sábado, 24 de maio de 2014

Aborto passa a ser financiado pelo estado brasileiro na rede pública de saúde.

Dilma Roussef sancionou a Lei 12.485, abrindo assim brechas para a prática do aborto no sistema SUS, com recurso público. Publicação da Portaria nº 415, de 21 de maio de 2014
Por Prof. Hermes Rodrigues Nery

SãO PAULO, 24 de Maio de 2014 (Zenit.org) - Os organismos que estão trabalhando internacionalmente pela aprovação do aborto são as Fundações (que planejam e financiam as ações) e as organizações não governamentais (que as executam) e que promovem tudo isso com enormes somas de dinheiro, como as Fundações Ford, Rockefeller, MacArthur, a Buffet (entre as fundações), e a International Planned Parenthood Federation (IPPF, que tem filiais em quase 150 países), a Rede Feminista de Direitos Sexuais e Reprodutivos, as Católicas pelo Direito de Decidir (que não são católicas, mas usam o nome para confundir principalmente os católicos), a Sociedade de Bem-Estar Familiar no Brasil (Benfam) e a International Pregnancy Advisory Services (IPAS), entre as ONGs.
A filial norte-americana da IPPF, por exemplo, detém uma rede que abarca 20% de todas as clínicas abortistas dos Estados Unidos. Segundo a fundadora das falsas “Católicas pelo Direito de Decidir”, Frances Kissling, a IPPF só trabalhou na propaganda pela legalização da prática do aborto nos EUA, mas não queria entrar diretamente no negócio das clínicas “para não ser estigmatizadas” pelo público. Mas, numa longa entrevista tornada pública, ela mesma conta que as Fundações que financiam as atividades da IPPF obrigaram-na a entrar diretamente na estruturação e gerência da própria prática do aborto, tornando-se hoje a maior promotora de abortos na América e no mundo.
Argumento dos direitos reprodutivos
O argumento, portanto, dos direitos reprodutivos não passa de retórica, que seduz os desinformados (entre eles, os políticos), em prejuízo de muitos, especialmente as mulheres pobres, que são as mais vitimadas por essa lógica inumana.No Brasil a Fundação MacArthur, por exemplo, desde 1988, decidiu investir em programas de controle populacional, em nosso no País, alimentando várias OnGs para esta finalidade. No ano seguinte, em São Paulo, a então prefeita do PT, Luiza Erundina (hoje deputada nesta Casa) estabeleceu o primeiro serviço brasileiro de abortos em casos de estupro, no Hospital Jabaquara, dando início assim a uma rede que vem até hoje se ampliando e trabalhando com o objetivo de legalizar o aborto no Brasil, utilizando a estratégia de oferecer serviços de abortos nos casos não punitivos pela lei, que eles chamam de “aborto legal”, quando não é legal, pois ele continua sendo crime no Código Penal. E agora querem também de alguma forma flexibilizar a legislação, nesse sentido, com a reforma do Código Penal.
Investimentos para "capacitar" médicos brasileiros
Os médicos brasileiros passaram a fazer parte de “capacitações” para aceitarem gradativamente a lógica do “aborto legal” iniciado no Hospital Jabaquara, depois também no Hospital Pérola Byington, em São Paulo, no CAISM (Centro de Atendimento Integral à Saúde da Mulher), sob a direção do Dr. Aníbal Faúndes, e membro do Conselho Populacional de Nova York.
A mesma Fundação MacArthur de Chicago investiu nos Foruns para o Atendimento aos Abortos Previstos por Lei, em congressos anuais, com profissionais da Saúde e organizações feministas. Vê-se que nesse processo e contexto, o atual governo brasileiro é o mais comprometido com esta agenda, até hoje.
Da banalização à legalização do aborto
Mas foi em 1996, após os acordos de Glen Cove entre o FNUAP, OnGs e Comitês de Direitos Humanos, que foi possível expandir os serviços de “aborto legal” no Brasil, criando assim o ambiente cada vez mais favorável principalmente entre os médicos para a banalização da prática do aborto, até chegar a plena legalização. Muitos acreditam estar trabalhando realmente em defesa dos interesses das mulheres, mas não têm o conhecimento mais a fundo da questão, e com isso favorecem os interesses das Fundações internacionais.
Em 1998, na gestão do Ministro José Serra (PSDB), tais grupos influíram para que o Ministério da Saúde adotasse a primeira Norma Técnica que permitisse, com uma medida do Executivo, ampliar tais serviços nos hospitais brasileiros. Para se ter uma ideia, pela Norma Técnica a mulher estaria dispensada de apresentar exame de corpo de delito para comprovar o estupro e solicitar um aborto, exigindo apenas a apresentação de um Boletim de Ocorrência, que pode ser obtido em qualquer delegacia de polícia sem necessidade da apresentação de provas.
Mais uma brecha, mais um ardil, fazendo avançar a agenda abortista, com o apoio do governo!Hoje há em nosso País uma rede de hospitais equipados para tais serviços, favorecidos não apenas por aquela Norma Técnica, como outras que vieram posteriormente. A 2ª Norma Técnica, eliminou a exigência do Boletim de Ocorrência e limitou a objeção de consciência. O médico, por exemplo, que está sozinho no serviço de emergência, tem que fazer o aborto. Se não fizer pode ser processado, por omissão de socorro.
É isso: Primeiro tem que matar, depois curar os outros.E assim, de todas as formas, o governo brasileiro buscou driblar as restrições legais, obcecado que está em cumprir seus compromissos com as agências da ONU e grupos internacionais, desde 2005, de modo mais acentuado (como comprova farta documentação), muito foi feito nesse sentido pelo Governo Lula, cujo partido do Presidente Lula e de Dilma Roussef chegou a punir dois deputados federais do próprio PT, de marcada atuação em defesa da vida.
