sábado, 2 de agosto de 2014

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY - Dia do Padre


João Maria Vianney era conhecido como “Santo Cura d’Ars”, que significa Santo Padre de Ars. Foi canonizado em 1925 e proclamado pela Igreja “Padroeiro dos Párocos”. Sua festa litúrgica é celebrada no dia 04 de agosto que ficou sendo o dia do padre.


João Maria Vianney, era de origem pobre e humilde, nasceu em 08 de Maio de 1786 em uma pequena aldeia, Dardilly, a dez quilômetros ao norte de Lyon, na França. Desde pequeno queria ser padre a todo custo, mas esbarrou em dois obstáculos: pobreza e, sobretudo a escassa inteligência.
Em 1813, com vinte anos, ele ingressou no seminário Santo Irineu, em Lyon. Todos os cursos que devia fazer eram dados em latim. O problema surgiu de imediato; João Maria não entendia nada, e nas provas do primeiro mês tirou notas baixas, que o desclassificaram, mas estas notas não eram definitivas. Insiste em entrar na Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs, mas não é admitido pelas mesmas razões. Por causa disto, teve de voltar para Ecully, para estudar Teologia com seu amigo, padre Balley, que lhe ensinou em francês, língua materna de Vianney, e no final do curso, foi aprovado.
João Maria Batista Vianney era simples, por isso, quando chegou na capelania do povoado de Ars, devolveu alguns móveis à proprietária, deixando somente o necessário. Viveu toda a sua vida dedicada a Deus, repousava de 02 a 04 horas no máximo por noite. Quando acordava ia a Igreja, rezava diante do Sacrário e depois ia confessar seus paroquianos. Eram inúmeras as pessoas que vinham se confessar com ele. Chegava a ficar 14 horas confessando os paroquianos.
João Maria gostava muito de São Francisco de Assis, por isso, foi inscrito na Ordem Terceira Franciscana. Ele amava os pobres e os ajudava sempre, seja com dinheiro (quando tinha), e principalmente com constante e dedicada assistência espiritual. O padre Vianney transformou o lugarejo de Ars em uma aldeia menos atéia, com mais amor a Deus do que aos prazeres terrenos.
Sua vida foi de intenso trabalho, pouca alimentação, jejum e penitência. Aos 73 anos de idade, no dia 04 de Agosto de 1859, morre placidamente. Nos dias 04 e 05, trezentos padres mais ou menos e uma incalculável multidão desfilaram diante do seu Corpo, em prantos, para despedir.

DIA DO PADRE

Dia do Padre

Ser padre é ser "pai" de uma comunidade inteira. Como tal, ele é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância, o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, é um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita.

O Dia do Padre é celebrado oficialmente a 4 de agosto, data da Festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o papa Pio XI o proclamou "homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico".


Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus.

João Maria Vianney, nasceu na França, em 1786. Depois de passar por muitas dificuldades por causa de suas poucas habilidades, foi ordenado sacerdote. O bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, pois achava que sua capacidade intelectual era muito limitada para dar conselhos.

Ele foi enviado para a pequenina Ars, no interior da França, como auxiliar do padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom e, confiando nele, o preparou para o sacerdócio. Padre Balley, outra vez inspirado, acreditou que o dom de seu auxiliar era justamente o do conselho e o colocou a serviço do confessionário. Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como o Cura d'Ars, mais tarde, foi o pároco da cidade onde morreu, em 1859.

São João Maria Vianney, canonizado por Pio XI em 1925, é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: "Deus escolheu o que no mundo não tem nome nem prestígio, aquilo que é nada, para assim mostrar a nulidade dos que são alguma coisa" (1Cor 1,28) .
Via internete site Paulinas

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Livre, inteligente e feliz

A verdadeira diversão se vive com inteligência e rejeitando a cultura da droga
Por Carlo Climati

ROMA, 01 de Agosto de 2014 (Zenit.org) - Você sabe o que é uma "rave"? Esta palavra em Inglês, que significa "delírio", refere-se aos grandes encontros musicais que ocorrem em locais isolados, longe dos centros populacionais. Podem durar dias e noites sem parar. São, muitas vezes, caracterizados por grande consumo de drogas e álcool. 
O principal instrumento de auto-destruição do jovem é conhecido como "ecstasy", um comprimido colorido propagado em algumas raves. Entre os fatores que favoreceram a propagação está definitivamente a sua aparência inócua. É ingerida com facilidade e não desperta preocupações como outros tipos de droga (por exemplo, o risco de contrair Aids).
O ecstasy tem um aspecto simpático, cativante. Não por acaso, muitas vezes é oferecido na forma de comprimidos que retratam personagens de desenhos animados (reproduzidos ilegalmente). São desenhos enganadores, que se destinam a esconder a natureza perigosa do que é consumido.
A armadilha do ecstasy é dar aos jovens a ilusão de superpoderes, como certos heróis do mundo dos quadrinhos. Produz um estado de excitação completamente não natural e uma perda de consciência das reações do corpo.
Às vezes, no delírio, o ritmo da música é tão acelerado que a droga se torna um tipo de combustível necessário para manter-se no ritmo do que você ouve. Música e droga se tornam um. Se alimentam e se apoiam reciprocamente. Cada um, para existir, precisa do outro.
O risco letal está relacionado com o possível aumento do calor, devido a atividade física excessiva e ao aumento da temperatura corporal. É a ilusão, por pouco tempo, de se tornar super-homem.. Mas, em seguida, os efeitos podem ser devastadores.
Outra consideração a ser feita é sobre a mudança na forma como as gerações mais jovens consomem drogas. Na década de sessenta o uso de drogas era muitas vezes acompanhado por correntes de pensamento ou movimentos culturais. Por exemplo, os chamados "filhos das flores".
As drogas escondiam seus rostos de morte por trás de uma aparência de ideal, mesmo que questionável. Em muitos casos, estes eram valores compartilhados por muitos jovens de ‘boa-vontade’. Por exemplo, a rejeição a guerra e ao consumismo, unido ao desejo de uma fraternidade universal.
Mesmo naquela época a droga matava os jovens, mas em um clima de pseudocultura aparentemente mais nobre e elevado, que disfarçava toda a sordidez. Hoje, a droga se apresenta despida, com o rosto desvendado. Não precisa mais se esconder atrás de falsos ideais. O ecstasy é a pura expressão do nada, do vazio e do não pensamento absoluto. Não por acaso, o seu cenário ideal é o das raves, onde reinam ritmos ensurdecedores.
O maior fator de risco é representado pelo fato de que o ecstasy é erroneamente considerado uma droga aceitável, com a qual muitos adolescentes têm a ilusão de ser capaz de conviver. Quem a consome rejeita a ideia de ser um viciado em drogas. Pensa simplesmente que vive um momento de transgressão, depois, retorna para uma vida normal. Mas é apenas um engano. Com o tempo, os danos no corpo começam a se manifestar.
A melhor resposta para certos mecanismos de degradação é convidar os jovens a redescobrir o verdadeiro significado de diversão, através da educação para uma saudável cultura de limites. Para passar uma noite relaxante com os amigos você não precisa ficar até tarde, se embriagar ou usar drogas. Basta aprender a se controlar e administrar de forma inteligente a sua própria liberdade.
Você pode ser livre, inteligente e feliz. Assim como nós somos, sem precisar de drogas!

