sábado, 17 de agosto de 2013

"Volta à moda a ternura e a bondade"


 

Meditação sobre o Papa Francisco e a Santíssima Virgem Maria
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 16 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Uma pessoa do porte do Bispo de Roma, sucessor de Pedro, bate à porta do coração de milhões de pessoas, beija crianças, toma chimarrão no meio da multidão, tem em sua história diálogos com homens e mulheres de convicções diferentes, manda uma mensagem aos Muçulmanos, pelo final do Ramadã, abrindo portas para uma convivência respeitosa e construtiva, conversa sem rodeios com jornalistas que lhe fazem perguntas aparentemente incômodas, sem ceder em seu compromisso com a verdade e em sua fidelidade à Igreja. É o mesmo Papa que chama por telefone um fiel que perdeu um irmão num assalto, na Itália, ou visita de surpresa os operários do Vaticano em seus postos de trabalho! Com santo orgulho, podemos dizer que o Espírito Santo tomou a palavra, para os cristãos oferecerem ao nosso tempo o que existe de melhor! Trata-se de um sinal de valores dos quais a humanidade vinha sentindo saudades. Volta à moda a ternura e a bondade, caminhos inigualáveis para a mudança profunda. Não é difícil entender que Deus escolhe o que parece insignificante, gestos simples do quotidiano, para tocar no mais íntimo das pessoas.
Ao lado de muitos gestos que revelam as opções pastorais nas quais deseja envolver a Igreja inteira e têm edificado o mundo, o Papa Francisco tem testemunhado sua profundidade espiritual, como bom jesuíta. Chama também atenção sua profunda devoção mariana, expressa em manifestações de religiosidade que tocam no coração de nosso povo. Apenas eleito Papa, seu primeiro ato público foi a visita à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para entregar seu pontificado a Nossa Senhora, onde voltou, após a Jornada Mundial da Juventude. O Brasil inteiro se viu ali representado, quando depositou sobre o Altar nada menos do que uma bola de futebol e uma camisa da Jornada! No Brasil, quis visitar o Santuário Nacional de Aparecida, confiando à proteção de Nossa Senhora os dias que se seguiram na história viagem ao nosso país. No último dia da Jornada, quando lhe entreguei uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, era como uma criança que ganhava um presente, perguntando-me singelamente: "É para mim?". E beijou a Imagem. As alturas do pontificado são pontes que se constroem com a simplicidade de gestos e palavras que não precisam de explicações!
Mais do que as múltiplas formas com que a arte tem retratado a Virgem Maria, ou os tantos títulos com que a devoção popular a venera, sua missão há de ser reconhecida pelo lugar que lhe foi reservado na história da Salvação. O papel de Maria na Igreja é inseparável de sua união com Cristo, que se manifesta desde a hora da Concepção virginal de Cristo até sua Morte, Ressurreição e Ascensão ao Céu. Maria percorreu sua peregrinação de fé, manteve fielmente sua união com o Filho até a cruz, onde esteve de pé, sofreu intensamente junto com ele e associou-se ao seu sacrifício. E foi dada pelo próprio Jesus, aos pés da Cruz, como mãe ao discípulo com estas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26-27). Após a Ascensão de seu Filho, Maria acompanhou com suas orações a Igreja nascente, pedindo e acolhendo o dom do Espírito, que, na Anunciação, a tinha coberto com sua sombra (Cf. Catecismo da Igreja Católica 964-965).
Maria é Mãe da Comunidade que constitui o Corpo místico de Cristo e acompanha os seus primeiros passos. Ao aceitar essa missão, anima a vida da Igreja com a sua presença, grande sinal oferecido a todas as gerações de cristãos. Essa solidariedade vem de sua pertença à comunidade dos remidos. Com efeito, ela teve necessidade de ser remida, pois está associada a todos os homens necessitados de salvação (Lumen Gentium 53). O privilégio da Imaculada Conceição preservou-a da mancha do pecado, em previsão dos méritos de Cristo. Como membro da Igreja, Maria põe ao serviço dos irmãos a sua santidade pessoal, fruto da graça de Deus e da sua fiel colaboração. A Imaculada Conceição é para todos os cristãos apoio na luta contra o pecado e perene encorajamento a viverem como remidos por Cristo, santificados pelo Espírito e filhos do Pai (Cf. João II, Audiência geral do dia 30 de julho).
Verdadeira joia do ensinamento da Igreja a respeito da Virgem Maria, um Sermão do Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella, no Século XII, aproxima de forma admirável a Igreja, Nossa Senhora e cada fiel: "Nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. E o que se atribui especialmente a Maria, virgem e mãe, pode-se com razão aplicar de modo geral à Igreja, virgem e mãe... Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o Verbo do Pai, que aponta ao mesmo tempo para a Igreja em sentido universal, Maria num sentido especial e cada alma fiel em particular... No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos". Não é possível separar Igreja, Maria e os homens e mulheres de fé!
Entende-se assim porque cada discípulo verdadeiro de Cristo levará consigo Maria entre aquilo que lhe pertence de mais precioso, para caminhar seguro, certo de que a mãe bendita entre todas as mulheres já chegou à realização de todas as esperanças. Profeticamente, a própria Virgem Maria anunciou que todas as gerações a chamariam bem-aventurada (Lc 1,48). E ela é  honrada com um culto especial pela Igreja. Este culto de veneração é essencialmente diferente do culto de adoração que se presta ao Verbo encarnado, ao Pai e ao Espírito Santo. Ele se expressa nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus, na oração Mariana, no Santo Rosário, resumo de todo o Evangelho (Cf. Catecismo da Igreja Católica 971), e em tantas outras e importantes formas que o Espírito Santo suscita por toda parte.
A partir da segunda quinzena de agosto, o olhar de fé dos paraenses se volta para o Círio de Nazaré, nossa grande Festa Mariana. Sem a presença de Maria, falta-nos a água que nos sacia! (Cf. Nm 20,1) Com ela, já sairemos jubilosos pelas ruas, percorrendo as casas e peregrinando pelos corações, sabedores de que o melhor da festa é esperar por ela e prepará-la. As pessoas que coordenarão as peregrinações levem a Palavra de Deus a todos. Nenhum ambiente se feche para as visitas da Imagem Peregrina. Celebrem-se Círios nas mais variadas instituições da Sociedade. Ganhem espaço os cartazes do Círio, saiam a público berlindas, cordas, flores e procissões. Nossos sentimentos e gestos de devoção foram reforçados e estimulados pelo Papa Francisco, ninguém menos do que o Papa!
Ao celebrar com a Igreja, neste final de semana, a Assunção de Nossa Senhora, renove-se em nós a esperança, na certeza de que a última palavra da história da humanidade pertence e pertencerá a Deus. Nenhum problema ou crise, ou mesmo os pecados pessoais ou sociais de quem quer que seja, poderão vencer aquele que é primeiro e o último, princípio e fim, Nosso Senhor Jesus Cristo.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO


Dia da Assunção de Nossa Senhora

No dia 15 de agosto a Igreja celebra a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. É a terceira e última solenidade de Maria durante o ano na Igreja universal.
Dia 8 de dezembro ela celebra a Imaculada Conceição e, dia 1º de janeiro, Nossa Senhora, Mãe de Deus. Pelo fato de o dia 15 de agosto não ser feriado, a Igreja celebra esta festa no domingo depois do dia 15. Sua Liturgia é muito rica.
Assunção de Nossa Senhora, ou Nossa Senhora assunta ao céu, ou ainda Nossa Senhora da Glória, está entre as festas de Nossa Senhora muito caras ao nosso povo. Faz parte da piedade popular do Catolicismo tradicional.
Esta é também a vitória de Maria, celebrada nesta festa da Assunção. Ela não obteve nenhuma medalha de ouro, nos jogos olímpicos; simplesmente está coroada de Doze estrelas, na fronte, por ter assumido e vencido, no seu papel de Mãe de Jesus e Mãe da Igreja.
Na sua Assunção, Maria diz-nos agora: Olhai: a minha vida era dom de mim mesma. E agora esta vida perdida, de entrega e serviço, alcança a verdadeira vida: a vida eterna, a vida plena, a vida repleta de sol, circundada pela luz de Deus.
A vida não se conquista, tomando-a para si, mas oferecendo-a e multiplicando-a, pelos outros.
É necessário dizer não à cultura amplamente dominante da morte, que se manifesta, por exemplo, na droga, na fuga do real para o ilusório, para uma felicidade falsa, que se expressa na mentira, no engano, na injustiça, no desprezo do próximo e dos que mais sofrem; que se exprime numa sexualidade que se torna puro divertimento, sem responsabilidade.
A esta promessa de aparente felicidade, a esta pompa de uma vida aparente, que na realidade é apenas instrumento de morte, a esta anticultura dizemos não, para cultivar a cultura da vida.
A Assunção da Virgem Maria representa a fé da Igreja na obra da redenção. Entre as formas de redenção a Igreja reconhece uma forma radical de redenção: Unida ao Filho na vida e na morte, a Igreja sabe que Maria foi associada à glória do Filho Ressuscitado.
A Assunção é a Páscoa de Maria. Criatura da nossa raça e condição, Mãe da Igreja, a Igreja olha para Maria como figura do seu futuro e da sua pátria.
Só Deus pode dar uma recompensa justa aos serviços prestados aqui na terra; só ele pode tirar toda dor, enxugar todas as lágrimas, encher nossa vida de alegria.
A festa da Assunção de Maria nos faz crer que a vocação da humanidade é chegar à plena realização e à vitória definitiva sobre todas as mortes.
Celebrando a Assunção da Virgem Maria aos Céus, o Senhor renova em nós a aliança e nos dá um novo sentido para a nossa vida.
A Assunção de Maria valoriza muito o nosso corpo, templo do Espírito Santo, como manifestação de todo o nosso ser, aos olhos dos outros.
VIA INTERNET

Dezoito bispos do Brasil mostram-se contrários à lei do aborto aprovada pela Presidente Dilma Roussef



