sábado, 16 de agosto de 2014

Papa Francisco pede uma formação mais completa dos fiéis-leigos




Seul, 16 de agosto de 2014

Sinto-me grato por ter esta oportunidade de me encontrar convosco, que representais as múltiplas expressões do florescente apostolado dos leigos na Coreia. Agradeço ao Presidente do Conselho do Apostolado Laical Católico, o Senhor Paul Kwon Kil-joog, as amáveis palavras de boas-vindas que me dirigiu da vossa parte.
Como sabemos, a Igreja na Coreia é herdeira da fé de gerações de leigos que perseveraram no amor de Jesus Cristo e na comunhão com a Igreja, apesar da escassez de sacerdotes e da ameaça de graves perseguições. O Beato Paul Yun Ji-chung e demais mártires hoje beatificados representam um capítulo extraordinário desta história. Eles deram testemunho da fé não só através dos seus sofrimentos e da morte, mas também com a sua vida de mútua solidariedade amorosa nas comunidades cristãs, caracterizadas por uma caridade exemplar.
Esta preciosa herança prolonga-se nas vossas obras de fé, de caridade e de serviço. Hoje, como sempre, a Igreja precisa que os leigos prestem um testemunho credível à verdade salvífica do Evangelho, ao seu poder de purificar e transformar o coração humano e à sua fecundidade na edificação da família humana na unidade, justiça e paz. Sabemos que há uma única missão da Igreja de Deus, e cada cristão baptizado tem um papel vital nesta missão. Os vossos dons de fiéis-leigos, homens e mulheres, são múltiplos, tal como é variado o vosso apostolado; e tudo o que fazeis destina-se à promoção da missão da Igreja, garantindo que a ordem temporal seja permeada e aperfeiçoada pelo Espírito de Cristo e orientada para a vinda do seu Reino.
De modo particular, desejo agradecer a obra de tantas associações diretamente empenhadas em ir ao encontro dos pobres e necessitados. Como demonstra o exemplo dos primeiros cristãos coreanos, a fecundidade da fé expressa-se na solidariedade concreta para com os nossos irmãos e irmãs, independentemente da sua cultura ou condição social, porque em Cristo «não há judeu nem grego» (Gal 3, 28). Sinto-me profundamente grato a quantos de vós, com o trabalho e o testemunho, levam a presença consoladora do Senhor às pessoas que vivem nas periferias da nossa sociedade. Esta atividade não se limita à assistência caritativa, mas deve estender-se também a um compromisso com o crescimento humano. Dar assistência aos pobres é coisa boa e necessária, mas não é suficiente. Encorajo-vos a multiplicar os vossos esforços no campo da promoção humana, de modo que cada homem e cada mulher possa conhecer a alegria que deriva da dignidade de ganhar o pão de cada dia, sustentando assim a própria família. Esta dignidade neste momento está ameaçada de ser eliminada pela cultura do dinheiro, deixando muitas pessoas sem trabalho. Podeis dizer: 'padre, damos-lhes comida’. Mas não é o suficiente. Ele e ela, quem está sem trabalho deve sentir em seu coração a dignidade de levar o pão para casa. E confio a vós este trabalho.
Desejo ainda agradecer a preciosa contribuição das mulheres católicas coreanas para a vida e a missão da Igreja neste país, como mães de família, catequistas e professoras, e de vários outros modos. Da mesma forma, não posso deixar de destacar a importância do testemunho prestado pelas famílias cristãs. Numa época de crise da vida familiar, as nossas comunidades cristãs são chamadas a apoiar os casais e as famílias no cumprimento da sua missão na vida da Igreja e da sociedade. A família permanece a unidade basilar da sociedade e a primeira escola onde as crianças aprendem os valores humanos, espirituais e morais que as tornam capazes de ser faróis de bondade, integridade e justiça nas nossas comunidades.
Queridos amigos, qualquer que seja a contribuição particular que dais à missão da Igreja, peço-vos que continueis a promover nas vossas comunidades uma formação mais completa dos fiéis-leigos, através duma catequese permanente e da direcção espiritual. Em tudo o que fizerdes, peço-vos que actueis em completa harmonia de mente e coração com os vossos pastores, procurando colocar as vossas intuições, talentos e carismas ao serviço do crescimento da Igreja na unidade e no espírito missionário. A vossa contribuição é essencial, pois o futuro da Igreja na Coreia, como aliás em toda a Ásia, dependerá em grande parte do desenvolvimento duma visão eclesiológica alicerçada numa espiritualidade de comunhão, participação e partilha dos dons (cf. Ecclesia in Asia, 45).
Uma vez mais exprimo a minha gratidão por tudo o que fazeis pela edificação da Igreja na Coreia na santidade e no zelo. Possais vós obter constante inspiração e força para o vosso apostolado do Sacrifício Eucarístico, onde é comunicado e alimentado o amor de Deus e da humanidade, que é a alma do apostolado, (cf. Lumen gentium, 33). Sobre vós, vossas famílias e quantos participam nas obras corporais e espirituais das vossas paróquias, das associações e dos movimentos, invoco alegria e paz no Senhor Jesus Cristo e na carinhosa protecção de Maria, nossa Mãe. Por favor, peço que rezem por mim. E agora, todos juntos, rezemos para a Virgem e depois eu vos concedo a bênção.
Via Zennit