Santo Afonso Maria de Ligório

Conhecendo, testemunhando e anunciando a fé pautada na doutrina, Santo Afonso nos aponta o caminho para o céu.
Por Fabiano Farias de Medeiros

HORIZONTE, 01 de Agosto de 2014 (Zenit.org) -
Afonso de Ligório nasceu em Marianella cidade de Nápoles na Itália, em 27 de setembro de 1696. Seus pais eram nobres e ricos cristãos que tiveram sete filhos sendo Afonso o primogênito. Dois dias após o seu nascimento, Afonso foi batizado e foi crescendo e sendo educado com vigor pelos pais, tanto no campo acadêmico quanto na fé e na doutrina católica. Aos dezesseis anos, já doutorado em direito civil e canônico, empreendeu uma carreira belíssima no campo da advocacia. Até os vinte e sete anos, advogou em favor dos pobres mas perdeu seu primeiro caso de grande repercussão, fato que o fez abandonar a carreira e decidir-se a seguir o caminho religioso.
Em 1723, ingressou como noviço no Oratório de São Felipe Neri. Foi ordenado em 21 de dezembro de 1726. Adotou o nome de Maria em honra à Mãe de Jesus a qual era profundo devoto. Dedicou seus primeiros anos de apostolado ao acolhimento dos pobres e marginalizados. Fundou centros de oração chamados Capelas Noturnas nas quais aconteciam catequeses, orações e atividades comunitárias e caritativas. Em 1729 iniciou missões pelo interior de Nápoles. No dia 09 de novembro de 1732 fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, também conhecida como Padres Redentoristas. Afonso dedicou-se mais ainda, juntamente com a congregação, à catequese e pregação aos locais mais remotos da região. Combateram fortemente a heresia do jansenismo.
Em 1762, Afonso foi sagrado bispo de Sant'Agata de Goti e teve um fecundo período de episcopado. Após treze anos e acometido de uma artrite degenerativa grave, recebeu permissão para se aposentar e retirou-se para uma comunidade redentorista onde lá concluiu diversas obras espirituais.
Faleceu no dia 1º de agosto de 1787 em Nocera dei Pagani na Itália. Foi beatificado no dia 15 de setembro de 1816 pelo Papa Pio VII e foi canonizado no dia 26 de maio de 1839 pelo Papa Gregório XVI. O Papa Pio XII declarou Afonso como santo padroeiro dos confessores e moralistas em 26 de abril de 1950.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Espiritualidade Litúrgica

      
         Liturgia é o momento culminante da vida cristã, pelo qual, como irmãos unidos na mesma fé nos encontramos com Deus, nosso Pai. É a fonte onde a comunidade busca a força e o alimento para a caminhada.
         A Liturgia cristã é uma resposta de fé e amor, que o homem eleva a Deus, em retribuição as bênçãos espirituais recebidas do Pai. É a Igreja unida a seu Senhor sob a ação do Espírito Santo, que bendiz o Pai pelo seu dom inefável através da adoração, do louvor e da ação de graças.
          Vamos lembrar que quando nos reunimos para celebrar nos reunimos com o Deus Pai, com a Igreja , sob ação do Espírito Santo com a presença real de Jesus Cristo.
          A Liturgia é também o exercício de sacerdócio de Jesus Cristo, lugar onde se realiza a santificação do homem. É a memória do Mistério Pascal de Cristo, que se faz presente, pois abraça todos os tempos , pela ação do Espírito Santo.
           O Espírito Santo na Liturgia tem a missão de preparar a assembléia para encontrar-se com Cristo, recordar e manifestar Cristo à fé da comunidade, para torná-lo presente e atualizar a obra salvifica de Jesus Cristo.
            A espiritualidade litúrgica leva o cristão a identificar-se com Cristo, faz assimilar o seu projeto do Reino de Deus e a buscar o crescimento na vivencia dos sacramentos.
             Portanto a espiritualidade litúrgica é uma atitude permanente de oração, um caminhar na presença do Senhor, um orar sempre. Pois a experiência espiritual cristã não se realiza sem a participação na celebração litúrgica e tão pouco se restringe a Rito.
            Por isso precisamos tomar consciência da sacralidade da Liturgia, precisamos aprender a ter uma postura de fé e respeito do ambiente sagrado, pois ali se encontra Deus presente. Devemos ter cuidado no vestir e nos portar-se diante de Deus.
            Podemos dizer que a espiritualidade nos faz celebrar a vida, louvar e bendizer a Trindade Santa em todos os momentos, e não apenas em horas e dias determinados.
            A participação na Missa nos faz entrar em contato com o mistério salvifico de Deus, o mistério Pascal de Cristo, que veio para transformar a nossa vida, para mudar o mundo.
             A espiritualidade da liturgia nos leva para uma vida nova em Cristo.