Grupo de estudo para implantar o aborto
Em 2007, foi criado o GEA (Grupo de Estudos sobre o Aborto) que diz em seu próprio site, que é “uma entidade multidisciplinar que reúne médicos, juristas, antropólogos, movimentos de mulheres, psicólogas, biólogos e outras atividades. Não é uma OnG e não tem verbas próprias. Conta com inestimável apoio do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Seu foco é capilarizar a discussão do tema ABORTO sob o prisma da Saúde Pública e retirá-lo da esfera do crime.”.
Ainda em 2010, o coordenador do Grupo de Estudos para legalizar o aborto no Brasil, constituído pelo governo brasileiro, pago com recurso público, disse que a intenção não é apenas despenalizar o aborto, mas “a ideia é ir mais longe e não fazer mais do aborto um crime”. Grupo este formado por militantes e OnGs que promovem o aborto no Brasil, inclusive faz parte o Dr. Adson França, representante do Ministério da Saúde.
Aborto pago com recursos públicos
É preciso que o aborto não seja mais tido como crime para, anestesiada a consciência moral, utilizar então o Estado com recurso público a perpetrar este abominável atentado contra a vida, sem que haja resistência e restrição legal. O Estado que é constituído para defender a vida e a família, acaba portanto se voltando contra a vida e a família, como um Leviatã que oprime até a morte, por pressão das forças globalistas. E com os eufemismos, a retórica e a demagogia, invertem todos os conceitos. Descriminalizado, sem restrição legal, a defesa do aborto passa a ser a defesa de saúde pública.
Pílula do dia seguinte
O SUS então passa a fornecer abortivos químicos (a exemplo da pílula do dia seguinte), como explica o Dr. Ives Gandra da Silva Martins, "à custa de perigosa intoxicação da mulher, por vezes com conseqüencias desastrosas para a sua saúde”. Mata a criança no ventre materno e provoca danos á saúde da mulher, ao corpo e a alma da mulher. Pois os efeitos pós-abortos são causas, muitas vezes, da depressão, da angústia, de graves problemas psíquicos e até mesmo o suicídio.
Por isso, reafirmamos, que mente descaradamente o governo brasileiro quando diz que não está comprometido com esta agenda. Como fez a então candidata Dilma Roussef, em 2010, sobre esta matéria. Ainda no segundo turno, ela assinou uma carta compromisso de que era contra o aborto, dizendo ipsis literis: ““Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto. Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no país.”
Pois não é o que fez a sra. Presidente da República nesta matéria. As iniciativas que visam legalizar o aborto no Brasil têm vindo do Executivo, com a complacência e a conivência do Judiciário. Como há pouco me lembrou o Dr. Paulo Fernando Mello Costa, aqui presente, sugiro que assistam ao vídeo que ele fez, “Dilma Mãe do Brasil”, disponível no youtube.
Pressões no Congresso
Temos acompanhado, há alguns anos, o trabalho desta Casa de Leis e visto os esforços de parlamentares para aplacar a sede do sangue inocente. Mas as pressões não cessam, cada vez mais intensas, promovidas, estimuladas, de modo sutil e sofisticado, e também muito bem planejado e financiado pelas fundações internacionais e por vários setores do governo federal, inclusive do Ministério da Saúde, que recentemente encaminhou a esta Casa de Leis o então PLC 03, hoje lei 12.485, que foi vergonhosa e sorrateiramente tramitada e votada sem deliberação, sem sequer que os deputados percebessem a armadilha e deixassem escapar o ardil do governo, mostrou o seu desprezo à população (a maioria contra o aborto e pela vida), a Presidente sancionou a Lei 12.485, abrindo assim brechas para a prática do aborto no sistema SUS, com recurso público.
Aborto financiado pelo Estado
Agora, com a publicação da Portaria nº 415, de 21 de maio de 2014, o aborto passa a ser fato, financiado pelo estado brasileiro na rede pública de saúde. Com a Lei 12.485, o Ministério da Saúde, utilizando-se das Normas Técnicas já aprovadas, e agora com o endosso da Presidência da República, todos os hospitais do Brasil, independentemente de se tratarem de hospitais religiosos ou contrários ao aborto, serão obrigados a encaminhar as vítimas de violência à prática do aborto.
O projeto não contempla a possibilidade da objeção de consciência. Na sua versão original, o artigo terceiro do projeto afirmava que o atendimento deveria ser imediato.A partir da sanção presidencial e agora com a publicação da Portaria nº 415/2014, bastará apenas a palavra da mulher pedindo um aborto, e os médicos terão obrigação de aceitá-la, a menos que possam provar o contrário, o que dificilmente acontece. Mas pelo menos a mulher deveria afirmar que havia sido estuprada. Agora não será mais necessário afirmar um estupro para obter um aborto. Bastará afirmar que o ato sexual não havia sido consentido, o que nunca será possível provar que tenha sido inverídico. A técnica de ampliar o significado das exceções para os casos de aborto até torná-las tão amplas que na prática possam abranger todos os casos é recomendada pelos principais manuais das fundações internacionais que orientam as ONGs por elas financiadas. Com isto elas pretendem chegar, gradualmente, através de sucessivas regulamentações legais, até a completa legalização do aborto.
(Texto enviado a ZENIT pelo Prof. Hermes Rodrigues Nery, membro da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB)

