sábado, 19 de abril de 2014

Páscoa do Senhor - Alegremo-nos! O Senhor ressuscitou!






Por: Dom Fernando Mason
Bispo Diocesano de Piracicaba


Às celebrações litúrgicas comuns a toda a Igreja, a devoção popular acrescentou outras, tipicamente nossas, como encenações, procissões, vias-sacras, também oportunas e lindas. Dificilmente uma pessoa pode ficar insensível diante do mistério da entrega de Jesus por nós.

Uma pintura medieval representa bem o espírito com que nós, seguidores de Jesus, nos dispomos a celebrar esses dias santos. Trata-se de um crucifixo, a cujos pés está São Francisco beijando, com muita reverência e devoção, cheio de gratidão, os pés do Crucificado. Quem pintou assim captou bem um ponto fundamental nas celebrações da Semana Santa: a gratidão a nosso Salvador por sua santa ceia, paixão, morte e ressurreição.

Ao participar dessas celebrações, deixamo-nos tomar por um grande e comovido sentimento de gratidão ao Senhor. Todos experimentamos o quanto é difícil dar de nossa vida aos outros. Jesus, porém, livremente e por amor, deu sua vida por nós, num gesto de doação profunda, "até a morte e morte de cruz".

Por essas celebrações, a Igreja revive os acontecimentos que marcaram a vida de Jesus Cristo e que se tornaram determinantes para nós, seguidores dele. Determinantes em que sentido? A grande busca fundamental do coração humano é a busca de Deus. Essa busca é um processo, por isso freqüentemente ela é chamada de caminho, itinerário, história.

No entanto o caminho para Deus. não obstante a valentia da busca humana, estava emperrado, impedido. Não por parte de Deus. mas sim da condição humana, feita incapaz de percorrê-lo adequadamente. Sim, a busca de Deus característica das religiões naturais fundamentada na nossa capacidade é por demais frágil, insuficiente, ambígua e, por vezes, até equivocada.

Aconteceu, porém, que na busca e na consciência de pessoas bem experimentadas na abertura para Deus ecoou algo novo, algo que vinha do próprio Deus. E isso se tornou história, história de pessoas e de um povo, o povo da Antiga Aliança.

Nesse processo de escuta e de percurso do caminho engajou-se o próprio Deus feito homem. Aqui está a significação toda especial de Jesus Cristo, a quem por isso chamamos de "nosso Senhor".

Do processo e da busca de nosso Senhor surgiu um povo novo: a Igreja, povo da nova e eterna aliança, que agora celebra a Semana Santa.

O Jesus da entrada em Jerusalém, o do Lava-pés e da Santa Ceia, o da paixão e da cruz, o da morte e sepultura, o da ressurreição, é o senhor de nossa vida percorrendo o seu caminho de busca e realização do encontro com o Pai, abrindo o caminho para todo ser humano que queira realizar sua busca de Deus sem equívocos e ambigüidades, de forma realizadora. É Ele o nosso Senhor e Salvador!

A quaresma, com sua proposta de penitência e conversão, foi um bom caminho de preparação para a Páscoa, pois não há encontro com Jesus Cristo sem um aprofundamento do nosso viver cristão e sem uma abertura decidida aos outros, sobretudo os mais frágeis. Agora estamos celebrando a festa maior da nossa fé: a Páscoa do Senhor.

Celebrar a Páscoa - memória da paixão, morte e ressurreição de Cristo - é testemunhar nossa fé na vida, na vitória do bem. Por isso a Igreja entoa cantos alegres, celebrando a vitória do Salvador. E nos convida a testemunharmos nossa fé por meio da prática do amor, da fraternidade, da solidariedade. Convida-nos a dar um sentido novo a nossa vida, que seja marcada pelo otimismo, pela alegria, pelo compromisso de amor a Deus e aos irmãos.

Alegremo-nos! O Senhor ressuscitou! Com esses sentimentos, quero expressar a todos meus cordiais votos de uma Feliz e Santa Páscoa, repleta das bênçãos do Cristo Ressuscitado.

Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo


Antes de tudo, convém lembrar que a Páscoa cristã tem a sua origem no judaísmo: ainda é uma festa celebrada solenemente pelos judeus, comemorando a passagem deste povo pelo Mar Vermelho, deixando atrás de si séculos de escravidão. A dramática noite de saída das terras do Egito em direção à Terra Prometida é celebrada até hoje pelo povo da Antiga Aliança.
Nosso Senhor Jesus Cristo celebrou muitas vezes esta Festa judaica. Sua última e derradeira Páscoa, Ele a quis celebrar com seus Apóstolos, no Cenáculo.  Foi exatamente nesta celebração, que deixou-nos instituída a Sagrada Eucaristia, alimento especial, Maná da vida eterna.
Portanto, a Páscoa cristã enraíza-se naquela que os judeus celebravam, no sentido de ter nela uma “imagem” de sua realidade: nós cristãos, na Páscoa, celebramos a “passagem” de Jesus Cristo, Nosso Senhor, da morte para a vida, ou seja, a vitória definitiva da Graça de Deus sobre o pecado. As trevas do pecado são destruídas pela luminosa Luz que é o Cristo Ressuscitado. “Com sua morte, Ele destruiu a morte e com Sua Ressurreição, deu-nos a vida”.
Assim, a celebração pascal e o decorrente tempo pascal são vividos com profunda alegria. A mensagem que a Igreja proclama nestes dias é a mensagem da alegria, da esperança: O Senhor venceu o pecado e a morte. Exultemos de alegria!
Pelo Batismo, cada um de nós começa a ter participação neste processo salvífico de passagem da morte para a vida definitiva. Nas águas batismais, encontramos a fonte da regeneração para a vida eterna. Aí, recebemos um novo destino: a felicidade eterna com Deus, no céu.  Esta graça deve-se à entrega generosa de Cristo na cruz e à sua vitória sobre o pecado e a morte..
Cristo ressuscitou!
Esta é a grande notícia que a Igreja proclama na Páscoa: Cristo está vivo. Como nos diz São Paulo, na Carta aos Coríntios: “Ele apareceu para mais de quinhentos irmãos, dos quais muitos ainda estão vivos”. É o testemunho de São Paulo, que hoje se faz atual, e que produz esta alegria tão grande entre nós. Este testemunho ainda tão vivo, no passado, levou muitos de nossos primeiros irmãos na fé a anunciarem o Evangelho de Cristo em um mundo pagão. Hoje, no meio de uma sociedade paganizada, somos nós os que somos chamados a anunciar com nossa vida, com nosso amor a Cristo, com nossa participação na Igreja de Cristo esta alegre notícia pascal.
Vivemos tempos difíceis para o mundo. Vivemos tempos de purificação para a Igreja. Esta, é como uma árvore que está sendo sacudida pelo vento do Espírito Santo de Deus. Muitas folhas secas, já mortas, e muitos frutos apodrecidos e decompostos, estão caindo pelo chão, liberando a Igreja de pesos inúteis. Enquanto muita gente sem fé vê crise na Igreja, nós que temos fé, e acreditamos na Palavra de Cristo, vemos este período como um tempo de renovação e de purificação.
Nosso Senhor garantiu isto à sua Igreja: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Cristo venceu a morte. Ele está vivo, e não abandona a Sua Igreja. Durante todo o tempo de sua existência, a Igreja passou por crises imensas. E Cristo sempre foi seu apoio e sustento. Não irá abandoná-la agora.
Rezemos pela Igreja.
Rezemos, de maneira especial, pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI, para que o Senhor o conserve e o guarde, e o fortaleça na sua missão de confirmar a fé dos irmãos e irmãs.
Uma Santa e Feliz Páscoa para todos.

DOM ANTONIO CARLOS ROSSI KELLER


FELIZ PÁSCOA!

SÁBADO SANTO



O sábado é o segundo dia do Tríduo: no chão junto à ele, durante sete dias e e sete noites com Cristo no sepulcro.
"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).
No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo pareceido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).

Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos -não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"...se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo…se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro"Vigília Pascal

A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiqüíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.

A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:

Breve Lucernário 
Abençõa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.

Liturgia da Palavra

Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.

Liturgia Batismal

São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.

Liturgia Eucarística

Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.

Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltar a comungar na segunda Missa de Páscoa.

O sacerdote e os ministros se revestem de branco para a Missa. Preparam-se os velas para todos os que participem da Vigília.
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SEPULCRO VAZIO






De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos”. (Jo 20, 9).
No primeiro dia da semana as primeiras testemunhas da Ressurreição de Jesus: Maria Madalena, Pedro e João, encontraram o sepulcro vazio. Para eles aquele momento foi fundamental. Viram o sepulcro vazio, as faixas de pano no chão e o pano que cobria a cabeça de Jesus dobrado e colocado num lugar à parte. Alegraram-se por testemunhar que ...
... o Senhor Jesus vencera a morte. No processo de compreensão da fé na ressurreição cumpre-se o que dizia a Escritura: “no terceiro dia Ele ressuscitará” (Mt 23, 17).
Os discípulos foram as testemunhas da Ressurreição de Jesus e sobre este fato surgiram as primeiras conversões. Pedro, fortalecido e iluminado pelo Espírito Santo, tem coragem de anunciar Jesus Cristo aos judeus de Jerusalém, onde surge a primeira comunidade cristã. Depois ele próprio, com os demais apóstolos e São Paulo irão anunciar a mensagem sobre Jesus Cristo a judeus e pagãos, ressaltando sempre que o Filho de Deus, Jesus Cristo, esteve entre nós, fez o bem, foi condenado, morreu crucificado, mas ressuscitou! A força da pregação e do testemunho sempre esteve na Ressurreição de Jesus Cristo. 
A Páscoa de Jesus deverá ser também a nossa Páscoa. Se ressuscitarmos com Ele, também com Ele devemos procurar as coisas do alto, isto é, praticarmos ações que condizem com nosso testemunho cristão, que seja capaz de chamar outros ao seguimento de Jesus Cristo. Nossa alegria em viver a fé deverá contagiar a outros que ainda não conhecem Jesus Cristo. Façamos, nesta semana, esta experiência nos ambientes em que vivemos. Certamente a nossa Páscoa terá outro sentido!   
D. Célio de Oliveira Goulart – Bispo Diocesano.
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sexta-feira, 18 de abril de 2014

ESTAVA TAMBÉM COM ELES JUDAS, O TRAIDOR.





