sábado, 11 de janeiro de 2014

Papa Francisco significa esperança para as novas gerações

Jovem de 16 anos explica como o cristianismo de Bergoglio, humilde e puro como o de Francisco de Assis, conquista os jovens que tinham preconceitos contra a Igreja e o Papado
Por Andrea Francesco Allegretti

ROMA, 10 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Para uma parte da nova geração a Igreja Católica é vista como o exemplo máximo da severidade e da precisão, bem como uma fusão de poder e segredo que perdura por séculos. Escândalos recentes envolvendo o IOR, o mordomo que traiu o Papa, os cardeais acusados de pedofilia, não fizeram nada além de alimentar uma imagem corrupta do Vaticano. Os meios de comunicação de massa têm apresentado, às vezes exageradamente, a Cúria, o Vaticano e a Igreja Católica, em uma perspectiva negativa, onde o sagrado e o profano se unem em projetos para alcançar o poder.
Para os jovens, no entanto, não é mostrado o quanto a Igreja e os Papas sabem sobre esta situação e tentam contrapor o que Paulo VI chamou de "a fumaça de Satanás que entrou na Santa Mãe Igreja através de alguma fissura". A cultura dominante parece empurrar em direção a corrupção dos costumes e o abandono da identidade e das raízes cristãs. Isso criou confusão, especialmente entre os jovens, a tal ponto que a filosofia e os ensinamentos de grandes homens como Santo Agostinho de Hipona, São Boaventura, São Tomás de Aquino e outros, parecem ser completamente desconhecido para os meninos e meninas de hoje.
Emerge, então, a pergunta: o que será do conhecimento e da civilização cristã? Uma resposta inovadora chegou no ano passado, através de Jorge Mario Bergoglio, um homem "trazido do fim do mundo" e eleito Papa com o nome de Francisco, em memória a São Francisco de Assis. Um nome que evoca uma Igreja pura, santa, pobre, verdadeiramente cristã, que está começando a reformar a Cúria em Roma a partir do topo para garantir que o próximo não seja olhado do alto de um edifício, mas cara a cara, fora da sacristia, que vai às ruas para estender a mão e fazer o bem.
A simplicidade do Papa Francisco atrai: com seus sapatos pretos ortopédicos, o seu "boa tarde", a sua cruz de prata, conseguiu despertar grande interesse entre os jovens, mesmo os mais distantes, tocando os corações daqueles que têm preconceitos e difamam a Igreja e o Papa. Após os ensinamentos morais de Bento XVI, o Senhor enviou-nos um Papa que desde a sua eleição está dando lições práticas sobre como viver intensamente e profundamente a Palavra de Deus hoje, demonstrando sua atualidade.
É incrível para nós jovens escutar do Papa: "Não tenham medo de ir contra a corrente!", ou seja, fazer tesouro do ser "rebelde", "moderno" para dar testemunho de Cristo ao mundo e, sobretudo, fazer entender que ser cristão não é uma mistura de deveres e submissões, mas é alegria, a alegria de viver uma vida santa, uma vida de amor, consciente de ser amado.
Respondendo à pergunta "o que será de tudo isso?", podemos dizer: é preciso acreditar e esperar que as palavras do Papa Bergoglio se espalhem e propaguem entre os jovens, de modo que através dele o mundo descubra mais e mais um cristianismo humilde, puro e tão verdadeiro quanto o de Francisco de Assis. Uma Igreja moderna, alegre e jovem como a de Francisco, bispo de Roma, de modo que ressoe, mais uma vez,a voz do Senhor que diz: "Vai, Francisco, e repara a minha casa".

A sabedoria por trás de um sorriso


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O mundo dos desenhos animados pode comunicar valores e mensagens positivas para todas as crianças
Por Carlo Climati

ROMA, 10 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Os personagens animados são apenas desenhos coloridos ou podem comunicar algo mais?
É claro que, por trás de cada imagem, há uma emoção, uma história, um estilo de vida que alcança o coração dos nossos filhos. Por isso é importante saber escolher o desenho certo para as crianças, priorizando o aprendizado de valores e de boas mensagens.
Vamos aos exemplos!
Um desenho animado positivo é Kim Possible. Ele conta as aventuras de uma adolescente que se divide entre a identidade secreta de super-heroína e a vida de uma estudante normal. Suas histórias são cheias de emoção e de poesia. Kim Possible está constantemente salvando a humanidade de ameaças terríveis. Mas, na vida particular, ela é uma garota como tantas outras, que tem que lidar com os problemas típicos da adolescência: timidez, dificuldades no estudo, relações com os pais, amigos e professores. O contraste entre a força da super-heroína e a fragilidade da adolescente é o fio condutor fascinante das histórias de Kim Possible. É um desenho animado que destaca os valores da humildade, da amizade e do compromisso.
Simpáticos e educativos são também os desenhos animados dos Smurfs, duendes azuis que resolvem os problemas do cotidiano com simplicidade e harmonia. As mensagens são positivas: amor verdadeiro pela vida e convite a nunca se deixar dominar pela adversidade. Todo problema pode ser resolvido com sabedoria e sem perder a cabeça.
Interessante é a estrutura da pequena aldeia dos Smurfs, que são liderados por um duende mais velho. É ele quem toma as decisões, levando em consideração cuidadosa a relação com cada um dos outros Smurfs.
Esses pequenos duendes azuis parecem todos iguais, mas, na verdade, cada um tem a sua personalidade e o seu modo de vida: o inventor, o poeta, o de óculos, o dorminhoco... Emblemática é a figura do Smurf ranzinza, que sempre reclama e é constantemente ridicularizado: é um jeito de lembrar que, na vida, não é preciso dramatizar nem se fechar na própria concha. Com simplicidade e amor, todos os obstáculos podem ser superados. Esta é a mensagem poética dos Smurfs.
Muito divertida é a série Lucky Luke, ambientada no faroeste norte-americano e caracterizada por situações típicas daquela época. Pode ser interessante estimular a redescoberta histórica do assunto, agora que os filmes de caubói são cada vez mais raros.
O mesmo se aplica aos desenhos animados do Asterix: neste caso, o âmbito é a história do Império Romano, revisitada de um ponto de vista cômico por um grupo de irredutíveis gauleses.
Entre os desenhos animados japoneses, também podemos encontrar histórias positivas como a do Gato de Botas, estrela de alguns filmes muito bem realizados. Os japoneses reinventaram completamente o célebre conto de fadas, apresentando-a numa nova forma, aventureira e engenhosa. Após o primeiro filme do Gato de Botas, uma verdadeira obra-prima, vieram sequências igualmente espetaculares e muito agradáveis de ver.
Consideração especial deve ser dada às séries sobre robôs e super-heróis no espaço. Nem sempre são histórias com conteúdo negativo. Por exemplo, as maravilhosas aventuras dos Cyborg 009, androides criados para fazer o mal, mas que se rebelam contra o seu destino e escolhem o caminho do bem. Particularmente interessantes são as aventuras do pirata espacial Capitão Harlock, desapontado com uma Terra em que os valores estão perdidos numa atmosfera de indiferença. Ele é um herói definitivamente positivo, que luta contra o niilismo e contra a falta de pontos de referência verdadeiros.
Não é uma bela metáfora da sociedade de hoje? A mensagem desse desenho animado é bastante óbvia: temos que rejeitar a insensibilidade e reencontrar os valores da amizade e do encontro com os outros.

