sábado, 27 de julho de 2013

Um Papa latino- americano: "também para nós um acréscimo de responsabilidade"

Palavras de Dom Raymundo Damasceno dirigidas ao Papa Francisco no almoço com os Cardeais do Brasil, a Presidência da CNBB e os Bispos da Região

RIO DE JANEIRO, 27 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a Saudação do Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e Arcebispo de Aparecida, Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis dirigida aos SAnto Pdre Francisco no almoço no Palácio Arquiepiscopal São Joaquim  com os Cardeais do Brasil, a Presidência da CNBB e os Bispos da Região.

Santo Padre,
Este encontro com os Bispos do Brasil presentes à Jornada Mundial da Juventude foi querido especificamente por Vossa Santidade. Isso, para nós, é motivo de grande alegria e de gratidão. Tratam-sede três gestos aparentemente muito simples, muito humanos: encontrar-se, dialogar e tomar juntos uma refeição. Mas quando o que os motiva é uma escolha pessoal do Santo Padre, eles se transformam, e passam a ter um significado maior: se tornam a expressão do afeto colegial, que nos une, enquanto sucessores dos Apóstolos, entre nós e com o Sucessor de Pedro.
Santo Padre, muito obrigado, por este gesto de fraternidade episcopal e de afeto colegial. Este encontro do Episcopado brasileiro com o primeiro Papa latino-americano nos oferece a ocasião para dizer o quanto nos alegrou Vossa eleição para a Cátedra de Roma. Estamos conscientes de que isto significa, também para nós um acréscimo de responsabilidade. Pois, de um certo modo, os olhos da Igreja, do mundo todo, se voltam para a Igreja na América Latina, se voltam para nós. Essa hora da América Latina leva consigo uma referência fundamental à Conferência de Aparecida e ao documento dela resultante, em cuja redação Vossa Santidade desempenhou um importante papel. Com muita satisfação constatamos que, em ocasiões importantes, Vossa Santidade tem se referido a esse Documento. O compromisso de renovação no discipulado e na missão, que ele propõe de modo tão central, continua sendo uma referência para nós, em nossas Dioceses e em nossa Conferência Episcopal.
Nós aqui viemos para nos unir a Vossa Santidade nesse encontro com a juventude. Esse evento, iniciado pelo Beato Papa João Paulo II, tem por objetivo principal a evangelização dos jovens. Ao se encontrarem com outros jovens, eles se sentem estimulados a aprofundar sua opção por Jesus Cristo, apoiando-se mutuamente, e assim podem caminhar mais decididos como discípulos missionários. Ao se encontrarem com o Sucessor de São Pedro, eles têm uma experiência singularmente marcante da eclesialidade da fé. Sentem-se mais plenamente Igreja e, assim, amparados e confirmados pela comunhão universal dos fieis. E nós, pastores desses jovens, quisemos estar presentes e vivenciar também essa experiência de aprofundamento dos vínculos da comunhão que nos unem.
Não nos esquecemos que foi o Papa Emérito, Bento XVI, quem escolheu o Rio de Janeiro, o Brasil, para sediar esta 28ª Jornada Mundial da Juventude. Neste momento, nos recordamos desse grande Pontífice com profunda gratidão, e temos a certeza de que ele, de certo modo, nos acompanha, pois, como prometeu, continua servindo a Igreja com suas orações, com seu silêncio e com seu sofrimento.
Vossa Santidade, nestes primeiros meses de Pontificado, tem despertado entusiasmo em milhares de pessoas. A sintonia com o nome escolhido, Francisco, é, em grande parte, o motivo da ampla recepção favorável de Vossos gestos e discursos. Saiba, Santo Padre, que o Episcopado do Brasil está convosco, reza por Vossa Santidade. Do mesmo modo, conta com vossas orações. Uma vez mais, muito obrigado pelo convite para este encontro e para esta refeição fraterna.