Por Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap
ROMA, 18 de Abril de 2014 (Zenit.org) -
Pregação da sexta-feira santa de 2014, na Basílica de São Pedro
Dentro da história divino-humana da paixão de Jesus existem muitas pequenas histórias de homens e de mulheres que entraram no raio da sua luz ou da sua sombra. A mais trágica delas é a de Judas Iscariotes. É um dos poucos fatos comprovados, com igual destaque, por todos os quatro Evangelhos e pelo resto do Novo Testamento. A primitiva comunidade cristã tem refletido muito sobre ele e nós faríamos mal se não fizéssemos o mesmo. Ela tem muito a nos dizer.
Judas foi escolhido desde a primeira hora para ser um dos doze. Ao incluir o seu nome na lista dos apóstolos o evangelista Lucas escreve “Judas Iscariotes, que se tornou” (egeneto) o traídor” (Lc 6, 16). Portanto, Judas não tinha nascido traidor e não o era quando foi escolhido por Jesus; tornou-se! Estamos diante de um dos dramas mais obscuros da liberdade humana. Por que se tornou? Em anos não distantes, quando estava de moda a tese do Jesus "revolucionário", tentou-se dar a seu gesto motivações ideais. Alguém viu no seu apelido “Iscariotes” uma deformação de “sicariota”, ou seja, pertencente ao grupo de zelotes extremistas que atuavam como "sicários" contra os romanos; outros pensaram que Judas estivesse desapontado com a maneira em que Jesus realizou a sua ideia do "reino de Deus" e que quisesse força-lo a agir no plano político contra os pagãos. É o Judas do famoso musical "Jesus Christ Superstar” e de outros espetáculos e novelas recentes. Um Judas muito semelhante a um outro célebre traidor do próprio benfeitor: Brutus, que matou Júlio César para salvar a República!
São reconstruções que devem ser respeitadas quando contém alguma dignidade literária ou artística, mas não têm nenhuma base histórica. Os Evangelhos - as únicas fontes confiáveis ​​que temos sobre a personagem – falam de um motivo muito mais terra-terra: o dinheiro. Judas tinha a responsabilidade da bolsa comum do grupo; na ocasião da unção em Betânia havia protestado contra o desperdício do perfume precioso derramado por Maria aos pés de Jesus, não porque se preocupasse pelos pobres, assinala João, mas porque “era um ladrão e, como tinha a bolsa, tirava o que se colocava dentro"(Jo 12, 6).. A sua proposta aos chefes dos sacerdotes é explícita: “Quanto estão dispostos a dar-me, se vo-lo entregar? E eles fixaram a soma de trinta moedas de prata" (Mt 26, 15).
***
Mas por que maravilhar-se desta explicação e achar que ela é banal? Não foi quase sempre assim na história e não é ainda assim hoje em dia? Mamona, o dinheiro, não é um dos muitos ídolos; é o ídolo por excelência; literalmente, “o ídolo de metal fundido" (cf. Ex 34, 17). E se entende o motivo. Quem é, objetivamente, se não subjetivamente (ou seja, nos fatos, não nas intenções), o verdadeiro inimigo, o rival de Deus, neste mundo? Satanás? Mas nenhum homem decide servir, sem motivo, a Satanás. Se o faz, é porque acredita que vai ter algum poder ou algum benefício temporal. Quem é, nos fatos, o outro patrão, o anti-Deus, Jesus no-lo diz claramente: “Ninguém pode servir a dois senhores: não podeis servir a Deus e a Mamona” (Mt 6, 24). O dinheiro é o "deus visível[1]", em oposição ao verdadeiro Deus que é invisível.
Mamona é o anti-Deus, porque cria um universo espiritual alternativo, muda o objeto das virtudes teologais. Fé, esperança e caridade não são mais colocados em Deus, mas no dinheiro. Ocorre uma sinistra inversão de todos os valores. "Tudo é possível ao que crê", diz a Escritura (Mc 9, 23); mas o mundo diz: "Tudo é possível para quem tem dinheiro”. E, em certo sentido, todos os fatos parecem dar-lhe razão.
"O apego ao dinheiro – diz a Escritura – é a raiz de todos os males” (1 Tm 6,10). Por trás de todo o mal da nossa sociedade está o dinheiro, ou pelo menos está também o dinheiro. Esse é o Moloch de bíblica memória, ao qual foram imolados jovens e crianças (cf. Jer 32, 35), ou o deus Azteca, ao qual era preciso oferecer diariamente um certo número de corações humanos. O que está por trás do tráfico de drogas que destrói tantas vidas humanas, a exploração da prostituição, o fenômeno das várias máfias, a corrupção política, a fabricação e comercialização de armas, e até mesmo - coisa horrível de se dizer - a venda de órgãos humanos removidos das crianças? E a crise financeira que o mundo atravessou e que este país ainda está atravessando, não é, em grande parte, devida à "deplorável ganância por dinheiro", o auri sacra fames[2], de alguns poucos? Judas começou roubando um pouco de dinheiro da bolsa comum. Isso não diz nada para certos administradores do dinheiro público?
Mas sem pensar nesses modos criminosos de ganhar dinheiro, por acaso, já não é escandaloso que alguns recebam salários e pensões cem vezes maiores do que daqueles que trabalham nas suas casas, e que já levantem a voz só com a ameaça de ter que renunciar a algo, em vista de uma maior justiça social?
Nos anos 70 e 80, para explicar, na Itália, diante as imprevistas mudanças políticas, os jogos ocultos de poder, o terrorismo e os mistérios de todo tipo que atormentava a convivência civil, foi-se afirmando a ideia, quase mítica, da existência de um "grande Velho": um personagem muito sagaz e poderoso que dos bastidores teria movido as fileiras de tudo, para finalidades somente conhecidas por ele.. Este "grande Velho” existe realmente, não é um mito; chama-se Dinheiro!
Como todos os ídolos, o dinheiro é "falso e mentiroso": promete a segurança e, em vez disso, a tira; promete a liberdade e, em disso, a destrói. São Francisco de Assis descreve, com uma severidade incomum, o fim de uma pessoa que viveu somente para aumentar o seu "capital". Aproxima-se a morte; chamam o sacerdote. Ele pergunta ao moribundo: “Queres o perdão de todos os teus pecados?", e ele responde que sim. E o sacerdote: “Estás preparado para satisfazer os erros cometidos com os demais?". E ele: “Não posso”. “Por que não podes?". “Porque já deixei tudo nas mãos dos meus parentes e amigos”. E assim ele morre impenitente e, apenas morto, os parentes e amigos dizem entre si: “Maldita a sua alma! Podia ganhar mais e deixar-nos, e não o fez![3]".
Quantas vezes, nestes tempos, tivemos que refletir naquele grito dirigido por Jesus ao rico da parábola que tinha acumulado muitos bens e se sentia seguro pelo resto da vida: “Tolo, esta mesma noite a tua alma te será pedida; e o que tens acumulado, de quem será?" (Lc 12, 20). "Homens colocados em cargos de responsabilidade que não sabiam mais em qual banco ou paraíso fiscal acumular os proventos da sua corrupção encontraram-se no banco dos réus, ou na cela de uma prisão, justamente quando estavam pra dizer a si mesmos: “Agora goza, minha alma”. Para quem o fizeram? Valia a pena? Fizeram realmente o bem dos filhos e da família, ou do partido, se é isso que procuravam? Ou não acabaram destruindo a si mesmos e os demais? O deus dinheiro se encarrega de punir, ele mesmo, os seus adoradores.
***
A traição de Judas continua na história e o traído é sempre ele, Jesus. Judas vendeu o chefe, os seus seguidores vendem o seu corpo, porque os pobres são membros de Cristo. “Tudo aquilo que fizestes a um só destes meus irmãos pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40). Mas a traição de Judas não continua somente nos casos clamorosos aos quais me referi. Seria cômodo para nós pensar assim, mas não é assim. Ficou famosa a homilia que pronunciou numa Quinta-feira Santa o padre Primo Mazzolari sobre "Nosso irmão Judas". "Deixem, dizia aos poucos paroquianos que tinha diante, que eu pense por um momento no Judas que tenho dentro de mim, no Judas que talvez vocês também tenham dentro”.
É possível trair Jesus também por outros tipos de recompensa que não sejam as trinta moedas de prata. Trai a Cristo quem trai a própria esposa ou o próprio marido. Trai a Jesus o ministro de Deus infiel ao seu estado, ou que, em vez de apascentar o rebanho apascenta a si mesmo. Trai a Jesus quem trai a própria consciência. Posso traí-lo até mesmo eu, neste momento – e isso me faz tremer – se enquanto prego sobre Judas me preocupo pela aprovação do auditório mais do que de participar da imensa pena do Salvador. Judas tinha um atenuante que nós não temos. Ele não sabia quem era Jesus, considerava-o somente “um homem justo”; não sabia que era o Filho de Deus, nós sim. Como a cada ano, na iminência da Páscoa, quis reescutar a “Paixão segundo S. Mateus” de Bach. Há um detalhe que cada vez me faz estremecer. No anúncio da traição de Judas, ali, todos os apóstolos perguntam a Jesus: "Porventura sou eu, Senhor?"  Herr, bin ich’s?". Antes, porém, de fazer-nos ouvir a resposta de Cristo, anulando toda distância entre o evento e a sua comemoração, o compositor insere um coro que começa assim: "Sou eu, sou eu o traidor! Eu tenho que fazer penitência!”, “Ich bin’s, ich sollte büßen". Como todos os coros daquela obra, esse expressa os sentimentos do povo que escuta; é um convite também a nós, de fazermos a nossa confissão de pecado.
***
O Evangelho descreve o fim horrível de Judas: "Judas, que o havia traído, vendo que Jesus tinha sido condenado, se arrependeu, e devolveu as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: pequei, entregando-vos sangue inocente. Mas eles disseram: O que nos importa? O problema é seu. E ele, jogando as moedas no templo, partiu e foi enforcar-se” ( Mt 27 , 3-5). Mas não julguemos apressadamente. Jesus nunca abandonou a Judas e ninguém sabe onde ele caiu quando se jogou da árvore com a corda no pescoço: se nas mãos de Satanás ou naquelas de Deus. Quem pode dizer o que aconteceu na sua alma naqueles últimos instantes? "Amigo", foi a última palavra que Jesus lhe disse no horto e ele não podia tê-la esquecido, como não podia ter esquecido o seu olhar.
É verdade que, falando ao Pai dos seus discípulos, Jesus tinha falado de Judas: "Nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição" (Jo 17, 12), mas aqui, como em tantos outros casos, ele fala na perspectiva do tempo, não da eternidade. Mesmo a outra palavra terrível referida a Judas: "Seria melhor para esse homem nunca ter nascido" (Mc 14, 21 ) é explicada pela enormidade do fato, sem a necessidade de se pensar em um erro eterno. O destino eterno da criatura é um segredo inviolável de Deus. A Igreja nos garante que um homem ou uma mulher proclamados santos estão na bem-aventurança eterna; mas de ninguém a Igreja sabe com certeza que esteja no inferno.
Dante Alighieri, que, na sua Divina Comédia, coloca Judas nas profundezas do inferno, fala da conversão, no último momento, de Manfred, filho de Federico II e rei da Sicília, que todos na sua época acreditavam que tinha sido condenado excomungado. Mortalmente ferido em batalha, ele confia ao poeta que, no último momento da vida, se arrependeu chorando àquele “que voluntariamente perdoa” e que do Purgatório envia para a terra esta mensagem que vale também para nós:
Terríveis foram os meus pecados,
mas a bondade infinita com seus grandes braços
sempre acolhe aquele que se arrepende[4].
***
É a isso que deve levar-nos a história do nosso irmão Judas: a render-nos àquele que voluntariamente perdoa, a jogar-nos também nós, nos grandes braços do crucifixo. A coisa mais importante na história de Judas não é a sua traição, mas a resposta que Jesus dá a ela. Ele sabia bem o que estava amadurecendo no coração do seu discípulo; mas não o expôs, quis dar-lhe a chance até o último momento de voltar atrás, quase o protege. Sabe por que veio, mas não rejeita, no horto das oliveiras, o seu beijo gélido e até o chama de amigo (Mt 26, 50). Da mesma forma que procurou o rosto de Pedro depois de sua negação para dar-lhe o seu perdão, terá procurado também o de Judas em algum momento da sua via crucis! Quando da cruz reza: “Pais, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23 , 34), não exclui certamente deles a Judas.
Então, o que faremos, portanto, nós? Quem seguiremos, Judas ou Pedro? Pedro teve remorso pelo que ele tinha feito, mas também Judas teve remorso, tanto que gritou: "Eu traí sangue inocente!", e devolveu as trinta moedas de prata. Onde está, então, a diferença? Em apenas uma coisa: Pedro teve confiança na misericórdia de Cristo, Judas não! O maior pecado de Judas não foi ter traído Jesus, mas ter duvidado da sua misericórdia.
Se nós o imitamos, quem mais quem menos, na traição, não o imitemos nesta sua falta de confiança no perdão. Existe um sacramento no qual é possível fazer uma experiência segura da misericórdia de Cristo: o sacramento da reconciliação. Como é belo este sacramento! É doce experimentar Jesus como mestre, como Senhor, mas ainda mais doce experimentá-lo como Redentor: como aquele que te tira para fora do abismo, como Pedro do mar, que te toca, como fez com o leproso, e te diz: “Eu quero, seja curado!" (Mt 8, 3).
A confissão nos permite experimentar em nós o que a Igreja diz sobre o pecado de Adão no Exultet pascal: “Ó feliz culpa que mereceu tal Redentor!" Jesus sabe fazer de todas as culpas humanas, uma vez que nos tenhamos arrependido, “felizes culpas”, culpas que não são mais lembradas a não ser pela experiência da misericórdia e pela ternura divina da qual foram ocasião!
Tenho um desejo para mim e para todos vós, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs: que na manhã da Páscoa possamos acordar e sentir ressoar no nosso coração as palavras de um grande convertido do nosso tempo, o poeta e dramaturgo Paul Claudel:
"Deus meu, ressuscitei e ainda estou com você!
Dormia e estava deitado como um morto na noite.
Deus disse: “Seja feita a luz” e eu despertei como se dá um grito! […]
Meu Pai, que me gerou antes da aurora,
coloco-me na tua presença.
O meu coração está livre e a minha boca está limpa, o corpo e o espírito estão de jejum.
Sou absolvido de todos os meus pecados
que confessei um por um.
O anel das núpcias está no meu dedo e o meu rosto está limpo.
Sou como um ser inocente na graça
Que tu me concedestes[5].
Isso é o que nos pode fazer a Páscoa de Cristo.