Francisco recorda que a fé exige duas atitudes: confessar Deus e confiar em Deus





Papa em Sta. Marta: recitar o Credo com o coração e não como papagaios

Por Redacao

ROMA, 10 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - O Papa chamou atenção para os “cristãos derrotados”, cristãos pela metade” durante a homilia em Santa Marta nesta manhã de sexta-feira. Por isso, ele recordou que “a fé tudo pode” e “vence o mundo”, mas é necessário confiar em Deus.
O centro da homilia foi a primeira carta de São João, em que o apóstolo insiste sobre a palavra que, para ele, é a expressão da vida cristã: “permanecer no Senhor”, para amar a Deus e o próximo. Este “permanecer no amor” de Deus é obra do Espirito Santo e da nossa fé, e produz um efeito concreto. Francisco afirmou que “quem permanece em Deus, quem foi gerado por Deus, que permanece no amor, vence o mundo e a vitória é a nossa fé. Da nossa parteéa fé. Da parte de Deus, o Espirito Santo, que realiza esta obra da graça. É forte! Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé! Nossa fé pode tudo! É a vitória! E seria bom se repetíssemos, a nós mesmos, porque muitas vezes somos cristãos derrotados. A Igreja está cheia de cristãos derrotados, que não acreditam nisto: que a fé é vitória; que não vivem esta fé. Se não vivem essa fé,existea derrota, e vence o mundo, o príncipe do mundo”.
O Papa recordou que Jesus louvou muito a fé da hemorroíssa, da cananeia e do cego e dizia que quem tema fé do tamanho deum grãode mostarda pode mover montanhas. “Esta fé exige duas atitudes: confessar e confiar. Sobretudo, confessar” – destacou o Santo Padre.
A fé significa confessar Deus, mas o Deus que se revelou a nós, desde os tempos dos nossos pais até hoje; o Deus da história..É isto que recitamos todos os dias no Credo. Uma coisa é recitar o Credo do coração e outra coisa como papagaios, não é? Creio, creio em Deus, creio em Jesus Cristo, creio ...Eu creio no que digo? Esta confissão de fé é verdadeira ou eu digo decorado,porque se deve dizer? Ou creio parcialmente? Confessar a fé! Inteira, não apenas uma parte! E devemos custodiar esta fé, como chegou a nós através da tradição: toda a fé! E como posso saber se confesso bem a fé? Através de um sinal: quem confessa bem a fé, toda a fé, tem a capacidade de adorar, adorar a Deus”.
O Papa continuou destacando que “nós sabemos como pedir a Deus, como agradecer a Deus, mas adorar a Deus, louvar a Deus, éalgomais! Somente quem tem esta fé forte é capaz deadoração”.
O Santo Padre acrescentou: “Eu me atrevo a dizer que o termômetro da vida da Igreja está um pouco baixo nesse sentido: há poucos com capacidade de adoração, “não temos muito, alguns sim...” E isso acontece porque “na confissão da fé não estamos convencidos, ou estamos convencidos parcialmente”. Por isso- explicou o Papa- a primeira atitude é confessar a fé e guardá-la. A segunda é “confiar”.
Deste modo, concluiu o Santo Padre: “o homem ou a mulher que tem fé, confia em Deus: se entrega! Paulo, num momento escuro de sua vida, dizia: 'Eu sei bem em quem tenho acreditado'. Em Deus! Em Jesus Cristo! Confiar: isso nos leva a esperança. Assim como a confissão da fé nos leva à adoração e ao louvor a Deus, confiar em Deus nos leva a uma atitude de esperança. Existem muitos cristãos com uma esperança aguada, pouco forte: uma esperança fraca. Por quê? Porque não têm a força e acoragem deconfiar no Senhor. Mas se nós cristãos cremos confessando a fé, e também a guardamos, custodiando-a, e confiando em Deus, no Senhor, seremos cristãos vencedores. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé!”

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

FAMILIA: espaço para a catequese


              





Toda a comunidade é responsável pela catequese, porém é missão especial da família. A comunidade cristã é o lugar privilegiado da vivência cristã, pois é lugar e meta  da catequese.
É na comunidade que nasce o anúncio do Evangelho, que convida a todos homens e mulheres a encontrarem com Jesus e buscar a conversão e o seguimento a Cristo.
Ali na comunidade encontramos a presença viva de Cristo Jesus, “ Pois onde dois ou mais se reunirem em meu nome , eu estou ai  no meio deles”( Mt18,20)
Mas Jesus também se faz presente na Celebração da Palavra, porque a Palavra de Deus é viva,  traz uma mensagem atualizada da vida. É é preciso aprender a viver segundo a Palavra.
A Eucaristia é presença real e viva de Cristo, garantida por Ele mesmo quando disse aos apóstolos, apresentando-lhes na ultima Ceia pascal o pão e o vinho “Isto é meu corpo tomai e comei. Isto é meu sangue, tomai e bebei.” Acrescentando “Todas as vezes que fizerdes isso, fazei-o em minha memória” (Lc22,14-20;1Cor11,17-33.) Portanto presença real na  liturgia. Assim a cada missa encontramos com Jesus que nos ensina a caminhar rumo ao Pai.
A catequese é a iniciação cristã de crianças, jovens e adultos. Em qualquer idade se pode iniciar o aprendizado das coisas de Deus.
Se é na comunidade cristã que se vive a fé, a família a exemplo da família de Nazaré, é a primeira comunidade que a criança vive, é ali também lugar especial de vivência da fé, onde se aprende a dar os primeiros passos com Jesus.
A família crista é considerada a  “Igreja Doméstica”. Isto significa que, em toda a família cristã, devem refletir-se os diferentes aspectos e funções da vida da Igreja inteira: missão, catequese, testemunho, oração etc. ... . Conseqüentemente, a família cristã, da mesma forma que a Igreja, “tem por dever ser um espaço onde o Evangelho é transmitido e donde o Evangelho irradia” Neste espírito de família os pais são os primeiros educadores na fé. Juntamente com eles, sobretudo, em certas culturas, todos os membros da família têm uma tarefa ativa, em vista da educação dos membros mais jovens.
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A família como “lugar’ de catequese tem como primeira missão: transmitir o Evangelho, fundamentado no contexto de profundos valores humanos”. Sobre esta base, é mais profunda a iniciação na vida cristã: o despertar para o senso de Deus, os primeiros passos na oração, a educação da consciência moral e a formação do senso cristão do amor humano, concebido como reflexo do amor de Deus, Criador e Pai.