Bispos do Regional Leste I assinam carta dirigida aos deputados e senadores
BRASíLIA, 14 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Nesta terça-feira (13), o Regional Leste I da CNBB fez pública uma carta dirigida aos Deputados e Senadores do Brasil na qual "querem demonstrar sua profunda consternação com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno"
Assinado também pelo presidente da Regional Leste I, Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, um total de dezoito bispos assinaram a carta, na qual afirma que "os Bispos do Regional Leste 1 da CNBB ficaram muito surpresos e perplexos quando o PLC nº3/2013 foi sancionado sem veto pela Presidenta Dilma Rousseff no último 1º de agosto.
O PLC nº3/2013 foi sancionado pela Presidente Dilma Roussef logo após a saída do Papa Francisco do solo brasileiro ao término da JMJ RIo 2013 e trata do atendimento de mulheres vítimas de violência sexual no SUS.
Tal lei, porém, causou enorme mobilização nas diversas esferas da sociedade brasileira porque na prática aprova a prática do Aborto no Brasil. Diversos termos ambíguos compõem-na, chegando até mesmo a obrigar os hospitais do SUS ou particulares a realizar o aborto, sem o direito à objeção de consciência institucional, como a mesma carta afirma: "facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo".
Publicamos a carta na íntegra:
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Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2013.
Exmo. Sr.
Os bispos do Regional Leste I, sem deixarem de prestar sua solidariedade às mulheres vítimas de qualquer violência, sobretudo sexual, querem demonstrar sua profunda consternação com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno. A defesa da vida desde a sua concepção até sua morte natural é um princípio inviolável dentro de uma sociedade que aspira ser humana e justa com todas as pessoas.
O povo brasileiro tem sido espectador nos dois últimos meses – Junho e Julho – de uma forte e numerosa presença dos jovens nas ruas e praças das principais cidades do país.
Esses rapazes e moças, de modo pacífico e cidadão, têm sido a voz de tantas pessoas que não têm vez numa sociedade cada dia mais manipulada e enganada por grupos ideológicos.
A saúde, a educação, o transporte, a segurança, os valores éticos, têm sido mencionados em programas de governos e em discursos de políticos brasileiros, porém o que a juventude brasileira mais aspira não são palavras, mas atitudes éticas e soluções permanentes para essas questões.
O Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude realizada entre os dias 23 e 28 de julho foi a voz unida às vozes de milhões de jovens brasileiros e estrangeiros que alegraram ainda mais a Cidade Maravilhosa.
A sua voz ecoou nas mentes e nos corações de tantas pessoas que o aplaudiram nesses dias no Rio de Janeiro, e sem omitir outras falas importantes queremos destacar suas palavras no Teatro Municipal no dia 27 de julho passado.
O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir”.
Senhor Senador, a sua presença no Congresso Nacional é para todos nós, sobretudo para o nosso povo, um eco dessas vozes. Conhecemos sua identificação como político católico, reconhecemos que a sua atuação tem sempre presente uma visão de futuro para que o Brasil seja realmente uma nação rica nos valores ético e cristãos.
Os Bispos do Regional Leste 1 da CNBB ficaram muito surpresos e perplexos quando o PLC nº3/2013 foi sancionado sem veto pela Presidenta Dilma Rousseff no último 1º de agosto.
O povo católico gostaria de ter ouvido mais nitidamente a sua voz denunciando, publicamente, nos meios de comunicação a farsa presente nesse projeto que facilita o aborto no Brasil e acaba obrigando os médicos e hospitais católicos associados ao SUS a realizarem esse crime horrendo.
Nós Bispos esperávamos uma demonstração mais firme e corajosa de Vª. Excia. na defesa da vida da criança e da mãe, especialmente quando esta depois de sofrer uma violência sexual inadmissível pela sociedade, vai sofrer outra violência, que é o aborto, mesmo quando este se dá como uma possibilidade com a ingestão da pílula do dia seguinte.
Aos nossos políticos católicos reiteramos o nosso respeito e valorização de seu trabalho, mas conscientes do valor da vida humana, deveriam ter demonstrado uma consciência reflexa mais aguçada, pois tal projeto, longe de proteger a mulher da violência sexual, é também uma janela de implantação do aborto em nosso país. Com isso, não queremos desmerecer a obrigatoriedade de atendimento integral às pessoas em situação de violência sexual. Os políticos católicos que  receberam votos  dos eleitores, na  sua  maioria
católicos, deveriam testemunhar com o seu voto e a sua voz sua posição contrária à "cultura do descarte", apontada pelo Papa Francisco como uma causa do desprezo da vida humana, e irem, corajosamente, contra a maré, pois suas eleições nos fazem esperar uma defesa maior dos princípios cristãos na vida política.
Dom Orani João Tempesta, O.Cist. - Presidente do Regional Leste 1, Arcebispo do Rio de Janeiro
Dom Luciano Bergamin, CRL - Vice-Presidente do Regional Leste 1, Bispo de Nova Iguaçu
Dom José Francisco Rezende Dias - Secretário do regional Leste 1, Arcebispo de Niterói
Dom Francesco Biasin - Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda
Dom Antonio Augusto Dias Duarte - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Tarcísio Nascentes dos Santos - Bispo de Duque de Caxias
Dom Edson de Castro Homem - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap - Bispo de Itaguaí
Dom Pedro Cunha Cruz - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei José Ubiratan Lopes, OFMCap - Bispo de Itaguaí
Dom Pedro Cunha Cruz -  Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Frei Elias James Manning, OFMConv - Bispo de Valença
Dom Nelson Francelino Ferreira - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz - Bispo de Campos dos Goytacazes
Dom Paulo Cezar Costa - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Edney Gouvêa Mattoso - Bispo de Nova Friburgo
Dom Luiz Henrique da Silva Brito - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Gregório Paixão, OSB - Bispo de Petrópolis
Dom Roque Costa Souza - Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Dom Fernando Áreas Rifan - Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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A família, primeira e principal transmissora da fé



Pe. Wladimir Porreca, assessor Nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família reflete sobre a missão da família de educar na fé
Por Pe. Wladimir Porreca

