais com a histórica Pastoral do Menor, além das celebrações nos presídios e casas de recuperação. Vi o empenho de vigários episcopais, párocos, leigos, grupos organizados da Igreja se empenharem com coragem no socorro às vítimas das chuvas dos últimos dias. Acolhimento, campanha de fundos, roupas e alimentos, presença próxima às pessoas. Tantas situações de calamidade, no entanto, a solidariedade fraterna demonstrou com clareza que em tudo podemos minimizar as dificuldades e sofrimentos. Creio que tudo isso nos ajuda muito mais ainda a ingressar, com a trezena de São Sebastião do próximo mês, no “Ano da Caridade Social” para melhor articularmos e nos organizarmos em tantos trabalhos que já ocorrem e que poderiam ainda ser melhores.

Vivendo neste final de semana a Campanha para a Evangelização com a coleta nacional e, ao mesmo tempo, o domingo “gaudete” do Advento, sentimos, sem dúvida, que isso é para que possamos nos alegrar mais com os sinais de Deus na vida das pessoas e nos empenharmos ainda mais na evangelização.

Ao iniciarmos no próximo dia 17 a semana de preparação próxima para o Natal, eu recordo a importância da preparação católica desse evento cristão a todos os nossos queridos diocesanos. Além das confissões, celebrações especiais, temos a antiga tradição da Novena de Natal em família, neste ano com transmissão pela Rádio Catedral e pela Webtv Redentor.

A Arquidiocese, em um esforço da Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, publicou a Novena de Natal de 2013, com o tema "A Bondade de Deus veio Ficar entre nós!"(Tt 3,4), baseada na Palavra de Deus e nas comoventes e propiciadoras mensagens proferidas pelo Santo Padre o Papa Francisco em sua memorável Viagem Apostólica ao Rio de Janeiro por ocasião da JMJRio 2013.

Durante os nove encontros, em que somos convidados a nos reunir nas casas, nos prédios, nos locais de trabalho etc, usando sempre da criatividade para levarmos o Evangelho para as "periferias existenciais", refletimos sobre três palavras importantes: Natal, Jesus Cristo e Caridade.

Isto está em conformidade com o que vivenciaremos em 2014, ou seja, o Ano Arquidiocesano da Caridade, conforme o nosso Plano de Pastoral. O Papa Francisco, em sua visita na Comunidade da Varginha, nos deu o autêntico significado do ano em que estaremos celebrando: "Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo do mais habitável. Não é ela! Mas sim a cultura da solidariedade. A cultura da solidariedade é ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos!". Na exortação apostólica “a Alegria do Evangelho” o Papa irá aprofundar ainda mais a questão missionária e a doutrina social da Igreja.

Os nove encontros que marcam a nossa caminhada novenária são pautados pelos seguintes temas cristológicos: como discípulos-missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Mãe Igreja nos convoca a manifestar a bondade que Ele anunciou e transmitiu. Por isso, o primeiro encontro é marcado por esta bondade como resposta aos anseios mais profundos do ser humano, que se irradia através de corações generosos, como o da Bem- Aventurada Virgem Maria, conforme veremos no segundo encontro. A caridade cristã, que não deve ter limites, é uma força tão grande que não teme enfrentar e vencer as barreiras, como nos ensina o terceiro encontro; quando, como batizados, somos chamados a encarar com coragem e destemor a maldade que permeia o mundo, conforme veremos no quarto encontro. A família, célula fundamental da Igreja e da Sociedade, é o lugar privilegiado de vivência do Natal e das práticas de caridade, por isso a família é a principal preocupação da Igreja, quando a tutela, e valoriza o casamento do homem com a mulher aberto à procriação e à vida, como veremos no quinto encontro. As pessoas que vivem vitimadas pelo mal deverão ser lembradas por nós no sexto encontro. No sétimo encontro refletimos a necessidade da partilha e da solidariedade de todos os dons que temos e que somos apenas administradores. A união de todos os fiéis batizados em torno da nossa fé comunitária é o tema do oitavo encontro, sendo que a novena será encerrada com a proclamação de que Jesus Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Dessa forma, a Arquidiocese, através da Novena de Natal, além de procurar semear com esses grupos novas comunidades, também prepara todo o povo para o ano que se aproxima, de acordo com o tema escolhido para nortear nossos trabalhos.