Hóstia que sangra: arquidiocese mexicana investiga ocorrido da última quarta, 24


"Este é um momento de grande benção para a comunidade e para o mundo inteiro", foi o que afirmou o sacerdote José Dolores Castellano Gudiño, conhecido na região como padre Lolo, a respeito do possível milagre eucarístico ocorrido na última quarta-feira, 24 de junho, em sua paróquia, no qual o sangue brotou de uma hóstia consagrada.
Em meio a músicas, aplausos e lágrimas, muitos fiéis católicos e também não católicos têm se aglomerado na paróquia de "Maria Madre de la Iglesia" (Maria, Mãe da Igreja), localizada em Jardines de la Paz (em Guadalajara, no México), para testemunharem e registrarem este momento único.
Um clarão e uma voz
Eram 12h (hora local), no mesmo dia do acontecimento, em que o sacerdote estava fazendo sua oração diária, rezando diante do Santíssimo Sacramento, quando de repente viu um clarão, e uma voz lhe deu algumas indicações:
"Toque os sinos para as participarem e bençãos serão derramadas para aqueles que estejam presentes todo o dia. Leve seu pequeno sacrário e coloque-o no altar da paróquia, ao lado do sacrário do templo e não abra-o até as três da tarde, quando ocorrerá um milagre eucarístico no qual será chamado 'Milagre da Eucaristia na Encarnação do Amor junto de nossa Mãe e Senhora'".
Depois "a voz" disse-lhe para transmitir aos "apóstolos" (sacerdotes) para atendê-los em sua conversão e todas as almas se encheriam de bençãos. 
Um padre emocionado
O padre Lolo disse que não conseguia dizer uma palavra para esta voz, mas disse apenas: "Meu Senhor, sou teu servo, a tua vontade". Sem conseguir esconder a voz embargada pela emoção, o sacerdote continuou a narrar o acontecimento:
Fiz o que me foi ordenado, pedi para abrir as portas do templo às 14h30 e também ordenei que fizessem os sinos soarem. Peguei em minha capela privada este humilde tabernáculo de madeira e coloquei-o no altar, e pedi que as pessoas, por volta das 15h, se reunissem para rezar diante do Santíssimo Santíssimo. Às três horas da tarde foi abrir o sacrário, e a hóstia consagrada estava banhada em sangue".
Em 24 de julho
O sacerdote explicou que Jesus deseja que adoremos seu Corpo e Sangue juntos à sua Mãe Santíssima e no dia 24 de junho este milagre foi realizado, como queria que se chamasse: "Milagre da Eucaristia na Encarnação do Amor junto de nossa Mãe e Senhora".
"[A voz] também me disse que deveria ser erguido na comunidade nicho onde todos pudessem realizar a adoração, e que se em algum momento quiserem enviar para serem realizados estudos, que levem uma parte para que realizem todos os estudos que quiserem".
Por fim o sacerdote disse que "Ele [Jesus] está aqui presente e eu transmito só o que ouvi, junto daqueles que viram o que eu também vi".
Uma multidão devota
Mais de 4 mil fiéis passaram durante toda a tarde e noite na paróquia de testemunharem o fato. Ontem, 25 de julho, foi celebrada uma missa na comunidade paroquial, e, em seguida, o sacrário foi retirado do tempo para que a arquidiocese de Guadalajara possa investigar o ocorrido.
Os motivos da retirada foram confirmados em uma nota da assessoria de imprensa da arquidiocese. Segundo a nota, "a Igreja, nestes casos, pede que se jugue com muita prudência e moderação um acontecimento como este, com a finalidade de dar a veracidade ou não do ocorrido. A Igreja agirá com muito cuidado para chegar à confirmação se, de fato, trata-se de um milagre eucarístico".
A nota ainda assinala que durante o primeiro dia da exibição pública da chamada "hóstia sangrenta", era evidente o transtorno causado dentro do templo, em que ocorreram gritos e empurrões de adultos e crianças que queria chegar ao altar e testemunhar o possível milagre.
Por fim, o comunicado da imprensa da arquidiocese afirma que serão realizadas as investigações cabíveis, que serão confiadas a especialistas, para que possam ser anunciados os resultados.
"O cardeal arcebispo (Francisco Robles) indicou que a hóstia apresenta algumas particularidades especiais e preferiu não manter a exposição ao público para que sejam realizados os estudos necessários, para garantir ou não se trata-se de um milagre", disse o vigário geral da arquidiocese de Guadalajara.
Um sacerdote apreciado pelos paroquianos
A imprensa mexicana tem recorrido à revista da arquidiocese afim de obter mais informações da paróquia e do sacerdote José Castellanos, de 45 anos, no qual está confiada. Tem se percebido o sentimento dos paroquianos que têm boa imagem de seu pastor: atribuída a um "aumento da fé" na comunidade, por seu trabalho em "reconciliação e busca da verdade".
Uma paróquia muito eucarística
O padre Lolo escreveu em um informativo da paróquia que "temos uma participação grande da juventude comprometida, responsável e trabalhadora". São jovens participativos, que frequentemente se aproximam do Sacramento da Reconciliação. Têm muitas necessidades espirituais. É também uma comunidade eucarística, onde o Santíssimo Sacramento é exposto durante todo o dia, e nunca é deixado sozinho. (VH)
Com informações de Religión en Libertad.
VIA INTERNET   PORTAL ECCLESIA


Brasil: Papa propõe «cultura do encontro»






Francisco que Igreja ao lado dos jovens para «sair porta fora» e estar nas periferias

Rio de Janeiro, Brasil, 27 jul 2013 (Ecclesia) - O Papa presidiu hoje a uma missa no Rio de Janeiro com um milhar de bispos católicos, entre eles vários portugueses, perante os quais pediu que a Igreja e os seus jovens promovam uma “cultura do encontro”.

“Em muitos ambientes, infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a ‘cultura do descartável’. Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada”, alertou, na homilia da celebração.
Francisco apresentou uma das suas habituais reflexões divididas em três pontos: “Chamados por Deus; chamados para anunciar o Evangelho; chamados a promover a cultura do encontro”.
Nesse sentido, o Papa deixou votos de que religiosos e membros do clero saibam ir “contra a corrente” e combater dois "dogmas" modernos, “eficiência e pragmatismo”, que por causa de um “humanismo economicista” regem as relações humanas.
“O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade, uma palavra que se está a esconder nesta cultura, e a fraternidade são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana”, referiu.
O programa do sexto dia da viagem de Francisco ao Brasil começou na Catedral de São Sebastião no Rio de Janeiro, nesta celebração eucarística com a presença de sacerdotes, religiosas e seminaristas participantes na 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
“Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente à espera do Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta para procurar e encontrar”, declarou o Papa, que falou em português e espanhol.
“Não tenhamos medo”, acrescentou, pedindo que a ação da Igreja seja pensada a “partir da periferia”, daqueles que estão mais afastados e habitualmente não frequentam a paróquia.
Aos padres e religiosos presentes, o Papa falou na "vida em Cristo" como garantia da “eficácia apostólica” e da “fecundidade” do seu serviço: “Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planeamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus”.
“O ‘permanecer’ com Cristo não é isolar-se, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais”, prosseguiu, citando Madre Teresa de Calcutá e o seu trabalho junto dos mais pobres.
O Papa argentino recordou o seu sonho de juventude de partir como missionário para “o longínquo Japão”.
“Deus mostrou-me que o meu território de missão estava muito mais perto: na minha pátria. Ajudemos os jovens a perceberem que ser discípulo missionário é uma consequência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos”, sublinhou.
Em conclusão, Francisco desafiou os presentes a serem “obsessivos” servidores “da comunhão e da cultura do encontro”, junto dos “irmãos e irmãs que estão nas periferias e têm sede de Deus”.
OC
via internet