Esta catequese da “Igreja doméstica” é uma educação na fé mais testemunhada do que ensinada, mais ocasional do que sistemática, mais permanente e cotidiana do que estruturada em períodos.
Nesta catequese familiar é importantíssima a contribuição das pessoas da família: além dos pais, os familiares, parentes, sobretudo os avós. Estes, por sua sabedoria e o profundo senso religioso, são decisivos para formar um clima realmente cristão.

A missão irrenunciável da família - “Igreja doméstica”- acaba por ser o único meio onde as crianças e os jovens poderão receber uma autêntica catequese. Para isso, os pais cristãos devem fazer todos os esforços a fim de se prepararem para este ministério de catequistas dos seus próprios filhos.
A participação ativa da família na comunidade paroquial é fundamental para o exemplo de amor, fraternidade, solidariedade, desprendimento que ajudará na formação religiosa dos filhos.
 Pois esta catequese familiar é inseparável da ação catequética da comunidade paroquial. A paróquia é chamada a ser uma casa de família, fraterna e acolhedora, onde os cristãos tornam-se conscientes de ser Povo de Deus.

                                  Maria Ronety Canibal

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A voz de Deus



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre o discernimento cotidiano
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 09 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Há muitas expressões na Sagrada Escritura que indicam o Senhor que fala ao seu povo, e manifestam a força de sua palavra que cria, repreende, educa, acompanha. Desde a forte palavra criadora do livro do Gênesis, passando pela intimidade com os patriarcas e profetas, que "emprestavam" a boca para Deus falar. De Moisés se diz que tinha uma grande amizade com Deus e o Senhor se entretinha com ele face a face. Deus fala!
"Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Ele é o resplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com a sua palavra poderosa. Tendo feito a purificação dos pecados, sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas, elevado tão acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o deles" (Hb 1, 1-4).
"Por estas palavras, a carta aos Hebreus dá a entender que Deus emudeceu, por assim dizer, e nada mais tem a falar, pois o que antes dizia em parte aos profetas, agora nos revelou no todo, dando-nos o Tudo, que é o seu Filho. Se agora, portanto, alguém quisesse interrogar a Deus, ou pedir-lhe alguma visão ou revelação, faria injúria a Deus não pondo os olhos totalmente em Cristo, sem querer outra coisa ou novidade alguma. Deus poderia responder-lhe deste modo: Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o! (Mt 17,5). Já te disse todas as coisas em minha Palavra. Põe os olhos unicamente nele, pois nele tudo disse e revelei, e encontrarás ainda mais do que pedes e desejas"(Tratado “A subida do Monte Carmelo”, de São João da Cruz, presbítero, Lib. 2, cap. 22).
A Igreja tem clara a convicção de que tudo o que é estritamente necessário já foi dito por Deus e encontra o fundamento de sua ação na Escritura Sagrada. Sabe também a Igreja que lhe foi dada a graça do discernimento, pela qual o sadio desdobramento daquilo que foi revelado é expresso nos ensinamentos que são oferecidos pelo longo e seguro exercício do magistério que acompanha a tradição viva, na qual existe a certeza da ação do Espírito Santo, que a acompanha e preserva do erro.
E Deus se calou? Temos a certeza de que continua a dizer sua Palavra, que ele inspira o bem, suscita a pregação corajosa do Evangelho, sustenta o testemunho dos cristãos. Sabemos que todas as chamadas revelações particulares são objeto de discernimento cuidadoso, pois são reconhecidas como estímulo à vivência do que se expressou na Sagrada Escritura, para que as pessoas não corram de um lado para outro em busca de novidades e pretensos anúncios, especialmente quando estes apontam para datas ou eventos extraordinários.
O que falta é o discernimento cotidiano e dedicado do que Deus nos fala através dos acontecimentos e de uma quantidade imensa de fatos simples e aparentemente corriqueiros. Deus nos fala através do próximo que grita pela nossa ajuda e pelo serviço de amor, dizendo que tudo o que fazemos ao menor dos irmãos é feito a Jesus. Deus nos fala pela última notícia de violência, que nos assusta e escandaliza, a dizer-nos que nos foi oferecido o caminho para a paz, através dos mandamentos e a prática da fraternidade. Deus nos fala pela Igreja que se reúne e proclama a cada dia a Palavra Sagrada, fonte de vida e santidade. Deus nos fala pelo testemunho corajoso de pessoas que vivem o Evangelho, arrastando com seu exemplo gente que vivia na lama do pecado. Deus nos fala através de seus enviados, e basta pensar na lucidez com que o Papa Francisco tem oferecido à Igreja e o mundo as propostas de vivência do Evangelho e amor ao próximo. Não faltam palavras vindas da boca de Deus. O que pode faltar são ouvidos atentos.
A Igreja celebra neste final de semana o Batismo de Jesus, quando o Senhor vai ao Rio Jordão, onde João Batista pregava a penitência e a conversão, justamente na preparação da plena manifestação do Messias esperado. Diante de um João Batista surpreso, que diz "Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim" (Mt 3,13-17), Jesus entra na fila dos pecadores, ele que é o Cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo! E ali, no gesto de imensa humildade de Jesus, acontece a revelação da intimidade de Deus Trindade. O Filho nas águas, o Espírito em forma de uma pomba e a voz do Pai: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu agrado".
O Senhor Jesus confiou uma missão à Igreja, de ir pelo mundo inteiro e anunciar a Boa-Nova. "Quem crer e for batizado será salvo.. Quem não crer será condenado" (Mc 16,16). Prometeu inclusive "sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (Mc 16,17-18). O mesmo Senhor Jesus, que falou com seus discípulos, "foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 16,19).
Como os primeiros discípulos, está agora em nossas mãos o anúncio da Boa-Nova. Pedimos a Deus que se multipliquem os operários para a sua messe, vindos de todas os cantos, dispostos a transformar sua vida e sua palavra em testemunho corajoso do Senhor, diante de um mundo que anseia pela palavra de Deus. De fato, a sede e fome da voz de Deus está presente, mesmo quando as pessoas não sabem dar nome ao grito que brota de dentro de si, no cumprimento da palavra profética: "Dias hão de vir, quando hei de mandar à terra uma fome, que não será fome de pão nem sede de água, e sim de ouvir a Palavra do Senhor" (Am 8,11).