O Papa destaca o trabalho da Jordânia na acolhida de refugiados de países vizinhos

O Santo Padre encontra os reis da Jordânia no Palácio Real
Por Redacao

ROMA, 24 de Maio de 2014 (Zenit.org) -
 Após a recepção no aeroporto Queen Alia na capital da Jordânia, o Santo Padre dirigiu-se à capital de Amã, no Palácio Real, onde o receberam o Rei Abdullah II bin Al Hussein e a Rainha Rania por volta das 13h45. Por sua vez, a banda militar tocou o hino papal e o da Jordânia, e o papa Francisco retirou-se com os reis da Jordânia para uma conversa particular.
O casal real, depois de apresentar ao Papa os seus familiares, procedeu-se à tradicional troca de presentes e apresentação das delegações.
"Agradeço a Deus por me permitir visitar o Reino Hachemita da Jordânia, seguindo os passos dos meus predecessores Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI". Estas foram as primeiras palavras públicas do Santo Padre Francisco em sua viagem à Terra Santa, sendo a primeira parada na Jordânia.
Em seu discurso na reunião com as autoridades do reino, o Pontífice agradeceu o rei Abdullah II por suas palavras de boas-vindas, “com a memória viva de nosso recente encontro no Vaticano". Assim, o Papa estendeu suas saudações aos membros da Família Real, ao Governo e ao Povo da Jordânia, "terra rica em história e de grande significado religioso para o Judaísmo, o Cristianismo e o islamismo".
O Papa disse que este país "acolhe generosamente um grande número de refugiados palestinos, iraquianos e de outras áreas em crise, especialmente da vizinha Síria, destruída por um conflito que está durando muito tempo”. Por isso, Francisco indicou que esta acolhida “merece o reconhecimento e a ajuda da comunidade internacional”. E assim expressou que “a Igreja Católica, dentro das suas possibilidades, quer comprometer-se na assistência aos refugiados e aos necessitados, especialmente por meio da Caritas Jordânia”.
Constatando a dor que continua nas fortes tensões na região do Oriente Médio, o Papa agradeceu "as autoridades do Reino tudo o que fazem e os incentivou a continuar se esforçando para conseguir a tão desejada paz duradoura em toda a Região; para isso, é preciso e urgente encontrar uma solução pacífica à crise síria, além de uma solução justa ao conflito entre israelenses e palestinos”.
O Santo Padre quis aproveitar a ocasião para "renovar o meu profundo respeito e consideração pela comunidade muçulmana, e expressar o meu apreço pela liderança que Sua Majestade o Rei tomou para promover uma compreensão mais adequada das virtudes proclamadas pelo Islã e a serena convivência pacífica entre os fieis das diferentes religiões".
Da mesma forma, mostrou gratidão à Jordânia por ter incentivado várias iniciativas de diálogo inter-religioso.
Por outro lado, Francisco dirigiu uma saudação “cheia de afeto às comunidades cristãs que, presentes no País desde os tempos apostólicos, contribuem para o bem comum da sociedade na qual estão plenamente inseridas”. Apesar de ser hoje numericamente minoritárias – observou – têm a possibilidade de desenvolver um qualificado e reconhecido trabalho “no campo educativo e sanitário, por meio de escolas e hospitais, e podem professar com tranquilidade a sua fé, respeitando a liberdade religiosa, que é um direito humano fundamental e que espero firmemente que seja levado em grande consideração em todo o Oriente Médio e em todo o mundo”.
Concluindo seu discurso, o Papa dirigiu "um desejo especial de paz e prosperidade para o Reino da Jordânia e ao seu povo, com a esperança de que esta visita contribua para melhorar e promover relações boas e cordiais entre cristãos e muçulmanos". (Trad.TS)

"A paz é um dom e não pode ser comprada"

Francisco celebra a missa no estádio de Amã em presença de refugiados palestinos, iraquianos e sírios
Por Luca Marcolivio

AMã, 24 de Maio de 2014 (Zenit.org) - Não muito longe do local do batismo de Jesus, o papa Francisco enfatizou o dom do Espírito Santo, antecipando os conteúdos do evangelho de amanhã.
Celebrando a missa no Estádio Internacional de Amã, na presença de muitos refugiados cristãos da Palestina, da Síria e do Iraque e de cerca de 1.400 crianças que receberam a primeira comunhão, o papa recordou as três ações que o Espírito Santo realiza nos homens: Ele "prepara, unge e envia".
A primeira ação ocorre no momento do batismo, quando "o Espírito repousa sobre Jesus para o preparar para a missão de salvação", marcada pelo "estilo do servo manso e humilde, pronto para compartilhar e para se doar totalmente".
O Espírito Santo já tinha agido em Jesus "no momento da sua concepção no seio virginal de Maria de Nazaré, realizando o evento maravilhoso da Encarnação" (cf. Lc 1,35 ), e, mais tarde, em Simeão e Ana, no dia da apresentação de Jesus no Templo (cf. Lc 2,22).
"À espera do Messias", Simeão e Ana percebem que Jesus é "o Esperado por todo o povo": na sua atitude profética, "exprime-se a alegria do encontro com o Redentor e realiza-se, em certo sentido, uma preparação do encontro entre o Messias e as pessoas", disse o papa.
Essas intervenções do Espírito Santo fazem parte de "um único plano divino de amor". A missão do Espírito Santo é a de "criar harmonia" e "obrar a paz" em todo contexto humano.
"A diversidade de pessoas e de pensamento não deve provocar rejeição e obstáculos, porque a variedade é sempre enriquecedora", disse o Santo Padre, exortando à invocação do Espírito Santo "com o coração ardente", para que Ele possa "preparar o caminho da paz e da unidade".
Em segundo lugar, o Espírito Santo "unge", como fez "interiormente" com Jesus e com os seus discípulos, para que eles tivessem "os mesmos sentimentos" do Mestre e adotassem "atitudes em favor da paz e da comunhão".
Recebida a "unção do Espírito", a nossa humanidade é marcada pela "santidade de Jesus Cristo", o que "nos permite amar os outros com o mesmo amor com que Deus nos ama".
"Gestos de humildade, fraternidade, perdão e reconciliação" são "premissa e condição para uma paz verdadeira, sólida e duradoura". O papa Francisco prosseguiu: "Peçamos a unção do Pai para sermos plenamente seus filhos, cada vez mais semelhantes a Cristo, para nos sentirmos todos irmãos e assim nos afastarmos de amarguras e divisões e nos amarmos fraternalmente".
Em terceiro lugar, o Espírito Santo "nos envia" como "testemunhas e mensageiros da paz". A paz é um "dom" e, como tal, "não pode ser comprada", mas procurada "pacientemente" e construída "à mão", através dos "grandes e pequenos gestos que envolvem a nossa vida diária".
O caminho da paz "se consolida quando reconhecemos que todos temos o mesmo sangue e fazemos parte do gênero humano"; "quando não nos esquecemos de que temos um único Pai Celestial e somos todos seus filhos, feitos à sua imagem e semelhança", disse o papa.
"Com este espírito, abraço todos vocês: o patriarca, os irmãos bispos, os sacerdotes, as pessoas consagradas, os fiéis leigos e tantas crianças que hoje recebem a sua primeira comunhão, bem como as suas famílias".
Francisco também ofereceu a sua "saudação e proximidade" aos "muitos refugiados cristãos da Palestina, da Síria e do Iraque e aos seus familiares".
"O Espírito Santo desceu sobre Jesus no Jordão e começou a obra da redenção para libertar o mundo do pecado e da morte.. Peçamos que Ele prepare o nosso coração para o encontro com os irmãos, indo além das diferenças de ideias, línguas, cultura, religião; que Ele conceda a todo o nosso ser a unção da misericórdia, que cura as feridas dos erros, das incompreensões, das controvérsias; que Ele nos envie com humildade e mansidão pelos caminhos desafiadores, mas fecundos, da busca da paz", concluiu Francisco.

É melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal

Reflexões de Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 23 de Maio de 2014 (Zenit.org) -
As cenas de violência, que acompanham as manifestações de protesto das mais diversas bandeiras, multiplicam-se por toda parte.. Ao mesmo tempo, a humanidade fica chocada com acidentes de toda ordem, desastres naturais, a grande chaga da guerra e o desentendimento entre pessoas, grupos e culturas. Aquela que uma vez foi chamada de aldeia global se mostra diariamente em nossas casas. Há inclusive meios de comunicação que se comprazem em mostrar, ao vivo e a cores, a miséria humana, tirada do fundo do baú, aquela que outrora se encontrava escondida na sarjetas da vida ou dissimulada através de mil truques.. E o que dizer da exposição das pessoas e seus eventuais deslizes, através das chamadas redes sociais? Para muitos, a tentação que vem à tona é a do desânimo. Pode ser ainda a banalização da vida das pessoas e de sua dignidade. Outros são levados inclusive ao desespero.
Há um futuro promissor para a humanidade? Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão? Bem perto de nós, como serão os próximos meses com os eventos esportivos e políticos que se avizinham? Seremos capazes de nos manter serenos e fiéis? Jesus, conversando com seus discípulos, reunidos no Cenáculo, por ocasião da última Ceia, pronunciou palavras de fogo, garantindo-lhes as forças necessárias para a caminhada neste mundo. Temos certezas que nos permitem ir ao encontro dos outros sem receios, ajudando a todos na descoberta dos sinais de vida e de esperança.
Para os cristãos existe um ponto de referência, projetado pela esperança, uma virtude teologal. Virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade (Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 384-387), são aquelas que têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas com a graça santificante, tornando-nos capazes de viver em relação com a Trindade, fundamentam e animam o agir, consolidando e vivificando as virtudes humanas. Elas são a garantia da presença e da ação do Espírito Santo em nós. Pela fé, cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos. Pela esperança, desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena. A caridade, por sua vez, é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é o vínculo da perfeição (Cf. Cl 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela "não sou nada" e "nada me aproveita", afirma São Paulo (Cf. 1 Cor 13,1-3).
A vida cristã tem sua origem em Deus, que nos chama a partilhar de sua vida e nos oferece a salvação. Quer dizer que a vida, quando começa no alto, tem sentido e rumo. Há uma meta a alcançar e esta é a felicidade plena na eternidade, com Deus e com os irmãos. De fato, Deus nos fez para chegar a esta realização completa e a maldade ou o pecado não têm a última palavra.
Para manter viva a esperança, é necessário acreditar que Deus tem algo a ver com a humanidade e pode, sim, intervir na história humana e na vida das pessoas. Só Ele pode fazê-lo sem violentar a liberdade, dom com que todos foram criados. Há um percurso a fazer, para que se mantenha viva a certeza de sentido na vida humana nesta terra, tantas vezes "vale de lágrimas", mas destinada a ser lugar de felicidade, "um novo céu e uma nova terra, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu esposo, a morada de Deus-com-os-homens. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Estas coisas serão a herança do vencedor, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho" (Ap 21, 1.3-6).
O ponto de chegada é muito alto, mas não é complicado caminhar até lá! Basta seguir a receita do Evangelho: Quem ama enxerga e entende o que deve fazer: "Quem me ama será amado por meu pai e eu o amarei e me manifestarei a ele". Não é apenas conversa, pois "quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama" (Jo 14, 15-21). Trata-se de praticar os mandamentos! Depois, quem compromete assim sua liberdade e sai de si para amar a Deus e cumprir os mandamentos, tem a certeza de que o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, permanece sempre dentro de si e a seu lado. Sabendo que o Espírito Santo prometido age no mundo e na Igreja, não desfaleceremos no caminho e a esperança permanecerá acesa.
Uma das consequências é o testemunho a ser oferecido diante das pessoas. Mesmo quando aparece o sofrimento, é melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Cristo morreu, justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus, mas recebeu nova vida no Espírito (Cf. 1 Pd 3, 15-18). Quando alguém quer saber os motivos da esperança que está em nossos corações, começamos com o Céu, mostramos o rumo futuro, a meta da esperança, mas também olhamos para a terra, enxergando os sinais de Deus existentes no momento presente, ao identificar o bem que é feito e a bondade que se espalha ao nosso redor. Há muita caridade vivida, há muitos gestos gratuitos e generosos, assim como tanta doação de vida. Há pessoas acendendo sinais verdes de esperança, ao invés de se armar com o amarelo do semáforo do medo ou interromper a caminhada com o vermelho que interrompe o trânsito da vida. Que nossa vida corresponda à fé, esperança e caridade que nos foram dadas de presente.