Católicos em baixa, protestantes em alta: uma (falsa) leitura midiática da viagem do papa ao Brasil




Análise da cobertura informativa sobre a JMJ no Rio de Janeiro
Por Jorge Henrique Mújica

ROMA, 26 de Julho de 2013 (Zenit.org) - A primeira viagem internacional do papa Francisco despertou o interesse da imprensa internacional por diversos motivos. Um deles, entre os mais martelados, é a ênfase de muitos meios de comunicação na quantidade de católicos brasileiros, que mantêm no país o título de maior população católica do mundo, mas vem diminuindo consideravelmente.
Artigos e reportagens opinam que o avanço de grupos protestantes, de movimentos religiosos alternativos, de outras religiões e inclusive de não crentes é o que teria motivado a viagem do papa Francisco, numa espécie de “reconquista” do Brasil em particular e da América Latina em geral.
O Brasil é o primeiro país do mundo em número de católicos. Na América, seguem-se México, Colômbia, Argentina, Peru, Venezuela, Equador, Chile, Guatemala, República Dominicana, Bolívia, Haiti, Cuba, Honduras, Paraguai, Nicarágua, El Salvador, Costa Rica, Porto Rico, Panamá e Uruguai.
O Vatican Information Service, em 20 de julho, trouxe as seguintes estatísticas sobre a Igreja católica no Brasil:
“O Brasil tem uma população de 195.041.000 de habitantes, dos quais 164.780.000 são católicos, ou seja, 84,48%. Há 274 circunscrições eclesiásticas, 10.802 paróquias e 37.827 centros pastorais. Realizam as tarefas de apostolado 453 bispos, 20.701 sacerdotes, 2.702 religiosos e 30.528 religiosas; os diáconos permanentes são 2.903. Há 1.985 membros leigos de institutos seculares, 144.910 missionários leigos e 483.104 catequistas. Os seminaristas menores são 2.671 e os maiores 8.956”.
“A Igreja Católica tem no Brasil 6.882 centros educativos de todos os níveis, nos quais estudam 1.940.299 alunos, além de 3.257 centros de educação especial. Há também 5.340 centros assistenciais de propriedade da Igreja ou dirigidos por eclesiásticos: 369 hospitais, 884 ambulatórios, 22 leprosários, 718 casas para idosos e portadores de necessidades especiais, 1.636 orfanatos e creches e 1.711 consultórios familiares e centros para a proteção da vida”.
Os dados são do Escritório Central de Estatísticas da Igreja, atualizados em 31 de dezembro de 2011.
No tocante à quantidade de católicos, há uma discordância entre os dados deste escritório e os dados publicados pela revista britânica The Economist, no mesmo dia 20 de julho (cf. The promise and peril of a papal visit). A revista de cabeceira das missões diplomáticas mundiais afirma que há 123 milhões de católicos no Brasil, para, em seguida, enfatizar que, na comparação com os grupos protestantes e de não crentes, a Igreja católica sofre uma grande retração numérica.
Um levantamento do The Pew Forum on Religion and Public Life, de 18 de julho, reforça os dados da The Economist. A análise Brazil’s Changing Religious Landscape estudou os dados de vários censos brasileiros das últimas quatro décadas, cujos resultados refletem, de fato, uma queda no número de católicos e um aumento no número de protestantes.
O relatório mostra que, entre 1970 e 2000, o número de católicos no Brasil aumentou, apesar de a população que se considera católica ter caído. Foi a partir de 2000-2010 que tanto o número absoluto quanto a porcentagem de católicos diminuiu (de 125 milhões, em 2000, ou 74% da população, para a 123 milhões em 2010, ou 65% da população).
Em contrapartida, o protestantismo brasileiro aumentou no mesmo período de 25 milhões (15% da população) para 42 milhões (22% da população). Movimentos religiosos alternativos e religiões como o islamismo e o budismo subiram de 2 milhões em 1970 para 6 milhões em 2000 (4% da população), até atingir 10 milhões (5% da população) em 2010.
Por sua vez, o número de pessoas sem afiliação religiosa também aumentou, de acordo com o estudo do The Pew Forum on Religion and Public Life. Agnósticos e ateus passaram de menos de 1 milhão em 1970 para 12 milhões em 2000 (7% da população). O censo brasileiro de 2010 atualizou este dado: 15 milhões de brasileiros estavam sem afiliação religiosa (8% da população).
O estudo Brazil’s Changing Religious Landscape menciona que, de acordo com o censo brasileiro de 1991, os pentecostais e neopentecostais representavam 6% da população. Em 2010, já eram 13%. Enquanto isso, os brasileiros que se identificam com denominações protestantes tradicionais, como os batistas e os presbiterianos, se mantiveram em número estável nas duas últimas décadas. A terceira categoria de protestantes tradicionais aparece no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como “sem classificação”: eram 1% em 1991 e 5% em 2010.
O estudo menciona ainda as porcentagens de religião por sexos: segundo o censo de 2010, há mais homens católicos (65%) do que mulheres (64%). Este cenário muda no âmbito protestante, em que as mulheres representam 24% e os homens 20%. Por sua vez, 10% dos homens são agnósticos ou ateus, contra 6% das mulheres. Em outras religiões, as mulheres são 6% e os homens 5%.
Um dado chamativo a respeito do Rio de Janeiro, a cidade que recebe a Jornada Mundial da Juventude 2013, é que menos da metade da população carioca (46%) é católica.
E quanto à discordância entre as estatísticas do Escritório Central da Igreja e as do The Pew Forum on Religion and Public Life, que se baseia em dados do censo do IBGE? Ela se deve ao seguinte: os dados da Igreja contam as pessoas batizadas em números absolutos, enquanto The Pew Forum contabiliza as mudanças de religião das pessoas depois do batismo.
A viagem do papa ao Brasil, porém, não se deveu a uma “estratégia de reconquista”, nem tem como finalidade principal reacender o fervor dos brasileiros e dos latino-americanos.
A visita estava prevista há dois anos, quando Bento XVI anunciou, na Jornada Mundial da Juventude em Madri, que o Rio de Janeiro seria a sede da edição de 2013. O papa Francisco manteve o compromisso, na continuidade entre os dois pontificados. Esta sim, midiaticamente falando, é uma chave de leitura válida.

O diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado



Palavras do Papa Francisco antes de recitar o Angelus nesta sexta- feira, no Rio de Janeiro

RIO DE JANEIRO, 26 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Nesta sexta-feira, pouco antes do meio dia, o Papa Francisco se dirigiu ao balcão do Palácio Apostólico da Arquidiocese do Rio de Janeiro para rezar o Angelus com os peregrinos presentes. Apresentamos a seguir as palavras pronunciadas pelo Papa antes da oração mariana..
Caríssimos irmãos e amigos! Bom dia!
Dou graças à divina Providência por ter guiado meus passos até aqui, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.. Agradeço de coração sincero a Dom Orani e também a vocês pelo acolhimento caloroso, com que manifestam seu carinho pelo Sucessor de Pedro. Desejaria que a minha passagem por esta cidade do Rio renovasse em todos o amor a Cristo e à Igreja, a alegria de estar unidos a Ele e de pertencer a Igreja e o compromisso de viver e testemunhar a fé. Uma belíssima expressão da fé do povo é a “Hora da Ave Maria”. É uma oração simples que se reza nos três momentos característicos da jornada que marcam o ritmo da nossa atividade quotidiana: de manhã, ao meio-dia e ao anoitecer.
É, porém, uma oração importante; convido a todos a rezá-la com a Ave Maria. Lembra-nos de um acontecimento luminoso que transformou a história: a Encarnação, o Filho de Deus se fez homem em Jesus de Nazaré.
Hoje a Igreja celebra os pais da Virgem Maria, os avós de Jesus: São Joaquim e Sant’Ana. Na casa deles, veio ao mundo Maria, trazendo consigo aquele mistério extraordinário da Imaculada Conceição; na casa deles, cresceu, acompanhada pelo seu amor e pela sua fé; na casa deles, aprendeu a escutar o Senhor e seguir a sua vontade. São Joaquim e Sant’Ana fazem parte de uma longa corrente que transmitiua féo amor a Deus, no calor da família, até Maria, que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé! Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós.
Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. O Documento de Aparecida nos recorda: “Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas” (DAp 447). Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho.Saudamos aos avós !E lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente. E agora, nesta praça, nas ruas adjacentes, nas casas que acompanham conosco este momento de oração, sintamo-nos como uma única grande família e nos dirijamos a Maria para que guarde as nossas famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta a presença do seu Filho Jesus.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!"



Discurso do Santo Padre Francisco pronunciado na visita ao Hospital São Francisco

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos as palavras do Santo Padre Francisco pronunciadas durante sua visita ao Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus (Hospital da Venerável Ordem Terceira da Penitencia\VOT) realizada na noite de quarta- feira, 24 de julho.
Senhor Arcebispo do Rio de Janeiro,
Amados Irmãos no Episcopado
Distintas Autoridades,
Queridos membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência,
Prezados médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde,
Amados jovens e familiares, boa noite!
Quis Deus que meus passos, depois do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, se dirigissem para um particular santuário do sofrimento humano, que é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conhecida a conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem Francisco abandona riquezas e comodidades para fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria, mas sim seguir a Cristo e servir aos demais; mas talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta Enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo. Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês - vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu.
Abraçar, abraçar. Precisamos todos de aprender a abraçar quem passa necessidade, como fez São Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química. Frequentemente, porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o custo! A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.
Mas abraçar não é suficiente. Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias» (Carta Encícl. Lumen fidei, 57). A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!
No Evangelho, lemos a parábola do Bom Samaritano, que fala de um homem atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu caminho: não é problema delas! Quantas vezes nós dizemos: não é um meu problema! Quantas vezes olhamos para o outro lado e fingimos que não vemos. Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos, penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom Samaritano. Aqui não há indiferença, mas solicitude. Não há desinteresse, mas amor. A Associação São Francisco e a Rede de Tratamento da Dependência Química ensinam a se debruçar sobre quem passa por dificuldades porque veem nestas pessoas a face de Cristo, porque nelas está a carne de Cristo que sofre. Obrigado a todo pessoal do serviço médico e auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é precioso! Realizem-no sempre com amor; é um serviço feito a Cristo presente nos irmãos: «Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40), diz-nos Jesus.
E quero repetir a todos vocês que lutam contra a dependência química, a vocês familiares que têm uma tarefa que nem sempre é fácil: a Igreja não está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança. E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençôo. Obrigado!
© Copyright - Libreria Editrice Vaticana

A cultura da solidariedade: ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão

Discurso do Santo Padre Francisco durante visita à Comunidade de Varginha

RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos o discurso do Papa pronunciado durante sua visita à Comunidade de Varginha em Manguinhos.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Que bom poder estar com vocês aqui! Que bom! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um "cafezinho", não um copo de cachaça, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço a Dom Orani Tempesta e ao casal Rangler e Joana pelas suas belas palavras.
1. Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo - não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais água no feijão”! Se pode colocar mais água no feijão? Sempre! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração! E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Quase um palavrão: solidariedade. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, não é! Mas sim a cultura da solidariedade. A cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos.
Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de “pacificação” será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Não deixemos! Não deixemos entrar no nosso coração a cultura do descartável, porque nós somos irmãos, ninguém e descartável.Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! Pensemos na multiplicação dos pães de Jesus. A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!
2. Queria dizer-lhes também que a Igreja, «advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu» (Documento de Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem e de todo homem.
Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade! Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.
3. Queria dizer uma última coisa. Uma última coisa! Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo com o bem. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10).
Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção.
Obrigado

Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês

Discurso do Papa Francisco na Festa de Acolhida, na Praia de Copacabana
RIO DE JANEIRO, 25 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos o discurso do Papa Francisco na Festa da Acolhida que aconteceu nesta quinta-feira, 25 de julho, na praia de Copacabana.
Queridos jovens,
Boa tarde!
Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora» (Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987), 1261).
Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares.
Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos.
Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos.. O “trem” desta Jornada Mundial da Juventude, veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.
Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão e internet, digo: Bem-vindos a esta grande festa da fé! Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.
Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal Estanislau Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fieis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a cada um meu abraço afetuoso no Senhor.
Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"Conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria"

Homilia pronunciada pelo Papa Francisco em Aparecida: três posturas para transmitir aos jovens valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno

APARECIDA DO NORTE, 24 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Apresentamos a homilia do Santo Padre Francisco pronunciada nesta quarta-feira, 24 de julho, na Santa Missa na Basílica do Santuário de Aparecida do Norte.
Venerados irmãos no episcopado e no sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs!
Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada brasileiro, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério de Sucessor de Pedro. Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano.
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coisa. Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui se realizou a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, pude dar-me conta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os Bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro com Cristo, discipulado e missão – eram animados, acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos milhares de peregrinos que vinham diariamente confiar a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja. E, de fato, pode-se dizer que o Documento de Aparecida nasceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: "Mostrai-nos Jesus". É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria.
Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje bater à porta da casa de Maria, que amou e educou Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos nossos jovens os valores que farão deles construtores de um País e de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Para tal, gostaria de chamar à atenção para três simples posturas: Conservar a esperança; deixar-se surpreender por Deus; viver na alegria.
1. Conservar a esperança. A segunda leitura da Missa apresenta uma cena dramática: uma mulher – figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão – o diabo - que quer lhe devorar o filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo (cfr. Ap 12,13a.15-16a). Quantas dificuldades na vida de cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades, mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados! Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que ela se apague nos nossos corações! O "dragão", o mal, faz-se presente na nossa história, mas ele não é o mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa esperança! É verdade que hoje, mais ou menos todas as pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder, o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade. Encorajemos a generosidade que caracteriza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se tornarem protagonistas da construção de um mundo melhor: eles são um motor potente para a Igreja e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas, precisam sobretudo que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo. Neste Santuário, que faz parte da memória do Brasil, podemos quase que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solidariedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se de valores que encontram a sua raiz mais profunda na fé cristã.
2. A segunda postura: Deixar-se surpreender por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende. A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Parnaíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo, no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reserva o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreender pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas. Confiemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria, o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece água fria, aquilo que é dificuldade, aquilo que é pecado, se transforma em vinho novo de amizade com Ele.
3. A terceira postura: Viver na alegria. Queridos amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece, há alegria no nosso coração e não podemos deixar de ser testemunhas dessa alegria. O cristão é alegre, nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma Mãe que sempre intercede pela vida dos seus filhos, por nós, como a rainha Ester na primeira leitura (cf. Est 5, 3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram derrotados. O cristão não pode ser pessimista! Não pode ter uma cara de quem parece num constante estado de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nosso coração se "incendiará" de tal alegria que contagiará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento XVI: «O discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro" (Discurso inaugural da Conferência de Aparecida [13 de maio de 2007]: Insegnamenti III/1 [2007], 861).
Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ela nos pede: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2,5). Sim, Mãe nossa, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja.
© Copyright - Libreria Editrice Vaticana

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Juntar as peças de uma fé perdida