"O amor cristão é concreto e generoso, não é como aquele das telenovelas



Homilia em Santa Marta: Papa Francisco enfatiza que o amor de que Jesus fala não é o êxtase espiritual, mas se traduz em ações concretas e tem mais para dar do que para receber
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 09 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - O amor cristão ou é altruísta, generoso, alegra-se "mais em dar do que em receber ", ou, é um amor “romântico", de telenovela. Não é brincadeira: o argumento levantado pelo Papa Francisco na missa em Santa Marta é rigoroso. O amor cristão tem sempre uma característica: a concretização. O amor cristão é “concreto", diz o Papa, guiado em sua reflexão por São João, na primeira carta, ele reitera várias vezes: "Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e o amor Dele é perfeito em nós".
É neste "permanecer duplo" de “nós em Deus e Deus em nós", que reside a "vida cristã" e a experiência de fé. Não "no espírito do mundo" ou "na superficialidade, na idolatria, na vaidade", adverte o Santo Padre. É fundamental “permanecer no Senhor”, e Ele "corresponde-nos: Ele permanece em nós", por iniciativa própria. Mesmo quando - afirma Francisco - "muitas vezes nós o expulsamos”, nós "não podemos permanecer Nele", resta ainda "o Espírito".
Este "permanecer no amor de Deus" - esclarece o Papa- não tem apenas uma dimensão espiritual, mas também se traduz na "carne", em ação concreta. Não se limita a um êxtase do coração ou a algo agradável de se ouvir. "Observem que amor de que nos fala João não é o amor das telenovelas! Não, é outra coisa”, reitera firmemente o Papa.
"O próprio Jesus – continua Bergolgio - quando fala sobre o amor, nos fala de coisas concretas: alimentar os famintos, visitar os doentes", e assim por diante. Se no amor não há a "concretude cristã" - disse o Papa – arrisca-se "viver um cristianismo de ilusões, porque não está claro qual é o centro da mensagem de Jesus". É um "amor de ilusões", como aconteceu aos discípulos quando - diz o Evangelho de hoje - ficaram perturbados ao ver Jesus andando em direção a eles sobre o mar: "Eles pensavam que fosse um fantasma".
O estupor dos Apóstolos – destaca o Santo padre - "vem da dureza de coração", porque "eles não entenderam" a multiplicação dos pães ocorrida pouco antes, como afirma o Evangelho. "Se você tem um coração endurecido, você não pode amar, e você acha que o amor é imaginar coisas"- exorta Francisco.
Então, para medir a concretude do amor cristão, devemos refletir sobre dois aspectos. Primeiro: "Amar com as obras, não com as palavras. As palavras são levadas pelo vento! Hoje estão e amanhã não estão mais"- disse o Pontífice. Segundo: "No amor é mais importante dar do que receber. Quem ama dá, dá, .... Dá coisas, dá vida, dá -se a Deus e aos outros. Ao contrário, quem não ama, quem é egoísta, busca sempre receber, tenta sempre ter coisas, levar vantagem".
A "moral" da homilia de hoje do Papa Francisco é, portanto, clara: "Permanecer com o coração aberto, não como era aquele dos discípulos, que era fechado, eles não percebia nada: permanecer em Deus e Deus em nós; permanecer no amor.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Papa convida a viver o batismo todos os dias.



Por Rocio Lancho García

CIDADE DO VATICANO, 08 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - A primeira audiência geral de 2014 começou, como habitualmente, com a saudação atenta do Papa Francisco dirigida aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro. As baixas temperaturas não impediram que durante mais de 30 minutos o Santo Padre percorresse a Praça saudando os peregrinos vindos de todas as partes do mundo, que apesar de menos numerosos, mantiveram a alegria em alta.
Durante o percurso, o Papa recebeu uma camiseta do time de futebol de Roma das mãos de um fiel. Um sacerdote, muito emocionado, correu até o papa- móvel para cumprimentar o Papa, que o convidou a sentar-se no Jeep durante alguns segundos.

Neste ano de 2014, o Papa deu inicio ao ciclo de catequeses sobre os sacramentos. Hoje, o bispo de Roma falou sobre o batismo. Como em outras ocasiões, o Papa questionou os fiéis sobre a data de batismo e deu a tarefa de averiguar “a bonita data do batizado”.
Eis o resumo da catequese:
“A Igreja é o sacramento universal da salvação que prolonga, na história, a acção salvífica e vivificante de Cristo. Na verdade, é Ele que regenera continuamente a comunidade cristã, com a força do Espírito Santo, e envia a Igreja a levar a todos a salvação com palavras e gestos, com a pregação e os sacramentos. O Baptismo, juntamente com a Eucaristia e a Confirmação, forma a chamada «iniciação cristã», que nos configura com o Senhor Jesus e faz de nós um sinal vivo da sua presença e do seu amor.”
“Ninguém pode baptizar-se a si mesmo. Podemos pedir e desejar o Baptismo, mas sempre precisamos de alguém que nos administre este sacramento em nome do Senhor. É um dom concedido num contexto de solicitude e partilha fraterna. Na verdade, não se trata de uma mera formalidade, mas, no Baptismo, somos imersos naquela fonte inexaurível de vida que é a morte de Jesus, o maior acto de amor de toda a história; e, em virtude deste amor, podemos viver uma vida nova de comunhão com Deus e com os irmãos. Peçamos ao Senhor que nos faça experimentar cada vez mais, na vida diária, a graça recebida no Baptismo. Quando os outros se cruzarem connosco, possam encontrar verdadeiros filhos de Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de Jesus, verdadeiros membros da Igreja.”
Ao final, como de costume, o Papa saudou os fiéis provenientes de vários locais e aos peregrinos de língua portuguesa ele encorajou “a todos a viver o vosso Baptismo como realidade actual da vossa existência. Não deixeis que vos roubem a vossa identidade cristã! Com estes votos, invoco sobre vós e vossas famílias a abundância das bênçãos do Céu”.