A conversão de Barrabás



Um olhar mudou a vida do ator Pietro Sarubbi, que interpretou o papel de bandido no filme 'A Paixão de Cristo' de Mel Gibson
Por Redacao

ROMA, 17 de Abril de 2014 (Zenit.org) - Sendo somente um adolescente, Pietro Sarubbi fugiu de casa e se juntou a uma companhia de circo. Em seguida, continuou a viajar pelo mundo, acreditando que em algum lugar poderia preencher o vazio espiritual que o afligia. Entre viagens e viagens continuava sua carreira de ator que tinha começado aos 18 anos trabalhando em peças de teatro, comerciais e cinema italiano independente. Especializou-se no gênero da comédia, mas sempre sentia uma leve sensação de fracasso, porque o seu desejo era o de dirigir.
Em 2001, Hollywood parecia sorrir para ele com um papel coadjuvante no filme "Capitão Corelli", mas o vazio existencial nunca o abandonou. Meses depois o telefone tocou com uma oferta para colaborar com Mel Gibson. Pensou que seria em um filme de ação, mas foi surpreendido ao saber que o filme narraria a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Nunca imaginou que poderia atuar em uma representação da paixão de Cristo, porque naquele momento estava muito longe da Igreja. Queria encarnar o apóstolo Pedro. Não por algo espiritual, mas porque pagavam melhor por dia de trabalho. Portanto, não escondeu sua decepção quando o diretor disse que o procurava para interpretar a Barrabás.
Poucos dias antes de filmar a cena, teve uma conversa com Mel Gibson, que quis dar-lhe mais detalhes sobre o personagem. Para o cineasta, Barrabás não era simplesmente um bandido que pertencia ao grupo dos Zelotes . Foi preso por muitos anos, foi torturado e levado ao limite. Em seguida, Gibson disse um detalhe que tocou profundamente Sarubbi: Barrabás começou a se converter em um animal sem palavras, que se expressava com o olhar. Por isso escolheu o ator italiano.
Depois de investigar, achou que ele parecia encarnar bem esse animal selvagem e, ao mesmo tempo, refugiar no fundo do seu coração o olhar de um homem bom.
Uma vez no set, Sarubbi ficou absorto contemplando por uns momentos o seu colega Jim Caviezel, que interpretava Jesus. Faltavam poucos minutos para gravar a cena onde o povo perdoava Barrabás e condenava o Messias. Surpreendentemente, o ator e Barrabás se transformaram numa só pessoa. A cena avançou e ele já não atuava, vivia, vibrava com os acontecimentos. “Nõ, a esse não! Barrabás!’ Os gritos da multidão tinham alcançado o seu objetivo. Estava livre!
Inflado pela sua boa fortuna, olhava ironicamente para as autoridades e, em seguida, para a multidão. E, finalmente, descendo as escadas, seu olhar se encontrou com o de Jesus. "Foi um grande impacto. Senti como se tivesse uma corrente elétrica entre nós. Eu via o próprio Jesus", diz Pietro Sarubbi. A partir daquele momento, diz ele, tudo em sua vida mudou. Aquela paz que eu tinha procurado por anos, finalmente tinha invadido sua alma.
"Ao olhar nos meus olhos, seus olhos não tinham ódio ou ressentimento, apenas misericórdia e amor". O ator italiano relata assim a sua fulminante conversão no livro "Da Barabba a Gesù - Convertito da uno sguardo" (De Barrabás a Jesus, convertido por um olhar).. No texto, Sarubbi também explica como o dom da fé abarca agora todas as facetas da sua vida. E o livro conclui com sua exegese pessoal da história bíblica, onde o ator mostra a razão da sua gratidão com aquele personagem, Barrabás, que ele tinha se resistido a encarnar: "Ele é o homem que Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade".

Vigília Pascal




Homilética: Vigília Pascal
Comentário do Pe. Antonio Rivero, L.C. sobre a liturgia
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.

SãO PAULO, 17 de Abril de 2014 (Zenit.org) - Ciclo A
Textos: Gn 1, 1-2,2; Gn 22, 1-18; Ex 14, 15-15,1; Is 54, 5-14; Is 55, 1-11; Bar 3, 9-15.32-4,4; Ez 36, 16-28; Rom 6, 3-11; Mt 28, 1-10
Ideia principal: Cristo ressuscitado nos enche com a sua Luz e Fogo, afastando a escuridão dos nossos pecados; se faz Palavra, lembrando-nos a história da salvação; convida-nos a lavarmos e purificarmos com a água que jorra do seu lado, renovando nosso batismo e o nosso compromisso de viver como filhos da luz; e, finalmente, leva-nos à mesa da Eucaristia e nos faz participar de seu banquete divino e da sua vida divina e ressuscitada em nossa alma.
Resumo da mensagem: Durante o Sábado Santo nos unimos à Igreja junto ao túmulo do Senhor, meditando sua paixão e morte, sem que fosse realizado o Santo Sacrifício da Missa e o altar permanecesse vazio. A liturgia nos faz sentir, com toda a sua força, o vazio da ausência de Cristo. Dia do Grande Silêncio. Hoje, a Vigília Pascal nos inunda com a forte presença do Senhor ressuscitado, que emerge com toda a sua força divina e luminosa das profundezas da morte para levar consigo a todos os que participam da verdadeira vida, que não pode ser extinta, e que é  projetada para a eternidade.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, Cristo Ressuscitado é Luz que ilumina os cantos da nossa história e nossas vidas pessoais e nos faz passar da escuridão do pecado e da morte à luz da graça e da vida. Iluminados com a luz de Cristo ressuscitado, Deus nos fala e nos conta as maravilhas que ele tem feito desde o início do mundo por todos nós, para que ouvindo nos enchamos de gratidão e confiança; iluminados com essa luz escutaremos, pois, com os ouvidos do coração a Palavra de Deus. Com a água do batismo, cujo promessas renovamos hoje, nos faz seus filhos, marcados com o sinal da cruz e do óleo perfumado de Deus. Essa fonte batismal nos lembra hoje que temos renascido para uma nova vida e que temos deixado a velha vida de pecado, temos renunciado a Satanás e seus enganos e mentiras, e que professamos nossa fé em Deus. Uma vez que somos filhos, convida-nos à mesa para nos alimentar com o Pão da vida e da imortalidade, para ter a vida e a tenhamos em abundância.
Em segundo lugar, a ressurreição de Cristo compromete-nos a ser cristãos que andamos na luz, que amamos a luz, que nos deixamos iluminar pela luz de Cristo e transmitimos a luz para todos os rincões: a nossa casa, o nosso escritório, nossa faculdade. Estamos empenhados em defender essa luz em nossas vidas com as nossas palavras e nosso testemunho. Essa Palavra ouvida é conforto e medicina do nosso espírito, alimento da nossa alma. É uma Palavra não somente para ouvir, mas para viver e transmitir. Sejamos cristãos que levemos a Palavra de Deus ao nosso redor. Leiamos a Palavra de Deus em particular e em família. Meditemo-la em grupos. Levemos essa Palavra lá onde ninguém chega, através do nosso apostolado. Levemos orgulhosamente esta vida nova e livre, marcada com a cruz santificadora e salvadora de Cristo e com o óleo perfumado de Deus que recebemos no dia do batismo. Quantos lugares esperam o bom aroma de Cristo a quem devemos levar  com a nossa presença, com nossas palavras, com nosso testemunho honesto e justo! Não nos privemos deste Pão da Eucaristia: Ele dá força, incentivo, conforto. Ele dá forças para a luta contra o pecado. Ele dá coragem e ousadia para pregar a Palavra.
Para reflexionar: estamos dispostos a viver a Páscoa com essas atitudes: ser reflexos da Luz de Cristo, ser mensageiros da Palavra de Deus, ser novos homens que tem rosto de ressuscitados e homens fortes que se alimentam com o Pão da Eucaristia?

