sábado, 12 de outubro de 2013

A MISSÃO DA COMUNIDADE CRISTÃ




         Toda a comunidade cristã tem a mesma missão de Jesus Cristo, ou seja, anunciar a Boa Nova do Reino de Deus.
         Não é apenas uma tarefa, que é  executada  e depois  se  está   livre, assim como tarefa cumprida.            
         Não!
         A missão na  comunidade  é  permanente,  porque a  comunidade é viva. Por isso é necessário estar sempre acolhendo aqueles que chegam,  dar formação e estar em sintonia com a realidade social e cultural.
        Jesus convivia com seus discípulos, lhes  ensinava a Verdade do Pai, a vontade do Pai  através do convívio fraterno. Pois Jesus e seus discípulos  formavam uma família, uma comunidade,  faziam juntos a refeição e juntos caminhavam,  se alegravam com as mesmas coisas e sofriam pela mesma causa.. E dessa forma os discípulos foram entendendo a dinâmica do Reino de Deus, e com muita alegria  anunciavam a todos essa Boa Nova.    
          A participação na vida comunitária conduz a missão, que  faz parte da formação, o anuncio do Reino de Deus é o objetivo da missão, e a vida de comunidade acontece ao redor da pessoa de Jesus Cristo. Pois a meta da comunidade cristã é fazer acontecer o Reino de Deus aqui e agora.
         Toda a  comunidade  cristã    precisa   saber  viver  a   fraternidade, a igualdade, a solidariedade; deve celebrar, orar, servir, saber  perdoar e reconciliar-se; e sobretudo ser o lugar onde todos são amigos e têm a alegria de estar juntos.
        Enfim a comunidade cristã deve ter o jeito de Cristo, para ser o retrato de fiel Jesus Cristo na missão.         
          Para isso é preciso como Jesus envolver os seus membros na missão (Mc 6,7); é preciso ensinar a observar a realidade (Mc 8, 27-29); ajudar no discernimento (Mc 9, 28-29); corrigir quando erram (Mc 10, 14); e estar motivado para a ação pelo Espírito Santo.
         Se todos os membros da comunidade tiverem consciência que a missão permanente é fundamental para a vida comunitária, teremos comunidades mais vivas e atuantes.

                                     Maria Ronety Canibal



NOSSA SENHORA APARECIDA

Padroeira do Brasil

História da Imagem

No início de Outubro de 1717, chegou a notícia de que o novo Governador da Província de São Paulo e Minas passaria, em sua viagem, pela vila de Guaratinguetá.

As autoridades recrutaram os pescadores da vila a fim de recolherem no Rio Paraíba uma grande quantidade de peixes que permitisse fazer um banquete para receber o Governador. Vários barcos de pesca se incumbiram da tarefa, no dia 16 de Outubro.

Após 12 horas no rio, que normalmente tinha peixes em abundância, quase todos desistiram, ficando apenas 2 canoas. Elas pertenciam a Domingos Alves Garcia e seu filho João Alves, e a Felipe Pedroso, cunhado de Domingos e tio de João.

Considerando que estava anoitecendo, tentaram mais uma vez jogar as redes. João Alves recolheu a rede vazia, exceto por uma pequena imagem sem cabeça, de uma santa, com cerca de 40 cm.

Confusos, eles a embrulharam em suas camisas e tentaram novamente jogar a rede. A surpresa maior veio então: a pequenina cabeça da escultura, muito menor do que as malhas da rede, foi trazida ao barco, sem que eles entendessem como não havia escapado da rede e caído nas águas.

Novamente colocaram a imagem com cuidado envolta em suas roupas e lançaram a rede ao rio. Para surpresa de todos, a rede ficou tão pesada, cheia de peixes, que, em apenas dois lançamentos, eles encheram os barcos, e voltaram à vila.

Antes de se dirigir à Câmara, entregaram os pedaços da estátua a Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe de João, que reuniu as 2 partes com cera, e a colocou num pequeno altar de família, agradecendo à Nossa Senhora o milagre dos peixes que rendeu o suficiente para sua família se estabelecer.

A estátua é feita de terracota, argila que foi modelada e queimada em forno, e mede 39 cm de altura. Pesa cerca de 4 quilos. Pode ter sido originalmente pintada, mas depois de ficar anos no leito do rio o material escureceu, adquirindo uma cor castanho dourada.

Conseguiu-se analisar a argila de que foi feita, e constatou-se que se origina da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, mas a autoria da escultura é obscura. Sabe-se que na época vivia em Santana do Parnaíba um monge beneditino escultor, Frei Agostinho de Jesus, cujo estilo é bem definido: lábios sorridentes, covinha no queixo, flores em relevo nos cabelos e broche com perolas no cabelo, e todos estes detalhes existem na imagem aparecida do rio.

Especialistas em arte barroca reconhecem nela o estilo seiscentista.
As duas partes da imagem foram definitivamente reunidas no ano de 1946, quando um especialista as uniu com um pino de ouro interno e completou o acabamento externo.

A estátua passou por uma destruição considerável em 1978, quando, num atentado, foi quebrada em 200 fragmentos. Foi totalmente reconstituída pelas mãos da especialista em restauração do Museu de Arte de São Paulo, Maria Helena Chartuni.

A cor de canela da escultura tem sido interpretada como um vínculo simbólico com a mistura racial da população brasileira, e de fato um dos primeiros milagres operados por intercessão de Nossa Senhora Aparecida foi a libertação de escravos acorrentados.