Tempo de opções




Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Ao tratar o tema da paz/violência, o ser humano se defronta com o mais profundo de si mesmo. Defronta-se com forças obscuras, instintivas que o processo de humanização foi domesticando, domando. Tema que a psicanálise e a antropologia desenvolveram e que a filosofia de Nietzsche sistematizou. O preço pago pela civilização foi a repressão das forças biológicas primárias: a luta pelo alimento e pelo parceiro sexual e a imposição violenta sobre o mais fraco. A civilização, fruto da repressão, dependia desta para se manter. 
Do ponto de vista político, Engels via na violência “a parteira da história”, a força que move as relações sociais marcadas pelo conflito de interesses. Visão frequentemente associada à de Marx, que, entretanto, segundo algumas hermenêuticas não defendia a violência como arma política (nem todos interpretam assim). Porém, quem pensou assim com certeza foi a nova esquerda dos anos 60 e 70, fortemente influenciada pelo pensamento de Mao-Tse-Tung, que vinculava poder e violência. Para ele, o poder estava “no cano de uma arma”.
Uma defesa apaixonada da violência como arma política revolucionária foi feita por Sartre no prefácio do livro-manifesto: Os condenados da terra, de Frantz Fanon. Originário da ilha de Martinica, Fanon formou-se médico em Paris e testemunhou a violência colonialista na Argélia. A violência do colonizador tornava “bela” a violência heroica do colonizado. No prefácio do livro, Sartre diz: Essa violência irreprimível, ele (Fanon) o demonstra cabalmente, não é uma tempestade absurda nem a ressurreição dos instintos selvagens e nem mesmo um efeito do ressentimento: é o próprio homem que se recompõe.  
Era uma apologia da violência, que ia além da simples análise política, fazendo dela a expressão da humanidade do ser humano, o qual afirma sua dignidade e liberdade no enfrentamento com o opressor. Era a voz do colonizado argelino que, em nome dos próprios ideais (na realidade, ideologia) do colonizador se opunha a ele. Não percamos tempo com litanias estéreis ou mimetismos nauseabundos. Deixemos essa Europa que não cessa de falar do homem enquanto o massacra por toda a parte onde o encontra, em todas as esquinas de suas próprias ruas, em todas as esquinas do mundo. Há séculos… que em nome de uma suposta aventura espiritual vem asfixiando a quase totalidade da humanidade.
É uma linguagem passional, explosiva, panfletária, expressão do clima emocional dos franceses na guerra colonial argelina. A seu modo, Fanon expressava um pensamento substitutivo à visão puramente moralista que justificava (ou não) a violência em nome de um homem abstrato, idealizado. Agora contava o homem real, concreto, situado, relacionado com a natureza e com os outros pelo trabalho. Relações que se fundavam na exploração do homem pelo homem e o impediam de ser ele mesmo. A violência “constituía” esse mundo. Dessa forma, a violência dos oprimidos era, na realidade, uma contra violência. A guerra do Vietnã exacerbou ao máximo esse “sentimento”: era a luta de Davi contra Golias.
Com a mudança das condições sociais, essa violência “costumeira” cedeu lugar a uma violência inovadora que se manifestou, por exemplo, na Guerra do Contestado. A violência se inseria num quadro em que os desiguais se tratavam como pessoas, num gênero de vida que não contemplava o controle direto dos subordinados. Dominadores e dominados eram vistos como iguais dentro de um mundo homogêneo e indiferenciado.
A violência mais óbvia e, ao mesmo tempo, a mais escondida é a cotidiana. Falar de violência urbana é quase redundância, uma vez que, nos centros urbanos, o medo é a sensação dominante. Há a violência manifesta, visível — assalto, roubo, agressão, ofensas, palavras e gestos obscenos no trânsito… —, mas também há a invisível, insidiosa, perversa, que se expressa na necessidade de se proteger, que torna o “confiar no outro” num risco. A desconfiança com relação ao policial, ao vendedor, ao produto é uma forma “necessária” de se resguardar. Quando o vigia pode ser apenas informante, quando o policial pode ser o braço invisível do criminoso, o que se tem é um quadro de destruição do tecido social.
No interior de uma descrença generalizada nas instituições, o “quem pode mais” e o “cada um por si” tornam-se leis. A vida social tende a reduzir-se à formação de pequenos grupos aos quais se adere por interesses comuns. Às vezes eles mesmos violentos: as gangues, os pitboys, as torcidas organizadas, os skinheads. A xenofobia — ódio ao outro, ao diferente (étnico, sexual, cultural) — vai além do simples preconceito discriminatório passivo. No limite, leva à eliminação física, como o assassinato de homossexuais. É a violência oculta no desemprego que faz o sem-trabalho sentir-se inútil, “ninguém”, até mesmo para os próprios familiares. É interessante notar que o vocabulário ligado ao trabalho, no capitalismo, tem conotação “violenta”: de exploração passa a direito; de direito, a privilégio.  
Uma espécie de “cultura da informalidade” produz a sensação de se viver em meio a forças clandestinas e incontroláveis, à ameaça de um mundo à margem: a falsificação, o trabalho informal, a lavagem de dinheiro, o terrorismo, o tráfico de drogas, de órgãos, os paraísos fiscais… constituem uma “sociedade” dentro da sociedade. O crime organizado torna-se forma “necessária” de sobrevivência; o traficante pode aparecer como o protetor indispensável, o “assistente dos desvalidos” para as populações marginalizadas; a guerrilha política e o narcotráfico trocam favores entre si em certos países.
Em um mundo religioso fluido, a busca de identidade torna-se crucial. Pluralismo religioso implica conflito. Afloram percepções e vivências contraditórias do fenômeno: a sensação de liberdade — escolher a própria crença — soma-se à necessidade de certezas. A “era do relativo” suscita inquietações e resistências. Põe em questão identidades até aqui aparentemente estáveis, confiáveis, reconhecidas, garantidas por instituições religiosas ou não. E estas estão em crise, com muita dificuldade para dizer a verdade — e, quando o fazem, são ouvidas como portadoras de uma opinião entre outras. Apresentar-se como “a verdade” deslegitima mais do que qualifica uma instituição.
Eis as questões que nos são colocadas como pano de fundo de nosso caminhar nos tempos atuais. Cabe a nós o discernimento e a prática de atividades eivadas de uma profunda reflexão sobre os rumos da sociedade. Um tempo que nos questiona e que exige de todos uma resposta da qual não nos podemos eximir. Isso poderá direcionar o nosso futuro.