Sacerdotes, arautos da caridade



Reflexões do Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Por Card. Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 17 de Abril de 2014 (Zenit.org) - Sempre ouvimos o termo sacerdote e seria muito bom, aproveitando o Tríduo Pascal, refletirmos sobre isso em vista das celebrações da Quinta-feira Santa, com a Instituição do Sacerdócio Ministerial.
Nenhum de nós – que recebemos o sacramento da Ordem em seu segundo ou terceiro graus – tem um sacerdócio próprio, mas somos participantes do único sacerdócio de Cristo, Nosso Senhor (cf. Hb 5,10; 6,20), que é o mediador por excelência entre Deus e os homens (cf. 1Tm 2,5). Ele santo, inocente e imaculado (cf. Hb 7,16), com sua única oferenda, levou à perfeição, de uma vez por todas, os que Ele santifica (Hb 10,14) pelo sacrifício de sua cruz.
Assim como o sacrifício de Cristo é único – o da cruz –, mas torna-se presente no sacrifício da Igreja pela Santa Missa, o único sacerdócio de Cristo torna-se também presente pelo sacerdócio ministerial sem em nada diminuir a unicidade do sacerdócio de Cristo. Daí, ensinar São Tomás de Aquino que “somente Cristo é o verdadeiro sacerdote; os outros são seus ministros” (Comentário aos Hebreus 7,4, citado pelo Catecismo da Igreja Católica n. 1545).
Se cada cristão batizado, por meio de seu sacerdócio comum ou batismal, tem a missão de exercitar a diaconia da caridade, muito mais nós, ministros ordenados, devemos exercer, de acordo com o nosso estado de vida, o amor fraterno para com os mais necessitados que se encontram à nossa volta e clamam por nossa ajuda, pois veem em nós, apesar de nossas misérias humanas, homens de Deus e distribuidores de Seu amor.
Aliás, o amor é a tônica ou o diferencial da vida cristã. Foi o próprio Senhor Jesus quem nos disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, pois “ninguém tem maior prova de amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,12-13). Esse amor imperava nas primeiras comunidades cristãs, de modo que não havia necessitados entre eles (At. 2,42-47) e, assim, eram um só coração e uma só alma (cf. At 4,32).
O Apóstolo João exalta tanto a prática do amor que afirma que Deus é amor (cf. 1 Jo 4,16) e aquele que diz amar a Deus a quem não vê, mas não ama seu irmão a quem vê é mentiroso (cf. 1Jo 4,20). São Paulo escreve o belo hino da caridade e diz que sem amor somos como o sino que não faz barulho (cf. 1Cor 13), ou seja, não servimos para nada.
Voltando-nos para os ministros ordenados, dentre os quais eu me incluo, devemos pensar nas palavras do Senhor, em outro contexto, a dizer que a quem mais é dado, mais será pedido (cf. Lc 12,48). Quer dizer: se dos que receberam o sacerdócio comum dos fiéis pelo Batismo serão pedidas contas, quais não serão as cobranças exigidas daqueles que receberam, além do Santo Batismo, a ordenação presbiteral a fim de sermos as mãos estendidas de Cristo ao mundo?
Contudo, o que nos motiva a praticarmos o amor-ágape não é o medo da cobrança divina, mas, sim, a responsabilidade da função que assumimos, de servir a Deus por meio dos irmãos, a começar pelos que mais necessitam. Aliás, Jesus deixa claro que não são os que se acham de saúde que carecem de médicos, mas, sim, os doentes (cf. Mc 2,17).
O Papa Bento XVI recordava,em sua Catequesede 29 de abril de2010, avida de São Leonardo Murialdo, enquanto sacerdote exemplar do século XIX, dizendo que ele viveu “ressaltando a grandeza da missão do presbítero, que deve ‘continuar a obra da redenção, a grande obra de Jesus Cristo, a obra do Salvador do mundo’, ou seja, de ‘salvar as almas’, São Leonardo recordava sempre a si mesmo e aos irmãos de hábito a responsabilidade de uma vida coerente com o sacramento recebido. Amor de Deus e amor a Deus: foi esta a força do seu caminho de santidade, a lei do seu sacerdócio, o significado mais profundo do seu apostolado entre os jovens pobres e a fonte da sua oração. São Leonardo Murialdo abandonou-se com confiança à Providência, cumprindo generosamente a vontade divina, no contato com Deus e dedicando-se aos jovens pobres. Deste modo, ele uniu o silêncio contemplativo com o ardor incansável da ação, a fidelidade aos deveres de cada dia com a genialidade das iniciativas, a força nas dificuldades com a tranquilidade do espírito. Este é o seu caminho de santidade para viver o mandamento do amor a Deus e ao próximo”.
Outro exemplo de caridade sacerdotal, citado por Bento XVI na mesma Catequese, é a de São José de Cottolengo, também santo do século XIX. Este homem de Deus teve sua inspiração para se dedicar mais intensamente à caridade na manhã de domingo, 2 de setembro de 1827, ao encontrar-se, em Turim, com uma família francesa cuja esposa, com cinco filhos, estava em estado de gravidez avançada e com febre alta.
“Depois de ter passado por vários hospitais – diz Bento XVI –, a família encontrou alojamento num dormitório público, mas a situação para a mulher foi-se agravando e algumas pessoas puseram-se em busca de um sacerdote. Por um misterioso desígnio, cruzaram-se com Cottolengo e foi precisamente ele, com o coração amargurado e oprimido, que acompanhou essa jovem mãe até à morte, entre a angústia de toda a família.”
“Depois de ter cumprido este doloroso dever, com o sofrimento no coração, foi diante do Santíssimo Sacramento e rezou: ‘Meu Deus, por quê? Por que quiseste que eu fosse uma testemunha? O que queres de mim? É necessário fazer algo!’ Levantou-se, mandou badalar todos os sinos, acendeu as velas e, recebendo os curiosos na igreja, disse: ‘A graça foi concedida! A graça foi concedida!’ A partir daquele momento, Cottolengo foi transformado: todas as suas capacidades, especialmente a sua habilidade econômica e organizativa, foram utilizadas para dar vida a iniciativas em defesa dos mais necessitados.”
“Ele soube – continua o Papa – empenhar no seu empreendimento dezenas e dezenas de colaboradores e voluntários. Transferindo-se para a periferia de Turim, a fim de ampliar a sua obra, criou uma espécie de povoado, no qual, a cada edifício que conseguiu construir, atribuiu um nome significativo: ‘casa da fé’, ‘casa da esperança’, ‘casa da caridade’. Pôs em ato o estilo das ‘famílias’, constituindo verdadeiras comunidades de pessoas, voluntários e voluntárias, homens e mulheres, religiosos e leigos, unidos para enfrentar e superar em conjunto as dificuldades que se apresentavam.”
“Cada um, naquela Pequena Casa da Providência Divina, tinha uma tarefa específica: alguns trabalhavam, outros rezavam, uns serviam, alguns educavam e outros ainda administravam. Pessoas sadias e doentes compartilhavam todas o mesmo peso da vida cotidiana. Também a vida religiosa se definiu no tempo, segundo as necessidades e as exigências particulares. Pensou também num seminário próprio, para uma formação específica dos sacerdotes da Obra. Estava sempre pronto a seguir e a servir a Providência Divina, nunca a interrogá-la. Dizia: ‘Sou inútil e nem sei o que faço..  Porém, a Providência Divina certamente sabe o que quer. Quando a mim, cabe-me apenas secundá-la. Para a frente, in Domino [no Senhor]’Para os seus pobres e mais necessitados, definir-se-á sempre ‘o operário da Providência Divina’.”
“Ao lado das pequenas cidadelas, quis fundar também cinco mosteiros de irmãs contemplativas e um de eremitas, e ali considerou entre as realizações mais importantes: uma espécie de ‘coração’ que devia pulsar por toda a Obra.”
Vê-se que ambos os santos sacerdotes caridosos tudo fizeram pelos mais necessitados, sem, contudo, descuidarem, por mínimo que fosse, da vida espiritual alicerçada na oração. Esta é o centro, o cume da caridade, pois por ela falamos com Deus e nos preparamos para, nas pregações, falar de Deus e, na caridade, agir como Cristo, Deus feito homem por amor de nós, agiria se ali estivesse.
Se olharmos para este nosso imenso Brasil, relembrando as nossas paróquias ou as cidades pelas quais já passamos, também encontraremos exemplos caritativos de velhos párocos que foram, a justo título, chamados de “pai dos pobres”, tão grande era o seu cuidado para com todos os que os procuravam. Ninguém saía do mesmo modo que chegou.
Engana-se, no entanto, quem imagina que a caridade é só material. Temos as clássicas obras de misericórdia, sendo que sete delas são materiais (dar de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, vestir os nus etc.) e sete são espirituais (aconselhar os errantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos etc.), de modo que, mesmo sem recursos financeiros, é possível praticar o amor para com o próximo que bate à nossa porta.
Eis um exemplo não muito distante de nós: um jovem entregue ao vício do álcool, em um momento de sobriedade pediu ajuda por e-mail a Dom Estevão Bettencourt, beneditino do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e que muito fez por esta Arquidiocese, e para o qual celebramos missa no sexto aniversário de seu falecimento na semana passada. O monge lhe respondeu aconselhando-o, caridosamente, a deixar a bebida buscando auxílio de seus pais, voltando a estudar (atividade que ele deixara), procurando apoio em um grupo de AA (Alcoólicos Anônimos) e tentando reencontrar o sentido da vida em Deus e nos valores da fé por meio do apoio de um sacerdote.
Ciente das dificuldades em que o rapaz se encontrava, Dom Estevão lhe falava em certo trecho da mensagem: “Dirá você: e como hei de me aproximar de Deus? Como O acharei, a Ele que é invisível? – Respondo: procure um sacerdote ou um amigo firme na fé, alguém que tenha experiência do convívio com Deus e que lhe possa falar do Eterno com conhecimento de causa. A função do padre é servir aos irmãos e fazer tudo para ajudá-los.. Se não encontrar alguém nas suas cercanias, disponha do irmão que lhe escreve (...). Use e abuse de quem o passa a ajudar” (Pergunte e Responderemos n. 448, setembro de 1999, p. 430).
Eis um belo exemplo da caridade sacerdotal que leva ao desprendimento de si para consumir-se, qual chama de uma vela, pelos irmãos que mais carecem de nosso auxílio certo, nas horas incertas de suas vidas a fim de poderem sair de suas “periferias existenciais”, como gosta de lembrar o Papa Francisco, e vir para o centro da vida, da família, da comunidade... de onde nunca deveriam ter se afastado.
Como não lembrarmos aqui daquela canção religiosa que diz “Quem vive para si empobrece o seu viver, quem doar a própria vida, vida nova há de colher”. Sim, pois o Pai do céu ama quem oferta sem reservas e com alegria (cf. 2Cor 9,7). Este deve ser o caso do sacerdote para quem, a partir do momento de sua entrega vocacional, cujo ápice é a ordenação, nada mais lhe pertence, mas tudo o que Deus lhe deu deve ser colocado a serviço do irmão.
Sem vivermos essa realidade desafiadora, mas, ao mesmo tempo nobre, da nossa missão, corremos o risco de ser como o sino que soa em vão, de nos tornarmos meros “funcionários do sagrado, sem fé e nem amor”. Não foi para isso que Cristo chamou e escolheu a nós, seus ministros, mas, sim, para sermos arautos da caridade, uma vez que Ele mesmo deu-nos o exemplo maior, entregando Sua vida por nós quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5,6).
Cientes de tudo isso, peçamos confiantes: Senhor Jesus, dai-nos a graça de viver santamente o meu ministério sacerdotal servindo na caridade os meus irmãos e irmãs, especialmente aqueles que mais necessitam de minha presença junto deles a fim de levar-Vos comigo. Amém!
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Santa Bernadette Soubirous