BRASíLIA, 14 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Já no início do cristianismo, a família cristã aparece como transmissora da fé. Eram os pais, de quem o Bispo, Pastor da comunidade, acolhia o pedido do Batismo para os filhos. Esta função dos pais era tão importante que, em seguida, a família se tornou o lugar por excelência, onde a Igreja transmitia a fé. Continua assim sendo em muitos países de missão; enquanto em outras nações de grande tradição cristã Europa, Estados Unidos, Canadá etc., a família perdeu com frequência este papel, com a conseguinte deterioração na fé e prática religiosa.
Para a felicidade da própria pessoa humana Deus deseja que todos os seres humanos conheçam e assumam o seu plano de salvação, revelado e realizado em Cristo (cf. 1 Tim 1, 15-16). Tendo Ele falado de muitas formas aos nossos pais (cf. Heb 1, 1; todo o AT),  nos falou de modo pleno e definitivo em e por Jesus Cristo (cf Heb 1, 2-4) Verbo Encarnado, especialmente pelo mistério pascal de sua morte, ressurreição, ascensão e glorificação.
Em Jesus Cristo, portanto, a revelação do mistério de Deus foi perfeita e definitiva. Porque só Ele é o Caminho que orienta e conduz o dia a dia de nossa vida, a Verdade que nos liberta dos erros e contradições nas decisões e opções e a Vida plena e abundante que satisfaz o ser humano em todas os seus desejos e necessidades (Jo 14,6).
Este feliz anúncio foi entregue à Igreja (Mt 28, 19, que é assistida sempre pelo Espírito Santo para levar, de modo verdadeiro e perfeito, a salvação de Deus a todos  as pessoas de todos os tempos e culturas. Os Apóstolos assim o entenderam e realizaram(At  1-5). A Igreja não deixou, nem nunca deixará,  de anunciar e proporcionar meios e recursos para que este mistério se realize, sobretudo pelo ministério do Papa e dos Bispos, como principais responsáveis. Desta responsabilidade participam também todos os fiéis cristãos, em especial os membros da família, em virtude da missão profética que receberam de Cristo no Batismo.
A família cristã, Igreja doméstica, participa desta missão. Enquanto a família é fonte de vida, ela é também a primeira e principal responsável pela transmissão do mistério do Deus Salvador aos filhos. Assim, os pais são para seus filhos os autênticos anunciadores de sua fé.
É preciso e urgente que a família assuma e renove a cada dia sua missão de ser, por excelência, a primeira educadora da fé. O principal apostolado missionário dos pais realizarem-se em sua própria família, pois seria uma desordem e um contra testemunho pretender evangelizar a outros, descuidando a evangelização dos nossos. Os pais transmitem a fé aos seus filhos com o testemunho de sua vida cristã e com sua palavra.
Na transmissão da fé a seus filhos, a família nem é autossuficiente nem autônoma. Ela precisa estar em íntima relação com a paróquia e a escola-sobretudo se é católica-, que frequentam seus filhos. A vivência de uma Igreja pujante e evangelizadora passa pela restauração da família como instituição básica para transmitir a fé.
O núcleo central desta educação na fé é  a experiência  vibrante de Jesus Cristo e seu Evangelho. Em íntima conexão com este núcleo se encontram as outras verdades contidas no Credo dos Apóstolos, nos sacramentos e nos mandamentos do decálogo. As virtudes humanas e cristãs fazem parte da educação integral da fé. (Hoje em dia não se pode quase nunca pressupor esta bagagem fundamental, dada a grande ignorância religiosa e a frágil prática religiosa).
Pe. Wladimir Porreca
Diocese de São João da Boa Vista – SP

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Viver atentos

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O tempo presente, este momento atual que estamos vivendo, é o único de que dispomos. A vida é nosso maior tesouro. Por isso, precisamos aproveitá-la, para desfrutá-la, saboreá-la a fim de que nada nos escape, o que nela nos aconteça e o que nós fazemos acontecer.

É exatamente o que nos diz Jesus no Evangelho. Não podemos levar a vida adormecidos e distraídos. É preciso estar atentos porque, a qualquer momento, chegará o Senhor e assim nos pode escapar a melhor oportunidade de nossa vida.

Jesus dá o exemplo dos criados que aguardam a chegada de seu senhor. Nós poderíamos dar o exemplo do jovem que precisa estar atento porque, a qualquer instante, o amor de sua vida pode passar ao seu lado e ele não poderá perdê-lo.

O que não podemos e não deveríamos perder de forma alguma? A que se refere Jesus quando nos pede que fiquemos atentos? A resposta encontra-se na fraternidade.

Conta-se que um jovem – filho de uma família rica – morava em um país pobre. Durante anos, não teve a mínima consciência da pobreza em que viviam muitas pessoas ao seu redor. Frequentava sempre ambientes luxuosos e, quando saia de casa, sempre usava o carro de seu pai ou dos pais de seus amigos e todos tinham os vidros escurecidos. Diziam que era para que o sol não entrasse, mas o vidro escurecido tornava mais difícil ver o que estava do lado de fora do veículo. Os seus irmãos que sofriam convertiam-se em simples sombras sem muita consistência. Até que, um dia, o jovem desceu do carro e viu a realidade. Percebeu que as sombras eram pessoas como ele. Então a sua vida tranquila viu-se envolta por uma tormenta. Já não pode mais continuar vivendo da mesma forma. A isso Jesus quer que estejamos atentos: aos irmãos e irmãs.

O tipo de atenção que Jesus nos pede não é a que tem o homem de negócios para ganhar dinheiro. Ele deseja que nós vivamos de uma forma que valha a pena, isto é, construir a família de Deus. Só assim encontraremos a verdadeira felicidade. Essa é a fé sobre a qual nos fala a segunda leitura. Acreditar em Jesus significa acreditar que Ele está no meio de nós construindo seu Reino. Conforme formos capazes de ver um irmão no rosto daqueles que nos rodeiam, nosso coração será capaz de amar. E amar é viver. Esse é o tipo de vida que Jesus quer para nós. Esse é o tipo de vida para o qual vale a pena estar atento. O resto, todo o restante é perda de tempo e de vida.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Colunista do Portal Ecclesia.
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG). Cursou filosofia e teologia no Seminário Maior São José em Mariana (MG). Governou a arquidiocese de Juiz de Fora entre 2001 e 2009.