Como Maria, responder com generosidade a Deus é o ato mais digno da vida humana

Reflexões de Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 15 de Agosto de 2014 (Zenit.org) - 
A Virgem Maria, Nossa Senhora, chegou à plena realização de todas as potencialidades humanas. Pelos merecimentos de seu Filho amado, foi preservada da mancha do pecado original, viveu nesta terra conduzida pelo chamado de Deus, para depois, ser elevada ao Céu, como professa a fé da Igreja. Na Assunção de Maria, todas as realidades desta terra são assumidas e acolhidas para adquirirem valor de eternidade. Sua presença e seu exemplo resplandecem como sinal luminoso para todos, podendo nela encontrar conforto e força todas as vocações e estados de vida. Olhar para Nossa Senhora estimula a caminhar com segurança, certos de que fomos feitos para o alto e para a felicidade.
No mês das vocações, voltamos o olhar para a aventura humana e religiosa vivida por Maria. Nela vemos realizada a vocação fundamental de todos os seres humanos, pois, em Cristo, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e imaculados diante dele, no amor (Cf. Ef 1, 4).. Toda a vida de Nossa Senhora se orienta para o seu Filho, Jesus, Verbo de Deus feito carne. Ela se esvazia de si mesma e de seus próprios projetos, para abraçar o caminho da santidade, tornando-se ícone do que todos somos chamados a viver, pois  convidados a percorrer a estrada da resposta fiel a Deus.
O Apóstolo São Paulo, convicto da escolha feita, apresenta-se diante de suas comunidades na inteireza de sua entrega a Deus. Pode, então, abraçar como próprias as atitudes do mesmo Senhor Jesus Cristo: "Pela fidelidade de Deus, eu vos asseguro: a nossa palavra junto de vós não é 'sim e não'. Pois o Filho de Deus, proclamado entre vós por mim, por Silvano e Timóteo, nunca foi 'sim e não', mas somente 'sim'. Ao contrário, é nele que todas as promessas de Deus têm o 'sim' garantido. Por isso, também, é por ele que dizemos 'amém' a Deus, para sua glória. É Deus que nos confirma, a nós e a vós, em nossa adesão a Cristo, como também é Deus que nos ungiu. Foi ele que imprimiu em nós a sua marca e nos deu como garantia o Espírito derramado em nossos corações" (2 Cor 2, 18-22). É com igual certeza que ousamos olhar para Maria, Nossa Senhora, a primeira na resposta ao plano de Deus. Que o seu sim se expresse também em nossa vida.
Maria deu o seu sim à vida. Sua existência, desde os primeiros passos e olhares, era voltada para a Palavra do Senhor e para uma vida humana saudável, na pobreza e no escondimento de Nazaré. Foi na escuta da mesma Palavra que se entregou, na oblação total de própria liberdade, tornando-se generosamente escrava da Palavra. Seu sim radical, dado a Deus e a seu plano de salvação, mudou a história da humanidade. "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Responder com generosidade a Deus é o ato mais digno da vida humana. Todas as vezes que alguém dá sua resposta a Deus, atualizando a graça do Batismo, o Espírito Santo vem sobre a pessoa e realiza a sua obra, edificando o bem! Dela queremos aprender a dizer sim!
Quando as incontáveis angústias de nosso tempo tantas vezes nos preocupam, vale a pena tomar consciência de que a vida de Maria foi marcada pelas surpresas do cotidiano e pela dor, visita inconfundível do Senhor. Para que se repita o nosso sim diante das eventuais decepções experimentadas ou as dores e pecados pessoais e sociais,  a mulher do equilíbrio e da firmeza seja vista como sinal. A Igreja identifica sete situações dolorosas, muito semelhantes àquelas vividas por nós. Maria, elevada ao Céu em corpo e alma, levou as cicatrizes da dor, para que ninguém desanime no caminho da perfeição a que somos chamados.
Uma espada a transpassar o coração, na profecia de Simeão (Cf. Lc 2, 21-40). Se um anjo lhe anunciara sua vocação de mãe do Verbo de Deus feito carne, muito cedo entendeu, para cedo amadurecer, o alcance de sua resposta a Deus. Não voltou atrás e acolheu de pé, na obediência, o projeto de Deus em sua vida. De fato, o Senhor não nos engana, prometendo apenas consolações, mas nos abre o horizonte com realismo, para que todos aprendamos a viver.
Com José, Maria soube que seu filho poderia ser morto pelo ódio sanguinário de Herodes (Cf. Mt 2, 13-18). Doeu-lhe o exílio, mas aprendeu e ensina a todas as gerações de cristãos a coragem para manter a fé a qualquer custo. Não é difícil identificar em nossos dias, no mesmo oriente médio, levas de cristãos em fuga por serem cristãos, firmes diante da provação. O mundo parece o mesmo!
A Terceira espada transpassou o coração de Maria quando perdeu seu filho no templo. Teve que compreender que o Jesus de seu coração é Filho do Pai do Céu e tem uma missão que supera todos os laços e afetos humanos (Cf. Lc 2, 41-52). Em sua dor se encontram as perdas humanas e a liberdade com que os pais e mães hão de educar seus filhos, não para si, mas para Deus e para a vida, olhando para frente!
No caminho do Calvário, a Maria discípula se encontra com seu Filho que carrega a cruz. A multidão não entende a profundidade do olhar, santa cumplicidade daquela Mãe que se fez companheira e colaboradora do Redentor. Ali estava presente o silêncio e o assentimento corajoso de tantas pessoas que não se negam a dar a sua colaboração na realização do plano de Deus.
Aos pés da Cruz, quando o Filho único a entrega como Mãe à humanidade chagada, representada por João, Maria experimenta a desolação, dando sua resposta e pronunciando o seu segundo e definitivo sim (Cf. Jo 19, 1-41). Está de pé, mulher madura para o amor e o sofrimento! Testemunha a morte redentora de seu Filho! Em sua coragem resplandece a disposição de todos os que estão prontos a viver a palavra: "Completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja" (Cl 1, 24). O que falta é a participação pessoal!
Aquela que recebera o anúncio de uma espada de dor, vê a lança do soldado transpassar o lado de seu Filho exangue, para depois acolher nos braços e conduzir à sepultura o seu corpo. Mais duas espadas, duas dores lancinantes, para se completar o caminho da perfeição e da maturidade!
Maria do sim nos ajude a percorrer a estrada da maturidade humana e cristã. Sua vida, assunta ao Céu, seja o sinal para nossa caminhada.

Experimentar Deus nos conflitos



Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

Deus vem ao encontro do homem especialmente nos momentos de necessidade. O Deus dos profetas e de Jesus é aquele que toma a defesa dos pobres e dos fracos. Ele não está nos fenômenos naturais grandiosos e violentos, mas no sopro leve da brisa, como que significando a espiritualidade e intimidade das manifestações de Deus ao homem.
A comunidade cristã vive uma existência atormentada pela hostilidade das forças adversas, que se manifestam nas perseguições e dificuldades internas e externas. Unicamente com suas forças, ela não chegaria ao fim do caminho. Mas Jesus ressuscitado está presente no meio dos seus; embora invisível, ele os assiste.
A forma como Elias experimenta Deus é diferente da de Moisés: Javé não está no furacão que racha as montanhas e quebra os rochedos, nem no terremoto ou no fogo, elemento extraordinário das manifestações de Deus no Êxodo, mas no murmúrio de uma brisa suave quase imperceptível.
Elias tem que fazer uma experiência nova de Deus, que não mais se serve dos fenômenos espetaculares da natureza para se manifestar.
Elias sente que a experiência com Javé é totalmente diferente em relação às anteriores: a majestade de Deus se manifesta nas coisas quase imperceptíveis, como a brisa da manhã. Não é majestade que apavora e espanta, mas cativa e transmite serenidade. Aí reside a novidade da experiência de Deus. Ao fazê-la percebe-se que só Javé pode ser considerado Deus, pois só Ele “faz sair” da caverna para a comunhão e compromisso com Ele.
Vento e fogo estão associados à vida de Elias, homem impetuoso e fogoso por caráter. Sua missão anterior e posterior a essa experiência o demonstra: era um demolidor.
Contudo, encontra Deus na solidão da montanha e no silêncio da brisa mansa, longe do tumulto. Ouvindo o vento suave, ele cobre o rosto com o manto, pois aí percebe a presença de Javé.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Filhos: o futuro






Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Nesta  Semana  Nacional  da  Família,  em  que  a  espiritualidade  se coloca como imperativo para que se possa ser sinal de tempos novos neste mundo, e a  família cristã  seja  uma  proposta  feliz  para a  sociedade é  bom refletir sobre  a  beleza  e  a  importância  dos  filhos  e  a  busca  de  educá-los. 
A  vida  humana tem três  grandes  estágios.  O  primeiro  estágio  é  no útero da mãe, o segundo estágio é a vida humana neste mundo e o terceiro estágio é a vida eterna. Os três estágios estão intrinsecamente ligados entre si.  A  Biologia  esclarece  que  o  embrião  humano já  dispõe  de  um  sistema imunológico  e  patrimônio  genético  próprio.  Este  ser  humano  possui  o direito de ser respeitado na sua integridade e dignidade como a de qualquer pessoa  já  nascida.  O  dia  do  nascituro  nos  lembra  que  os  filhos  são  dons preciosos  de  Deus  e  que  a  geração  de  filhos  é  uma  das  finalidades  do Matrimônio. O filho é reflexo vivo do amor e sinal permanente da unidade conjugal. Na verdade, os filhos são testemunhas vivas do encontro amoroso do casal e profetas de um mundo que se renova na continuidade da vida e As  crianças  são  sinais  de  que  Deus  não  perdeu  a  esperança na  humanidade. 
As  crianças,  além  de  serem  os  artífices  do  futuro, são continuidades da vida dos Pais e de toda a humanidade. Portanto, elas são as grandes motivações das famílias. A Igreja louva e glorifica a Deus, e  se  encanta  com  os  avanços  e  as  maravilhas  das  conquistas  científicas. Entretanto,  o  que  a  Igreja  espera  é  que  todas  as  buscas  do  homem,  no campo  científico,  sejam  feitas  à  luz  da  ética  da  vida,  do  respeito  pela sacralidade  e  inviolabilidade  da  vida  humana. 
A  bioética,  uma  ciência relativamente  nova,  desencadeou  no  mundo,  sobretudo  na  comunidade cientifica,  um  processo  de  reflexão  sobre  os limites e  balizamentos éticos. A  bioética,  de  cunho  personalista,  que  é  a  corrente  adotada  pela Igreja, tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do  homem  sobre  a  vida  humana.  É  uma  nova  disciplina,  que  combina o  conhecimento  biológico  (científico)  com  o  conhecimento  dos  valores humanos.  Podemos  afirmar:  uma  “ponte”  entre  duas  culturas:  a  científica e  a  humanística.  E  o  princípio  fundamental  da  bioética  personalista  é  o princípio da defesa da vida física como valor fundamental, o qual ressalta a sacralidade e a inviolabilidade da vida humana.
O  respeito  pela  vida,  a  sua  defesa  e  a  sua  promoção  representam  o primeiro imperativo  ético  do  homem  diante  de  si mesmo  e  dos  outros. É muito oportuno ouvir as palavras do Apóstolo Paulo: “Não vos conformeis com este mundo” (Rom.12,2). A Igreja não deve concordar com tudo o que hoje se sustenta em nome do cientificismo.  Somos a Igreja do “Sim”. Sim ao direito de nascer e viver com dignidade! Sim ao direito de ser original e irrepetível! Sim à vida de todos, em todas as suas formas e manifestações! Sim  às  pesquisas  levadas  adiante  com  seriedade  e  serenidade,  sem sensacionalismo  e  vãs  promessas!  Sim  à  pesquisa  com  células  adultas (não embriões!) visando à terapia e respeitando as normas éticas! Sim aos empenhos da ciência por minorar os sofrimentos, inclusive de doenças de cunho genético, mas sem esconder o mistério do sofrimento e da cruz como caminhos  de  crescimento  humano!  Sim  às  infinitas  manifestações  dos milagres da vida! Sim para que os pais não se fechem a gerarem filhos para que a humanidade tenha continuidade!
Recordo  também  das  palavras  de  Madre  Tereza  de  Calcutá:  “Se aceitamos que uma mãe pode matar sua criança, como podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?”. Pensei muito nisso quando vimos  nos  noticiários  quantas  crianças  mortas  nos  combates  violentos. E,  outro  pensamento  de  Santa  Gianna  Beretta  Molla  (Itália):  “Entre  a minha vida e a do meu filho, salvem a criança”. Por isso, amemos a vida e digamos “Não ao aborto!” A humanidade já está pagando muito caro pela opção de não respeitar a vida! Além do envelhecimento do Ocidente, a falta de respeito à vida em todas as demais circunstâncias, longe e perto de nós. E  para  que a  vida  seja  protegida,  necessitamos  da  família,  que é a  base e protetora  da  vida  humana,  e,  também,  fonte  de  paz,  alegria,  felicidade e serenidade pessoal.
Disse  ainda  o  Papa  São  João  Paulo  II:  “A  tarefa  fundamental  da família  é  o  serviço  à  vida.  É  realizar,  na  história,  a  bênção  originária  do Criador,  transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem. Fecundidade  é  o  fruto  e  o  sinal  do  amor  conjugal,  o testemunho  vivo  da plena doação recíproca dos esposos” (Familiaris Consortio, 28).
Todos  esses  ensinamentos  nos  levam  ao  que  a  Igreja  afirma constantemente: “O amor conjugal deve ser plenamente humano, exclusivo e aberto à nova vida” (GS,50; HV,11; FC,29). A situação social e cultural dos nossos tempos dificulta a compreensão dessa verdade. A comunicação contrária  à  vida  procura  enganar  e  seduzir,  a  cada momento,  o  povo,  que continua  firme  em  valorizar  a  vida. Vale  a  pena  reler  o  que  disse  o  Papa.
“Alguns  se  perguntam  se  viver  é  bom  ou  se  não  teria  sido  melhor nem  sequer  ter  nascido.  Outros  pensam  que  são  os  únicos  destinatários da  técnica  e  excluem  os  demais,  impondo-lhes  meios  contraceptivos  ou técnicas  ainda  piores.  Nasceu,  assim,  uma  mentalidade  contra  a  vida (“anti-life  mentality”),  como  emerge  de  muitas  questões  atuais.  Pense- se,  por  exemplo,  num  certo  pânico  derivado  dos  estudos  dos  ecólogos e  dos  futurólogos  sobre  a  demografia,  que  exageram,  às  vezes,  o  perigo do  incremento  demográfico  para  a  qualidade  da  vida.  Mas  a  Igreja  crê, firmemente,  que  a  vida  humana,  mesmo  se  débil  e  com  sofrimento,  é sempre  um  esplêndido  dom  do  Deus  da  bondade.  Contra  o  pessimismo e  o  egoísmo  que  obscurecem  o  mundo,  a  Igreja  está  do  lado  da  vida”.
Infelizmente,  os  pais  de  hoje  se  recusam  a ter  filhos.  Eu  pergunto: sem  filhos,  como  caminhará  a  humanidade?  Muitos  têm  medo  de  não educar  bem  os  filhos,  pois  eu lhes  digo  que  com  Deus  é  possível  educá-los;  basta  que  o  casal  se  ame,  crie  um lar  saudável  e  viva  para  os  filhos com  todas  as  suas  forças  e  com  toda  dedicação.  Muitas  vezes  eu  me pergunto  como  meus  pais  conseguiram  nos  educar  a  todos,  e  hoje  as coisas  aparentam  tão  difíceis?  Serão  situações  criadas  para  dificultar  ou mentalidade  que  nos  são  impostas?  E,  na  criação  dos  filhos,  a  educação católica  deve  ser  dada  primeiramente  pelo  testemunho  pastoral  dos  pais e avós. O resto, Deus e eles farão. Faça do seu filho um homem de bem e eduque-o na fé para a santidade, depois ele saberá enfrentar o futuro.