Este é o objetivo da visita do papa Francisco ao Santuário de Aparecida
Por Alfonso M. Bruno
 (Zenit.org) - O papa Francisco quis complementar a sua viagem apostólica ao Brasil com uma visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Trata-se de uma valorização da reunião profética e programática do episcopado latino em 2007, mas, principalmente, de mais uma demonstração da devoção mariana convicta que vem acompanhando as longas e ágeis passadas do papa Bergoglio. Já no dia seguinte à sua eleição, ele surpreendeu e foi aplaudido pelo gesto de piedade mariana que o levou como peregrino à basílica de Santa Maria Maior.
O papa repete o gesto na véspera da Jornada Mundial da Juventude. Ele quer confiar à intercessão da Virgem Maria o sucesso espiritual do evento e todos os seus participantes.
No santuário de Nossa Senhora Aparecida, Maria é venerada através da imagem da Imaculada Conceição, representada grávida, tal como Nossa Senhora de Guadalupe. Não se trata apenas de uma homenagem à virgindade de Maria, mas também à atitude dela para com todo o povo das Américas: ela se apresenta como Esposa.
Se considerarmos a história da cristianização do continente americano, perceberemos que foi basicamente um “conúbio”, influenciado pela função materna de Nossa Senhora. Não estamos aludindo aqui às muitas formas de sincretismo religioso que identificam Maria com os antigos deuses, símbolos da fertilidade feminina. Remontamos, mais precisamente, a um acontecimento histórico, ao fato de que a evangelização das Américas gerou, inclusive em sentido físico, a maioria dos cristãos.
O papa visitará o local em que aconteceu esse “conúbio”, com seu olhar voltado especialmente para o futuro, graças aos jovens.
É pela alta porcentagem de pessoas com menos de 30 anos de idade que a América do Sul é chamada de "Continente da Esperança". Embora preserve a primazia mundial no número absoluto de católicos batizados, o Brasil sofreu nas últimas décadas um proselitismo agressivo das seitas evangélicas, que criaram uma transumância religiosa significativa. As estatísticas mais recentes dizem que muitos batizados já não se consideram católicos, mas, depois de verem descumpridas as promessas de saúde e prosperidade ventiladas pelos artifícios retóricos das seitas protestantes, muitos voltam para a Igreja católica, testemunhando que o que mais lhes faltou quando estiveram fora do catolicismo foi precisamente a presença da Virgem Maria.
A história de Nossa Senhora Aparecida, que é representada por uma imagem de terracota adornada com uma coroa de ouro e um manto azul, começa com a passagem de Pedro Almeida, governador da capitania de São Paulo, pela cidade de Guaratinguetá.
Os moradores queriam homenageá-lo com um banquete luxuoso. Embora não fosse época de pesca farta, homens generosos se lançaram ao rio Paraíba em busca de peixes.
Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso rezaram a Maria pedindo uma pesca frutífera para homenagear o ilustre visitante. Sem pegarem nada, porém, eles foram acompanhando o curso do rio até o porto de Itaguaçu. Iam finalmente desistir quando João Alves lançou a rede pela última vez e, no lugar dos peixes, pescou uma estátua da Imaculada, sem a cabeça. Ao relançar as redes, grande surpresa: ele recuperou de primeira a cabeça da mesma estátua. Logo a seguir, pescaram tanto que quase afundaram.
Este é o primeiro milagre atribuído a Nossa Senhora Aparecida, cujo nome deriva do próprio fato de ter “aparecido” nas águas.
Aquela descoberta e a pesca milagrosa se espalharam rápido pela região, atraindo multidões em busca de graças. Na casa do próprio Felipe Pedroso foi improvisado um oratório público, mas a grande afluência os obrigou a construir uma capela. Em 1834, a atual “basílica velha” começou a ser levantada, ficando pronta apenas em 1888.
Dentre os primeiros milagres acontecidos por intermédio da devoção a Nossa Senhora de Aparecida, que foram reconhecidos pelas autoridades eclesiásticas, os mais importantes são:
- o apagar-se e reacender-se, repetidas vezes, das velas que iluminavam a imagem de Maria;
- o romper-se dos grilhões do escravo Zacarias, que pedira ao seu “dono” autorização para rezar diante da imagem;
- a recuperação da visão de uma menina cega, que, ao se aproximar de Aparecida, gritou para a mãe: “Que linda aquela igreja!”.
Maria, como proclama o documento final da conferência de Aparecida, é a grande missionária que continua a missão do Filho e que forma todos os outros missionários.
A proposta dos padres sinodais em Aparecida, que teve no então cardeal Jorge Bergoglio um ativo interlocutor, foi a visão mariana de uma Igreja Mãe a exemplo da Virgem Maria, e não apenas de uma instituição burocrática.
O projeto de uma Igreja modelado a partir do exemplo de Maria, como "casa e escola de comunhão", é, sem dúvida, o que Francisco procurará realizar através dos jovens, ricos em vitalidade e generosidade, mas muitas vezes incompreendidos e abandonados à sua própria sorte.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Católicos, judeus e muçulmanos dialogam na JMJ



Realizado às vésperas da Jornada, seminário mostra como os jovens das três grandes religiões monoteístas constroem pontes no Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO, 22 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Pela primeira vez na história das Jornadas Mundiais da Juventude, houve um momento de encontro entre jovens das três grandes religiões monoteístas. Neste domingo, 21, cerca de 150 jovens católicos, judeus e muçulmanos se encontraram na PUC para um seminário promovido pela Juventude Inter-religiosa do Rio de Janeiro (JIRJ), em que celebraram a união na diversidade e colocaram em prática o diálogo, chegando até os mínimos detalhes. Por exemplo, os organizadores decidiram não oferecer ao público nenhum tipo de comida ou bebida no intervalo, em respeito à celebração do Ramadã pelos muçulmanos. Nesse período, o seguidor do Islamismo faz jejum enquanto há sol.
Dentro do auditório, viam-se muitos jovens com camisetas de paróquias ou movimentos católicos, rapazes com o kipa judaico e moças com o hijab, o véu típico muçulmano. Alguns vieram de outros países, como Nicarágua, Bolívia e Argélia. Na mesa de debates, jovens como Fernando Celino, da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, relataram sua experiência na busca do diálogo inter-religioso: “Eu comecei a frequentar a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, que se reunia num centro de umbanda”, lembrou ele. “Embora eu nunca tenha tido preconceitos contra outras religiões, esse contato acabou com os estereótipos que eu tinha. E, especialmente, eu fiz grandes amigos”.
“Nós reconhecemos a Deus como criador”, explicou a católica Aline Barbosa, coordenadora da Pastoral da Juventude. “A partir daí, nos reconhecemos como irmãos, prontos a amar o próximo”. Para isso, Rodrigo Baumworcel, judeu da Associação Hillel, destacou: “A oração serve como ponte entre as religiões”.
A experiência de diálogo inter-religioso no Rio de Janeiro não se restringe ao meio universitário. Dois colégios de ensino fundamental e médio, o Santo Inácio (católico) e o Liessin (judaico) lançaram o projeto “Vizinhos de portas abertas”, em que os alunos de uma escola visitam a outra. Mais recentemente, os muçulmanos, mesmo não tendo colégios na cidade, começaram a participar, respondendo a dúvidas dos alunos dessas escolas sobre o islamismo. Essa experiência motivou, na plenária final do encontro, uma proposta de convivência entre os alunos das instituições de ensino de diferentes religiões. Mais que isso, os jovens propuseram a realização de atividades sociais e culturais em conjunto, como meio de incentivar o diálogo entre as religiões.
Não podemos ignorar que os “adultos” também estiveram presentes no seminário. A abertura do encontro contou com autoridades como o sheik saudita Hamed Mohammed Wali Khan, o rabino argentino Abraham Skorka, amigo pessoal do papa Francisco, e D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, que sublinhou, em sua intervenção, que “os jovens anunciam ao mundo que é possível construir um mundo de fraternidade e paz”.
No intervalo, para todos aqueles que não pretendiam ou não podiam seguir o jejum islâmico, havia, nas imediações do auditório, uma única cantina excepcionalmente aberta neste domingo – cujo proprietário é um muçulmano.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