Dilúvio, uma história de amor



Catequese para Adultos

Por José Barbosa de Miranda

BRASíLIA, 23 de Maio de 2014 (Zenit.org) -
 Uma vida nova que ressurge das águas, transbordando o amor de Deus na recriação. No artigo anterior lembramos que a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus escrita, é a doutrina de Deus revelada aos homens, e que está consignada em duas épocas conhecidas como Antigo Testamento, história de Deus na história de Israel, ou Antiga Aliança, e o Novo Testamento, a Nova e Última Aliança em Jesus Cristo.
ANTIGO TESTAMENTO
A catequese caminha na revelação que Deus faz de Si mesmo, entrando na história dos homens, quando mergulha nesses fatos revelados para ressurgir vida nova. E a catequese bíblica tem por objetivo aproximar o homem ao seu Criador pela maturidade da fé, esperança e caridade. O Antigo Testamento como uma promessa de salvação que vai se realizando, pouco a pouco, a partir do primeiro anúncio, no Proto Evangelho: “Porei hostilidade entre ti a mulher, entre a tua descendência e a dela. Ela te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).É o começo de uma história que prepara a vinda do Filho de Deus. É a história de um povo do Oriente Próximo que vai adquirindo forma até se cristalizar no cristianismo. Por isso, pode-se afirmar que “o AT é uma doutrina religiosa que prepara o Cristianismo. Sabemos que não se trata de uma doutrina expressa duma vez por todas, numa formulação perfeita e definitiva. Todo o conjunto doutrinário, no Antigo Testamento, aparece como uma didática progressiva que leva um povo, das ideias mais elementares, até à conquista das mais elevadas” (P. Teodorico Ballarini, O.F.M. Cap. Introdução à Bíblia, Vol. II/1. Vozes, 1975, pg. 27). Assim, o AT é uma preparação do Novo.
Depois dos ensaios nos artigos anteriores, principalmente nas Formações de Catequistas III, IV, V e VI, que são uma introdução na Sagrada Escritura, vamos entrar nessa história de Deus na história dos homens, de etapa em etapas. Vamos seguir com a pedagogia progressiva dos relatos bíblicos, mostrando alguns capítulos desse encontro, ora pelos Patriarcas, ora pelos Monarcas, ora pelos Profetas, até concluir na “plenitude dos tempos” (Gl 4,4).
UMA CATEQUESE COM NOÉ
É uma história de amor que está nas origens: criação do mundo, do homem e da mulher, entrada do pecado original no mundo, pela desobediência e suas consequências, gerando a corrupção, a dor e o sofrimento (Gn 1,1-6,4), Deus se volta para os homens e propõe um novo pacto, dando esperança de salvação através do homem justo, Noé. Nem tudo é pecado, nem tudo está perdido, e Deus descobre brechas para reerguer essa humanidade na figura do Patriarca Noé, que aceita a missão dada no convite e “fez tudo o que Deus lhe ordenara” (Gn 6,22).
O dilúvio traz um novo alento (cf. Gn 6, 13-7,24). Deus não abandonara a sua obra prima. O “arrependimento” de Deus (cf. Gn 6,6) está caracterizado no afastamento de sua “cólera”, no perdão, oferecendo nova oportunidade ao homem para abandonar o mal. A ordem de Deus para colocar na arca homem e mulher, casais de toda espécie (Gn 6,20), está relacionada com a salvação, preservação da obra do seu amor. Deus dá novas oportunidades para serem correspondidas ao seu amor, pelo arrependimento.. A “sua imagem com sua semelhança”, homem e mulher, agora é retratada em Noé, sua esposa, filhos e noras. Deus sempre se lembra, não só do homem, mas também de toda a criação (Gn 8,1ss).
UMA CATEQUESE COM O DILÚVIO
O dilúvio passa a ser entendido como uma nova ordem para a humanidade. É uma recriação que surge com a vazão das águas e percebemos que tudo recomeça:
Deus abençoou a Noé e seus filhos e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra (Gn 9, 1, em paralelo a Gn 1, 28).Deus perdoa o homem e não mais vai condená-lo (Gn 8,21).Estabelece uma aliança com Noé e sua descendência, prometendo preservar a humanidade da destruição (Gn 9, 8-17).Deus não está preocupado com o que aconteceu, quando o homem e a mulher preferiram acreditar na mentira (cf. Gn 3,5), mas quer reconduzi-los ao seu convívio.O dilúvio é uma redenção, uma salvação dada a quem está arrependido e disposto a trilhar pelos caminhos de Deus, por isso se salvaram aqueles que acreditaram. Deus “se lembrou de Noé e fez passar um vento” (cf. Gn 8, 1), devolvendo-lhe a terra firme. Também sempre se lembra de seus filhos e lhes dá segurança para retornar ao amor e à verdade.
Nessa recriação, Deus que tem uma grande facilidade para esquecer o mal, não se lembra da infidelidade de Adão e Eva, mas renova a sua bênção (Gn 9,7) e a promessa de não mais destruir o mundo, assumindo o caráter de aliança, restabelecendo a relação Deus-homem. É uma preparação do encontro de Deus com seu povo, Israel, que será selada, de uma vez por todas, entre Cristo e a humanidade, na Última Aliança. O arco-iris é o sinal dessa aliança para lembrar a Deus sua promessa.
A nossa catequese descobre a bondade de Deus apesar dos maus desígnios do coração do homem. Está preservada a segurança e a estabilidade da natureza. A bondade divina surge para transformar o mal em instrumento de salvação. Mesmo com a índole má do coração humano, Deus não esquece o fruto que nascera do seu amor.
O Novo Testamento usa o dilúvio para mostrar a ação redentora que se realiza em Cristo:
A rapidez com que vem o dilúvio é comparada com a vinda inesperada do Filho do Homem (Mt 24, 37-39; Lc 17,26-27).O dilúvio é um exemplo da paciência de Deus e as águas, que salvaram Noé, são comparadas com as do batismo que agora salvam (1Pd 3,20-21).. Noé é um pregador da justiça que conduz todos à salvação (2Pd 2,5).
A catequese encontra, nesse fato bíblico, uma proposta para o homem de hoje: estar atento ao Deus que restabelece a amizade e dá o perdão, aceitar seu convite e fazer da vida uma arca de acolhimento, arrependimento, amor. Precisa ter coragem, sair do seu individualismo, congregar pessoas e renovar a cada dia a esperança de um mundo novo, sendo instrumento de Deus no ambiente onde estiver plantado.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A vocação cristã é permanecer no amor de Deus


 

O Santo Padre nos lembra: O amor por Jesus nos leva a cumprir os mandamentos de maneira natural
Por Redacao

CIDADE DO VATICANO, 22 de Maio de 2014 (Zenit.org) - 
A alegria é "o selo do cristão", inclusive nas dores e nas tribulações, afirmou o Santo Padre na missa desta manhã, celebrada na Casa Santa Marta. O papa reiterou que é impossível que um verdadeiro cristão seja triste e destacou que é o Espírito Santo quem nos ensina a amar e nos enche de alegria.
Francisco recordou que, antes de subir ao céu, Jesus falou de muitas coisas, mas enfatizou "três palavras-chave": paz, amor e alegria..
Sobre a paz, Jesus "dizia que não nos dá a paz do jeito que o mundo a dá": Ele nos dá uma "paz para sempre". Sobre o amor, recordou Francisco, Jesus disse muitas vezes "que o seu mandamento era amar a Deus e amar o próximo", deixando-nos quase um "protocolo", em Mateus 25, "sobre os aspectos em que todos seremos julgados". Assim, o papa observou que, "sobre o amor, Jesus nos diz uma coisa nova: 'não apenas amar, mas permanecer no meu amor'".
O pontífice explicou que "a vocação cristã é isso: permanecer no amor de Deus, respirar, viver desse oxigênio, viver desse ar. E como é o amor? 'Como o Pai me amou, assim também eu vos amei'. Um amor que vem do Pai. A relação de amor entre Ele e o Pai é também uma relação de amor entre Ele e nós. E Ele nos pede permanecer nesse amor, que vem do Pai".
"Uma paz que não vem do mundo, mas do Pai". Francisco ressaltou também a exortação de Jesus: "Permanecei no meu amor". O sinal de que nós "permanecemos no amor de Jesus", destacou o papa, "é cumprir os mandamentos". Não basta segui-lo. "Quando nós permanecemos no amor, os mandamentos vêm sozinhos, vêm do amor". O amor "nos leva a cumprir os mandamentos naturalmente. A raiz do amor floresce nos mandamentos", que são "como o fio" que une uma "corrente: o Pai, Jesus, nós".
O pontífice falou também da alegria: "a alegria é como o selo do cristão. Um cristão sem alegria ou não é cristão ou está doente. Não há outra possibilidade! A saúde não está boa! A saúde cristã. A alegria! Uma vez eu disse que existem cristãos com cara de pimentão no vinagre... Sempre com a cara assim! A alma também está assim, e isso é feio! Não são cristãos. Um cristão sem alegria não é cristão. É como o selo do cristão, a alegria. Inclusive nas dores, nas tribulações, nas perseguições".
Fazendo referência aos primeiros mártires, Francisco recordou que se dizia que eles iam para "o martírio como se fossem se casar". É a alegria do cristão "que conserva a paz e conserva o amor". Paz, amor e alegria são as "três palavras que Jesus nos deixa". E essa paz e esse amor nos são dados pelo Espírito Santo.
A propósito do Espírito Santo, Francisco observou que Ele é "o grande esquecido da nossa vida". Por isso, ao terminar a homilia, o pontífice afirmou: "Eu gostaria de lhes perguntar... Mas não vou perguntar... Quantos de vocês rezam ao Espírito Santo? Não levantem a mão... Ele é o grande esquecido, o grande esquecido! E Ele é o dom, o dom que nos dá a paz, que nos ensina a amar e que nos enche de alegria. Na oração, nós pedimos isto a nosso Senhor: 'Conserva o teu dom'. Pedimos a graça de que nosso Senhor conserve o Espírito Santo em nós. Que o Senhor nos dê essa graça: de conservar sempre o Espírito Santo em nós, esse Espírito que nos ensina a amar, que nos enche de alegria e que nos dá a paz".