Anciãos e jovens, o nosso tesouro e nossa esperança"

Em seu primeiro discurso oficial, no Palácio Presidencial de Seul, o Papa recordou que " Um povo grande e sábio não se limita a amar as suas tradições ancestrais, mas valoriza também os seus jovens "
Por Federico Cenci

CIDADE DO VATICANO, 14 de Agosto de 2014 (Zenit.org) -
 Jovem e antepassados. Em uma linha que corre ao longo do tempo acontece a visita apostólica do Papa Francisco na Coreia. Durante o seu primeiro discurso oficial - que começou às 4:45 da manhã, horário brasileiro, 16:45 no horário local - no Palácio Presidencial de Seul, o Santo Padre explicou que a sua presença no País asiático " tem lugar por ocasião da VI Jornada Asiática da Juventude, que reúne jovens católicos" de todo o continente "para uma jubilosa celebração da fé comum". E, no entanto, disse o Papa, durante a visita ele vai proclamar beatos "alguns coreanos que morreram como mártires da fé cristã: Paul Yunji-chung e os seus 123 companheiros".
Duas celebrações que - para usar as mesmas palavras usadas pelo Papa na manhã de hoje – “se completam mutuamente”. Para os católicos, de fato, é bem viva a importância que, em primeiro lugar, se deve à honra dos antepassados ​​que sofreram o martírio por causa da fé, “porque - disse Francisco - se prontificaram a dar a vida pela verdade em que acreditaram e de acordo com a qual procuraram viver ". Eles são, para nós hoje, um modelo de vida plenamente vivida "por Deus e para o bem dos demais".
No entanto, "um povo grande e sábio - disse o Papa - não se limita a amar suas antigas tradições, mas valoriza também os jovens", a quem transmite "a herança do passado que aplica aos desafios do presente". Um evento como a Jornada da Juventude é uma "oportunidade valiosa" para ouvir "as esperanças e as preocupações" dos jovens. E, dado o contexto histórico atual - acrescentou o bispo de Roma - é "muito importante" refletir sobre a necessidade de "transmitir aos nossos jovens o dom da paz."
Uma chamada de paz que “tem um significado todo especial aqui na Coreia”, terra que “sofreu por muito tempo por causa da falta de paz”. O Papa Francisco aproveitou assim a ocasião para manifestar o apreço "pelos esforços em favor da reconciliação e da estabilidade na península coreana"; esforços considerados "o único caminho seguro para uma paz duradoura". A qual teria implicações que transcenderiam as fronteiras Coreanas, uma vez que iria influenciar toda a área do Sudeste da Ásia e - disse o Papa - "todo o mundo cansado da guerra."
O coração do Papa está, neste momento, por causa dos muitos e graves conflitos em várias partes do mundo, “carregado e angustiado”, como ele mesmo escreveu na carta enviada ao secretário geral da Onu, Ban Ki-moon. É por isso que insiste no tema da paz, que ele chama de "um desafio para cada um de nós e, especialmente, para aqueles de vocês que têm a missão de ir atrás do bem comum da família humana através do paciente trabalho da diplomacia". Só através de seus esforços é possível "derrubar as paredes da desconfiança e do ódio" e promover "uma cultura da reconciliação e da solidariedade". Esforços que devem ser baseados em "escuta atenta e discreta" mais que em "críticas inúteis e demonstrações de força”.
É significativo que, algumas horas antes destas palavras, juntamente com a chegada do Papa a Seul, a Coréia do Norte lançou alguns mísseis que caíram no mar. Gestos que não confortam, mas como o Papa afirmou citando Isaias – “a paz não é simplesmente ausência de guerra, mas obra da justiça” (cf. Isaías 32, 17). E "a justiça, como virtude, apela para a tenacidade da paciência”. Justiça que se alimenta da capacidade de exercitar o “perdão”, e também a “tolerância e a cooperação”. É só assim que podem construir-se “os fundamentos do respeito mútuo, da compreensão e da reconciliação”.
O Papa dirigiu-se, portanto, às autoridades coreanas presentes na sala: “Queridos amigos, os vossos esforços como líderes políticos e civis visam, em última análise, construir um mundo melhor, mais pacífico, mais justo e próspero para os nossos filhos". A Coreia, no centro do discurso do Santo Padre: "A Coreia, como a maioria das nações desenvolvidas, enfrenta relevantes problemáticas sociais, divisões políticas, desigualdades económicas e preocupações na gestão responsável do meio ambiente". A admoestação do Papa é que seja ouvida “a voz de todos os membros da sociedade”. Igualmente importante, também, é dar "especial atenção aos pobres, àqueles que são vulneráveis e a quantos não têm voz, não somente indo ao encontro das suas necessidades imediatas mas também promovendo-os no seu crescimento humano e espiritual". A esperança do Papa é de que "a democracia coreana se há de fortalecer cada vez mais e que esta nação demonstrará primar também na «globalização da solidariedade» que é hoje particularmente necessária "
Finalmente, antes de cumprimentar a presidente da Coréia do Sul, Park Geun-hye, o Santo Padre rebobinou os fios do passado, traçando uma linha de continuidade com a visita do Papa João Paulo II na Coréia, em outubro de 1989, "O futuro Coreia – afirmou o Papa Wojtyla - vai depender da presença em seu povo de muitos homens e mulheres sábios, virtuosos e profundamente espirituais". Francisco quis fazer eco destas palavras, garantindo aos coreanos o “constante desejo da comunidade católica coreana de participar plenamente na vida da nação".
Voltando, portanto, às duas questões mencionadas no início do seu discurso - jovens e anciãos - o Bispo de Roma disse que "A Igreja deseja contribuir para a educação dos jovens e para o crescimento de um espírito de solidariedade para com os pobres e desfavorecidos, contribuir para a formação de jovens gerações de cidadãos prontos a oferecer a sabedoria e clarividência herdadas dos seus antepassados e nascidas da sua fé a fim de se enfrentarem as grandes questões políticas e sociais da nação". No final, o Papa invocou a bênção para "o querido povo coreano", e para "os idosos e os jovens que, preservando a memória e inspirando coragem, são o nosso maior tesouro e a nossa esperança para o futuro".

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

São Maximiliano Kolbe

São Maximiliano reproduziu em sua vida as palavras e atitudes de Jesus que nos ensinou a dar a vida por seus irmãos.

Horizonte,  (Zenit.orgFabiano Farias de Medeiros 

"As armas da santa Igreja são a paciência, o amor e a oração”, dizia Maximiliano Maria Kolbe, nascido em 08 de janeiro de 1894 em Zdunska Wola na Polônia. Filho do casal de tecelões Júlio Kolbe e Maria Dabrowska, Maximiliano juntamente com outros dois irmãos dedicaram a vida a Deus. Outros dois filhos do casal faleceram ainda crianças. Foi batizado com o nome de Raimundo e desde cedo educado em uma sólida formação católica e religiosa. Em 29 de julho de 1902 fez sua primeira comunhão e em 1907 com a abertura de um convento da Ordem dos Frades Menores Conventuais, resolveu ingressar na vida religiosa. Em 1908 iniciou seus estudos e em 1910 ingressou no noviciado escolhendo o nome de Maximiliano.





