Ainda hoje é possível ver as correntes que se soltaram sozinhas dos escravos, no teto da Sala dos Milagres da Basílica. 
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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O CAMINHO DA MISSÃO


 Há alguns textos bíblicos que nos ajudam na reflexão sobre a missão. Se tomarmos como exemplo Maria que entregou a sua vida para que se realizasse o Sonho de Deus, consequentemente o Projeto de Jesus, para que hoje tenhamos a porta do paraíso aberta para todos nós que seguimos os ensinamentos de Jesus.
 A fé do povo se move por três grandes amores:  -a Eucaristia
                - a Maria
                - a Igreja

-Maria como exemplo na origem da missão:
a          preparação para vinde de Jesus:
1                     -anunciação= ela se faz discípula
2                     - visitação = ela esta a serviço dos irmãos
3                     - nascimento = da sentido a vida – santuário de vida
  A origem mariana da missão que nasce como discípula, se coloca a serviço e em        defesa da vida.

b       -Vida oculta de Jesus:
1                      - fuga para o Egito = ela se recolhe no silêncio
2                      -apresentação no templo = desprendimento, escuta com atenção.
3                      -peregrinação a Jerusalém = peregrina, sai da acomodação.
Aqui está o caminho da missão, a ser feito em silêncio, com desprendimento e ser peregrino. Maria coloca sempre Jesus a sua frente, em qualquer situação.

c       -Vida publica de Jesus:
1                       -em Canã = a alegria
2                      -na cruz = a paixão
3                      -no cenáculo = unidade
Aqui estão os frutos da missão. Não podemos ser pessoas sem alegria e esperança, os frutos da missão devem ser: esperança, solidariedade, unidade, ao sabor da alegria. Um Reino dividido não se mantém de pé. Maria era uma mulher comunitária, sempre a disposição para servir, e bem servir.
 Hoje a Igreja continua fiel às Palavras de Jesus porque houve quem se dedicasse a espalhar a Boa Noticia. O próprio Jesus é quem convida os seus seguidores a sair e proclamar. “Ide ao mundo inteiro e proclamai o Evangelho.” Mc 16, 15.
 A riqueza recebida não pode ficar guardada, mas deve ser compartilhada com todo o mundo. Aqueles que aceitam este novo projeto de vida, experimentam uma transformação que os converte em novos missionários. Ninguém que recebeu o dom da fé pode ficar passivo, pelo contrario, há de manifestar em sua vida a ação de Deus.
Assim, cada vez, mais pessoas, homens e mulheres transformados pelo espírito, estarão dispostos a sair de sua rotina para viver, anunciar e construir o projeto de Deus que é vida plena para todos.
A transformação do mundo através do Evangelho depende de cada um de nós, de se colocar a disposição da missão.
 A exemplo de São Paulo, tenhamos a coragem de sair em missão.

                              Maria Ronety Canibal


DIMENSÕES DA MISSÃO




Sabendo que a missão é para a pessoa humana, e que  abrange todos os aspectos do ser humano, temos então:
1- dimensão antropológica
2- dimensão teológica
3- dimensão escatológica
4- dimensão eclesiológica
5- dimensão existencial

1 – A dimensão humana da missão – (antropológica) - Toda a pessoa tem o direito de conhecer a pessoa de Jesus Cristo e o seu projeto, para ter a possibilidade de ter uma vida plena em Cristo. São Pedro em seu discurso afirma que para ser fiel a Jesus é preciso que a missão aconteça, e reconhecer que se faz com a presença do Espírito Santo, pois ele sopra onde quer. A missão não deve ter limites, pois o projeto de Deus inclui todos os povos e culturas. A missão é sempre atual, nunca se esgota, pois são muitas as pessoas de boa vontade que buscam de coração sincero e reta consciência, a fazer o bem e nele viver.

2- A dimensão divina da missão – (teológica) – Toda a missão parte de fé em Cristo, Pedro em seu discurso renova a sua profissão de fé, buscando a fundamentação na ressurreição de Cristo, da qual afirma ser testemunha. Portanto, não há outro nome, a não ser o de Cristo para encontrarmos a salvação. Foi essa a forma que Deus nos deu de salvação, ele se fez homem para nos apontar o caminho. É o Deus único e verdadeiro, aqui está o fundamento de toda a fé, é em Jesus que buscamos a perfeição, a santidade para alcançarmos a vida eterna.

3- A dimensão escatológica da missão – Para que encontremos a salvação precisamos o perdão de nossos pecados. A tarefa da missão é conduzir a humanidade para Jerusalém. Embora tentamos ser bons, humanitários e solidários e tentar fazer boas obras, na verdade nós somos apenas seguidores de Jesus. Seguidores na fé, na esperança e na caridade. É através dele que nos identificamos, que esta o nosso agir e o nosso ser. É para ser de Deus que fomos criados, dele viemos e para ele voltaremos, e isso que da sentido a vida. Sem essa perspectiva, a missão perde o sentido.

4- A dimensão eclesiológica - Para podermos de fato realizar a missão precisamos participar da comunidade de fé, pois Pedro nos lembra que sozinho nada se faz. Ter comunhão com os irmãos, e estar aberto a todos aqueles que querem também participar desta alegria. Não podemos excluir ninguém, pois a lógica de Jesus é de inclusão. É o Espírito Santo que nos aponta o caminho da comunhão, que nos mostra a identidade comum de todos os que foram tocados por Deus. Disse Jesus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai não o chamar.” Ai esta a Igreja, está a comunidade de fé que estabelece o vinculo da unidade. A Santíssima Trindade é a melhor comunidade e na sua direção somos todos convocados. Ninguém é missionário em nome próprio, ninguém evangeliza por si mesmo, ninguém é discípulo fora da comunhão com Deus e os irmãos.

5- A dimensão existencial da missão – A humanidade caminha impulsionada pelo desejo de comunhão fraterna, embora os sinais contradizem essa afirmação. Há guerras, conflitos, toda a forma de violência, fome e discriminação. A historia da humanidade mostra que o aprendizado é lento e requer muita paciência. Somos muito duros para entender a harmonia, a paz. Almejamos do fundo do coração, que o mundo se torne uma pequena aldeia com uma grande família. Há citações bíblicas que nos animam,  como quando na  Transfiguração  Pedro diz: “ é bom estarmos aqui.e” ou no relato das primeiras comunidades que diz: “ eram todos um só coração e uma só alma.”