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A criação é coisa boa e bela

Na catequese, Papa reflete sobre o dom da ciência


CIDADE DO VATICANO, 21 de Maio de 2014 (Zenit.org) -
 Na catequese desta quarta-feira (21) realizada durante a Audiência Geral, na Praça de São Pedro, o Papa Francisco concentrou-se no dom da ciência. Apresentamos o texto na íntegra. 
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
Hoje gostaria de destacar outro dom do Espírito Santo, o dom da ciência. Quando se fala de ciência, o pensamento vai imediatamente à capacidade do homem de conhecer sempre melhor a realidade que o cerca e de descobrir as leis que regulam a natureza e o universo. A ciência que vem do Espírito Santo, porém, não se limita ao conhecimento humano: é um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua relação profunda com cada criatura.
1. Quando os nossos olhos são iluminados pelo Espírito, abrem-se à contemplação de Deus, na beleza da natureza e na grandiosidade do cosmo, e nos levam a descobrir como cada coisa nos fala Dele e do seu amor. Tudo isto suscita em nós grande admiração e um profundo sentido de gratidão! É a sensação que experimentamos também quando admiramos uma obra de arte ou qualquer outra maravilha que seja fruto da invenção e da criatividade do homem: diante de tudo isso, o Espírito nos leva a louvar o Senhor do fundo do nosso coração e a reconhecer, em tudo aquilo que temos e somos, um dom inestimável de Deus e um sinal do seu infinito amor por nós.
2. No primeiro capítulo do Gênesis, propriamente no início de toda a Bíblia, coloca-se em evidência que Deus se alegra com a sua criação, destacando repetidamente a beleza e a bondade de cada coisa. Ao término de cada dia, está escrito: “Deus viu que era coisa boa” (1, 12. 18. 21. 25): se Deus vê que a criação é uma coisa boa, é uma coisa bela, também nós devemos assumir esta atitude e ver que a criação é coisa boa e bela. Eis o dom da ciência que nos faz ver esta beleza, portanto louvamos a Deus agradecendo-lhe por ter nos dado tanta beleza. E quando Deus terminou de criar o homem não disse “viu que era coisa boa”, mas disse que era “muito boa” (v. 31). Aos olhos de Deus nós somos a coisa mais bela, grande, boa da criação: mesmo os anjos estão abaixo de nós, nós somos mais que os anjos, como ouvimos no livro dos Salmos. O Senhor nos quer bem! Devemos agradecer a Ele por isto. O dom da ciência nos coloca em profunda sintonia com o Criador e nos faz participar da clareza do seu olhar e do seu juízo. É nesta perspectiva que conseguimos entender no homem e na mulher o vértice da criação, como cumprimento de um projeto de amor que está impresso em cada um de nós e que nos faz reconhecer como irmãos e irmãs.
3. Tudo isto é motivo de serenidade e de paz e faz do cristão um testemunho alegre de Deus, nos passos de São Francisco de Assis e de tantos santos que souberam louvar e cantar o seu amor através da contemplação da criação. Ao mesmo tempo, porém, o dom da ciência nos ajuda a não cair em algumas atitudes excessivas ou erradas. A primeira é constituída pelo risco de nos considerarmos donos da criação. A criação não é uma propriedade, na qual podemos mandar de acordo com a nossa vontade; nem, tão pouco, é uma propriedade somente de alguns, de poucos: a criação é um presente, é um presente maravilhoso de Deus que nos deu para que cuidemos dela e a utilizemos em benefício de todos, sempre com grande respeito e gratidão. A segunda atitude errada é representada pela tentação de nos pararmos nas criaturas, como se estas pudessem oferecer a resposta a todas as nossas expectativas. Com o dom da ciência, o Espírito nos ajuda a não cair neste erro.
Mas gostaria de retornar ao primeiro caminho errado: dominar a criação em vez de protegê-la. Devemos proteger a criação porque é um presente que o Senhor nos deu, é um presente de Deus para nós; nós somos guardiães da criação. Quando nós exploramos a criação, destruímos o sinal do amor de Deus. Destruir a criação é dizer a Deus: “não gosto”. E isto não é bom: eis o pecado.
A proteção da criação é justamente a proteção do presente de Deus e é dizer a Deus: “obrigado, eu sou o guardião da criação, mas para fazê-la progredir, nunca para destruir o teu presente”. Esta deve ser a nossa atitude diante da criação: protegê-la, porque se nós destruímos a criação, a criação nos destruirá! Não se esqueçam disso. Uma vez eu estava no campo e ouvi um dito de uma pessoa simples, que gostava tanto das flores e cuidava delas. Disse-me: “Devemos proteger estas coisas belas que Deus nos deu; a criação é para nós a fim de que nós a aproveitemos bem; não explorar, mas protegê-la, porque Deus perdoa sempre, nós homens perdoamos algumas vezes, mas a criação não perdoa jamais e se você não a protege ela te destruirá”.
Isto deve nos fazer pensar e pedir ao Espírito Santo o dom, o dom da ciência para entender bem que a criação é o mais belo presente de Deus. Ele fez tantas coisas boas para a melhor coisa que é a pessoa humana.