Conhecer bem o que se passa em seu coração para reconhecer os falsos profetas



Na primeira missa de 2014 em Sta Marta, o Papa exorta a colocar à prova qualquer pensamento, para discernir se provêm verdadeiramente de Deus
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, 07 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Passou o ano, passaram as festas, e o Papa Francisco retorna a Domus Santa Marta para celebrar a missa matutina, que já ocupa um lugar de destaque em seu pontificado. Na missa de hoje, a primeira de 2014, Bergolgio tira os fiéis do relax das festas e marca um novo compromisso: estar vigilante. Vigiar o que? De quem? O Papa já havia falado, mas quer enfatizar: dos falsos profetas e das falsas profecias que nos desviam do caminho que nos leva a Deus.
“Muitas vezes o nosso coração mais parece uma feira, onde se encontra de tudo, destacou o Papa, mas precisamos experimentar para ver o que é e o que não é do Senhor, para permanecer Nele”.
O primeiro passo para este critério é a vigilância do coração, segundo o conselho do Apóstolo João, contido na Primeira Leitura de hoje, que exorta a “permanecermos no Senhor”. O Apóstolo explica a atitude de quem deseja permanecer no Senhor: “conhecer bem o que se passa em seu coração”. “Nosso coração tem sempre desejos, vontades e pensamentos”, continuou o Papa, que, tantas vezes, damos muita atenção, e esquecemos de colocar um filtro, ou, de questionar: “Isto vem de Deus ou me afasta de Deus?”.
Por isso é “necessária vigilância”, destacou Francisco explicando que o “cristão é um homem ou uma mulher que sabe vigiar o seu coração” para saber se “isto é do Senhor e isto não é”, e assim, “permanecermos no Senhor.”
Não é uma tarefa tão complicada como parece. Basta um critério: “Aquele que não reconhece Jesus não é de Deus: é o anticristo”. Explicando este conceito, o Papa disse que é preciso “reconhecer que Jesus, por ser Deus, se rebaixou e se humilhou até a morte de cruz.”
“O rebaixamento, a humildade, a humilhação, o serviço aos outros é o caminho de Jesus”. Mas se te leva para a “estrada da suficiência, da vaidade, do orgulho e do pensamento abstrato não é de Jesus”.
Francisco sugere pensar “nas tentações de Jesus no deserto: as três propostas que faz o demônio a Jesus são propostas que queriam afastá-lo daquele caminho”, mas Jesus responde com firmeza: “Não, este não é o meu caminho!”
“Muitas vezes, o nosso coração é um caminho, onde passa de tudo”, mas devemos questionar, disse o Papa: “Escolho sempre coisas que provêm de Deus? Conheço o que vem de Deus, os verdadeiros critérios para discernir meus desejos?”
“Pensemos nisso, afirmou Francisco, e não nos esqueçamos que o critério é a Encarnação do Verbo. O Verbo veio em carne: ele é Jesus Cristo, que se fez homem, se rebaixou e se humilhou por amor, para servir todos nós. Que o Apóstolo João, concluiu o Pontífice, nos conceda a graça de saber o que se passa em nosso coração e a sabedoria para discernir o que vem de Deus e o que não”.
(Trad.:MEM)

Qual é a nossa estrela?



Considerações sobre a Epifania do Senhor
Por Luigi Mariano Guzzo

ROMA, 07 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - No final do dia em que celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor, eu gostaria de compartilhar algumas breves considerações minhas.
O Magos que partem do Oriente atrás de uma estrela são estudiosos, pessoas sábias. Mas não são judeus. Para eles, para a sua experiência de fé, que não sabemos qual era, mas certamente não era judia, e para a sua cultura, a espera de um Messias que traz a libertação não significa nada.
Eles seguem simplesmente o intelecto. Mas, através da razão, aquele Menino nascido em Belém diz "algo" a eles; talvez eles não saibam "o quê", mas se deixam interpelar por Ele. "Quando viram a estrela, regozijaram-se profundamente", dizem as Escrituras. Talvez fosse a alegria da fé, que se abre graças às potencialidades da razão. Se Jesus tem "algo" a dizer a todas as pessoas, mesmo aos não crentes, isto significa que a razão não se dissocia da fé.
No céu há bilhões e bilhões de estrelas. As Escrituras não falam de "uma estrela". Os Magos seguem "a estrela". O artigo definido especifica que, entre uma miríade de estrelas, os Magos conseguem reconhecer a verdadeira, a certa para o seu caminho.
E nós? Pensamos em quantas estrelas enchem todos os dias as nossas vidas? Existe a estrela do sucesso rápido, a estrela do sexo fácil, a estrela do lucro imediato, a estrela do álcool, a estrela da droga, a estrela do interesse pessoal, a estrela do consumismo, a estrela da falsidade, a estrela da inveja, a estrela da vanglória e assim por diante... Estrelas, enfim, há muitas.
Mas, e esta é a pergunta, de todas essas estrelas, qual é, para nós, a estrela certa, a única a seguir, a exemplo dos Reis Magos? Cada um tem a sua resposta... Com uma coisa clara na consciência: em meio às tantas luzes artificiais que enchem as nossas cidades, torna-se cada vez mais difícil identificar a luz natural das estrelas. Se os Magos caminhassem hoje, provavelmente teria sido bem difícil para eles seguir "a estrela".
Roberta, uma queridíssima amiga, me fez notar que os Magos “seguem” a estrela, e não a “perseguem”. Uma diferença que me fez pensar. "Seguir" é "ir atrás de alguém"; "perseguir" é "correr atrás daquele que foge". A estrela não foge dos Magos. Ao contrário: ela espera por eles em Belém e é por isso que ilumina o seu caminho.
Um ensinamento: em nossas vidas, quantas pessoas nós "perseguimos"? Será que vale a pena correr atrás de pessoas que "fogem" de nós? Não será que fazer isso é não ter respeito nem por nós mesmos nem pela escolha delas? Talvez seja melhor "seguir" quem nos precede, quem caminha à nossa frente na jornada, quem, com seu amor, nos mostra a direção certa e, com a sua ternura, ilumina os nossos passos.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