                                         Maria Ronety Canibal

VOCAÇÃO



Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre
Escreveu o Papa Francisco: “A vocação é fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns aos outros, que se faz serviço recíproco, no contexto de uma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si”.
Todos nós desejamos uma vida bem vivida. Almejamos uma vida com sentido. Nossas buscas, projetos e sonhos se sustentam a partir de um horizonte de vida sólido. A pergunta, talvez, sempre necessária, é: o que significa uma vida, uma existência com sentido? A partir de onde se encontra sentido para a própria vida? Aqui certamente se expressa o nobre, digno e necessário serviço junto, especialmente, a nossos adolescentes de orientar, dialogar e auxiliar; afinal, perceber qual o caminho de vida que vem ao encontro das tendências, dotes e mesmo necessidades pessoais, nem sempre é tarefa fácil.
Uma história, pertencente à tradição hebraica, pode auxiliar na compreensão dos desafios característicos quanto à necessidade de realizar uma opção de vida. Diz a história: “Um certo rabi procurou seu mestre, suplicando-lhe: ‘Indicai-me um caminho universal para o serviço a Deus’. O mestre respondeu: ‘Não se trata de dizer ao homem qual caminho deve percorrer, porque existe uma estrada por meio da qual se segue a Deus por meio do estudo, outra, por meio da oração, e outra, por meio do jejum, e ainda outra comendo! É tarefa de cada homem conhecer bem a direção de qual estrada o atrai, o próprio coração e depois escolher aquela estrada com todas as forças’”.
A pessoa humana é única. Possui uma tarefa intransferível. Cada ser humano é convocado a testemunhar sua irrepetibilidade. Para isso, se faz necessário o conhecimento de si mesmo, das próprias qualidades e tendências essenciais. Considerando esse conjunto de elementos, é possível sondar um caminho de vida.
A escolha de um caminho de vida requer muito mais que a opção por uma determinada profissão. Profissão tem a ver com preparação técnica, competência, eficiência produtiva, ganha-pão, função social, status, reconhecimento externo. Tudo isso pressupõe decisão pessoal, realização, chamado interior, paixão, amor e gosto pelo que se faz, ou seja, pressupõe vocação. Assim, retomando a história da tradição hebraica, pode-se perceber que o “serviço de Deus” requer muito mais que somente profissionalismo. Exige escuta do próprio coração, para conhecer bem a direção de qual estrada ele o atrai.
A vocação se orienta eminentemente para um futuro. Ela se realiza, sim, no presente, mas orientada para um futuro. Por isso, pode-se afirmar que vocação é uma tarefa em constante realização. Da profissão, nos aposentamos. Já aquilo que denominamos vocação perpassa todas as fases da existência.
A escuta do próprio coração requer sintonia, escuta, disposição para acolher aquilo que a vida solicita. Escuta e compreende tal solicitação quem cultiva a afeição, a cordialidade, o amor, o respeito pela própria condição. Para nós, cristãos e cristãs, a condição é de filhos e filhas, seguidores e seguidoras do Senhor, caminho, verdade e vida.
Jesus – caminho, verdade e vida – percorria as cidades e aldeias... Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como um rebanho de ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,35-38).
Oxalá possamos cooperar para que homens e mulheres, especialmente os adolescentes e jovens, saibam e possam corresponder à vocação recebida, e serem no mundo cooperadores do Senhor na construção do Seu Reino!VOCAÇÃO

Jesuítas no Brasil

Os sacerdotes jesuítas chegaram ao Brasil com o primeiro governador-geral da colônia, Tomé de Souza, desembarcando na cidade de Salvador em 1549. Chefiados por Manoel da Nóbrega, os religiosos se deslocaram para o sul, dedicando-se a pregação da fé católica e à educação.
É aos jesuítas que historiadores creditam a implantação de um sistema de educação formal no Brasil colônia, ao perceberem que a conversão dos nativos só seria possível se eles tivessem alguns conhecimentos básicos de leitura e escrita. Para se comunicarem com os indígenas, muitos jesuítas aprenderam os idiomas nativos. José de Anchieta, que viera na expedição do segundo governador-geral do Brasil, Duarte de Souza, em 1553, escreve um dicionário, uma gramática e uma doutrina em guarani, além de peças teatrais, criando as primeiras peças literárias produzidas no Brasil colônia. Anchieta tornou-se o mais destacado entre os primeiros jesuítas que viveram nas terras brasileiras. Como educador, participou da fundação do Colégio de Piratininga, onde se originou a cidade de São Paulo, dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro. Politicamente, teve atuação nas negociações de conflitos envolvendo indígenas e brancos.
A atividade educativa dos jesuítas foi intensa. Em 1570, já haviam aberto escolas de instrução elementar em Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga, além dos colégios do Rio de Janeiro, Pernambuco e na Bahia. Acompanhando as incursões dos colonizadores pelo interior do continente, fixaram-se em diferentes pontos do território brasileiro, como Minas Gerais e Goiás. No século XVIII, Paranaguá tornou-se um centro de atividades sacerdotais e pedagógicas através de uma residência, criada em 1708, e de um colégio, fundado em 1708. Na ilha de Santa Catarina, visitada pelos jesuítas desde 1835, abriram uma residência em 1749 e um colégio em 1751. Descendo para o sul, sua presença era nas missões jesuíticas, onde moravam com os índios.
Em 1720, por ordem do Marquês de Pombal, secretário do estado português, os jesuítas são expulsos de Portugal e de todas as suas colônias. A educação voltada para a fé, no modelo jesuítico, não interessava a Pombal, que pretendia criar uma escola ligada aos interesses do Estado, que permitisse o reerguimento de Portugal frente às demais nações europeias. Mais de 600 jesuítas foram embarcados do Brasil para Lisboa, enquanto Pombal confiscava todos os bens móveis e imóveis da Companhia de Jesus, entre igrejas, seminários, imagens, joias, engenhos, livros, casas.
A perseguição à Companhia de Jesus termina em 1814, quando o Papa Pio VII restaura a ordem religiosa. Os religiosos voltam ao Brasil e, mesmo sem reaver propriedades, retomam as práticas educativas, abrindo colégios por todo o território.
Via internet