SEMANA MISSIONÁRIA - JMJ



Caros diocesanos, caros jovens. Vivemos a graça da Jornada Mundial da Juventude, com milhares de jovens se preparando e se dirigindo para o Rio de Janeiro, vindos de todas as partes do mundo católico, a fim de participar de um evento extraordinário, inclusive com a presença do Papa Francisco. Após um longo período de iniciativas preparatórias, chega-se à Semana Missionária e ao evento maior do Rio, com o lema, de cunho missionário: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). A Diocese de Uruguaiana vive o ano da Missão, portanto, acompanhando ao natural o espírito missionário da Jornada Mundial da Juventude. Novamente nos damos conta que a missão não é uma questão opcional, mas está inerente ao nosso ser cristão, pertencendo à nossa identidade, desde o batismo, como lembra o Documento de Aparecida: “Os fiéis, em virtude de seu batismo, são chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo” (DAp 10). Esta missão é a mesma de Jesus. É por causa dela que temos uma Igreja e não o contrário. A missão é a razão de ser da Igreja, pois a dimensão missionária é o coração da Igreja. Portanto, se ela não for missionária, perde sua razão de ser ou deixa de ser Igreja.
O lema da Jornada Mundial recorda a missão que Jesus deixou aos discípulos, antes de partir. É como seu testamento: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). A Igreja, como Povo de Deus, quer ser fiel a esta missão no mundo inteiro, ou seja, uma fidelidade missionária que atinja todas as estruturas pastorais, movimentos, organismos, congregações, serviços, associações, escolas, entidades, grupos... Ninguém pode dispensar a convocação do “Ide”, qual imperativo que impulsiona para a missão; o que fica muito claro com a conhecida frase de São Paulo: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9, 16).
A Jornada Mundial da Juventude quer ser um apelo missionário todo particular para os jovens a fim de que sejam evangelizados e para que participem do processo evangelizador, sobretudo em relação aos próprios jovens, como lembrava o Papa Paulo VI: “É necessário que os jovens, bem formados na fé e na oração, se tornem cada vez mais os apóstolos da juventude. A Igreja põe grandes esperanças na sua generosa contribuição nesse sentido” (EN 72). Estas palavras evocam o Documento de Aparecida, ao afirmar: “Quando cresce no cristão a consciência de se pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas em compartilhar a experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins do mundo” (At 1,8; DAp 145).
Caros jovens, concluímos nossa mensagem com a convocação que o manual de instruções para a Semana Missionária vos faz: “Nesta Semana Missionária em especial, vocês são chamados a colocarem em prática o que desde o batismo receberam; com certeza esta Semana Missionária irá aguçar seu espírito para estarem sempre prontos para a missão que não é uma moda que passará, mas que deverá ser vivida dia-a-dia em sua comunidade, em estado permanente. Assim sejamos jovens sempre conectados à vontade de Deus que nos pergunta: ‘Quem enviarei?’ E sem medo responderemos: ‘Eis-me aqui, envia-me!’”.
Que nossa Mãe Conquistadora acompanhe os peregrinos e abençoe a Semana Missionária e o evento da Jornada no Rio, a fim de que aconteça sempre mais a evangelização da juventude.
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

domingo, 21 de julho de 2013

REALEZA DE MARIA



À Santíssima Virgem foi dado o título de "Rainha" pelo papa Pio XII durante o Primeiro Ano Mariano que foi de 8 de Dezembro de 1953 a 8 de Dezembro de 1954. No Calendário Litúrgico há um Memorial da Realeza de Maria em 22 de Agosto.

Maria é invocada como:

* Rainha dos Anjos.
* Rainha dos Patriarcas.
* Rainha dos Profetas.
* Rainha dos Apóstolos.
* Rainha dos Mártires.
* Rainha dos confessores .
* Rainha das Virgens.
* Rainha de todos os santos.
* Rainha concebida sem pecado original.
* Rainha elevada ao céu em corpo e alma.
* Rainha do Santíssimo Rosário.
* Rainha da Família.
* Rainha da Paz.

Inicialmente a Ladainha era composta por  43 invocações de súplica ou de louvor, e ao texto do século XVI foram sendo acrescentadas, ao longo dos tempos, algumas outras.

Já no século XIX, quando por todo o mundo cristão cresciam os pedidos da definição do dogma da Imaculada Conceição, o Papa Gregório XVI (1831-1846), mandou incluir na Ladainha a súplica Rainha concebida sem pecado original.  Pois o Papa Leão XIII mandou incluir na Ladainha Lauretana duas invocações novas : Mãe do Bom Conselho e Rainha do Santíssimo Rosário.

No nosso século, o Papa Bento XV (1914-1922), em plena Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), introduziu em 1917 a súplica Rainha da Paz. Mais tarde, Pio XII (1939-1958), que definira em 1950 o dogma da Assunção de Nossa Senhora, acrescentou a invocação Rainha elevada ao Céu em corpo e alma. Mais recentemente João Paulo II acrescentou a invocação Rainha da Família para ser colocada entra as invocações Rainha do Santíssimo Rosário e Rainha da Paz, cuja intenção era Para que em cada casa brilhe a luz do exemplo de Maria, e cada família goze da sua maternal proteção.