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Papa Francisco explica sobre o verdadeiro tesouro do homem


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Milhares de fiéis lotaram novamente neste domingo, 11, a praça São Pedro, no Vaticano, para ouvir e ver o Papa Francisco. A reflexão do Pontífice, como já é tradição, partiu de um texto preparado, mas o Papa também improvisou e entusiasmou os presentes.

O Papa lembrou que "no Evangelho deste domingo, Lucas nos fala do desejo do encontro definitivo com Cristo, um desejo que nos faz estar sempre prontos, com o espírito desperto, porque aguardamos este encontro de todo coração, inteiramente. Este é um aspecto fundamental da vida cristã". Envolvendo os fiéis em sua catequese, Francisco convidou a responderem a duas perguntas.

A primeira: "Vocês têm realmente um coração desejoso de encontrar Jesus? Ou seu coração está fechado, adormecido, anestesiado? Pensem e respondam em silêncio, em seus corações", pediu.

Em seguida, comentou a afirmação de Lucas "onde está o seu tesouro, está o seu coração", e fez a segunda pergunta. "Onde está o seu tesouro? Qual é para vocês a realidade mais importante, mais preciosa, a realidade que atrai seu coração como um imã? Pode-se dizer que é o amor de Deus? Alguns poderiam me responder: Pai, mas eu trabalho, tenho família, para mim a realidade mais importante é conseguir manter minha família, meu trabalho... Certo, é verdade, mas qual é a força que mantém unida uma família? É justamente o amor de Deus que dá sentido aos pequenos compromissos cotidianos e que ajuda a enfrentar as grandes dificuldades. Este é o verdadeiro tesouro do homem".

Segundo Papa Francisco, "o amor de Deus não é algo indefinido, um sentimento genérico, não é ar; o amor de Deus tem um nome e um rosto: Jesus Cristo, porque não podemos amar o ar. Amamos pessoas, e aquela pessoa é Jesus". "É um amor - explicou - que dá valor e beleza a todo o resto: à família, ao trabalho, ao estudo, à amizade, à arte, a qualquer atividade humana".

"Este amor dá sentido também - concluiu - às experiências negativas, porque nos permite ir adiante, não ficar prisioneiros do mal, e sim ir além; nos abre sempre à esperança, ao horizonte final de nossa peregrinação. Assim, até os cansaços, quedas e pecados ganham um sentido, porque o amor de Deus nos perdoa".

Fonte: Canção Nova Notícias

Da redação do Portal Ecclesia.

A transmissão da fé em família



O cardeal Dom Odilo Pedro Scherer reflete sobre a Semana da Família

SãO PAULO, 13 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Publicamos a seguir a reflexão de Dom Odilo Pedro Scherer sobre a semana nacional da Família que está sendo celebrada no Brasil:
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A Semana Nacional da Família também se relaciona com a temática do Ano da Fé: “a transmissão e a educação da fé na família”. Nada mais apropriado. Embora a fé possa, e precise, ser transmitida também em muitos outros contextos, além da família, é bem verdade que esta é um dos sujeitos fundamentais na transmissão e educação da fé.
A própria constituição da família, mediante o casamento entre um homem e uma mulher, é também uma aposta de fé.. Não que o casamento e a família dependam da fé: são realidades naturais e não, sobrenaturais. Apesar de tudo o que se diga ou mova em contrário, os jovens continuam casando e formando família, mostrando que essas realidades não ficam “fora da moda”, como bem confirmaram tantos jovens ao Papa Francisco na JMJ-Rio...
No entanto, Deus quer ajudar o casal a viver bem o casamento e realizar bem a vida e a missão da família. A Igreja tem grande apreço ao propósito do casal, que inicia sua vida a dois com um olhar de fé profunda. De muitos modos, ele pode experimentar que Deus está presente em sua vida e o abençoa e conduz. Por isso, a fé viva e a vida cristã generosa do casal são um poderoso auxilio para ele.
Já na celebração do casamento religioso, os nubentes respondem esta pergunta: “estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus lhes confiar e a educá-los na lei de Cristo e da Igreja?” A resposta é “sim!” A paternidade e a maternidade são vistas à luz da fé em Deus; e a educação cristã dos filhos também é um compromisso de fé assumido pelo casal diante de Deus. Por isso, a transmissão da fé e a educação dos filhos no caminho da vida cristã e eclesial é, desde logo, parte da missão dos pais católicos.
É missão do casal criar um ambiente doméstico que fale da nossa fé: não devem faltar a oração em família, a presença de sinais religiosos na casa, como a Bíblia, o crucifixo ou alguma imagem sacra. A busca do batismo para os filhos, o ensinamento das primeiras atitudes e gestos cristãos, o aprendizado das primeiras orações, a transmissão, aos filhos, da “imagem” cristã de Deus e a introdução na comunidade da Igreja também fazem parte dessa missão dos pais católicos. Em tudo, porém, o fator decisivo na educação é o exemplo dos próprios pais; os filhos pequenos aprendem vendo.
No esforço atual da Igreja em promover uma “nova evangelização”, recordamos esse papel fundamental dos pais e da família cristã. É no contexto da família que são transmitidos (ou deixam de ser transmitidos) os valores que marcam a vida das pessoas. O que se aprende nos primeiros anos da vida tem importância decisiva. Uma boa experiência da nossa fé e a iniciação à vida cristã e eclesial enriquecem a educação dos filhos.
A transmissão da fé da Igreja conta com a ação de todos os seus membros. Uma geração passa à outra o tesouro do Evangelho e o patrimônio da vida cristã e eclesial, enriquecido com o próprio testemunho. É um contínuo receber, acolher, viver e passar os outros; se hoje cremos, é porque outros, antes de nós, fizeram isso generosamente, há quase dois mil anos.
Agora é a nossa vez de fazê-lo. Não por mero automatismo cultural ou por necessidade ritual, mas de modo consciente, generoso e alegre. É um tesouro, que arrebata nosso coração e dá sentido a toda a vida. Amanhã ainda haverá fé no mundo se nós, hoje, não formos um elo quebrado nessa corrente de transmissão da fé cristã católica.
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 13.08.2013
Card. Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Padres com cheiro do povo