              Para nos tornarmos missionários precisamos conhecer alguns passos que nos ajudam a caminhar. Assim temos a missão como discipulado que nos apontam alguns critérios:

Critérios apostólicos
1-     da estabilidade à mobilidade
2-    do ativismo à mística
3-    do triunfalismo à cruz
4-    do eclesiocentrismo ao serviço do reino
5-    do clerical ao ministerial

Critérios existenciais
1-     do individual ao comunitário
2-    do isolamento à coordenação
3-    da exclusividade à complementaridade
                                                                                        Maria Ronety Canibal


   

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

OS CRITÉRIOS PARA A MISSÃO


 


              
Sabendo que há diferentes graus de fé, de participação e de compromisso pessoal com a Igreja, e que devemos ter para cada um, uma resposta adequada, ou seja, em situações diferentes, respostas diferenciadas. Sabendo que a fé é uma graça de Deus, e que cada um tem a chave para abrir seu coração para receber dons de Deus.  Enfim sabendo que a fé é pessoal, atingir os corações é a nossa meta.
São Marcos relata em seu Evangelho a prática ou atividades de Jesus, pois é através de seu agir que Jesus vai revelando  a vontade do Pai. Portanto na leitura do Evangelho é importante perceber quais são as atitudes de Jesus, nas diferentes situações.  Ter sempre Jesus como exemplo.
Aqui temos sete critérios a partir das atitudes de Jesus relatadas por São Marcos,  1, 16 -45.

Mc 1, 17. “Jesus disse para eles: Sigam-me eu farei vocês se tornarem pescadores de homens.”
1ª Atitude de Jesus – reúne pessoas para o seguirem.
Então, reunir pessoas em torno de Jesus, agrupar para a experiência pessoal com Jesus. Viver em comunhão com Deus é testemunhar a Igreja.
Saber que viver em comunhão é ter ternura pelo ser humano, é ter compaixão pelo outro. É saber partilhar, ser solidário com os mais necessitados. É fazer o outro sentir-se importante para Deus. Ser para o outro o rosto da Igreja, saber acolher com carinho cada irmão, fazer com que cada um sinta a alegria de ser cristão e  a caminho  da salvação.
Enfim testemunhar que somos capazes de viver juntos como irmãos, do jeito que Jesus ensinou. Viver em comunidade.

Mc 1, 21-22.
2ª Atitude de Jesus - fala com autoridade.
Faz nascer a consciência critica, discernimento. Ajudar as pessoas a terem critérios de escolhas, o bem, o limite.
 O caminho da salvação passa por atitudes e posicionamentos bem concretos em relação ao que se passa a nossa volta. Não podemos querer fugir dos apelos que chegam até nós. É ilusão pensar que a Igreja esta a parte do mundo, onde não entram influencias externas tanto negativas como positivas.
 Hoje existem temas que estão em discussão a nível mundial, questões como “ os embriões para pesquisa” a “ homossexualidade”  e o, “ aborto”, entre outros, e é preciso tomar uma posição a luz dos ensinamentos da Igreja.

 Mc 1, 23-29.
3ª Atitudes de Jesus – manda até os espíritos maus.
Identificar o mal que estraga a vida, sempre houve na humanidade  males que afligiram as pessoas. A nossa missão também passa por aqui. Isso vai exigir preparo e discernimento, temos que ter bem claro o que é essencial e o que é secundário. Temos que cuidar bem dos argumentos, para poder convencer e converter.

Mc 1, 29-31.
4ª Atitude de Jesus – cura, segurou a sua mão e mandou levantar-se.
Recuperar a dignidade humana. A evangelização abrange integralmente a pessoa, corpo e espírito. Somos todos imagem e semelhança de Deus, portando não podemos permitir que o nosso irmão passe  necessidade.  Alimentar o corpo e alma. Recuperar o irmão para o serviço à comunidade. Não basta ler estatísticas sobre a pobreza, é preciso dar prioridade a projetos que ajudem a mudar a situação.

Mc 1, 35
5ª Atitude de Jesus - foi rezar em um lugar deserto.
Manter-se unido ao Pai por uma vida de oração, precisamos nos disciplinar, cultivar o silencio e interiorização que nos faz crescer. Já vimos que é preciso estar sempre em sintonia com Deus. Pois só assim teremos condições de cumprir a missão.

 Mc 1, 36-39.
6ª Atitude de Jesus – todos estão te procurando... pregando....
Não desaminar, sempre recomeçar com paciência, não contentar-se com os resultados. Muitas vezes parece que não há bons resultados, mas saber que estamos a semear e que a colheita não é nossa.  Ir até as pessoas, até as periferias onde estão os excluídos também da fé. Dar atenção a cada um que chega tratar com carinho, saber ser acolhedor. O que atrapalha a evangelização é olharmos o outro do alto, com superioridade. Se quisermos que outro se sinta nosso irmão, é como irmão que temos que trata-lo, em pé de igualdade. Criar laços, pois de longe não se percebe como o outro é. Os pés nos ajudam a chegar mais perto, o pé ajuda a converte a cabeça e o coração. Jesus não fazia discurso de pedestais, ele andava no meio do povo simples.

Mc 1, 40-45.
7ª Atitude de Jesus – não conte nada a ninguém.
Reconduzir o excluído a convivência, a Igreja deve ser sinal vivo de que é possível organizar de outra forma as relações humanas, com prioridade absoluta a caridade fraterna A missão deve fortalecer o trabalho da Igreja neste sentido.  A exemplo de Jesus, dar prioridade aos necessitados. Jesus não andou com os mais santos, andou com os doentes, os pecadores, os que eram excluídos do sistema, e os acolheu como gente que também tem o direito de ser feliz.
                      
Não há como ser missionário sem defender os pequenos, pois a missão nasce da contemplação de Jesus que tem um projeto de vida para toda a humanidade, O Reino. E se abastece da indignação diante da não vida, miséria e exclusão. A fé de Jesus exige que se coloque a vida humana como prioridade porque entende que é isso que o Pai quer.