Não prometo fazer-te feliz nesse mundo, mas sim no outro, disse Nossa Senhora em uma de suas aparições à jovem Bernadete na cidade de Lourdes

Horizonte,  (Zenit.orgFabiano Farias de Medeiros 

Bernadette nasceu no dia 7 de janeiro de 1844 na região de Lourdes na França, mais precisamente no moinho de Boly. Foi a filha mais velha de nove filhos do casal Francisco Soubirous e Luisa Castérot. Sua família era muito humilde e a região era assolada por uma grave crise financeira que findou por forçar a família a mudar-se para a cidade de Lourdes e lá habitarem nas antigas instalações de uma cadeia. Devido a miséria que viviam Bernadete contraiu asma e cólera vindo a ficar muito debilitada fisicamente.
Em 11 de fevereiro de 1858, Bernadete, sua irmã e uma amiga foram até a gruta de Massabielle próximo à margem do rio Gave para apanharem lenha e Bernadette contemplou a aparição de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Estas aparições de sucederam e Bernadette agora acompanhada dos pais e de muitas outras pessoas que foram aderindo à motivação da jovem assistiam-na conversar e receber instruções da Virgem Maria na gruta. Foram 18 visões entre o período de Fevereiro a Julho de 1858.
As aparições foram muito questionadas e reprimidas pelas autoridades civis e religiosas da época. Bernadette foi submetida à diversos interrogatórios e ameaças mas não vacilou em sua convicção acerca das aparições. Foi defendida pelo Pe. Dominique que afirmou que a jovem não poderia ter conhecimento acerca do Dogma da Imaculada Conceição aprovado em 1854 pelo Papa Pio lX. Nossa Senhora também confirmou o fato quando fez brotar do chão da gruta uma fonte cuja água era milagrosa. Muitas curas inexplicáveis aconteceram e a fonte jorra até os dias atuais.
Bernadette, muito debilitada devido a grande rotina de peregrinos que a procuravam, veio a se internar no hospital das Irmãs de Caridade na cidade de Nevers. Teve a oportunidade de aprender a escrever e relatou por escrito os episódios das aparições. Em 1862, o Monsenhor Bertrand, Bispo de Tarbes, reconheceu oficialmente os escritos de Bernadette. Em 1867, a jovem fez seus votos na Congregação das Irmãs da Caridade de Nevers.
Bernadete, vitimada pelas enfermidades, faleceu no dia 19 de abril do ano de 1897 e foi canonizada pelo Papa Pio XI no dia 8 de dezembro de 1933. Seu corpo encontra-se incorruptível e pode ser venerado na Igreja do Convento de Saint Gildard de Nevers.

Olhar para a cruz e ver que Jesus fez tudo por mim



Catequese prévia à Quinta-Feira Santa: o papa fala da paixão de Jesus e diz que a ressurreição não é um "final feliz" como o dos filmes, e sim a obra de Deus