Em 1914 proferiu seus votos adotando também o nome de Maria. Fundou em 1917 a associação Milícia de Maria Imaculada com a missão de converter os pecadores e inimigos da Igreja e a santificação de seus membros. Assim dizia Maximiliano: “O fruto do nosso apostolado depende da oração.” Em 28 de abril de 1918 ordenou-se sacerdote. Em 1922 criou uma tipografia católica na qual editava uma revista destinada às crianças e aos sacerdotes e um diário. Difundia com destemor a Palavra de Deus falada e escrita. Aliado à isso iniciou a construção da Cidade de Maria somente com doações.
Viajou para o Japão no intuito de difundir a evangelização. Retornou para a Polônia em virtude da formação dos novos religiosos. Neste período eclodiu a Segunda Guerra Mundial e em 1939 a Polônia foi invadida. Em 1941 a Gestapo invadiu a Cidade de Maria e prendeu Maximiliano e outros irmãos levando-os ao campo de concentração de Auschwitz. Devido a fuga de um dos prisioneiros, como castigo foram escolhidos outros dez para morrerem no “bunker”. Um deles era pai de família e Maximiliano se ofereceu para ir em seu lugar.  Após três semanas encerrados ali, restavam somente quatro homens vivos, entre eles Maximiliano que foram mortos via injeção letal.
Sua morte aconteceu no dia 14 de agosto de 1941. Foi beatificado em 1971 e canonizado pelo papa João Paulo II em 1982. O Papa o chamou de  "padroeiro do nosso difícil século XX" fazendo referência também ao seu amor à Nossa Senhora: "a inspiração de toda a sua vida foi a Imaculada, a quem confiava seu amor a Cristo e seu desejo de martírio".

Pais de família



Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba (PB)
Nós, pais de família, formadores, professores, devemos muito aos ensinos do psicoterapeuta e pedagogo Içami Tiba, que emprega a sua vida na orientação de crianças e, principalmente, de adolescentes. Sua obra “Disciplina, o limite na medida certa” oferece um roteiro de grande valor para enfrentar desafios e contradições com os quais nos deparamos na sociedade de consumo. Pela própria designência, o consumismo cria falsas necessidades nas pessoas, sem exceção. Em função do lucro, criam-se modas e condicionamentos vinculados à imagem. O objetivo é faturar, unicamente. Diante desse fato consumado, os pais que se virem para educar seus filhos que, desde muito cedo, crescem sob a influência direta dos veículos de propaganda.

É preciso insistir junto aos pais na possibilidade real de exercer autoridade e muito amor, firmeza e bondade, orientação de rumos aos mais novos, criando mentes sadias, com convicções profundas do que deva ser feito para o bem pessoal e coletivo, familiar e social. Os pais podem e devem evitar falsas necessidades que, desde cedo, manifestam-se em seus filhos. Se não for superada a mentira, a personalidade do filho corre o risco de deformação complexa. Nesse sentido, a Palavra de Deus diz claramente que o pai que poupa a correção ao seu filho não ama o seu filho de verdade.
Orientadores atualizados refazem determinadas opiniões pedagógicas que vêm se demonstrando insuficientes, falhas e prejudiciais. Não se deixa um filho “livre e solto”, aprendendo por si mesmo. A tendência será a criação de necessidades advindas da sociedade de consumo, tal são o seu fascínio e o domínio que ela exerce sob as mentes ainda não formadas, em fase de busca do sentido da vida. Daí os pais devem estabelecer claramente possibilidades e limites, dando exemplos fáceis da criança compreender e aceitar: amor, respeito, gratidão, consideração pelo valor dos outros, honestidade...
Pais, evitem contradizer-se entre o que são, o que fazem e o que tentam transmitir com autoridade discreta e digna. Nunca mintam nem “enfeitem” a verdade aos filhos, pois arranjos mal feitos não têm consistência e confundem a cabeça das crianças. O pulso firme e a serenidade caminham lado a lado, sobretudo nos acordos junto aos filhos. Evite “medir forças” com os filhos, pois em pouco tempo será preciso rever posicionamentos e reagir ante as contradições e os percalços da vida. Aliás, a vida muda, os sentimentos mudam, as pessoas mudam diante de circunstâncias. A verdade deve ser buscada. A verdade liberta-nos. Nesse sentido, os Mandamentos da Lei de Deus nos orientam!

A família em primeiro lugar


Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Na segunda semana de agosto comemoramos a semana nacional da família, este ano com o tema: a espiritualidade na família cristã, um casamento que deu certo. Centra o foco na espiritualidade, sem a qual é difícil hoje sustentar a identidade da família, e vivê-la como uma verdadeira vocação e missão. É necessário por certo resgatar a raiz cristã do lar, que não só nos descortina a origem da família, na aliança matrimonial mas nos dá os meios e recursos para alcançar a santidade e a perfeição evangélica no amor conjugal e familiar.
A família tem como bem dizia São João Paulo II, possui uma arquitetura divina, um DNA natural que responde a um plano e a um desígnio do Pai, não podemos descaracterizá-la ou até reformatá-la segundo os engenheiros sociais de ocasião sem desintegrá-la e finalmente destruí-la.
A família não é invento do Estado, nem corresponde a ele defini-la ou classificá-la, mas protegê-la e ampará-la respeitando sua autonomia e autodeterminação. É de dar muita tristeza o esquecimento e despreocupação das instituições públicas e dos dirigentes do que está relacionado com o bem da família.  Há um olvido completo da antropologia realista sobre a pessoa humana, que tem na família seu berço e genealogia.
O lugar onde se aprendem os relacionamentos básicos e essenciais para o ser humano, quais sejam: paternidade, maternidade, fraternidade, filiação e nupcialidade porque uma família gera outras. As vezes chegam a usá-la como slogam de campanha ou objeto de políticas públicas paternalistas, impedindo a prática da cidadania familiar no desenho de uma política focalizada no IDF (índice de desenvolvimento familiar), pois sem famílias fortes, protagonistas e sujeitas da sua história e da construção do bem comum, não haverá futuro nem paz para a sociedade em que vivemos.
Por isso neste ano, pense bem antes de votar, um voto cristão é um sim a vida e a família que Deus criou e deseja. Que o Senhor Rei das famílias, as abençoe, proteja e ilumine. Deus seja louvado!