                                                                               Maria Ronety Canibal

Servo do Evangelho

Já o vimos muitas vezes, sobretudo nas primeiras viagens do pontificado, desde a primeira doloroso e forte em Lampedura, e de Assis veio mais uma confirmação: o Papa Francisco atrai  porque se expõe em primeira pessoa e as suas palavras deixam transparecer uma vida radicada na contemplação do Senhor. Aos muitos milhares de jovens sentados diante dele, como os primeiros frades em volta de Francisco, concluiu: «Anunciai sempre o Evangelho e se for necessário, também com as palavras! Mas como? Pode-se pregar o Evangelho sem as palavras? Sim!  Com o testemunho! Primeiro o testemunho, depois as palavras!». E pouco antes tinha recordado no encontro com as diversas componentes da diocese que a Igreja não cresce por proselitismo mas por atracção.
A 4 de Outubro, festa de são Francisco,  o bispo de Roma, primaz da  Itália, quis ir com os cardarias conselheiros por ele escolhidos, aos lugares daquele que imitou Cristo até receber no seu corpo os sinais da sua paixão e que da Itália foi proclamado padroeiro. Certamente por um desejo do coração – nenhum Papa tinha escolhido o nome do santo de Assis, nem sequer os Pontífices franciscanos – mas sobretudo para anunciar o Evangelho. Com a presença e com as palavras, tão simples quão eficazes, que permanecem impressas em quem as ouve: nos sacerdotes exortados a pregar brevemente e com paixão, nos pais que devem ser para os filhos as primeiras testemunhas de Cristo, em quem lê as Escrituras mas sem ouvir Jesus.
Nas primeiras palavras públicas depois da eleição em conclave o Papa Francisco frisou a relação fundamental entre bispo e povo. Em Assis quis voltar a falar do caminho  «com o nosso  povo, umas vezes à frente, outras vezes no meio e outras atrás: diante, para guiar a comunidade; no meio, para a encorajar e apoiar; atrás, para a manter unidade a fim de que ninguém permaneça muito, demasiado atrás». Confirmando a confiança no sensus fidei  do povo cristão, mas ainda antes pondo-se em questão com palavras que não têm nenhum tom formal: «Aqui penso ainda em vós sacerdotes, e deixai que também eu esteja convosco».
Apresentando-se com simplicidade - «algum de vós pode pensar: mas este bispo, que bom! Fizemos a pergunta e tem as respostas todas prontas, escritas! Eu recebi as perguntas há alguns dias. É por isso que as conheço» explicou aos jovens – o Papa Francisco não dispensa certamente novidades mas sabe anunciar a única verdadeira, o Evangelho de Cristo. «Não vos dou receitas novas. Não as tenho, e não acrediteis em quem diz que as tem: não existem» disse na catedral, quase querendo dissipar dúvidas que se apresentam aqui e ali, reafirmando que se só pode testemunhar Jesus a quem está distante «se se levar a Palavra de Deus no coração e se caminhar com a Igreja, como são Francisco».
Em Assis – disse aos jovens resumindo o sentido da visita - «parece-me que ouço a voz de são Francisco que nos repete: Evangelho, Evangelho! Também a mim o diz, aliás, primeiro a mim: Papa Francisco, sê servo do Evangelho! Se eu não consigo ser um servo do Evangelho, a minha vida nada vale!». E acrescentou logo a seguir que o Evangelho diz respeito ao homem todo.
  g.m.v.
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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Quem escolhe a melhor parte


Rezar significa abrir a porta ao Senhor a fim de que possa fazer algo para reorganizar as nossas situações. O sacerdote que cumpre o seu dever, mas não abre a porta ao Senhor, corre o risco de se tornar só um «profissional». O Papa Francisco, durante a missa celebrada na manhã de terça-feira 8 de Outubro, na capela de Santa Marta, reflectiu sobre o valor da oração: não  de «papagaio» mas  «feita com o coração» que  nos faz  «olhar para o Senhor, escutar o Senhor, pedir ao Senhor».
A reflexão desenvolveu-se a partir das leituras da liturgia, tiradas do livro de Jonas (3, 1-10) e do Evangelho de Lucas (10, 38-42). Em particular, referindo-se ao trecho evangélico o Pontífice propôs como modelo a seguir a atitude de Maria, uma das duas mulheres que hospedaram Jesus na sua casa. De facto, Maria parou para escutar e olhar para o Senhor, enquanto Marta, a irmã, continuou a ocupar-se dos afazeres de casa.
«A palavra do Senhor – explicou o Papa – é clara: Maria escolheu a melhor parte, a da oração, da contemplação de Jesus. Na opinião da outra irmã era perda de tempo». Maria parou a contemplar o Senhor como uma menina admirada, «em vez de trabalhar como fazia a outra».
A atitude de Maria é justa porque, frisou o Pontífice, ela «escutava o Senhor e orava com o seu coração». Eis o que «nos quer dizer o Senhor. A primeira tarefa na vida é a oração. Não a oração das palavras como papagaios, mas a oração do coração», através da qual é possível «contemplar o Senhor, escutar o Senhor, pedir ao Senhor. E nós sabemos que a oração faz milagres».
O mesmo ensina o episódio narrado no livro de Jonas: um «teimoso», definiu-o o Santo Padre, porque «não queria fazer o que o Senhor lhe pedia». Só depois que o Senhor o salvou do ventre de uma baleia, recordou o Pontífice, Jonas decidiu-se: «Senhor farei o que tu dizes. E foi  para Nínive», anunciando a sua profecia: a cidade seria  destruída por Deus se os cidadãos não melhorassem o seu modo de viver. Jonas «era um profeta “profissional”  –  realçou o bispo de Roma – e dizia: mais quarenta dias e Nínive será destruída. Dizia-o seriamente, com vigor. E os habitantes da cidade assustaram-se  e começaram a rezar com as palavras, com o coração e com o corpo. A oração fez o milagre».
Também nesta narração, afirmou o Papa Francisco, «se vê o que Jesus diz a Marta: Maria escolheu a melhor parte. A oração faz milagres, diante dos problemas» que existem no mundo. Mas há também os que o Papa definiu «pessimistas». Estas pessoas «dizem: nada pode ser mudado, a vida é assim. Fazem-me pensar numa triste canção da minha terra que diz: deixemos estar. No inferno encontrar-nos-emos todos».
Certamente, frisou, é uma visão «um pouco pessismista da vida» que nos leva a perguntar: «Por que rezar? Mas deixemos estar, a vida é assim! Vamos em frente. Fazemos o que podemos».  Esta é a atitude de Marta, explicou o Pontífice, a qual «trabalhava, mas não rezava». Depois, há o comportamento dos outros, como aquele «teimoso Jonas». Estes são «os justiceiros». Jonas «ia e profetizava; mas no seu coração dizia: merecemos isto, merecemos. Ele profetizava, mas não rezava, não pedia perdão ao Senhor por eles, só  os criticava». Eles, realçou o santo Padre, «pensam  que são justos». Mas no final, como aconteceu a Jonas revelam-se egoístas.
Jonas, por exemplo, explicou o Papa, quando Deus salvou o povo de Nínive, «irou-se contra o Senhor: mas tu és sempre  assim, perdoas sempre!». E «também nós – comentou o Pontífice – quando não rezamos, fechamos a porta ao Senhor» de forma que «ele nada pode fazer. Ao contrário, a oração diante de um problema, de uma situação difícil, de uma calamidade, é abrir a porta ao Senhor, para que venha»: com efeito, ele sabe «reorganizar as situações».
Concluindo o Papa Francisco exortou a pensar  em Maria, a irmã de Marta, que «escolheu a melhor parte e nos mostra o caminho, como se abre a porta ao Senhor», ao rei de Nínive «que não era um santo», a todo o povo: «Fazia coisas más. Quando rezaram, jejuaram e abriram a porta ao Senhor, o Senhor realizou o milagre do perdão. Pensemos em Jonas que não rezava, fugia de Deus sempre. Profetizava, era talvez um bom «profissional», podemos  dizer hoje, um bom sacerdote que cumpria os seus deveres, mas nunca abria a porta ao Senhor com a oração. Peçamos ao Senhor que nos ajude a escolher sempre a melhor parte».
 