O Natal não é apenas uma data. O Natal não é pura e simplesmente uma lembrança. O Natal é um acontecimento, quando renovamos em nossas vidas a presença d’Aquele que nasceu para a nossa salvação: Jesus, o Cristo Senhor. Isso deve contagiar também as nossas famílias, nossos trabalhos, em nossa cidade que caminha para celebrar os seus 450 anos de fundação, sob a proteção de São Sebastião.

O Natal não pode ser reduzido às compras, às festas de confraternização. O Natal é tempo de abertura do nosso coração para Cristo que, por ternura e amor, veio fazer morada em nosso meio.

Por isso, a Novena de Natal deve ser vivida conforme o que nos pediu o Papa, no Ângelus de 26 de julho de 2013: "Sintamo-nos como uma única grande família e nos dirijamos a Maria para que guarde as nossas famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta a presença do seu Filho Jesus".

Preparar o Natal nos ensina a rezar! A Novena de Natal tem também este sentido educacional na fé: ensina-nos a perceber que o coração repleto de Deus sempre estabelece relações profundas entre as pessoas, relações de partilha e de anúncio do Evangelho, irradiando a bondade, a caridade e a solidariedade.

Por que nos preparamos para o Natal? Para celebrar a presença de Cristo em nossas vidas e aprofundar essa proximidade, como o Papa Francisco nos testemunhou: "celebrar a pessoa de Jesus e refletir sobre as respostas que somente Ele sabe dar às suas questões de fé e de vida. Confiem em Cristo, ouçam-no, sigam os seus passos. Ele nunca nos abandona, mesmo nos momentos mais escuros da vida. Ele á nossa esperança".

A maldade humana, que infelizmente impera em muitos ambientes, não pode vencer o bem. As dificuldades que encontramos em nossa caminhada não podem nos fazer desistir de praticar o bem, como nos ensinou o Papa Francisco: "Nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumar como o mal, mas a vencê-lo com o bem".

A família, que reza unida a Novena de Natal testemunha a caridade e a bondade. Não vamos desanimar com as dificuldades da vida familiar. Diante do presépio, que não deveria faltar em nossas casas, peçamos ao Menino Jesus que proteja as nossas famílias, as que são ameaçadas pela violência e pelas dificuldades cotidianas. Rezemos para que sejam curadas as mágoas e encerradas as desavenças. Rezemos para que aquelas famílias que ainda não receberam a bênção sacramental, a exemplo da Sagrada Família, sejam tocadas pelo caminho novo da bênção nupcial, procurando o padre de sua paróquia e regularizando a sua situação. Que nossas famílias aprendam a rezar. O primeiro a ser evangelizado é a própria família. Nela se aprende os rudimentos da nossa fé. E, evangelizada a família, somos como instituição sacramental enviados a evangelizar aqueles que ainda não conhecem a Cristo.

Por fim, a Novena de Natal deve ter o seu gesto concreto: a caridade que, enviada para a Igreja, se fará chegar aos mais necessitados. E nestes dias de calamidade em nossa cidade, já começamos a partilhar o que temos para que o outro sinta também a nossa presença e proximidade.

Reunidos para celebrar o Natal vamos modificar o nosso comportamento. Que seja dado um basta para a fome (iniciamos no último dia 10 a grande campanha contra a fome), para a amargura, para a guerra, para os desentendimentos, para as disputas de poder, para todos os males. Sejamos solidários! Vivamos a caridade fraterna! Perdoemos os irmãos! Vivamos a paz que brota do Emanuel, o Deus Conosco!

Ao contemplar o presépio, biblicamente chamado de manjedoura, possamos viver o que este símbolo sacramental significa: a união. No presépio cada um oferece o que tem e o que é. Todos juntos acolhem e mostram o Salvador Jesus: esse é o significado deste tempo abençoado.

E dentro das celebrações da Novena, querido irmão, querida irmã, não se esqueça de procurar uma boa confissão que nos ajuda, pelo perdão de nossos pecados, a ir ao encontro de Jesus. Por isso, desejo que a nossa Novena de Natal seja ela toda missionária, conforme a música que todos nós já guardamos em nosso coração: "Sou marcado desde sempre, como sinal do Redentor, que sobre o monte, o Corcovado, abraça o mundo com Seu amor. Cristo nos convida: "Venham, meus amigos!" Cristo nos envia: "Sejam missionários!" E missionários é o fruto precioso da celebração da Novena de Natal! Eis que assim nos aproximamos do Natal!

Dom Orani João Tempesta
via internet