ORAÇÃO À SANTA RITA DE CÁSSIA

Ó Santa Rita, filha obediente, esposa amável de um homem difícil, mãe paciente de filhos indomáveis, irmã bondosa e compreensiva das religiosas do convento, mulher sofredora e fiel a Jesus, modelo de vida para todas as famílias, dignai-vos mostrar aqui vosso auxílio poderoso.
Vós conheceis a humanidade e seu sofrimento. Vós sabeis também das minhas necessidades e do pedido que venho depositar a vossos pés, confiando na vossa poderosa intercessão junto a Deus.
Concedei-me a graça mais importante: a de viver sempre na amizade de Deus e com os irmãos, ouvindo a Palavra do Evangelho, participando dos Sacramentos, crescendo na Fé e na vida de Comunidade. Inúmeras pessoas ajudastes, em casos desesperados e quase impossíveis, tornando-se assim um refúgio seguro para todos os que rezam com fé.
Não esqueçais meu fervoroso pedido, vós que, como ninguém, tivestes o privilégio de se identificar com Cristo no mistério da cruz. Ajudai-me a carregar a minha cruz e a seguir com coragem o meu caminho.
Ó poderosa Santa Rita, sede minha protetora. Amém!

SANTA RITA DE CÁSSIA

          Ela nasceu, na Itália, a 22 de maio de 1381, na região da Úmbria, num  lugarejo chamado, naquele tempo, Roca Porena. Seus pais, Antônio e Amada Mancini, já idosos, rogavam a Deus a vinda de um filho. Nasceu-lhes a pequena Margherita, daí sua abreviatura: Rita.
          Educada, com muito esmêro cristão, Rita passou sua infância e sua juventude, auxiliando seus pais na lavoura. Recém-nascida e sempre colocada num cesto, que fazia às vezes de berço,  no próprio campo, certa vez foi encontrada envolta de abelhas brancas que lhe pousavam na face, sem ferí-la. Quando jovem casou-se com Paulo Fernando. Tiveram dois filhos:  João Tiago e Paulo Maria. O marido,  de gênio forte e colérico, maltratou-a muitas vezes. Rita, graças à bondade de coração e às suas preces, conseguiu convertê-lo para Deus. Ele morreu assassinado, vítima de lutas políticas de época. Os filhos, jovens, quiseram vingar a morte do pai. Rita, preferindo vê-los mortos que transgredindo a lei divina, pediu a Deus que os levasse para o céu  antes de se mancharem com aquele crime. Morreram ambos, dizimados por uma peste que arrasou a Europa naquela  época.
          Viúva e sem filhos,  Rita  dedicou-se ao socorro dos pobres e enfermos, ajudando a uns  e outros, com alimento, visita, conforto e trabalho. Sentindo o chamado de Deus, procurou o Convento das Irmãs Agostinianas de Santa Maria Madalena, em Cássia, para tornar-se religiosa. As regras daquele tempo impediam o ingresso de viúvas. Certa vez, madrugada ainda, Rita foi encontrada pelas freiras, rezando na capela do Mosteiro, com portas e janelas fechadas. A Madre Superiora viu naquele fato um desígnio  do céu e admitiu-a como Irmã. Para provar sua vontade, mandou que regasse diariamente, um ramo seco de videira.  Com o tempo, o ramo verdejou e floresceu numa viçosa videira.
          Um dia, rezando perante o crucifixo, pediu a Cristo a graça de sofrer com Ele. Um espinho desprendeu-se da imagem e fincou-se-lhe na fronte, abrindo uma chaga dolorosa e purulenta, que durante mais de quinze anos a fez sofrer muito. Em 1450 ano santo, desejando ir a Roma, com suas companheiras de hábito e não o podendo por causa da chaga na fronte, Rita a Deus pediu esta graça e a chaga fechou-se, tornando-se a abrir quando de volta ao Convento. Muito jejum, muita penitência, muita oração eram sua maneira de viver. Gravemente enferma, vivendo num pobre catre, no fundo de uma humilde cela, Rita recebeu a visita de sua prima. Pediu a esta que fosse até Roca Porena e lá em sua antiga casa, colhesse para ela um figo e um botão  de rosa. Era pleno inverno, tudo sepultado sobre a mais densa neve, e no entanto a prima encontrou  o figo e rosa no jardim de Rita.
          No dia 22  de maio de 1457, Rita  entregou sua bela alma a Deus. No campanário do Convento,  os sinos começaram a repicar festivamente, tangidos por mãos misteriosas.  A chaga da fronte fechou-se na mesma hora e no lugar do habitual mal cheiro que dela se exalava, passou a exalar um discreto perfume.  Tantos foram os milagres e as graças que milhares de devotos seus receberam de Deus, por intercessão sua, que ficou conhecida como a “Santa dos Impossíveis”. O Papa Leão XIII, canonizou-a no dia de Pentecostes, 24 de maio de 1900, Ano Santo.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