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

DIREÇÃO ESPIRITUAL

A direção espiritual não pode ser conduzida pelo “respeito humano”, por isso é preciso discernir bem quem deve ser o diretor espiritual.
Quem deve ser o diretor espiritual?A direção espiritual toca na dimensão pessoal, por isso é importante que ela seja presencial. A distância sempre trará certa dificuldade à comunicação, impedindo vários fatores no contexto da direção. A não ser no caso de uma pessoa que já tenha começado esse caminho há um bom tempo e, por isso, pode continuá-lo via internet, devido ao tempo de conhecimento já adquirido entre o diretor e o dirigido. Mesmo assim, será necessário um momento presencial entre eles.
Esse trabalho de direção espiritual é a condução da alma para Jesus Cristo, porque ninguém segue esse caminho sozinho. Ninguém “se resolve” sozinho nem tem todas as respostas, não é autossuficiente. É preciso enxergar a vida, os conflitos e também os benefícios que precisam ser trilhados com a ajuda de alguém que nos leve ao crescimento e à vivência das virtudes. O diretor espiritual é aquele que ajuda a pessoa na descoberta da vontade de Deus para ela.
Não é necessário que seja somente um sacerdote para dirigi-la espiritualmente. Pode também ser um religioso, um monge, um consagrado e até mesmo um leigo. No entanto, é preciso que haja clareza e preparo nessa questão, além de outros requisitos.
São Francisco de Sales afirma que existem três qualidades fundamentais para o diretor espiritual: a caridade, a ciência e a prudência. A caridade consiste em dispensar tempo para atender a pessoa que precisa de direção. Ciência, porque requer conhecimento espiritual, estudo sobre a vida dos santos e sobre as realidades da alma, justamente para conseguir identificar as questões íntimas que a pessoa vive e discernir qual caminho ela deve seguir. A prudência também é necessária nesse caso, a fim de que a direção espiritual não se torne um “mero trato de dois amigos” que partilham algo.
Dirigir alguém espiritualmente não é simplesmente fazer uma partilha da alma, mas um momento no qual eu “abro” a minha alma para me deixar conduzir. Muitas vezes, essa condução não será de acordo com as nossa vontade. O diretor espiritual precisa ter o cuidado de não atrair a pessoa para si, ou seja, passar a ser referência na vida dela. Pelo contrário, ele precisa fazer a pessoa crescer em Jesus Cristo com elementos para que possa discernir a própria vida. O diretor espiritual não deve “decidir” a vida da pessoa, mas conceder esses elementos para que ela possa tomar suas próprias decisões.
O principal benefício dessa prática consiste em crescer na fé e na intimidade com Deus. Santo Agostinho afirma: “Eu quero conhecer-me para humilhar-me e quero conhecer-Te para amar-Te”. Então, na direção espiritual, há esses dois conhecimentos: quem somos nós e quem é Deus.
É importante que os atendimentos aconteçam, ao menos, uma vez por mês, dependendo da necessidade do dirigido. É evidente que se a pessoa estiver enfrentando conflitos mais sérios, ela talvez necessite de um tempo menor entre uma direção e outra.
Sempre será preciso que o diretor traga firmeza paterna para corrigir a pessoa nos seus defeitos e nas suas dificuldades. A direção espiritual não pode ser conduzida pelo “respeito humano”, quando o diretor não fala o que precisa ser realmente dito com receio de que o outro se sinta ofendido. Esse processo precisa acontecer com sinceridade e transparência.
Quem está sendo dirigido precisa ser obediente. Se não houver docilidade, as orientações não serão colocadas em prática. É preciso levar a sério os conselhos dados pelo diretor e comprometer-se com eles. Muitas vezes, ele toca nas feridas do coração, o que causa muita dor. Mas é melhor a dor que liberta do que a covardia da ferida escondida, que nunca é tocada, nunca é mexida, e que está ali doendo e influenciando a vida daquela pessoa. O diretor espiritual é um instrumento nas mãos do Espírito Santo. É importante também que ele seja sempre alguém discreto, que não exponha ninguém, saiba guardar sigilo e tratar o “sagrado” que as pessoas trazem dentro de si. Ele é um especialista na alma, nas coisas do espírito.
Peço a você, internauta, que traga, no seu coração, o desejo de rezar pelo sacerdote que o dirige e pelas pessoas que são referência para você. Reze por aquele que dirige a sua alma, que o aconselha nas situações, pois o dom da sabedoria se encontra sobre ele. Que Deus o favoreça nesse desejo de crescer espiritualmente e amadurecer na fé; desta forma, encontrar a fortaleza necessária para enfrentar certas coisas na vida. É importante buscar esse crescimento e mergulhar na espiritualidade profunda. Que o Senhor possa lhe providenciar um diretor espiritual, para que você realmente se comprometa com ele dentro desse processo de crescimento e amadurecimento.
Pela intercessão da Virgem Maria, abençoe-vos o Deus Todo-poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.
Padre Eliano -

Semana da Família 2014



Dom Alfredo Schaffler 
Bispo de Parnaíba (PI)
Em todo nosso Brasil estamos estes dias celebrando a SEMANA DA FAMÍLIA. O evento que até em certos municípios já colocaram no calendário de sua cidade para que em todas as escolas municipais seja ao longo desta semana abordado este assunto sobre a importância da família na vida da sociedade.

O Santo Padre Francisco mandou uma mensagem aos bispos que estão em cada país da América Latina animando a Pastoral Familiar. Nesta mensagem o Santo Padre Francisco faz a pergunta: O que é a família?
Para além de seus prementes problemas e de suas necessidades urgentes, a família é um CENTRO DE AMOR, onde reina a lei do respeito e da comunhão, capaz de resistir aos ataques da manipulação e da dominação dos centros de poderes mundanos.
Na casa familiar, a pessoa se integra natural e harmonicamente em um grupo humano, superando a falsa oposição entre indivíduo e sociedade. No seio da família, ninguém é descartado tanto o idoso como a criança são bem vindas. A cultura do encontro e do diálogo, a abertura à solidariedade e à transcendência tem nela o seu berço. Por isso a família constitui uma grande riqueza social.
O Papa está destacando duas contribuições primordiais: a estabilidade e a fecundidade. As relações baseadas no amor fiel, até a morte, como o matrimônio, a paternidade, a filiação ou a irmandade, aprendem-se e vivem-se no núcleo familiar. 
Quando estas relações formam o tecido básico de uma sociedade humana, dão–lhe coesão e consistência. Pois não é possível formar parte de um povo, sentir-se próximo, ter em conta os mais distantes e desfavorecidos, se no coração do homem estão quebradas estas relações básicas, que lhes oferecem segurança em sua abertura aos demais.
O amor familiar é fecundo, e não somente porque gera novas vidas, mas porque amplia o horizonte da existência, gera um mundo novo, faz nos acreditar, contra toda descrença e derrotismo que uma convivência baseada no respeito e na confiança é possível. Frente a uma visão materialista do mundo, a família não reduz o homem ao estéril utilitarismo, mas dá canal aos seus desejos mais profundos.
Por fim o Papa Francisco lembra que na experiência fundante do amor familiar, o homem cresce também em sua abertura a Deus como Pai. E aí continua dizendo: que a família não deva ser considerada só como objeto de evangelização, mas também agente evangelizadora.
Por fim o Papa lembra que o amor familiar precisa crescer e ser cultivado para que este crescimento possa acontecer: 
São três palavras que devem nortear a convivência família: Pedir licença, agradecer e dizer muito obrigado e por fim pedir perdão. Neste tripé o relacionamento familiar vai crescer. Não somente os filhos estão crescendo na família. Também o casal deve crescer na sua convivência. 
Cada dia que passa precisam se querer mais bem e se sentir mais feliz um ao lado do outro. Assim a vida familiar vai ser cada vez mais um dar e um receber.
A vida familiar está se construindo no dia a dia, nos pequenos gestos de atenção quando estamos pedindo licença, quando sabemos agradecer e quando sabemos pedir perdão.
O amor que temos por uma pessoa se mede na capacidade de perdoar.
Firme na fé e fiquem com Deus.

Ser pai: dom e responsabilidade



Dom Murilo S.R. Krieger

Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

Vão multiplicar-se hoje, em nossos lares, gestos de carinho e de amor. Por um dia, o pai será o rei de cada família. Receberá presentes e abraços, ouvirá o tradicional “Parabéns a você” e se emocionará ao saber que o filho distante está lhe telefonando. Todo presente será recebido com grande alegria: o desenho futurista do filho de cinco anos, a camisa que o mais velho comprou com economias do dinheiro da mesada e o prato de porcelana pintado pela filha.