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Em agosto de 1978, pouco depois de ter sido indicado como futuro presidente do Brasil, João Batista Figueiredo concedeu uma entrevista, na qual, entre outras coisas, revelou sua paixão pelos equinos. Foi então que um repórter lhe perguntou se também apreciava o «cheiro do povo»... Impulsivo e temperamental, Figueiredo não gostou da impertinência e respondeu mal-humorado: «O cheirinho do cavalo é bem melhor!».

Como não podia deixar de acontecer, a resposta lhe granjeou antipatia e piadas. Mas, se não formos hipócritas, precisaremos admitir que ele nada mais fez do que retratar a realidade: não é fácil conviver com as pessoas. Não é por nada que filósofos seguidos por amplos segmentos da sociedade atual afirmam sem pestanejar que «o homem é lobo para o homem» (Thomas Hobbes) e que «o inferno existe, sim: são os outros» (Jean-Paul Sartre).

Foi certamente por experiências decepcionantes que a sabedoria popular cunhou um provérbio desalentador: «Quanto mais conheço os homens, mais admiro o meu cachorro». Não será também por isso que um número cada vez maior de lares tem mais bichos do que filhos? Normalmente, os equinos, felinos e caninos dão menos preocupações e dissabores do que os humanos!

Evidentemente, não posso generalizar nem ser pessimista: há famílias que sabem conciliar as coisas, de modo que os cães – mas não somente eles – acabam por se tornar “amigos” do homem, defendendo-o dos perigos e até curando as suas enfermidades. Um exemplo de convivência harmoniosa foi dado por São Francisco de Assis, para quem os próprios lobos se transformam em cordeiros quando aproximados com amor. O que importa é não inverter a ordem estabelecida e seguida por Deus: «Se ele cuida das aves do céu e da erva do campo, o que não fará por vocês?» (Mt 6,26.30).

Lembrei-me de tudo isso ao conferir a homilia que o Papa Francisco proferiu no dia 28 de março de 2013, quinta-feira santa, pouco antes de abençoar os óleos do crisma, dos catecúmenos e dos enfermos. Aludindo ao perfume próprio desses óleos, pediu aos sacerdotes que a unção que receberam no dia da ordenação não os afaste do “cheiro do povo”. Cito seus tópicos mais significativos. 

Primeiramente, ele lhes recordou que tudo o que não se doa, deteriora e nos faz mal: «A unção não nos foi dada para nos perfumar a nós próprios. Menos ainda para que a guardemos num frasco: quando isso acontece, o óleo se torna rançoso e o coração fica amargo».

De outro lado, quanto mais for ungido, mais e melhor o padre realizará o seu serviço: «O bom sacerdote se reconhece pela unção que irradia. O povo gosta do Evangelho pregado com unção, que chega ao seu dia-a-dia, que ilumina suas situações-limite, “as periferias” onde o povo fiel está mais exposto à ação dos que tentam erradicar a sua fé. Os fiéis nos agradecem quando percebem que rezamos a partir das realidades de sua vida, de suas dores e alegrias, de suas angústias e esperanças».

É assim que o sacerdote se torna um “pastor com cheiro das ovelhas”: «O padre que pouco sai de si mesmo, que pouco unge, perde o melhor do que tem. Quem não sai de si mesmo, ao invés de mediador, torna-se mercenário, administrador. A diferença é conhecida por todos: o mercenário e o administrador “já receberam a sua recompensa”. Por não colocarem em jogo a pele e o coração, não recebem o agradecimento carinhoso que nasce do coração. Dessa falta, brota a insatisfação que faz com que se sintam tristes – padres tristes! –, transformados numa espécie de colecionadores de antiguidades (ou de novidades) –, o que não aconteceria se fossem pastores com cheiro das ovelhas, padres com cheiro do povo!».

Poucos meses antes, na mensagem pascal que dirigiu aos sacerdotes de Buenos Aires, o Cardeal Jorge Bergoglio prenunciara o que entendia por pastores com “cheiro das ovelhas”: «A Semana Santa se apresenta como uma nova oportunidade para acabar com um modelo fechado de evangelização, que se reduz a repetir sempre as mesmas coisas, e fazer surgir uma Igreja de portas abertas, não apenas para receber os que a procuram, mas, sobretudo, para sair e acolher a quem dela não se aproxima».

Dom Redovino Rizzardo
Colunista do Portal Ecclesia.
Bispo de Dourados (MS). Realizou seus estudos no Seminário São Carlos, Guaporé (RS), da Congregação dos Missionários de São Carlos, e os completou na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da Pontifícia Universidade Católica.