9 de Outubro de 2013
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A orquestra de Deus

O Papa Francisco propõe uma reflexão sobre catolicidade, universalidade e unidade na diversidade da Igreja

A orquestra de Deus


A Igreja é como uma grande orquestra, «a orquestra de Deus», na qual  todos se expressam, cada um com as próprias características e as suas peculiaridades dando vida a uma sinfonia harmoniosa cujo maestro é o Espírito Santo. É a imagem da Igreja proposta pelo Papa Francisco esta manhã, quarta-feira 9 de Outubro, durante a audiência geral. Com efeito, prosseguindo a série das catequeses dedicadas ao Credo o Santo Padre aprofundou a «característica» que se refere  à «Igreja una, santa, católica...», explicando os seus significados começando pela catolicidade, termo que deriva «do grego “kath'olòn” que significa “segundo o todo”, a totalidade». Por conseguinte, a Igreja é católica porque «é o espaço, a casa na qual nos é anunciada “a fé na sua totalidade”, na qual a salvação que Cristo nos trouxe é oferecida a todos».
Quanto à universalidade da Igreja o Papa Francisco esclareceu que a palavra serve para fazer compreender que a Igreja é uma casa aberta à «totalidade das pessoas». Não só: significa ainda que ela está presente em toda a sua universalidade também no mais pequeno dos seus componentes, como pode ser uma comunidade paroquial.
Por fim a unidade. Unidade, esclareceu o Pontífice, que deve ser entendida na diversidade de cada uma das pessoas que dela fazem parte. Aliás, insistiu o Papa, a sua riqueza consiste  precisamente na diversidade. E «este é  positivo na Igreja: cada qual dá o seu, o que Deus lhe concedeu, para enriquecer os outros». Por este motivo «se há mexericos – admoestou – não há harmonia, mas luta. E esta não é a Igreja. A Igreja é a harmonia de todos: nunca intrigas um contra o outro; nunca litígios».
Aceitemos portanto o outro, «aceitemos que haja uma variedade justa», recomendou o bispo de Roma porque a uniformidade mata a vida. A vida da Igreja é variedade, «e quando queremos impor esta uniformidade a todos, matamos os dons do Espírito Santo». Por conseguinte, é necessário manter viva esta diversidade que enriquece a Igreja.
 Ao saudar grupos os presentes o Santo Padre renovou o seu apelo à oração pela paz em todo o Médio Oriente e pelas vítimas da imane tragédia  que se verificou ao largo de Lampedusa nos dias passados.
10 de Outubro de 2013
[palavras-chave: Papa Francisco | Audiência Geral]
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SEGUIR JESUS: EIS A MISSÃO