Cidade do Vaticano,  (Zenit.org

A um dia do início das celebrações do Tríduo Pascal, uma Praça de São Pedro lotada recebeu o papa Francisco para escutar a sua catequese semanal. Milhares de pessoas, vindas de todas as partes do mundo, esperavam a chegada do Santo Padre para saudá-lo e demonstrar o seu carinho. O pontífice abençoou as crianças, sorrindo, cumprimentando e até assinando alguns cartões que um grupo de fiéis trouxe consigo na tentativa de conseguir uma dedicatória de Francisco. Acostumado a ver os peregrinos lhe oferecendo bandeiras dos seus países, camisetas e artigos religiosos, o papa viu hoje um menino bastante original: ele deu a Francisco o que tinha em mãos, que era um saco de batatas fritas! Algumas crianças puderam hoje subir ao papamóvel e passar alguns instantes ao lado do papa.
Em meio aos gritos de “Esta é a juventude do papa!” e “Francisco, nós te amamos!”, o pontífice argentino começou a audiência semanal.
Na semana passada, o papa iniciou uma série de catequeses sobre os dons do Espírito Santo, mas hoje a interrompeu para falar da paixão de Jesus, da sua cruz e da sua dor.
No resumo da catequese, o Santo Padre disse:
"Hoje, na metade da Semana Santa, a liturgia nos apresenta o triste fato da traição de Judas. Judas vai até as autoridades e simplesmente lhes pergunta: ‘Quanto vocês me pagam se eu o entregar?’. ‘30 moedas!’. E Jesus tem preço, como qualquer mercadoria num mercado. E Jesus aceita essa humilhação até a morte de cruz. No seu sofrimento e na sua morte, nós podemos ver a dor da humanidade, a dor dos nossos pecados e a resposta de Deus para esse mistério do poder do mal. Deus toma sobre si o mal do mundo para vencê-lo. Sua paixão não acontece por erro. É a maneira de nos mostrar o seu amor infinito. Nessa paixão de Jesus, contemplamos a sua grandeza e o seu amor.
 Nesta Semana Santa, fará bem ao nosso espírito olhar para o crucifixo, beijar as chagas de Jesus e agradecer a Ele. Porque Ele fez isso por cada um de nós. Mas Deus sempre intervém no momento em que não esperamos, e Jesus ressuscita. A ressurreição de Jesus não é o “final feliz” de um conto de fadas, não é o “happy end” de um filme, mas a prova de que Deus age no momento mais difícil, no momento mais escuro. A noite é sempre muito escura um pouco antes de amanhecer. Não vamos descer da cruz antes do tempo! E não nos esqueçamos, nesta semana, de beijar muitas vezes o crucifixo".
A seguir, o papa saudou os peregrinos dos países latino-americanos, dizendo: “Convido todos vocês a viver esta Páscoa com a certeza de que, em Jesus, Deus nos ama e nos perdoa. Peço à Virgem Maria, nossa Mãe, que nos acompanhe no caminho da cruz e do amor que Cristo nos mostra. Muito obrigado".
Ao terminar as saudações nos diversos idiomas, o Santo Padre dedicou um pensamento especial aos jovens, aos doentes e aos recém-casados, como tem feito em todas as audiências: "Queridos jovens, reflitam sobre o preço do sangre pago por nosso Senhor para a nossa salvação", pediu Francisco, recordando em seguida aos doentes que "a Sexta-Feira Santa nos ensina a ter paciência nos momentos de cruz". Aos recém-casados, o papa exortou a "encher as paredes domésticas com a alegria da ressurreição".
Uma pequena brincadeira do papa no final da audiência provocou as risadas de todos. Quando o apresentador italiano anunciava a oração do pai-nosso e a bênção do papa, uma forte tosse o obrigou a interromper a leitura. O Santo Padre lhe disse: "Esta saúde... Você está envelhecendo! Pode ir tranquilo!".

Catequese de Inspiração Catecumenal - II


Caros diocesanos. Nas mensagens anteriores percebemos que no processo da Iniciação à Vida Cristã dos primeiros tempos do cristianismo toda comunidade era envolvida, inclusive a distribuição das leituras da Palavra de Deus, nas celebrações litúrgicas dos domingos da quaresma, seguia temática catecumenal. Portanto, catequese e liturgia andavam juntas e a catequese estava ligada à vida da comunidade e nela inseria os iniciados. 
Quem eram os sujeitos e agentes dessa Iniciação à Vida Cristã? As comunidades, os catequistas, as famílias, os padrinhos e madrinhas, os ministros, os liturgistas,... Por isso, se desejamos uma iniciação na fé, com processo de inspiração catecumenal, será necessário envolver toda comunidade. As pessoas que vão orientar a iniciação, além do preparo religioso, pedagógico e espiritual, devem dar condições para que o iniciante se sinta envolvido por carinho fraterno que conduz ao encontro de Jesus Cristo; a comunidade inteira deve ter um jeito de casa acolhedora, de família de irmãos que se amam e se ajudam, tornando-se cativante: “A Igreja cresce, não por proselitismo, mas por atração” (DAp 159) (IVC 123). A tarefa principal compete aos catequistas: eles/elas têm o maior tempo e a maior responsabilidade no processo catecumenal; são mediadores que ajudam os catecúmenos a acolherem, com todo seu ser, a gradual e progressiva revelação de Deus e seu projeto salvífico. Sua missão é fazer acontecer o encontro com o Senhor e a progressiva integração na vida da comunidade. Não basta serem professores de religião, mas educadores na fé, o que implica vivência profunda de adesão pessoal a Jesus Cristo e sua Igreja, sem dispensar os conteúdos e a pedagogia adequada (IVC 140-144). Quais seriam, então, alguns critérios para ser catequista: ter recebido e viver os sacramentos da iniciação cristã; não ter impedimento canônico; ser testemunho cristão na comunidade; possuir boa formação humana: equilíbrio psicológico, facilidade de trabalhar em grupo, bom relacionamento com os outros, dedicação, comunicação e criatividade (IVC 145). 

Papel fundamental tem igualmente a família: os pais são os primeiros e principais educadores de seus filhos na fé, na esperança e no amor. Ela exerce papel essencial na evangelização, na catequese, na vida da comunidade e transformação do mundo. Os pais passam a integrar o processo de catequese com adultos; eles crescem junto com o filho, como verdadeira Igreja doméstica (IVC 133-134 e 136). É preciso também estar atento à situação real de cada família. Da mesma forma é de importância a escolha dos padrinhos ou madrinhas: devem ser pessoas que conheçam o candidato, pois irão testemunhar a seu respeito e acompanhá-lo com apoio em toda fase da iniciação e depois pelo resto da vida (IVC 131-132). Aos ministros ordenados compete um assíduo e competente acompanhamento pastoral do processo de iniciação, sobretudo, devem zelar pela formação e pelas celebrações litúrgicas. Finalmente, para todos os que se dedicam à Iniciação à Vida Cristã vale a significativa frase do documento de Aparecida: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29).
A quaresma e a semana santa nos proporcionem maior conhecimento e, sobretudo, rica experiência de encontro com Jesus Cristo, Aquele que deu sua vida por amor a nós e atualiza este mistério salvador toda vez que celebramos a Páscoa, centro para o qual conduz toda Iniciação à Vida Cristã, com inspiração catecumenal.
Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana

terça-feira, 15 de abril de 2014

A Tanzânia precisa de comida e não de contraceptivos



O Population Research Institute denuncia que os Estados Unidos investem em controle demográfico contra a vontade das mulheres e ignorando os problemas reais
Por Redacao

ROMA, 15 de Abril de 2014 (Zenit.org) -
 Um país como a Tanzânia é ameaçado por muitos problemas, mas a superpopulação não é um deles. O revela um estudo do Population Research Institute, que demonstra como o Usaid (a agência federal dos EUA responsável pela ajuda estrangeira) está adotando uma política de intervenção no país Africano totalmente alienada dos problemas reais.
O Population Research Institute denuncia que o Usaid gasta somente 20 centavos na nutrição para cada dólar gasto na contracepção, diante de um 16% de crianças menores de cinco anos na Tanzânia que estão abaixo do peso. E ainda, no País, uma criança em nove morre antes do seu quinto aniversário e uma mulher em vinte e três corre o risco de morrer durante o parto; No entanto, a USAID - a controvérsia do Pri - gasta apenas 36 centavos na saúde materna e infantil para cada dólar gasto em contracepção. Além disso, destaca ainda o centro de pesquisa, em um País onde apenas o 12% da população tem acesso a instalações sanitárias decentes, apenas 23 centavos são gastos pelos Estados-Unidos em matéria de água e serviços de saneamento para cada dólar investido para o controle da população.
"Talvez – lê-se em uma passagem do artigo publicado pela Population Research Institute – o Usaid poderia justificar estes gastos se o povo da Tanzânia pedisse maiores intervenções para a contracepção. Mas não é assim”. Em um dos Países mais pobres do mundo (o PIB per capita é de 1.700 dólares por ano), não se entende o motivo de gastar tanto em contracepção com relação ao que é gasto “para a saúde materna, a saúde das crianças, a água, a higiene, a nutrição, e o cuidado das doenças”. Especialmente, nota o Pri, as mulheres da Tanzânia demonstram que querem continuar a colocar filhos no mundo, com uma taxa de fertilidade de 5,4 e com uma estatística que diz que pelo menos a metade das mulheres da Tanzânia que já tem cinco filhos gostariam de ter mais ainda.
E destaca, além do mais, que mais de 50% das mulheres casadas e mais de 60% ​​das solteiras pararam de usar contraceptivos.. Destas, apenas 1% o fez pelos custos excessivos, enquanto que todas as outras pararam por uma nova gravidez ou porque não gostavam da forma como o próprio corpo reagia a estas medicinas. Portanto, diz o Population Research Institute, que o 70% das mulheres da Tanzânia suspende o uso dos contraceptivos pagos com as contribuições dos "contribuintes americanos desavisados".
Polemicamente, o Pri conclui dizendo que Barack Obama, “que se define a si mesmo como um anti-imperialista”, estaria mais em sintonia com os desejos do povo africano se decidisse investir para enviar ajudas concretas, mais do que para defender políticas de controle populacional. “Pelo contrário – escreve o Pri – ele até mesmo aumentou um ‘imperialismo reprodutivo’, gastando mais dinheiro do que jamais fora gasto antes para incentivar o aborto, esterilização e contracepção entre os africanos (além de que entre os asiáticos e entre os latino-americanos)”. A próxima vez que quiser se desculpar de algo – sugerem ao presidente dos Estados Unidos o centro de pesquisa – que o faça para as políticas de aborto, esterilização e contracepção para com aqueles que estão chorando porque não têm água potável para beber, comida, e cuidados médicos básicos”.
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Fonte : http://pop.org/