Santo Inácio de Loyola

História de Santo Inácio de Loyola

Vida de Santo Inácio

Íñigo (Inácio) López nasceu na localidade de Loyola, atual município de Azpeitia, próximo a San Sebastian, no País Basco, na Espanha, em 1491. De família rica, o caçula de treze irmãos, decidiu dedicar-se à espiritualidade aos 26 anos, quando abandonou a carreira militar, voltando a estudar para melhor abraçar a vocação descoberta de evangelizador. De 1522 a 1523 escreveu os Exercícios Espirituais, baseados em sua experiência de encontro com Deus, através de reflexões que levam em conta sua própria humanidade. Os Exercícios Espirituais se tornaram, mais tarde, um reconhecido método de evangelização para os católicos.
Em 1534, com mais seis companheiros, entre eles Francisco Xavier, funda a Companhia de Jesus, que recebe a aprovação do Papa Paulo III em 1540, quando Inácio é escolhido para o cargo de superior-geral da ordem.
Os jesuítas se espalharam pelo mundo. No Brasil, tiveram importante papel na conversão e proteção de indígenas durante a época colonial, além de contribuírem decisivamente para o ensino com colégios em diversos pontos do território nacional que hoje integram a Rede Jesuíta de Educação.
Santo Inácio morreu em Roma, em 31 de julho de 1556, aos 65 anos. Em 1922, o Papa Pio XI declarou Santo Inácio padroeiro de Retiros Espirituais.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Bondade Infinita


 "Deus contemplou toda sua obra, e viu que tudo era muito bom" (Gn 1, 31). Poderíamos imaginar o júbilo de Deus ao contemplar as maravilhas por Ele criadas: o fulgurante céu estrelado, a elegante movimentação das ondas do mar, o colorido das aves e das flores, a força decidida das feras... "tudo era muito bom". De fato, toda a obra da criação é boa justamente por ser um reflexo do Altíssimo e pela qual mais facilmente o homem pode transcender ao Criador.
Ensina-nos a Teologia, que Deus ao amar algo, infunde neste a bondade. Não é sem razão que um dos atributos de Deus é a Bondade Infinita que "compreende todas as bondades, sendo o bem de todos os bens".1Inúmeras são as páginas das Sagradas Escrituras nas quais se revelam tão profundamente a Bondade de Deus,' "O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo" (Sl 102, 8). Mesmo no Antigo Testamento, onde o Senhor todo-poderoso se revestia da armadura das vinganças e era temido como o Deus dos exércitos, a manifestação de Sua bondade estava presente: "Com quem é bondoso vos mostrais bondoso, com homem íntegro vos mostrais íntegro" (II Sm 22, 26).
Entretanto, foi no Novo Testamento que a Bondade se manifestou prodigiosamente aos homens com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo à terra. Qual coração, podendo escutar e presenciar as divinas palavras emanadas dos lábios divinos do Redentor não se comoveria com o apelo do Redentor: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado"? (Jo 13, 34). Somente uma Bondade infinita amaria os homens, tanto os santos como os pecadores, a ponto de verter todo o sangue no madeiro da Cruz. "Que glória, que triunfo, que fastígio atingira Nosso Senhor Jesus Cristo com sua Paixão! Que humilhação nos infernos, esmagados pelo erro de ignorar a força invencível do Bem!".2 Nosso Senhor Jesus Cristo venceu o império de satanás pela Bondade suprema! Bondade esta tão vergonhosamente rejeitada pelos Anjos decaídos.
Se pensássemos que a Bondade de Deus foi manifestada somente no Sacrifício do Calvário, enganamo-nos a nós mesmos. Quis Ele depositar em nossas mãos o auxílio onipotente d'Aquela que é considerada a Aurora e Esplendor da Igreja Triunfante, o maior reflexo da bondade de Deus aos homens: Maria Santíssima !
Quantas não foram as conversões realizadas na História através de sua intercessão! O famoso judeu convertido ao catolicismo, Ratisbonne, após a magnífica aparição da Virgem, proclamava e repetia inúmeras vezes com ardor: "Como Ela é o bondosa!". Dando a entender que, com tal intensidade de benquerença manifestada por Maria Santíssima, até mesmo pedras brutas e enraizadas no pecado se comovem e abraçam o verdadeiro e reto caminho.
Conta-se que, no século passado, um membro de uma organização anticatólica converteu-se e, poucos instantes antes de sua morte, confessou-se. Como os demais membros desconfiassem que este tivesse revelado os segredos de tal organização, encarregaram outro adepto a fim de aniquilarem o sacerdote que o havia confessado.
O futuro assassino, fingindo que iria confessar-se, obrigou o sacerdote a contar-lhe os segredos que lhe haviam sido revelados. O digno sacerdote, porém, sendo fiel ao seu estado, disse-lhe que não lhe contaria nada e se fosse necessário matá-lo podia fazê-lo, mas apenas pedia uns minutos para invocar o auxílio de "nossa Mãe". Ao escutar as palavras "nossa Mãe" o perverso assassino prorrompeu em pranto, pedindo a confissão para que pudesse realmente ser considerado filho de Mãe tão santa e boa.
Se mesmo os criminosos, afastados da Igreja, são objetos da Bondade da Virgem, que se dirá daqueles que se consagram a Ela? Caminhando neste "vale de lágrimas", contemplar a bondade de Deus nos dá verdadeiro alento e alegria. Portanto, não cessemos de admirar tamanho tesouro, mas saibamos apelar a essa Bondade Suprema em todas as dificuldades que nos são oferecidas, por meio d' Aquela que é a Auxiliadora dos Cristãos e Consoladora dos Aflitos. Se soubermos nos apresentar a Ela como verdadeiros filhos, embora fracos, Ela nos conduzirá à visão bem-aventurada da Bondade Infinita. Ela é o caminho seguro, "pois é o caminho traçado pela mão mesma de Deus".3
Recorramos a Ela e como seus filhinhos, lancemo-nos a seus pés e aos seus braços com uma perfeita confiança, em todos os momentos e em todos os acontecimentos invoquemos a esta Mãe tão santa e boa. Imploremos o seu amor materno, tenhamos um coração de filho e esforcemo-nos por imitar as suas virtudes.4
Por Irmã Isabel Sousa, EP
1 - SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma contra os gentios. Livro I c. XL. le 2.
2 - CLA DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos. Comentários aos Evangelhos dominicais. Ano C. Cittá del Vaticano! São Paulo: L.E. Vaticana/ Lumen Sapientiae, 2012, v. V, p. 263.
3 - ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. Trad. José Vente São Paulo: Edições Paulinas, 1960. p.308.
4 - SÃO FRANCISCO DE SALES. Filotéia ou Introdução à devota. Trad. de José de castro. 8°ed. São Paulo: Vozes, 1958. p. 116.