         A mais completa revelação de amor de Deus nos veio na pessoa, na vida e na palavra de Jesus. Acreditamos fortemente em Jesus, mas não basta ter fé em Jesus, amá-lo e cantar-lhe louvores, se não colocarmos em prática os ensinamentos de Jesus. Estaremos em um caminho seguro se cultivarmos uma fé semelhante a de Jesus, ou seja, cultivar não só a fé em Jesus, mas também a fé de Jesus.
           Eu  tenho uma missão, intransferível que me foi dada por ocasião do batismo e se eu não cumprir a missão do batismo, não sou cristão.                   
 Por isso, é preciso que sejamos fiéis à missão e a doutrina deixada por Cristo. Hoje mais que nunca Cristo precisa de nós, para levarmos suas palavras de amor e esperança a tantos que vivem distante da fé.
                    Vivemos em uma sociedade imediatista, capitalista, discriminadora, individualista, plural e relativista, onde os valores morais, éticos e religiosos são considerados ultrapassados.
           Hoje somos uma sociedade urbana, vivemos uma vida atribulada, na luta para sobreviver a selva de pedra.  Pessoas sendo influenciadas pelo ter, pelo dinheiro, pelo poder e prestigio. Os meios de comunicação com a ditadura do corpo, onde só se valoriza a aparência.  As famílias desestruturadas, os jovens sem perspectivas de futuro, e se entregando aos vícios, uma sociedade onde a vida não tem valor, enfim fomos atropelados pelo progresso que fez ruir as estruturas básicas do amor e das relações humanas na sociedade. Em meio a tudo isso está a nossa vida religiosa, e como está?
                     Como Jesus é  preciso anunciar a “salvação”. São Paulo nos alerta em 2Tm 4, 1-5. Proclame a Palavra incansavelmente. A missão acontece com o anuncio da pessoa, palavras e gestos de Jesus Cristo.  A apresentação da verdade é fundamental  para  dar  as   razões   de  nossa fé, pois nunca podemos esquecer a realidade que nos cerca, e de como o testemunho é importante, então como São Paulo diz : ser sóbrio em tudo, suportar o sofrimento e assumir o ministério com paciência.
               A Fé comporta um projeto de vida, um seguimento a Jesus, num caminho que se realiza dia a dia, a cada momento da existência, e requer uma atitude permanente de escuta, discernimento, busca e fidelidade.
              Portanto ao anunciar a Boa Nova é preciso ser coerente, estar centrado em Deus, pois o primeiro passo da missão é para dentro da Trindade, estar centrado em si mesmo, buscar a interiorização que aproxima de Deus.
                 A nossa relação com Deus não faz referência apenas a nossa experiência espiritual.  Mas se dá no trabalho, nas relações humanas, enfim  na sociedade e em todos os momentos, de maneira que é necessário ser cristão em qualquer situação.
                  A  espiritualidade não é algo a parte, mas é um modo de ser, um estilo de vida, animado pelo Espírito Santo. É toda a nossa vida sendo orientada pelo Espírito de Deus. É importante a nossa experiência de Deus ir se ampliando, progredindo para um modo de ser, num projeto de vida.
                Escutar o que Deus tem a nos dizer, saber fazer silêncio e entrar em comunicação com o Pai. Ouvir e meditar a palavra de Jesus, que nos mostra o que fazer e como fazer. Estar com Deus para poder anunciar o seu reino a todos.
                  Jesus apresentou uma nova proposta de vida, baseada no amor, na solidariedade e na caridade, buscando a justiça. Uma mudança de vida que faz mudar as estruturas da sociedade, criando uma sociedade fraterna. 
                  Ser comprometido com o projeto de Jesus é o caminho da salvação, e não são todos os que percebem que é o compromisso que leva ao fortalecimento da fé, o fortalecimento da nossa relação com Deus.
                        Maria Ronety Canibal


terça-feira, 8 de outubro de 2013

QUEM É MEU PRÓXIMO?



 Quem é meu próximo é a pergunta feita a Jesus por um doutor da Lei. (Lc 10,29)  E Jesus conta a parábola do Bom Samaritano. (Lc 10, 25-37) Na parábola, duas pessoas vêm o necessitado, mas não param. Por isso Cristo reprende os fariseus dizendo: «Tendo olhos, não enxergais, e tendo ouvidos, não ouvis?» (Mc 8,18) Pelo contrário, o samaritano vê e para, tem compaixão e assim salva a vida do necessitado e si mesmo.

Jesus ensina que o amor é vital nas relações humanas. Mostra que os critérios de Deus são muito diferentes dos nossos.  A posição na sociedade não se sobrepõe ao ato de compaixão e solidariedade. No gesto de amor não há barreiras de raça, religião e classe social. O mais importante é amar concretamente. Que o próximo é todo aquele que se encontra no caminho e necessita da ajuda.
Jesus dá um novo mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.(Lc 10,27)

A comunidade cristã é o lugar onde se vive o amor fraterno e se dá gratuidade às ações que levam a dignidade humana.  Sempre se busca a integração na comunidade de fé por amor a Deus, mas logo se percebe que amar a Deus está em amar o próximo. Esse é o projeto de Jesus, o projeto de todo o bom cristão, ter um coração que vê, sente e para. Ver, parar e ajudar!

Hoje também se quer fazer a mesma pergunta, mas com qual intenção? Para passar ao largo do dever, ou para ser o bom samaritano.

Tantos cristãos estão inseridos no contexto religioso, mas ainda são pequenos na fé, e buscam justificativas para não se envolverem em Pastorais Sociais, para não estender a mão aos carentes. São muitas as desculpas... O mundo está violento... É arriscado se aproximar de alguém... São drogados... São assaltantes... Se cada cristão ajudasse uma pessoa necessitada, o quanto tudo  seria diferente. Talvez a sociedade não fosse tão violenta, pois muitos teriam experimentado a força do amor divino.

Não é possível alguém dizer que ama a Deus e não olhar para o próximo, não ser capaz de ajudar o outro a levantar-se, a buscar uma vida digna. Nem todos são carentes de “coisas”, mas necessitam de esperança, de confiança, de oportunidade. Quantos precisam apenas de uma conversa, de serem chamados pelo nome, de serem considerados gente.