ENTENDENDO A VOCAÇÃO


 

Estamos no mês de agosto, dedicado a reflexão das vocações. Então vamos pensar sobre o chamado de Deus em nossa vida.
A primeira vocação de toda e qualquer pessoa é a vida. Deus com seu infinito amor nos criou a sua imagem e semelhança, para participarmos de sua vida e de sua glória.
Deus me teceu no seio materno, e antes mesmo de eu existir já me conhecia e me amava. Sou criatura de Deus! Somos criaturas de Deus!
A vida é vocação, e sendo assim é preciso dar uma resposta ao Senhor. E a resposta está na própria vida. Dar sentindo a vida, ocupar meu lugar no mundo, realizar a tarefa que me foi confiado por Deus, e que ninguém a fará por mim.
Portanto a vocação está no valor da vida, no cuidado que ela merece. No cuidado com toda a  criação, em toda manifestação de vida.
O chamado (vocação) sempre é iniciativa de Deus, que chama e o homem responde. E assim acontece o diálogo entre Deus e o ser humano.
Deus é santo e nos chama a santidade através de Jesus Cristo.
A vocação é fruto da relação de amor entre Deus e a pessoa de fé.
Por isso, para entender o chamado, é necessário ter intimidade com o Senhor, que é fruto do encontro com Jesus, e, que provoca uma resposta consciente e livre à vocação. É um sim comprometido com a missão. Pois, Deus chama e envia em missão.
É assumindo a tarefa na comunidade cristã que se aprofunda o relacionamento com o Senhor, anunciando a Boa Nova da Salvação ,e como profetas, também denunciar as injustiças praticadas na sociedade.
Confiar no Senhor, assim como Maria, que deu o seu SIM, sem conhecer todo o caminho que deveria percorrer, mas que foi fiel até o fim.
Portanto, é preciso discernir a vontade do Pai, deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e amar como Jesus amou.
Assumir a vocação com alegria e humildade, vencer as tentações e buscar a força na Palavra de Deus. Seja na vocação de leigo, consagrado ou ordenado.
Viva a sua vocação!

                                             Maria Ronety Canibal

FRANCISCO




Ser missionário é sonhar o real; dissipar o confuso, esperar contra toda esperança; peregrinar, e peregrinar, e peregrinar..
Brasília,  (Zenit.org) Claudio Fonteles

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O amor de Deus "não é algo vago", mas "tem um nome e um rosto: Jesus Cristo"

Cidade do Vaticano,  (Zenit.org) | 




                                                       Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Lc 12, 32-48) nos fala do desejo do encontro definitivo com Cristo, um desejo que nos faz estar sempre prontos, com o espírito desperto, porque aguardamos este encontro de todo coração, inteiramente. Este é um aspecto fundamental da vida. Todos nós, seja de modo explícito ou implícito, temos um desejo no coração. Todos temos este desejo no coração.
É importante ver também este ensinamento de Jesus no contexto concreto, existencial no qual Ele transmitiu. Neste caso, o evangelista Lucas nos mostra Jesus que está caminhando com os seus discípulos à Jerusalém, para a sua Páscoa de morte e ressurreição, e neste caminho os educa partilhando com eles o que Ele mesmo leva no coração, as atitudes profundas da sua alma. Entre estas atitudes está o desapego dos bens terrenos, a confiança na providência do Pai e, precisamente, a vigilância interior, a espera operante do Reino de Deus. Para Jesus é espera do retorno à casa do Pai. Para nós é espera de Cristo mesmo, que virá para tomar-nos  e levar-nos à festa sem fim, como já fez com a sua Mãe Maria Santíssima, que levou consigo ao Céu.
Este Evangelho nos quer dizer que o cristão é alguém que leva dentro de si um desejo grande, um desejo profundo: aquele de encontrar-se com o seu Senhor juntamente com o seus irmãos, companheiros de caminhada. E tudo isto que Jesus nos diz resume-se numa famosa frase de Jesus: “Onde está o vosso tesouro, ali estará o vosso coração” (Lc 12, 34). O coração que deseja...
Mas, todos nós temos um desejo! Pobres pessoas aquelas que não têm um desejo! O desejo de seguir adiante, em direção a um horizonte, e para nós cristãos este horizonte é o encontro com Jesus, o encontro precisamente com Ele, que é a nossa vida, a nossa alegria, o que nos faz feliz.
Mas, eu vos faria duas perguntas: a primeira: todos vocês têm um coração desejoso, um coração que deseja? Pensem e respondam em silêncio no vosso coração. Você tem um coração que deseja, ou tem um coração fechado, um coração adormecido, um coração anestesiado pelas coisas da vida? O desejo: seguir em frente em direção ao encontro com Jesus... E, a segunda pergunta: onde está o seu tesouro, o que você deseja? Porque Jesus nos disse: “Onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração”, e eu perguntou: “Onde está o seu tesouro?
Qual é para você a realidade mais importante, mais valiosa, a realidade que atrai o seu coração como um íman? O que atrai o seu coração? Posso dizer que é o amor de Deus? Que é a vontade de fazer o bem aos outros? De viver para o Senhor e para os nossos irmãos? Posso dizer isso? Cada um responda no seu coração. Mas alguém poderia dizer-me: Padre, mas eu sou um daqueles que trabalha, que tem família, para mim a realidade mais importante é sustentar a minha família, o trabalho... Certo, é verdade, hein?, é importante, mas qual é a força que mantém unida a família? É precisamente o amor, e quem semeia o amor no nosso coração? Deus. O amor de Deus.
É precisamente o amor de Deus que dá sentido aos pequenos compromissos diários e também ajuda a enfrentar as grandes provações. Este é o verdadeiro tesouro do homem. Seguir em frente na vida com amor, com aquele amor que o Senhor semeou no coração, com o amor de Deus. E este é o verdadeiro tesouro. Mas, o que é o amor de Deus? Não é algo vago, um sentimento genérico; o amor de Deus tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. Jesus. O amor de Deus se manifesta em Jesus, porque nós não podemos amar o ar... Mas, amamos o ar, amamos tudo? Não, não é possível! Amamos pessoas, e a pessoa que nós amamos é Jesus, o dom do Pai entre nós.
É um amor que dá valor e beleza a tudo mais, um amor que dá força à família, ao trabalho, ao estudo, à amizade, à arte, a cada iniciativa humana. E dá sentido também às experiências negativas porque nos permite ir além, não ficarmos prisioneiros do mal, mas nos faz seguir em frente, sempre nos abre à esperança. Assim, o amor de Deus em Jesus  sempre nos abre à esperança, àquele horizonte de esperança, ao horizonte final da nossa peregrinação. Dessa forma também os cansaços e as quedas encontram um sentido. Também os nossos pecados encontram um sentido no amor de Deus, porque este amor de Deus em Jesus Cristo nos perdoa sempre, nos ama tanto que nos perdoa sempre.
Caros irmãos, hoje na Igreja fazemos memória de Santa Clara de Assis, que seguindo os passos de Francisco deixou tudo para consagrar-se a Cristo na pobreza. Santa Clara nos dá um bonito testemunho deste Evangelho de hoje: que ela nos ajude, juntamente com a Virgem Maria, a vivê-lo também nós, cada um de acordo com a própria vocação.
Depois do Angelus
Caros irmãos e irmãs, 
lembremos que na próxima quinta-feira é a solenidade da Assunção de Maria. Pensemos em Nossa Mãe, que chegou ao céu com Jesus, e celebremos a ela neste dia.
Gostaria de cumprimentar os muçulmanos do mundo inteiro, nossos irmãos, que há pouco celebraram a conclusão do mês do Ramadan, dedicado de modo especial ao jejum, à oração e à esmola. Como escrevi na minha Mensagem para esta circunstância, desejo que cristãos e muçulmanos se comprometam para promover o respeito recíproco, especialmente por meio da educação das novas gerações.
Cumprimento com afeto todos os romanos e os peregrinos presentes. Também hoje tenho a alegria de cumprimentar alguns grupos de jovens: principalmente aqueles que vieram de Chicago, em peregrinação a Lourdes e a Roma; e depois os jovens de Locate, de Predore e Tavernola Bergamasca, e os escoteiros de Vittoria. Repito também a vós as palavras que foram o tema do grande encontro do Rio: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações".
A todos vós, e a todos, desejo um bom domingo, e um bom almoço! Nos vemos!
Tradução do original italiano por Thácio Siqueira