Gratuidade



Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Fala-se muito em dar comida, bolsa-família, emprego, vagas nas escolas e até cotas, estradas, ambulatórios e ambulâncias... Não se trata de os políticos serem os que beneficiam a coletividade, gastando do próprio bolso. Afinal, o que alguns fazem é fruto do imposto pago pelo povo. Os impostos são elevados e os benefícios sociais são curtos e insuficientes. É só olhar o que acontece com a saúde, a segurança, a educação... Aliás, na área da saúde não se quer aceitar o pleito popular de mais de dois milhões de assinaturas, com o “Saúde mais dez”. Quando políticos querem abafar a grita popular, inventam desculpas e não fazem o que é vontade e necessidade do patrão, que é o próprio povo. Os políticos são empregados, e muito bem pagos!
Deus criou este planeta para todos usufruírem dele de modo responsável e justo. Minorias se apropriam do que seria para o benefício de todos. Precisamos mudar a mentalidade, assumindo a postura do Filho de Deus. Ele pratica e ensina a gratuidade, já anunciada antes de sua vinda: “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite sem nenhuma paga” (Isaías 55, 1). A gratuidade é fruto da bondade de Deus, que não tem interesse nenhum em tirar vantagem do que ele oferece a cada ser humano. Aliás, ele não cessa de nos avisar que só conquista a felicidade quem dá de si pelo bem do semelhante. Quem só quer explorar e quem só pensa gananciosamente em si e não no benefício do próximo, pode adquirir tudo, menos a realização do ideal que Deus propõe a todos, da aquisição do tesouro escondido do Reino de Deus.
Como é bom vermos grandes exemplos de gratuidade em muitos homens e mulheres na história. Basta vermos certas lideranças morais, como Tereza de Calcutá, Francisco de Assis, D. Helder Câmara, D. Luciano Mendes, Ir. Dulce e tantos outros, também fora do nosso contexto eclesial! A gratuidade revela o caráter da pessoa. Há manifestações ou muita visibilidade na bondade, na solidariedade, na luta por causas de defesa da vida, da dignidade da pessoa humana, do empenho pela inclusão social e superação das discriminações! Pessoas desse naipe não se acovardam diante de incompreensões e até perseguições: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Eu tudo isso, somos mais que vencedores...” (Romanos 8,35.37).
A atitude de gratuidade faz a pessoa se solidarizar com as mais necessitadas, repartindo o pouco que tem. Jesus adverte os discípulos que queriam despedir o povo faminto para ir embora e comer em casa: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mateus 14,16) . Os poucos pães e peixes foram multiplicados e distribuídos. Todos comeram e ficaram saciados! A solidariedade faz haver a repartição dos alimentos para todos. Precisamos, de fato, distribuir as possibilidades de vida digna para toda a humanidade. A fome, a miséria, o desprezo para com a vida e os deixados de lado socialmente clamam de Deus a justiça em relação aos egoístas, ladrões do povo...
Como é importante forjar o caráter de cada pessoa para a gratuidade, que eleva a dignidade de cada um e faz a comunidade toda ser beneficiada.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Agosto, mês vocacional



Dom Urbano Allgayer
Bispo emérito de Passo Fundo (RS)

Na liturgia, agosto é o mês vocacional. Convém abordar três vocações específ
icas da vida da Igreja, em que celebramos as festas do Santo Cura d’Ars, de Santa Ana e São Joaquim, pais da Santa Virgem Maria, da Transfiguração do Senhor, da Assunção de Nossa Senhora ao céu.