Papa Francisco disse que precisamos olhar e sorrir para o pobre, sobretudo abraça-lo. Jesus disse: “Vá e faça o mesmo” (Lc 10, 37)
                              
                            Maria Ronety Canibal




Outubro mês do Rosário



Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, convida-nos a rezar o terço e criar comunidade a partir da oração nesse dia de Nossa Senhora do Rosário
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 07 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Outubro, o mês das Missões, é o mês em que somos convidados a refletir sobre a atualidade do Santo Rosário em nossa vida cristã. Por isso mesmo, neste mês devemos reforçar a nossa devoção mariana empreendendo a Oração do Rosário em família, em grupos de orações, nos setores pastorais, nas comunidades e nas paróquias. Essa devoção contemplativa faz-nos meditar sobre os mistérios de nossa redenção. É uma oportunidade de chegar às pessoas em todos os lugares e começar ali um grupo católico, embrião de uma futura pequena comunidade. Neste tempo em que tanto falamos de Paróquia como comunidade de comunidades, uma das formas de iniciarmos uma comunidade é através da oração. É claro que os grupos de reflexão, círculos bíblicos e outros tipos de reuniões e celebrações também formam as futuras comunidades, que farão parte da paróquia presente em todo o seu território. São oportunidades que nos ajudam a viver o trabalho pastoral. Mas a Oração do Rosário também precede as celebrações eucarísticas, acompanha-nos nas viagens, nos tempos de reflexão, andando pelos caminhos, nos momentos de alegria ou aflição, fazendo-nos próximos do Senhor que nos conduz e ilumina nossas vidas.
Na Carta Apostólica sobre o “Rosário da Virgem Maria”, o Papa João Paulo II nos ensina que: "O Rosário, de fato, ainda que caracterizado pela sua fisionomia mariana, no seu âmago é oração cristológica. Na sobriedade dos seus elementos, concentra a profundidade de toda a mensagem evangélica, da qual é quase um compêndio. Nele ecoa a oração de Maria, o seu perene Magnificat pela obra da Encarnação redentora iniciada no seu ventre virginal. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria, para deixar-se introduzir na contemplação da beleza do rosto de Cristo e na experiência da profundidade do seu amor. Mediante o Rosário, o crente alcança a graça em abundância, como se a recebesse das mesmas mãos da Mãe do Redentor" (cf. RVM, n. 1). Com isso vemos que essa oração devocional sustentou durante muito tempo a vida cristã católica de nosso povo num passado não muito distante.
João Paulo II nos incentivava a reza do Rosário cotidianamente pelo "fato de este constituir um meio validíssimo para favorecer entre os crentes aquele compromisso de contemplação do mistério cristão que ele propôs na Carta apostólica Novo millennio ineuntecomo verdadeira e própria pedagogia da santidade: 'Há necessidade dum cristianismo que se destaque principalmente pela ‘arte da oração'. Enquanto que na cultura contemporânea, mesmo entre tantas contradições, emerge uma nova exigência de espiritualidade, é extremamente urgente que as nossas comunidades cristãs se tornem 'autênticas escolas de oração'. O Rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã. Desenvolvido no Ocidente, é oração tipicamente meditativa e corresponde, de certo modo, à 'oração do coração' ou 'oração de Jesus' germinada no húmus do Oriente cristão" (cf. RVM, n. 5).
O Papa disse que o Rosário é o compêndio dos Santos Evangelhos: o Rosário é um dos percursos tradicionais da oração cristã aplicada à contemplação do rosto de Cristo. Paulo VI assim o descreveu: 'Oração evangélica, centrada sobre o mistério da Encarnação redentora, o Rosário é, por isso mesmo, uma prece de orientação profundamente cristológica. Na verdade, o seu elemento mais característico – a repetição litânica do 'Alegra-te, Maria' – torna-se também ele louvor incessante a Cristo, objetivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Baptista: 'Bendito o fruto do teu ventre' (Lc 1, 42). “Diremos mais ainda: a repetição daAve Maria constitui a urdidura sobre a qual se desenrola a contemplação dos mistérios; aquele Jesus que cadaAve Maria relembra é o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe, uma e outra vez, como Filho de Deus e da Virgem Santíssima" (cf. RVM, n. 18).
O Rosário é composto de quatro mistérios: gozosos, dolorosos, gloriosos e da luz. Os mistérios da luz foram acrescidos pelo Papa João Paulo II. Ensina o futuro santo que: "Passando da infância e da vida de Nazaré à vida pública de Jesus, a contemplação leva-nos aos mistérios que se podem chamar, por especial título, 'mistérios da luz'. Na verdade, todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a 'luz do mundo' (Jo8, 12). Mas esta dimensão emerge particularmente nos anos da vida pública, quando Ele anuncia o evangelho do Reino. Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos – mistérios luminosos – desta fase da vida de Cristo: 1o no seu Batismo no Jordão, 2o na sua auto-revelação nas bodas de Caná, 3o no seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, 4o na sua Transfiguração e, enfim, 5o na instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal".
O Santo Rosário "coloca-se ao serviço deste ideal, oferecendo o “segredo” para se abrir mais facilmente a um conhecimento profundo e empenhado de Cristo. Digamos que é o caminho de Maria. É o caminho do exemplo da Virgem de Nazaré, mulher de fé, de silêncio e de escuta. É, ao mesmo tempo, o caminho de uma devoção mariana animada pela certeza da relação indivisível que liga Cristo à sua Mãe Santíssima: os mistérios de Cristo são também, de certo modo, os mistérios da Mãe, mesmo quando não está diretamente envolvida, pelo fato de Ela viver d'Ele e para Ele. Na Ave Maria, apropriando-nos das palavras do Arcanjo Gabriel e de Santa Isabel, sentimo-nos levados a procurar sempre em Maria, nos seus braços e no seu coração, o 'fruto bendito do seu ventre' (cf. Lc 1, 42) “(cf. RVM 24).
Vivemos no dia a dia da correria, de uma sociedade desorientada, infelizmente, em tempos tortuosos e agitados. O mundo parece estar cansado. A Virgem Maria continua cantando em nossos corações: "Derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes" (Lc 1,52-53). Entre um mistério e outro repetimos: "Jesus, socorrei principalmente os que mais precisarem". Por isso, na cidade, ou no campo – religiosos, leigos, bispos, padres, até o Papa – todos têm uma simpatia especial pelo “Terço”, rezado por toda a Igreja, que encontra nele uma maneira prática de estar com Deus. Aqui, os grupos do “terço dos homens” se multiplicam. Agora também com o “terço das mulheres”, além dos vários grupos de espiritualidades marianas. O evento arquidiocesano “Senhora do Rosário” quis reunir em nossa catedral, para uma Oração do Terço, todos os grupos que se empenham comunitariamente em rezá-lo.
Portanto, movido pelo entusiasmo da JMJ Rio 2013, convido particularmente os jovens, que já sabem rezar o Rosário, que ensinem esta devoção aos outros jovens ou aos seus companheiros e amigos que ainda não experimentaram a riqueza desta oração mariana.  Na repetição das orações do Pai Nosso, das Aves Marias e do Glória ao Pai vai criando em nossa mente o filme da vida de Cristo. Assim, rezando o terço, iremos crescer sempre na maior intimidade com a vida do Cristo Redentor.
Que Nossa Senhora do Rosário nos ajude a redescobrir a beleza e a atualidade do Santo Rosário. E peço a todos: rezem nas intenções da igreja, do santo padre, e também por mim e pela nossa Arquidiocese!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