COROAÇÃO (de Nossa Senhora no céu).

É a contemplação do 5° Mistério glorioso do Terço e o 15° do Rosário.
Na arte e na literatura Nossa Senhora é representada na sua coroação ao chegar ao céu depois da Assunção.

A memória de Nossa Senhora Rainha foi instituída por Pio XII (1939-1958), na sua encíclica Ad Coli Reginam para ser celebrada em 31 de Outubro :

Portanto, tendo-nos convencido, depois de maduras e ponderadas reflexões, de que resultará grande proveito para a Igreja se esta verdade solidamente demonstrada resplandecer com maior evidência diante de todos, qual lucerna mais luminosa sobre o seu candelabro, com a nossa autoridade Apostólica decretamos e instituímos a festa de Maria Rainha, que se celebrará todos os anos no mundo inteiro a 31 de Outubro.

Em virtude da reforma pós-conciliar, foi porém transferida como memória para o dia oitavo da festa da Assunção, ou seja, 22 de Agosto.

E a carta Encíclica de Pio XII, termina assim:
Desejamos ardentemente que a Rainha e Mãe do povo cristão acolha estes nossos votos e alegre com a sua paz as terras batidas pelo ódio, e depois deste desterro a todos nos mostre Jesus, que será a nossa paz e a nossa glória eternamente - a vós, veneráveis irmãos, e aos vossos fiéis, como penhor de auxílio de Deus omnipotente e em testemunho do Nosso amor - de todo o coração concedemos a Bênção Apostólica. Dado em Roma, junto de S. Pedro, na festa da Maternidade da Bem-aventurada Virgem Maria, a 11 de Outubro de 1954, décimo sexto ano do Nosso Pontificado.

A Assunção e a Coroação de Maria são familiares para os católicos porque são mistérios do Rosário que eles rezam e meditam freqüentemente.  Estes mistérios entraram no Rosário por tradições católicas que têm a sua origem mais no pensar dos teólogos do que nos textos bíblicos.

A Coroação de Nossa Senhora é muito popular na arte cristã, e o sentido teológico da Coroação assenta no fato de Nossa Senhora ter sido a única criatura que nasceu livre de qualquer espécie de pecado.  Por isso ela é a mais bela, a mais gloriosa, a mais amada por Deus.

Rainha do Céu é-lhe atribuído como título, por ser ela a mais alta e mais bela das almas que encontraram e glorificaram a Deus com todo o seu amor.

---Via Internet

A FINALIDADE DA CATEQUESE

                                                       

A catequese quer  estabelecer um compromisso comunitário, através de uma 
participação ativa, apresentar Jesus Cristo, sua vida e sua Igreja. e levar a
 tornar-se discípulo de Jesus
  “ Por obra da catequese, as comunidades cristãs adquirem conhecimento mais profundo e vivo de Deus, seu desígnio salvifico, que tem seu centro em Jesus Cristo.”(DGC 21)
  A catequese tem por meta “ capacitar os discípulos de Jesus Cristo para estar presente como cristão na sociedade, na vida profissional, cultural e social.” “ O cristão encontra-se com Deus na Igreja, corpo de Cristo, e em uma Igreja enviada  ao mundo para lhe anunciar com palavras e com obras a salvação de Jesus.” (Dicionário Catequético)
“ No centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa, a de Jesus de Nazaré e a vida cristã consiste em seguir a Cristo.”(DC)
 Portanto a catequese deve levar ao seguimento de Jesus Cristo, e segui-lo é deixar-se cativar por seu olhar, pensar e agir. É buscar uma intimidade com Cristo, ou melhor, é fazer comunhão com Jesus Cristo.
 Mas essa comunhão  deve ser também com o Pai e com o Espírito Santo, fazer comunhão com a Santíssima Trindade. Comunhão também com os irmãos para ficar de fato inserido na comunidade.
O catequizando precisa criar vinculo com Jesus e sua Igreja, e por isso a catequese deve estar centrada na pessoa de Jesus Cristo, para poder cumprir a meta catequética que é gerar pessoas religiosas, vinculadas a Jesus e seu Projeto, vinculados ao Pai e ao seu sonho e ao Espírito Santo e sua ação.
Pessoas com a capacidade de descobrir os seus dons e colocá-los a disposição da comunidade de fé. Pessoas sensíveis a Palavra que  saibam refletir e agir de acordo  com ela, capazes de realizar a fraternidade e a solidariedade .
Portanto, na catequese, Jesus Cristo nos reúne, para participar na sua Igreja, e nos tornar a família de Deus no mundo com o sentimento de irmandade e missionariedade. 
Se a catequese conduzir à união, à sintonia   com a Trindade Santa e com os irmãos estaremos realizando a vontade do Pai. Assim a catequese tem como meta a confissão de fé. “ Confessar a fé em Cristo é aderir incondicionalmente a pessoa de Jesus Cristo, no qual o Pai nos comunica o seu Espírito e manifesta com palavras  e obras   essa adesão sem reservas, dentro da comunidade eclesial e no meio do mundo.” (DGC66)   A finalidade da ação catequética consiste precisamente nisto propiciar vida explicita e operante de fé.  
Então se a catequese tem o objetivo de comprometer na profissão de fé, deve ter e dar condições para isso. E a educação da fé, ou melhor, de uma mentalidade de fé é necessária. Pois através da educação a pessoa vai adquirindo uma nova mentalidade, uma nova maneira de agir, muda seu comportamento até atingir uma fé madura e que saiba discernir a vontade de Deus.
É preciso educar para: ver, sentir e agir como Cristo. Para pensar, viver e amar como ele amou.
 Portanto a catequese tem a finalidade de transformar a pessoa e a realidade que ela vive, levando a conversão, a uma mudança radical de vida.
                                                                                Maria Ronety Canibal