A vocação matrimonial é básica. O matrimônio santifica o casamento entre homem e mulher, co-criadores, com Deus, da espécie humana. É o sacramento constitutivo da família, célula-mãe da sociedade, igreja doméstica, centro de comunhão e participação entre o povo de Deus. Institui-se no Brasil a Semana da Família, celebrada entre o 2º e o 3º domingo de agosto. Vida, dignidade e esperança devem caracterizar esta Semana, na qual oramos para que, em todos os lares, pais, filhos, avós, se amem, se respeitem, crescendo na fé e na vida em comunidade.
A vocação religiosa constitui um estado de vida em que mulheres e homens se consagram a Deus e à Igreja pelos votos de pobreza, obediência e castidade. A vida religiosa manifesta na Igreja o maravilhoso matrimônio estabelecido por Deus, sinal do mundo vindouro (Cânon 607).
O testemunho público de Cristo e da Igreja, a ser dado pelos religiosos, implica em presença especial no mundo, que é próprio da índole e finalidade de cada instituto. Os Institutos Religiosos ou Seculares devem ser fortalecidos, como forças de vanguarda na evangelização da Igreja.
A vocação sacerdotal é vivida por diáconos, presbíteros e bispos, membros do clero da Igreja. É importante rezar e trabalhar pelas vocações sacerdotais. Sem o clero a Igreja não funcionaria, deixaria até de existir, o que é impensável, pois Cristo deu à Igreja a sua palavra, a garantia de perpetuidade. “A minha palavra jamais passará”. A Igreja necessita de boas e numerosas vocações sacerdotais e religiosas, que têm sua origem em Deus e em vocações matrimoniais imbuídas de espírito profundamente cristão. Agosto é também o mês das vocações para os ministérios e serviços da comunidade, como catequistas e ministros (as) da comunhão eucarística, etc.
Passo Fundo, 25 de julho de 2014

PÃO NAS MESAS



Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)




O alimento é uma das dádivas da natureza, dom de Deus e necessário para a sobrevivência das pessoas. A natureza é sempre muito fértil e, quando bem cuidada, produz o suficiente para as necessidades primárias dos animais e dos seres humanos. Mas isto depende também da forma de distribuição dos bens colhidos. Ninguém precisaria passar fome, principalmente no Brasil, com tanta terra e tanta fertilidade.
A política do agro-negócio ajuda no desenvolvimento do país, enriquece pessoas e grupos privilegiados, mas dificulta a economia familiar. Matar a fome supõe poder de compra para suprir de alimento as mesas da população. Isto tem sido atendido nos últimos tempos, mas muitas famílias ainda carecem de condições para conseguir alimento suficiente.
Na bíblia encontramos a preocupação do Senhor com a alimentação do povo. No deserto mandou o maná, alimento para cada dia e sem necessidade de acúmulo, de preocupação exagerada com o dia de amanhã (Ex 16, 20). Também Jesus multiplica pães para não deixar o povo passar fome (Mt 14, 19-21).
A porcentagem de alimento jogado no lixo em nosso país é grande. Isto afronta a dignidade de muita gente que não tem o mínimo para sua sobrevivência. Também não podemos deixar de destacar o gesto de doação do que sobra para as entidades que prestam serviço aos mais carentes. Jogar fora o que ainda é aproveitável é deixar de exercer a virtude da caridade.
Onde há partilha não existe fome e tudo se multiplica. Como disse Jesus: “Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa” (Mc 9, 41). Nisto está o sentido do dízimo, gesto de vida comunitária e de gratidão a Deus pelo dom da vida.
Além do pão das mesas, temos também o pão da Palavra de Deus, a mensagem do Reino, que motiva as pessoas para a prática da partilha, do despojamento em benefício do outro. Muitos têm fome de alimento material, mas também fome de Deus em seus corações.

SANTA MARTA



As Escrituras contam que, em seus poucos momentos de descanso ou lazer, Jesus procurava a casa de amigos em Betânia, local muito agradável há apenas três quilômetros de Jerusalém. Lá moravam Marta, Lázaro e Maria, três irmãos provavelmente filhos de Simão, o leproso. Há poucas mas importantíssimas citações de Marta nas Sagradas Escrituras.




É narrado, por exemplo, o primeiro momento em que Jesus pisou em sua casa. Por isso existe a dúvida de que Simão fosse mesmo o pai deles, pois a casa é citada como se fosse de Marta, a mais velha dos irmãos. Mas ali chegando, Jesus conversava com eles e Maria estava aos pés do Senhor, ouvindo sua pregação. Marta, trabalhadora e responsável, reclamou da posição da irmã, que nada fazia, apenas ouvindo o Mestre. Jesus aproveita, então, para ensinar que os valores espirituais são mais importantes do que os materiais, apoiando Maria em sua ocupação de ouvir e aprender.

Fala-se dela também quando da ressurreição de Lázaro. É ela quem mais fala com Jesus nesse acontecimento. Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus dará".

Trata-se de mais uma passagem importante da Bíblia, pois do evento tira-se um momento em que Jesus chora: "O pranto de Maria provoca o choro de Jesus". E o milagre de reviver Lázaro, já morto e sepultado, solicitado com tamanha simplicidade por Marta, que exemplifica a plena fé na onipotência do Senhor.

Outra passagem é a ceia de Betânia, com a presença de Lázaro ressuscitado, uma prévia da última ceia, pois ali Marta serve a mesa e Maria lava os pés de Jesus, gesto que ele imitaria em seu último encontro coletivo com os doze apóstolos.