HOMILIA NA MISSA DA NOITE DO NATAL
(Catedral de Uruguaiana, 24/12/2013)
 
Com espírito de fraternidade, tão próprio do clima natalino, saúdo todos como Irmãos e Irmãs, desejando Feliz e Santo Natal.Ao preparar a homilia do Natal deste ano de 2013, senti grande apelo do Espírito do Senhor e seu santo modo de operar para escrevê-la, tendo em vista a grande importância e o profundo significado do Mistério da Encarnação: do Verbo, da “Palavra que se fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1, 14). Em recente documento o Papa Francisco afirma que “o pregador tem a belíssima e difícil missão de unir os corações que se amam: o do Senhor e os do seu povo” (Evangelii Gaudium 143), tornando-se intermediário desse diálogo, que depois continua entre os dois...Para retomarmos a importância do mistério que celebramos nesta noite santa, citamos São Francisco que,em 1223,idealizou e realizou, em Greggio – Itália, o primeiro presépio, para representar vivamente o que acontecera em Belém. O Santo de Assis define o Natal do Menino Jesus como “a festa das festas” e por isso a celebrava “com inefável alegria, mais do que as outras solenidades” (2Cel 199, 1), afirma o seu biógrafo.Como o anjo, na noite do nascimento de Jesus, também nós podemos proclamar solenemente na Liturgia desta noite santa: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo povo; hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc2, 11-12). É por isso que a oração das oferendas desta celebração afirma: “Acolhei, ó Deus, a oferenda da festa de hoje, na qual o céu e a terra trocam os seus dons”. Verdadeiramente, o ‘sim’ de Maria realizou o encontro desejado por Deus, desde toda eternidade:possibilitou que Deus Pai nos desse, pelo Espírito, o melhor de si, o seu Filho Jesus Cristo. Em troca, Maria e José, representando a humanidade, lhe deram seu bem mais precioso: o coração, a fé, a acolhida da graça. “Desde aquele instante em que a Palavra se fez carne, o céu é também terra e a terra já está no céu!” (Pe Antônio José de Almeida, in O Pão Nosso de Cada Dia, n. 96, p. 61). Nossa história se tornou também história de Deus, pois o divino então entrou em nosso tempo, fez-se EmanuelDeus-conosco (Is 7, 14; Mt 1, 23). Por isso a oração das oferendas, citada acima, continua emsúplica: “... dai-nos participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade” (Oração das Oferendas – Missa da Noite do Natal).Este Menino, diante do qual se divide a história da humanidade, em antes e depois, é celebradona Liturgia deste tempo do Natal como nova luz que brilhou para nós, como ouvimos há pouco na leitura da Palavra de Deus, vencendo as trevas do pecado. Na linguagem da Sagrada Escritura Ele é a luz que brilha nas trevas (Is 9, 1); nasce como o sol da justiça (Mal 3, 20); é o sol nascente que nos vem visitar (Lc 1, 78), é a Luz do mundo, quem o segue não anda nas trevas (Jo 8, 12). Os cristãos, ao iniciarem a celebração do Natal do Senhor, como festa litúrgica (séc. IV), logo a relacionaram com o solstício do inverno europeu e asiático, onde iniciou o Ano Litúrgico da Igreja: o Senhor é oSol invencível (SolisInvicti), Aquele que vence as trevas do pecado. Por isso, deixemo-nos iluminar e transformar por essa Luz, também em nosso tempo, quando as luzes brilham por todos os lados: em nossas casas e igrejas, nas ruas e praças, e nos locais mais diversificados de nossos ambientes de vida. Como dizia São Paulo, na segunda leitura de hoje: “Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem” (Tt 2, 14), vivendo neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade. Caros Irmãos,queridas Irmãs!A liturgia desta noite santa anuncia ainda outra grande Boa nova: no momento em que o Filho de Deus assume a nossa fragilidade, “a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio III do Natal do Senhor), abrindo-nos as portas da eternidade, rompendo os limites que o pecado nos impunha. Pela encarnação de seu Filho, o Pai nos quer Filhos e Filhas, participantes de sua vida divina. Eis o que nos faz cantar: “Noite Feliz! Noite Santa! Noite de Luz!”. Pois Deus ultrapassa todos os limites humanos imagináveis com sua misericórdia para encontrar-se conosco, para estar conosco, para viver conosco, para tornar-nos também eternos.Mas todo esse Seu amor, toda Sua misericórdia, querendo-nos filhos e filhas, salvos e participantes de sua vida, precisam ser acolhidos por nós, com nossa resposta de fé. Por isso, não podemos somente comemorar mais um aniversário de Jesus, deixando-o dois mil anos atrás, num passado distante, fazendo festas à suas custas, sem envolver-nos com Ele, sem encontrar-nos com Ele, sem abrigá-Lo em nossa vida. Muito mais que lembrar os fatos da gruta de Belém, nós queremos ser os personagens que ela abriga e acolhe. Hoje chegou a nossa vez e nosso tempo de ser Maria, José, as famílias de Belém, os pastores, os anjos, os magos... Ou queremos ser como as famílias que não tiveram lugar para Ele? Ou talvez como Herodes, que deseja ver o Menino longe e até matá-Lo? Sim,podemos ser como José e Maria, acolhendo em nosso tempo o plano de Deus na fé, amando e defendendo os valores da Vida, da família, como a sagrada Família de Nazaré; somos enviados em nosso tempo quais anjos que anunciam, como discípulos missionários, a Boa Nova da Salvação, trazida por Jesus Cristo; somos convidados a sermos quais pastores que acolhem a Boa Notícia e acorrem prontamente para buscar o encontro com Jesus, vivendo a partir de sua presença, anunciando-a com alegria; somos desafiados a seguir a Estrela, quais Magos que procuram compreender o sentido dos sinais de Deus na história, para encontrá-Lo e oferecer-Lhe o que de mais precioso temos em nossa vida...Por isso, Irmãos e Irmãs, nós cristãos, não podemos contentar-nos com um Natal festivo e de bem-estar, comosimples e descomprometido aniversário de Jesus e, muito menos,considerar-nos satisfeitos com míticas histórias de Papai Noel. O mistério do Natal deve tornar-se hoje, portanto, vivo entre nós. À medida que nosso modo de ser e de agir se aproximarem da Boa Nova de Jesus; quandonossas atitudes se expressarem no amore na fraternidade, na justiça e na paz, no perdão e na misericórdia, na acolhida dos outros, sobretudo dos que vivem nas periferias existenciais, como fala o Papa Francisco, sempre será Natal, pois Deus estará renascendo de alguma forma entre nós e através de nós, fazendo acontecer o Seu Reino, no hoje de nossa história.Que o verdadeiro presépio seja nosso coração, nossa vida, nossa família, nossa comunidade. Seja este presépio o ambiente onde Deus pode estar conosco, como o hóspede mais nobre da nossa vida. Como narra o biógrafo de São Francisco de Assis, na noite de Natal, em que o santo encenou o primeiro presépio: “O Menino Jesus, que tinha sido relegado ao esquecimento (Sl 30,13) nos corações de muitos, reviveu pela graça de Deus” (1Cel 86). Que este reviver de Deus em nós, seja o grande presente de Natal ou, quem sabe, o grande milagre do Natal de 2013. Assim seja!
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana

É necessária uma santa «astúcia» para guardar a fé




As palavras do Santo Padre Francisco na Solenidade da Epifania do Senhor

CIDADE DO VATICANO, 06 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Às 10 horas de hoje (hora Roma), Solenidade da Epifania do Senhor, o Santo Padre Francisco celebrou a Santa Missa na Basílica Vaticana.
Após a proclamação do Santo Evangelho e o anúncio do dia da Páscoa, que este ano será comemorado em 20 de abril, o Santo Padre pronunciou a homilia.
Eis o texto da homilia na íntegra:
«Lumen requirunt lumine». Esta sugestiva frase dum hino litúrgico da Epifania refere-se à experiência dos Magos: seguindo umaluz, eles procuram a Luz.. A estrela aparecida no céu acende, nas suas mentes e corações, uma luz que os move à procura da grande Luz de Cristo. Os Magos seguem fielmente aquela luz, que os penetra interiormente, e encontram o Senhor.
Neste percurso dos Magos do Oriente, está simbolizado o destino de cada homem: a nossa vida é um caminhar, guiado pelas luzes que iluminam a estrada, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós, cristãos, reconhecemos em Jesus, Luz do mundo. E, como os Magos, cada homem dispõe de dois grandes «livros» donde tirar os sinais para se orientar na peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras. Importante é estar atento, velar, ouvir Deus que nos fala – sempre nos fala. Como diz o Salmo, referindo-se à Lei do Senhor: «A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos» (Sal 119/118, 105). E, de modo especial, o ouvir o Evangelho, lê-lo, meditá-lo e fazer dele nosso alimento espiritual permite-nos encontrar Jesus vivo, ter experiência d’Ele e do seu amor.
A primeira leitura faz ressoar, pela boca do profeta Isaías, este apelo de Deus a Jerusalém: «Ergue-te e sê iluminada!» (60, 1). Jerusalém é chamada a ser a cidade da luz, que irradia sobre o mundo a luz de Deus e ajuda os homens a seguirem os seus caminhos. Esta é a vocação e a missão do Povo de Deus no mundo. Mas Jerusalém pode falhar a esta chamada do Senhor. Diz-nos o Evangelho que, chegados a Jerusalém, os Magos deixaram de ver a estrela durante algum tempo. Já não a viam. Em particular, a sua luz está ausente no palácio do rei Herodes: aquela habitação é tenebrosa; lá reinam a escuridão, a desconfiança, o medo, a inveja. Efectivamente Herodes mostra-se apreensivo e preocupado com o nascimento de um frágil Menino, que ele sente como rival. Na realidade, Jesus não veio para derrubar um miserável fantoche como ele, mas o Príncipe deste mundo! Todavia o rei e os seus conselheiros sentem fender-se os suportes do seu poder, temem que sejam invertidas as regras do jogo, desmascaradas as aparências. Todo um mundo construído sobre o domínio, o sucesso, a riqueza, a corrupção é posto em crise por um Menino! E Herodes chega ao ponto de matar os meninos: «Tu matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração», escreve São Quodvultdeus (Sermão 2 sobre o SímboloPL 40, 655). É assim: tinha medo e, com este medo, enlouqueceu.
Os Magos souberam superar aquele perigoso momento de escuridão junto de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicava Belém como o local do nascimento do Messias. Assim escaparam do torpor da noite do mundo, retomaram a estrada para Belém e lá viram de novo a estrela, e o Evangelho diz que sentiram uma «enorme alegria» (Mt 2,10). Precisamente a estrela que não se via na escuridão da mundanidade daquele palácio.
Entre os vários aspectos da luz, que nos guia no caminho da fé, inclui-se também uma santa «astúcia». Também esta é uma virtude: a «astúcia» santa. Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia» quando, no caminho de regresso, decidiram não passar pelo palácio tenebroso de Herodes, mas seguir por outra estrada. Estes sábios vindos do Oriente ensinam-nos o modo de não cair nas ciladas das trevas e defender-nos da obscuridade que teima em envolver a nossa vida. Com esta «astúcia» santa, eles guardaram a fé. Também nós devemos guardar a fé. Guardá-la daquela escuridão, se bem que, muitas vezes, é uma escuridão travestida de luz! Porque às vezes o demónio, diz São Paulo, veste-se de anjo de luz. Daí ser necessária uma santa «astúcia», para guardar a fé, guardá-la do canto das Sereias que te dizem: "Olha! Hoje devemos fazer isto, aquilo…" Mas, a fé é uma graça, é um dom. Compete-nos a nós guardá-la com esta «astúcia» santa, com a oração, com o amor, com a caridade. É preciso acolher no nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo tempo, cultivar aquela astúcia espiritual que sabe combinar simplicidade e argúcia, como Jesus pede aos discípulos: «Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt 10, 16).
Na festa da Epifania, em que recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto dum Menino, sentimos ao nosso lado os Magos como sábios companheiros de estrada. O seu exemplo ajuda-nos a levantar os olhos para a estrela e seguir os anseios grandes do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes voos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro, belo... por Deus, que é tudo isso elevado ao máximo! E ensinam-nos a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, aos olhos do mundo, é grande, sábio, poderoso. É preciso não se deter aí. É necessário guardar a fé. Neste tempo, isto é muito importante: guardar a fé. É preciso ir mais além, além da escuridão, além do fascínio das Sereias, além da mundanidade, além de muitas modernidades que existem hoje, ir rumo a Belém, onde, na simplicidade duma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, brilha o Sol nascido do alto, o Rei do universo. Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz e guardamos a fé. Assim seja

O amor de Deus vem sempre antes do nosso! Ele sempre toma a iniciativa.