Bem que, diante das homenagens, cada pai gostaria de expressar sua alegria e gratidão. Contudo, a maioria não tentará. Afinal, onde buscar palavras? Melhor mesmo é ficar quieto, sorrir e dizer um “Obrigado!”, mesmo que desajeitado.
No meio desse clima de festa, talvez não lhe sobre tempo para um momento de reflexão. Se tivesse condições de fazer uma rápida revisão de sua vida, possivelmente esbarraria logo na primeira pergunta: O que é mesmo “ser pai”? Ficaria um tanto perplexo ao constatar que a realidade que está enfrentando está longe dos ideais sonhados no tempo da juventude, do noivado ou dos primeiros anos de casado. Afinal, onde ficaram seus sonhos? Que vida é essa que impede a realização de nossos projetos e torna tão duro o dia a dia? Onde ficaram suas promessas de um diálogo constante e profundo com os filhos que teria?
Se parasse para refletir, constataria que quase nem os viu crescer. É difícil acreditar que eles tenham crescido tão rapidamente e já estejam com essa idade... Os problemas multiplicaram-se. O salário foi sempre inferior à soma das necessidades e dos desejos de todos. E as ideias e pontos de vista diferentes que, não poucas vezes, criam divisões dentro da própria família? E as discussões que se renovam diariamente em sua casa? Não é agradável perceber que não é o único a fazer a cabeça dos filhos. Há muito já constatou que enfrenta uma concorrência imensa, de forças desproporcionais. Aí está a televisão e a internet, os livros e as revistas, os professores e os amigos a disputarem com ele o domínio da cabeça dos filhos. Qual a influência que, como pai, tem realmente sobre eles? De que valerão suas preocupações e trabalhos? O que ficará no coração de seus filhos?
Se nesse dia conseguisse conversar e, particularmente, ouvir seus filhos, talvez percebesse que seu papel é muito mais importante do que imagina. Saberia que eles precisam muito dele. E que, justamente por causa desse mundo que os cerca e busca influenciá-los, mais do que nunca eles sentem uma necessidade imensa de seu carinho, de sua atenção e de seu sorriso de pai. Descobriria, especialmente, que seus filhos anseiam por gestos concretos de seu amor: um beijo, um abraço, um passar a mão na cabeça ou perguntas do tipo: Como está indo na escola? É verdade que você está namorando? Posso te ajudar?...
Mais tempo tivesse para refletir e concluiria que sua missão é uma participação direta no mistério do próprio Deus. Afinal, segundo a revelação de Jesus Cristo, Deus é Pai - Pai nosso. É nele que cada pai deve espelhar-se para aprender a ser um dom total, renovado e constante para seus filhos.
A reflexão poderia continuar. Interrompo-a para lembrar-lhe que há outros pais. Há aqueles que, neste e em todos os dias, estão preocupados é com a falta de alimento, de casa, de roupa e de remédios para seus filhos. Esses nem pensam mais em seus sonhos.
Colocado diante do Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, cada pai pode, neste dia, pedir com confiança: “Senhor, é possível que eu não seja o pai que deveria ser. Mas tu me conheces e sabes o quanto eu quero ser melhor. Do fundo do meu coração, eu te peço: Dá-me um pouco de teu jeito de tratar teus filhos e filhas. Não te peço para ser o pai que sonhei ser, mas que eu seja um pai como tu queres que eu seja. Olha cada um dos meus filhos. Sabes o quanto eles são importantes para mim. Ajuda-me a manifestar isso com gestos e palavras que eles entendam. E, acima de tudo, sejas tu a acompanhá-los com teu amor. Afinal, antes de serem meus, são teus filhos e filhas, Pai!”

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Santa Clara de Assis


Clara nasceu em Assis, no ano 1193, no seio de uma família da nobreza italiana, muito rica, onde possuía de tudo. Porém o que a menina mais queria era seguir os ensinamentos de Francisco de Assis. Aliás, foi Clara a primeira mulher da Igreja a entusiasmar-se com o ideal franciscano. Sua família, entretanto, era contrária à sua resolução de seguir a vida religiosa, mas nada a demoveu do seu propósito.

No dia 18 de março de 1212, aos dezenove anos de idade, fugiu de casa e, humilde, apresentou-se na igreja de Santa Maria dos Anjos, onde era aguardada por Francisco e seus frades. Ele, então, cortou-lhe o cabelo, pediu que vestisse um modesto hábito de lã e pronunciasse os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência.

Depois disso, Clara, a conselho de Francisco, ingressou no Mosteiro beneditino de São Paulo das Abadessas, para ir se familiarizando com a vida em comum. Pouco depois foi para a Ermida de Santo Ângelo de Panço, onde Inês, sua irmã de sangue, juntou-se a ela.

Pouco tempo depois, Francisco levou-as para o humilde Convento de São Damião, destinado à Ordem Segunda Franciscana, das monjas. Em agosto, quando ingressou Pacífica de Guelfúcio, Francisco deu às irmãs sua primeira forma de vida religiosa. Elas, primeiramente, foram chamadas de "Damianitas", depois, como Clara escolheu, de "Damas Pobres", e finalmente, como sempre serão chamadas, de "Clarissas".

Em 1216, sempre orientada por Francisco, Clara aceitou para a sua Ordem as regras beneditinas e o título de abadessa. Mas conseguiu o "privilégio da pobreza" do papa Inocêncio III, mantendo, assim, o carisma franciscano. O testemunho de fé de Clara foi tão grande que sua mãe, Ortolana, e mais uma de suas irmãs, Beatriz, abandonaram seus ricos palácios e foram viver ao seu lado, ingressando também na nova Ordem fundada por ela.

A partir de 1224, Clara adoeceu e, aos poucos, foi definhando. Em 1226, Francisco de Assis morreu e Clara teve visões projetadas na parede da sua pequena cela. Lá, via Francisco e os ritos das solenidades do seu funeral que estavam acontecendo na igreja. Anteriormente, tivera esse mesmo tipo de visão numa noite de Natal, quando viu, projetado, o presépio e pôde assistir ao santo ofício que se desenvolvia na igreja de Santa Maria dos Anjos. Por essas visões, que pareciam filmes projetados numa tela, santa Clara é considerada Padroeira da Televisão e de todos os seus profissionais.

Depois da morte de são Francisco, Clara viveu mais vinte e sete anos, dando continuidade à obra que aprendera e iniciara com ele. Outro feito de Clara ocorreu em 1240, quando, portando nas mãos o Santíssimo Sacramento, defendeu a cidade de Assis do ataque do exercito dos turcos muçulmanos.

No dia 11 de agosto de 1253, algumas horas antes de morrer, Clara recebeu das mãos de um enviado do papa Inocêncio IV a aguardada bula de aprovação canônica, deixando, assim, as sua "irmãs clarissas" asseguradas. Dois anos após sua morte, o papa Alexandre IV proclamou santa Clara de Assis.