Os primeiros a dedicarem uma festa litúrgica a santa Marta foram os frades franciscanos, em 1262, e o dia escolhido foi 29 de julho. Ela se difundiu e o povo cristão passou a celebrar santa Marta como a Padroeira dos Anfitriões, dos Hospedeiros, dos Cozinheiros, dos Nutricionistas e Dietistas

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Fomos criados pelo Senhor para edificar o mundo olhando para o alto




Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 26 de Julho de 2014 (Zenit.org)
Quanto vale um avião derrubado? Quanto valem as armas utilizadas nos inúmeros conflitos em andamento? Quanto valem as tantas vítimas da violência ceifadas a cada minuto pelo mundo afora? A vida é vilipendiada, transformada em mercadoria, transformada em espetáculo. Multiplicam-se as imagens que correm o mundo, nas quais os modernos equipamentos eletrônicos registram e divulgam os assaltos, assassinatos, uso e abuso de drogas e outras cenas diante das quais corremos o grave risco de ficar acostumados e acomodados. Muitas pessoas ficaram estarrecidas com cenas recentemente divulgadas, nas quais se via o tráfico de drogas aberto e sem qualquer controle das autoridades. Mais ainda nos assustamos quando esta gravíssima chaga social pode vir a ser legalizada! Estamos vivendo no olho do furacão de uma mudança de época, na qual os valores são postos em cheque e todos são conduzidos, na boa vontade ou na força, a rever seus critérios e tomar novas decisões. Sem alarmismos, é bom saber que o tempo da decisão agora é nosso.
Há alguns anos difundiu-se uma inspirada canção do Padre Zezinho, chamada “Vocação”. Se a seu tempo foi uma voz profética, continua a ressoar hoje com mais força ainda, provocando decisões e escolhas de valores: “Se ouvires a voz do vento chamando sem cessar, se ouvires a voz do tempo mandando esperar, a decisão é tua, a decisão é tua. São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo. Se ouvires a voz de Deus chamando sem cessar, se ouvires a voz do mundo querendo te enganar, a decisão é tua, a decisão é tua. São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo. O trigo já se perdeu, cresceu, ninguém colheu, e o mundo passando fome, passando fome de Deus. A decisão é tua, a decisão é tua. São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo!”
Consideradas as devidas proporções, todas as diversas eras na história da humanidade se envolveram em grandes crises. Muitos regimes caíram, não apenas pelas circunstâncias políticas ou econômicas, mas corroídos por dentro em suas escolhas humanas, com as quais se desgastaram, na corrupção dos costumes. A busca desenfreada das posses e riquezas a qualquer custo, a sede do prazer e a ânsia do poder foram e ainda são os grandes e destruidores ídolos. Do grande e definitivo evento da salvação operada pelo Mistério Pascal da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para cá, a Igreja tem anunciado o Reino de Deus, que corresponde à grande paixão da pregação do Senhor. Surgem, crescem, consolidam-se e entram em decadência os muitos reinos do mundo e todos eles, sem exceção, confrontados com os valores do Reino de Deus podem ser revistos ou superados.
Onde está o Reino de Deus? Como se manifesta a sua força? O que muitas pessoas chamaram de minorias abraâmicas está presente no meio do mundo. Há muitas pessoas e grupos que acolhem de bom grado a Palavra de Deus. Alguns, no escondimento e no anonimato, usam critérios diferentes, plantam sementes de uma vida familiar sólida, acolhem de bom grado o dom da vida, sem se desfazerem da prole, outros tantos mantêm as mãos limpas e o coração puro (Cf. Sl 14), porque decidiram entrar na Casa do Senhor. Diante da mudança de época, diante das crises e fragilidade das instituições, cada pessoa deverá fazer suas escolhas: “Buscai, pois, o seu Reino, e essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12, 32-34).
Jesus compara o Reino a um tesouro escondido num campo (Cf. Mt 13, 44-52). Encontrá-lo é a alegria da vida de um homem. A beleza do encontro e a alegria de ter descoberto o sentido para a existência fazem com que a pessoa abandone tudo o que foi sustento para a sua vida em vista do tesouro maior. Acontece, simplesmente! É presente de Deus, que vem ao encontro da pessoa. Vender tudo o que se possui é atitude corajosa de quem, no meio de tantas possibilidades, escolhe os valores do Reino de Deus, reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de Justiça, de amor e de paz. Ficam para trás todas as mesquinharias que atraíram seu coração e seu olhar, invertem-se suas prioridades, torna-se livre para olhar para frente e para o alto.
Mas o Reino de Deus é também comparado a um comerciante que procura pérolas preciosas. Também este vende tudo para adquirir o que corresponde à sua busca. Numa época em que o “sonho de consumo” é usado e abusado, para que pessoas de todas as idades gastem até o que não têm para realizá-lo, o Evangelho fala de outras riquezas. Dependendo de quanto o discípulo de Cristo foi tocado pelo Reino de Deus, mais se sente seguro e tomará decisões que mudarão o rumo de sua vida.
Encontrar e procurar! Duas atitudes plenamente humanas, correspondentes à riqueza do dom de Deus, que não nos fez para a mediocridade nem para o acomodamento. Fomos criados pelo Senhor para edificar o mundo olhando para o alto, no modelo de vida de Deus, que é Pai e Filho e Espírito Santo. Mirando em Deus, encontraremos também aqui na terra a plenitude da realização e da alegria. Ninguém entende tanto de humanidade quanto o Senhor, pois por Ele fomos criados e nem nos realizaremos, andando inquietos enquanto nosso coração não repousar em seu regaço.
No Evangelho de São Mateus, o magnífico Sermão das Parábolas se encerra com uma consoladora e provocante palavra, precedida da lição sobre a rede lançada no mar da existência, enquanto durar o tempo desse mundo. Até lá, quem se deixa instruir “nas coisas do Reino”, tirará dos tesouros da vida o que existe de melhor, do novo e do velho, exercendo a sabedoria que é dom do próprio Deus. Não terá medo das mudanças e nem se abalará com todas as eventuais convulsões de seu tempo, pois terá escolhido o que existe de melhor, para oferecer à humanidade sua contribuição, seu inigualável tesouro.
É ao Senhor que podemos pedir tantas graças: “Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam”..