A tentação de fugir de Deus






Na missa de Santa Marta, o Papa Francisco convida a seguir o exemplo do Bom Samaritano do Evangelho e "deixar que Deus escreva a própria vida"
Por Junno Arocho

ROMA, 07 de Outubro de 2013 (Zenit.org) - Às vezes, "pode acontecer que mesmo um cristão, um católico fuja de Deus, enquanto que um pecador, considerado distante de Deus, escute a voz do Senhor”. É a reflexão que o Papa Francisco fez durante a homilia da Missa matutina na Casa Santa Marta. O Papa, que no dia 13 de Outubro consagrará o mundo ao Coração Imaculado de Maria, vestia uma casula branca em honra à Beata Virgem do Rosário que se celebra hoje.
A homilia do Pontífice foi inspirada na primeira leitura da liturgia de hoje, que recorda a história de Jonas, que "foge" depois de ter recebido o chamado de Deus para pregar contra Nínive. Jonas reza, louva e serve a Deus, faz o bem, destacou o Santo Padre, ainda quando o Senhor o chama, “pega um navio para a Espanha. Fugia do Senhor”, porque “não queria ser incomodado”.
Este ato de "fugir de Deus", é uma tentação que todos nós, cristãos ou não, enfrentamos todos os dias, disse o Papa. “É possível fugir de Deus, ainda sendo cristão, sendo católico, sendo da Ação Católica, sendo sacerdote, bispo, Papa... Todos podemos fugir de Deus! É uma tentação diária”, frisou.
Com tal de “não escutar a Deus, não escutar a sua voz, não sentir no coração a sua proposta, o seu convite” estamos dispostos a distanciar-nos Dele, e as modalidades são infinitas. “Pode-se fugir diretamente” ou encontram-se outros modos “um pouco mais educados, um pouco mais sofisticados”.
Um exemplo é o Evangelho de hoje, em que Cristo, contando a parábola do Bom Samaritano, fala de um sacerdote que vê um homem espancado e ferido na rua e passa adiante. “Foge” portanto de Deus, observou Bergoglio: “Aí está esse homem meio morto, jogado no chão da estrada, e por acaso um sacerdote descia por aquela mesma estrada – um digno sacerdote, de batina, bom, muito bom! – Viu e olhou: ‘Chego tarde à Missa’, e foi embora. Não tinha ouvido a voz de Deus, ali”.
Do mesmo modo um levita, passando - continuou o Papa – vê o homem e pensa: “Se eu o pegar ou se me aproximar, talvez amanhã estarei morto, e amanhã terei que ir ao juiz para dar testemunho...”. Portanto, segue adiante e também ele “foge desta voz de Deus”.
Finalmente – disse Francisco – passa um Samaritano, “alguém que normalmente fugia de Deus, um pecador”, e talvez por isso o único que “tem a capacidade de compreender a voz de Deus”. O samaritano, de fato, “não estava acostumado às práticas religiosas, à vida moral, até teologicamente estava errado” – explicou – porque os samaritanos “acreditavam que Deus deveria ser adorado em outro lugar e não onde queria o Senhor”. " No entanto, ele "percebeu que Deus o chamava, e não fugiu", mas "aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas colocando óleo e vinho, depois o colocou sobre a própria montaria”. Como se não fosse suficiente “levou-o a uma estalagem e tomou conta dele”. “Perdeu toda a tarde”, afirmou Bergoglio.
Mas como explica tudo isso? "Por que Jonas fugiu de Deus? Por que o sacerdote fugiu de Deus? Por que o levita fugiu de Deus?" perguntou-se o Santo Padre. “Porque tinha o coração fechado – respondeu – e quando a pessoa tem o coração fechado, não pode escutar a voz de Deus”. Pelo contrário, o samaritano “tinha o coração aberto, era humano, e a humanidade o aproximou”.
O problema, além do mais – acrescentou o Pontífice – é que Jonas, assim como o sacerdote e o levita, “tinha um projeto para a sua vida: ele queria escrever a própria história”, tinha “um projeto de trabalho”. Pelo contrário, o samaritano pecador “deixou que Deus escrevesse a sua vida: mudou tudo, aquela tarde, porque o Senhor aproximou dele a pessoa desse pobre homem, ferido, gravemente enfermo, jogado no caminho”.
A pergunta que o Papa Francisco dirigiu a todos os presentes, incluindo ele próprio, foi: “Deixamos Deus escrever a nossa vida, ou queremos escrevê-la nós?". E ainda: "Somos dóceis à Palavra de Deus? Você tem a capacidade de escutá-la, de senti-la? Você tem a capacidade de encontrar a Palavra de Deus na história de cada dia, ou as suas ideias são as que lhe guiam, e você não deixa que a surpresa do Senhor lhe fale?” .
Concluindo a homilia, o Santo Padre disse: "Tenho certeza de que todos nós vemos que o samaritano, o pecador, não fugiu de Deus". A sua esperança é portanto que o Senhor “nos conceda sentir a Sua voz, que nos diz: Vai e também você faça a mesma coisa".