Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
As pessoas são envolvidas por tantas necessidades fúteis que as dificultam a uma vida feliz. Nas palavras do Papa Francisco, “quem tem menos em que se apegar, tem mais facilidade para amar”. Entendemos isto quando nos damos conta de que o amor verdadeiro depende de desapego, de sair da gente mesmo, indo ao encontro do outro, que deve ser um “outro eu”.
As futilidades revelam a primazia da cultura consumista. Tudo passa, mas não podemos perder o sentido de viver. Nisto está a essência da Páscoa, da passagem da vida temporal para a eternidade e ao encontro definitivo com Deus. Todos nós vamos morrer para o que é passageiro, deixando para trás tudo, menos aquilo que conquistamos com a prática da honestidade e do amor sem limites.
Estou falando destas coisas por causa da sensibilidade do momento. Cristo ressuscitou a partir de um caminho de morte, a partir daquilo que vai acontecer com todos os mortais. A morte, aos nossos olhos, é sempre uma perda e todos nós fazemos essa experiência. Mas é triste morrer com as mãos vazias, sem a prática da caridade e do respeito pela vida do irmão.
Em Uberaba, sentimos a morte de Dom Aloísio Roque Oppermann, acontecida neste dia 27 de abril, nosso bispo emérito. Louvamos a Deus pelo bem que ele fez à Igreja; no mesmo dia senti a morte de Dom José Moreira Bastos Neto, 61 anos de idade, bispo de Três Lagoas e meu ex-colega de Seminário e de ordenação sacerdotal. Também prestou relevantes trabalhos para o bem do povo.
Falar de futilidade na vida é acenar para um mundo mágico, sensacionalista e insaciável. É o mundo da tecnologia, do avanço da modernidade, mas que não consegue trazer plena felicidade. No dizer popular, “faz a cabeça das pessoas” e ficamos vulneráveis, perdendo a riqueza trazida pelo Cristo ressuscitado.
O Papa Francisco fica admirado com uma ciência e tecnologia avançadas, mas que não conseguem diminuir a pobreza e a marginalização no mundo. Sinal de que o progresso não está a favor da amplitude da vida.
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