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ideologia de gênero deve ser combatida, pois visa destruir a família

No campo político põe em movimento a apologia a tais transgressões, utilizando-se de eufemismos e sutilezas de linguagem, com o discurso emocionalista de não discriminação
Por Prof. Hermes Rodrigues Nery

RIO DE JANEIRO, 14 de Abril de 2014 (Zenit.org) - A ideologia de gênero tornou-se uma ferramenta política e "um conceito-chave da reengenharia social anti-cristã para subverter o conceito de família", como afirma o monsenhor Juan Cláudio Sanahuja. E mais, ele explica que "a ONU adota a perspectiva  de gênero no começo dos anos 90. Assim nos apresenta e quer impor-nos uma visão anti-natural de sexualidade autoconstruída a serviço do prazer".  E para isso surtir efeito, a médio prazo, faz-se necessário difundir nas escolas a ideologia de gênero, para quebrar as resistências contra a cultura que quer se impor. A educação sexual então está imbuída fortemente desta ideologia contrária à família, com uma visão reducionista da dimensão da pessoa humana. O fato é que existem somente duas identidades sexuais, daí a realidade humana na distinção "homem e mulher". Institucionalizar uma outra situação fora desta realidade, verdadeiramente humana, é desconhecer com profundidade a essência e a natureza da pessoa humana, e mais ainda: agravar os fatores da violência contra o ser humano, em todos os aspectos. É despessoalizar o ser humano e torná-lo fragilizado e vulnerável a toda e qualquer violência.
A crise da identidade em nosso tempo se explica numa sociedade sempre mais pulverizada  na atomização do indivíduo, que se vê perdido na volúpia de uma sociedade consumista, de falsas necessidades, que coloca o prazer como finalidade e aniquila o indivíduo desarraigado e desterritorializado, na lógica do descartável, sem ter ao que se ater, sem contar mais com a família como suporte, porque, com a ideologia de gênero, a família é descaracterizada e diluída, dissolvida enquanto instituição primeira e principal da sociedade. Daí o grande mal-estar de muitos diante dos apelos da anarquia sexual difundida pelos meios de comunicação, na promoção da homossexualidade e de outras perversões e transgressões, que medram mais facilmente na sociedade atomizada, de híper-consumismo. Daí ser necessário por um dique a tudo isso, para salvaguardar a instituição primeira e principal, sem a qual o ser humano  não tem como subsistir e se realizar como pessoa.
Todas estas formas de agressão, se não forem contidas, se tornarão grilhões culturais a asfixiar a pessoalidade de cada ser humano. No campo político, a ideologia de gênero põe em movimento a apologia a tais transgressões, utilizando-se de eufemismos e sutilezas de linguagem, com o discurso emocionalista de não discriminação, para avançar ainda mais numa agenda que discrimina a família. E mais: visando destruí-la, com a corrosão dos princípios e valores cristãos, que a defendem, por inteiro.
O ideário de gênero (mais uma expressão de idealismo totalmente irreal) proposto então pelo PNDH3, e que se quer agora incluir no PNE, perverte a finalidade social das instituições nascidas para defender a pessoa daquilo que a despessoaliza. Com uma educação sexual assim, a escola se torna um lugar perigoso, um barril de pólvora que certamente irá explodir com danos sociais inimagináveis. Por isso, nos empenhamos no combate em favor da vida e da família, por uma escola que promova verdadeiramente a família como suporte da pessoa humana.
Prof. Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética (pela PUC-RJ) e membro da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB.

Onde está o meu coração? Com qual destas pessoas me pareço?



Homilia do Papa na Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

CIDADE DO VATICANO, 14 de Abril de 2014 (Zenit.org) - CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS  E DA PAIXÃO DO SENHOR
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
XXIX Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 13 de Abril de 2014

Esta semana começa com a festiva procissão dos ramos de oliveira: todo o povo acolhe Jesus. As crianças, os adolescentes cantam, louvam Jesus.
Mas esta semana continua com o mistério da morte de Jesus e da sua ressurreição. Ouvimos a Paixão do Senhor. Será bom pormo-nos apenas uma pergunta: Quem sou eu? Quem sou eu, face ao meu Senhor? Quem sou eu à vista de Jesus que entra festivamente em Jerusalém? Sou capaz de exprimir a minha alegria, de O louvar? Ou fico à distância? Quem sou eu, face a Jesus que sofre?
Escutámos muitos nomes, muitos nomes. O grupo dos líderes, alguns sacerdotes, alguns fariseus, alguns doutores da lei, que decidiram matá-Lo. Esperavam só a oportunidade boa para O prenderem. Sou eu como um deles?
Ouvimos também outro nome: Judas. Trinta moedas. Sou eu como Judas? Escutámos outros nomes: os discípulos que não entendiam nada, que adormeciam enquanto o Senhor sofria. A minha vida está adormecida? Ou sou como os discípulos, que não compreendiam o que era trair Jesus? Ou então como aquele discípulo que queria resolver tudo com a espada: sou eu como eles? Sou como Judas, que finge de amar e beija o Mestre para O entregar, para O trair? Sou eu um traidor? Sou eu como aqueles líderes que montam à pressa o tribunal e procuram testemunhas falsas: sou eu como eles? E, quando faço estas coisas – se é que as faço –, creio que, com isso, salvo o povo?
Sou eu como Pilatos? Quando vejo que a situação é difícil, lavo as mãos e não assumo a minha responsabilidade, condenando ou deixando condenar as pessoas?
Sou eu como aquela multidão que não sabia bem se estava numa reunião religiosa, num julgamento ou num circo, e escolhe Barrabás? Para ela tanto valia: era mais divertido, para humilhar Jesus.
Sou eu como os soldados, que batem no Senhor, cospem-Lhe em cima, insultam-No, divertem-se com a humilhação do Senhor?
Sou eu como Simão de Cirene que voltava do trabalho, cansado, mas teve a boa vontade de ajudar o Senhor a levar a cruz?
Sou eu como aqueles que passavam diante da Cruz e escarneciam de Jesus: «Era tão corajoso! Desça da cruz e nós acreditaremos n’Ele!». Escarnecem de Jesus...
Sou eu como aquelas mulheres corajosas, e como a Mãe de Jesus, que estavam lá e sofriam em silêncio?
Sou eu como José, o discípulo oculto, que leva o corpo de Jesus, com amor, para Lhe dar sepultura?
Sou eu como as duas Marias que permanecem junto do sepulcro chorando, rezando?
Sou eu como aqueles líderes que, no dia seguinte, foram ter com Pilatos para lhe dizer: «Olha que Ele afirmava que havia de ressuscitar. Não queremos mais enganos!» e bloqueiam a vida, bloqueiam o sepulcro para defender a doutrina, para que a vida não irrompa?
Onde está o meu coração? Com qual destas pessoas me pareço? Que esta pergunta nos acompanhe durante toda a semana.