domingo, 11 de agosto de 2013

O ENCONTRO COM JESUS CRISTO NA COMUNIDADE CRISTÃ


          A comunidade cristã é  o lugar de todo o batizado, é onde se vive à essência da fé, pois aí está o Cristo Ressuscitado. A fé é uma adesão pessoal à pessoa de Jesus Cristo e seu Evangelho. Quem se faz discípulo de Jesus vive em comunidade.  
          É a Santíssima Trindade que chama à comunhão, e   convida cada pessoa para vida em comunidade. Pois o cristão só se realiza plenamente à medida que faz experiência concreta de vida de comunidade, porque  é o ambiente onde se  conhece a disponibilidade , a alteridade e a gratuidade nos relacionamentos, a exemplo do Mestre.      
            Ali as pessoas sentem que os outros são um dom de Deus para si e procuram ser dom para os outros, inspirados pela comunhão da Trindade Santa. Não são família segundo os laços do sangue, mas procuram construir a família de Deus.
             Uma comunidade  dinamizada pelo amor fraterno   é o espaço privilegiado para a vivência e convivência na fé, para  depois ser sinal da presença de Deus no mundo. É isto que significa ser corpo de Cristo, isto é, mediação de encontro das pessoas com Cristo Ressuscitado.        
           Assim sendo é na comunidade cristã  que estão os instrumentos de transformação das pessoas, famílias e da sociedade.          
          O Documento de Aparecida 310, diz que é através das pequenas comunidades que se pode chegar até os afastados, aos indiferentes e aos que alimentam algum descontentamento ou ressentimento em relação  à Igreja.
         “Em tempos de incerteza, individualismo e solidão, a presença de uma comunidade próxima à vida, às alegrias e às dores, é um serviço... a um mundo que necessita vencer a cultura de morte. Comunidades são escolas de diálogo, são pontos de partida para o anúncio, e geram comunhão e missão.” (DGAE 2011-15,64)
         Por isso  é preciso valorizar a pequena comunidade (capela), os grupos de familias, visto que estes estão mais próximos da vida do povo, estão inseridos na realidade social e por isso dão condições para que  mais pessoas  encontrem a Jesus Cristo e sejam transformadas por  Ele.
              Consciente de sua missão, a pequena comunidade se faz  agente de caridade,  busca o bem comum, pois consegue ver no pobre o rosto de Cristo sofredor.
          Diante dessa realidade secularista que vivemos, hoje, é o próprio  Jesus quem convoca  a viver e caminhar juntos. (DGAE 2011-15)
         Porém é preciso saber cativar para a vida fraterna na comunidade cristã, saber acolher com alegria os que chegam e oportunizar  o crescimento e amadurecimento na fé para que despertem para a Vocação e assumam a Missão.
         Logo, Comunidade implica necessariamente em convívio, vínculos profundos, afetividade, interesses comuns, estabilidade e solidariedade nos sonhos, nas alegrias e nas dores”.  ...“Não há como ser verdadeiro discipulo missionário sem o vinculo efetivo e afetivo com a comunidade dos que descobriram fascinio pelo mesmo Senhor.”( DGAE 2011-15)
         Jesus está presente em  uma comunidade viva na fé e no amor fraterno. Ai Ele realiza sua Palavra: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, aí eu estou no meio deles.” Mt 18,20.


                                                     Maria Ronety Canibal