MEDITANDO A ORAÇÃO DO PAI NOSSO



Como posso dizer PAI-NOSSO...
Se não vejo todas as pessoas como meus verdadeiros irmãos.
Se eu penso somente em mim, não posso dizer Pai Nosso.
Tenho olhado todas as pessoas como meus verdadeiros irmãos? Até mesmo aqueles que me prejudicam? Ou só penso em mim?
Como posso dizer QUE ESTAIS NO CÉU...
Se eu não acredito na vida eterna!
Se eu não acredito que Jesus está verdadeiramente vivo!
Tenho dado exemplos principalmente para meus filhos que realmente acredito na vida eterna e que Jesus está verdadeiramente vivo? Ou tenho me acomodado? Tenho esquecido que deixar de participar da Santa Missa para fazer qualquer outra coisa é negar que Jesus está vivo.
Como posso dizer SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME...
Se não procuro santificar a minha vida!
Se não procuro santificar a mim mesmo.
Tenho procurado santificar a minha vida? Tenho procurado santificar a vida de todos aqueles que convivem comigo? Tenho procurado santificar a minha família, minha esposa ou meu marido, meus filhos...? Ou tenho achado mais fácil me acomodar?
Como posso dizer VENHA A NÓS O VOSSO REINO...
Seu só penso em ter, mesmo que para isso tenha que passar outras pessoas para traz.
Tenho sido verdadeiramente honesto com todas as pessoas para poder dizer venha a nós o vosso reino? Ou tenho pensado só em ter?
Como posso dizer SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU...
Se na maioria das vezes eu só penso na minha vontade, muitas das vezes sem olhar se estou ou não prejudicando meu irmão. Se eu nunca procuro fazer a vontade de Deus! Como posso dizer que seja feita a sua vontade?
Tenho procurado fazer de minha vida a vontade de Deus? Tenho sido humilde e realmente aceitado a vontade de Deus? Ou por qualquer motivo reclamo e às vezes até me revolto?
Como posso dizer O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAÍ HOJE...
Se eu quero o pão de hoje, o pão de amanhã, o pão de daqui um ano, o pão de sempre e ás vezes até o pão de meu irmão.
Tenho agradecido a Deus pelo pão de hoje, para que ele nunca me falte? Ou tenho procurado ganhar o pão de hoje, o pão de amanhã, o pão de daqui um ano ou quem sabe até o pão de sempre! Mesmo que para isso tenha que explorar o meu irmão mais fraco, às vezes até tirando o seu único pedaço de pão. Realmente tenho que pensar melhor quando digo “O pão nosso de cada dia nos daí hoje”

Como posso dizer PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO...
Se eu não sei perdoar! Se por qualquer motivo eu viro o rosto para meu irmão! Se por qualquer motivo eu fico sem falar com outras pessoas! Muitas das vezes não sei compreender até mesmo meus familiares.
Tenho perdoado a todos que me ofendem, que me magoam...? ou tenho sido um hipócrita em ter coragem de virar para Deus e pedir que Ele me perdoe como eu perdôo? Realmente tenho que prestar mais atenção quando estou rezando.

Como posso dizer NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO...
Se eu não faço a minha parte, se na maioria das vezes eu sempre procuro aquilo que me afasta de Deus e que me leva a pecar.
Tenho feito a minha parte, me afastando de lugares indevidos? Lugares que não serviriam de exemplos para meus filhos, fazendo coisas que um dia possa vir a me arrepender! Quando peço a Deus para não me deixar cair em tentação também tenho que fazer a minha parte e não ir ao encontro dela.

Como posso dizer LIVRAI-NOS DO MAL...
Se eu não fujo do pecado! Se muitas das vezes até vou ao encontro dele!
Tenho procurado fugir de todo tipo de mal, de tudo que leva a pecar? Ou tenho ido ao seu encontro? Tenho ensinado a meus filhos a fugir do pecado? Ou meus exemplos não são tão bons?
Como posso dizer AMÉM se não tenho feito a minha parte?
Oração
Senhor, que a partir de hoje, que a partir desse momento, eu possa nos meus momentos de oração, refletir mais sobre o que estou falando, pois Senhor eu quero realmente viver a oração que o seu filho nos ensinou. Que eu possa realmente te chamar de Pai, que eu possa Senhor fazer com que todos vejam que estais no céu e que eu santifique a minha vida para poder dizer santificado seja o vosso nome. Eu quero Senhor dizer venha a nós o vosso reino de coração, para que o Senhor reine dentro de mim e em toda minha vida. Para que eu Senhor, possa falar de coração sincero, que seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu.
Que eu saiba louvar e agradecer todos os dias de minha vida, pelo pão que recebo e também pedir para que ele nunca falte na mesa de nenhum de meus irmãos. Que eu saiba Senhor perdoar o meu irmão de coração, assim como o Senhor nos perdoa, que eu procure sempre me afastar de todo tipo de tentação, para que o Senhor me livre de todo tipo mau.
AMÉM! 

Mensagem enviada por: Dirceu Alvez

A ESPIRITUALIDADE É UMA NECESSIDADE PARA TODAS AS PESSOAS

   O ser humano criado por Deus é composto de corpo e alma e deve haver unidade harmoniosa nesta composição para a pessoa ter equilíbrio. O mundo moderno tem se preocupado muito com o corpo, com o exterior, busca-se a beleza, procura-se perfeição do corpo. Quantas pessoas, homens e mulheres se sujeitam as cirurgias difíceis só para se sentirem bonitos. E a alma, o nosso interior quem lembra?

 Hoje, não vemos mais o corpo humano como uma obra-prima de Deus, não o consideramos mais como coisa sagrada de Deus, e esquecemos que somos feitos de matéria e espírito. Hoje,“ perdeu-se a unidade sagrada do ser humano vivo, que é a convivência dinâmica da matéria e de espírito entrelaçados e inter-retro-conectados.(Boff)

A pessoa humana é um ser fundamentalmente espiritual, e a espiritualidade faz parte de sua vida, do seu ser e de sua identidade, podemos dizer “que é a essência, a origem e o principio” .(Fassini)

A espiritualidade deve fazer parte da personalidade de cada um, porque se não for assim não é espiritualidade, deve abranger todas as dimensões do ser humano, corpo e alma, pensamento e vontade, palavra e ação, interioridade e comunicação... enfim ou a espiritualidade é minha, faz parte do meu ser , ou não me realizo como pessoa.

 A espiritualidade é um modo de ser, são atitudes vividas a cada momento , em cada situação ou circunstância, mesmo nas simples tarefas diárias, nos afazeres domésticos,  nos trabalhos, nos estudos, na intimidade do casal...Quem cultiva a espiritualidade é uma pessoa centrada, serena, que irradia paz, vitalidade e entusiasmo, porque carrega Deus dentro de si.

  Portanto, se a espiritualidade é uma dimensão do ser humano,  ela não é privilégio de uma só religião. Cada religião tem a sua forma de cultivar a espiritualidade. Nós católicos vivemos a nossa espiritualidade a partir da ação do Espírito Santo, somos guiados para Cristo em comunhão de amor com a comunidade cristã e com o serviço prestado aos pobres. Deus chama e escolhe e nos dá condições para viver de acordo com a sua vontade.

 São Pedro na segunda carta capitulo primeiro nos diz:  “ Por isso façam todo o possível para juntar bondade a fé que vocês têm, a  bondade juntem o conhecimento e ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio juntem a perseverança e a perseverança, a devoção a Deus. A essa devoção juntem amizade cristã e a amizade cristã juntem o amor.” “ ...as Sagradas Escrituras dizem: Sejam santos porque eu sou Santo.”
                                           Maria Ronety Canibal