Dar primazia a Deus significa ter a coragem de dizer não para o mal

Homilia do Papa durante a Missa em Caserta
Por Redacao

ROMA, 27 de Julho de 2014 (Zenit.org) - Apresentamos a homilia do Papa Francisco pronunciada na missa celebrada em Caserta, Itália, durante viagem apostólica realizada neste sábado, 26 de julho.
Jesus se dirigia aos seus ouvintes com palavras simples que todos pudessem entender. Esta noite também Ele nos fala por meio de breves parábolas, que se referem à vida cotidiana das pessoas daquela época. As semelhanças entre o tesouro escondido no campo e a pérola de grande valor veem como protagonistas um operário pobre e um rico comerciante. O comerciante buscou durante toda a sua vida algo de valor, que satisfizesse sua sede de beleza e viagem pelo mundo, sem trégua, na esperança de encontrar o que estava procurando. O outro, o agricultor, nunca se afastou de seu campo e realizava o trabalho de sempre, com a rotina diária habitual. No entanto, o resultado final é o mesmo: a descoberta de algo valioso. Para um, um tesouro, para o outro, uma pérola de grande valor. Ambos também estão unidos por um sentimento comum: a surpresa e alegria de ter encontrado o cumprimento de todos os desejos. Finalmente, os dois não hesitam em vender tudo para comprar o tesouro que encontraram. Através destas duas parábolas Jesus ensina o que é o reino dos céus, como podemos encontrá-lo e o que fazer para possuí-lo.
O que é o reino dos céus? Jesus não se preocupa em explicar. Explica-o desde o início do seu Evangelho: “O reino dos céus está próximo”. No entanto, não nos faz vê-lo diretamente, mas sempre numa reflexão, narrando um modo de agir de um patrão, um rei, as dez virgens… Ele prefere deixar-nos a intui-lo por meio de parábolas e comparações, sobretudo revelando os efeitos: o reino dos céus é capaz de mudar o mundo, como o fermento escondido na massa; é pequeno e humilde como um grão de mostarda que, no entanto, se tornará tão grande quanto uma árvore. As duas parábolas que queremos refletir nos fazem entender que o reino de Deus está presente na própria pessoa de Jesus. Ele é o tesouro escondido e a pérola de grande valor. É de se entender a alegria do agricultor e do comerciante: eles encontraram! É a alegria de todos nós quando encontramos a proximidade e a presença de Jesus em nossas vidas. Uma presença que transforma nossas vidas e nos torna sensíveis às necessidades dos irmãos; uma presença que nos convida a aceitar uns aos outros, incluindo os estrangeiros e imigrantes.
Como se encontra o reino de Deus? Cada um de nós tem um caminho particular. Para alguns, o encontro com Jesus é esperado, desejado, procurado por muito tempo, como é mostrado na parábola do comerciante. Para outros, acontece de repente, quase por acaso, como na parábola do agricultor. Isso nos lembra que o próprio Deus se deixa encontrar, no entanto, porque é Ele que primeiro quer nos encontrar e busca nos encontrar: veio para ser o “Deus conosco”. É Ele quem nos procura e se deixa encontrar também por aqueles que não o buscam. Às vezes, Ele se deixa encontrar em lugares incomuns e em momentos inesperados. Quando alguém encontra Jesus, fica fascinado, conquistado, e é uma alegria deixar o nosso modo habitual de vida, às vezes árido e apático para abraçar o Evangelho e deixar se guiar pela nova lógica do amor e do serviço humilde e desinteressado.
O que fazer para possuir o reino de Deus? Sobre este ponto, Jesus é muito claro: não basta a emoção, a alegria da descoberta. Ele deve levar a pérola preciosa do reino a todos os outros terrenos bons; precisa colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas, preferi-Lo antes de tudo. Dar primazia a Deus significa ter a coragem de dizer não para o mal, a violência, a opressão. É viver uma vida de serviço aos outros e em favor da lei e do bem comum. Quando uma pessoa encontra Deus, o verdadeiro tesouro, abandona o estilo de vida egoísta e tentar compartilhar com os outros o amor que vem de Deus. Quem se torna amigo de Deus, ama seus irmãos, se empenha em proteger suas vidas e sua saúde, também respeitando o meio ambiente e a natureza. Isto é particularmente importante nessa bela terra de vocês que precisa ser protegida e preservada. Peço que tenham a coragem de dizer não a qualquer forma de corrupção e ilegalidade, que todos sejam servidores da verdade e assumam sempre um estilo de vida evangélico, que se manifesta no dom de si e na atenção aos pobres e excluídos.
A Festa de Santa Ana, a padroeira de Caserta, reuniu nesta praça os vários membros da comunidade diocesana com o bispo e a presença de autoridades civis e dos representantes das várias realidades sociais. Gostaria de encorajá-los a viver a festa da padroeira livre de todos os preconceitos, expressão pura da fé de um povo que se reconhece como família de Deus e fortalece os laços de fraternidade e solidariedade. Santa Ana talvez tenha escutado sua filha Maria proclamar as palavras do Magnificat: “Ele derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes, saciou os indigentes de bens” (Lc 1, 51-53). Ela irá ajudá-los a procurar o único tesouro, Jesus, e ensiná-los a descobrir os critérios do agir de Deus. Ele inverte os conceitos do mundo, vem em socorro dos pobres e pequenos e cumula de bens os humildes, os que confiam a Ele sua existência.