Angelus com o Papa Francisco na Festa da Epifania do Senhor

CIDADE DO VATICANO, 06 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - No final da Missa celebrada hoje, na Basílica Vaticana, por ocasião da solenidade da Epifania do Senhor, o Santo Padre Francisco apareceu na janela de seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano para rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Eis as palavras do Papa, na introdução da oração mariana:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje celebramos a Epifania, isso é, a “manifestação” do Senhor. Esta solenidade está ligada à passagem bíblica da ida dos magos do Oriente a Belém para homenagear o Rei dos Judeus: um episódio que o Papa Bento comentou de maneira magnifica em seu livro sobre a infância de Jesus. Aquela foi a primeira “manifestação” de Cristo aos povos. Por isso, a Epifania destaca a abertura universal da salvação trazida por Jesus. A Liturgia deste dia aclama: “Te adorarão, Senhor, todos os povos da terra”, porque Jesus veio para todos nós, para todos os povos, para todos!
De fato, esta Festa nos mostra um duplo movimento: de um lado, o movimento de Deus para o mundo, para a humanidade – toda a história da salvação, que culmina em Jesus -; e de outro lado o movimento dos homens para Deus – pensemos nas religiões, na busca da verdade, no caminho dos povos para a paz, a paz interior, a justiça, a liberdade. Este duplo movimento é movido por uma recíproca atração. Da parte de Deus, o que o atrai? É o amor por nós: somos seus filhos, nos ama, e quer libertar-nos do mal, das doenças, da morte e levar-nos à sua casa, no seu Reino. “Deus, por pura graça, nos atrai para unir-nos a Si” (Exort. Ap. Evangelii Gaudium, 112). E também da nossa parte há um amor, um desejo: o bem sempre nos atrai, a verdade nos atrai, a vida, a felicidade, a beleza nos atrai…Jesus é o ponto de encontro desta atração recíproca, deste duplo movimento. É Deus e homem: Jesus. Deus e homem. Mas quem toma a iniciativa? Sempre Deus! O amor de Deus vem sempre antes do nosso! Ele sempre toma a iniciativa. Ele nos espera, Ele nos convida, a iniciativa é sempre sua. Jesus é Deus que se fez homem, encarnou-se, nasceu para nós.  A nova estrela que aparece aos magos foi o sinal do nascimento de Cristo. Se não tivessem visto a estrela, aqueles homens não teriam partido. A luz nos precede, a verdade nos precede, a beleza nos precede. Deus nos precede. O profeta Isaías dizia que Deus é como a flor da amendoeira. Por que? Porque naquela terra a amendoeira é a primeira que floresce. E Deus sempre precede, sempre nos busca primeiro, Ele dá o primeiro passo. Deus nos precede sempre. A sua graça nos precede, e essa graça apareceu em Jesus. Ele é a Epifania. Ele, Jesus Cristo, é a manifestação do amor de Deus. Está conosco.
A Igreja está dentro deste movimento de Deus para o mundo: a sua alegria é o Evangelho, é refletir a luz de Cristo. A Igreja é o povo daqueles que experimentaram esta atração e a levam dentro, no coração, na vida. “Eu gostaria – sinceramente – eu gostaria de dizer àqueles que se sentem afastados de Deus e da Igreja – dizer respeitosamente – dizer àqueles que são temerosos e indiferentes: o Senhor chama vocês também, chama para fazer parte de seu povo e o faz com grande respeito e amor!” (ibid, 113). O Senhor te chama. O Senhor te procura.. O Senhor te espera. O Senhor não faz proselitismo, dá amor, e este amor te busca, te espera, você que neste momento não crê ou está distante. E este é o amor de Deus.
Peçamos a Deus, por toda a Igreja, peçamos a alegria de evangelizar, porque “por Cristo foi enviada para revelar e comunicar a caridade de Deus a todos os povos” (Ad gentes, 10). A Virgem Maria nos ajude a ser discípulos missionários, pequenas estrelas que refletem a sua luz. E rezemos para que os corações se abram para acolher o anúncio, e todos os homens possam “ser participantes da promessa por meio do Evangelho” (Ef 3, 6).

domingo, 5 de janeiro de 2014

Ano novo, vida nova, catequese renovada!




Coluna de orientação catequética aos cuidados de Rachel Lemos Abdalla
Por Rachel Lemos Abdalla

CAMPINAS, 05 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Todo final de ano, neste tempo de festas, acontece um rito de passagem muito importante para todas as pessoas. Ele proporciona um momento de revisão do ano que passou e renovação dos sonhos e dos desejos para um novo tempo que se inicia.
E, para iniciarmos o novo ciclo, temos o Papa Francisco como exemplo de nova evangelização no mundo pela sua prática de vida, ensinando, assim, muitas lições para nós. Dentre elas, a mais marcante é o seu exemplo de humildade expresso de várias formas no seu dia a dia. Ele se aproxima de todos sem medo, sem relutância, sem preconceitos. Beija e abraça aqueles que dele se aproximam para pedir a bênção. Fala uma linguagem simples e passa uma mensagem clara que toca o coração e a vida, sem fazer distinção de crenças ou de fé. E demonstra amor pelos pequeninos, os preferidos de Cristo, os pobres e os excluídos, os marginalizados e os doentes. Essa é a sua bandeira!
Que ele seja o nosso exemplo de renovação de mentalidade e aplicação da catequese na vida. Que os catequistas, a cada dia mais, atualizem a fórmula de como tocar o coração dos catequizandos sendo presença viva do Cristo no mundo, atualizando seus ânimos e seus métodos, estudando mais e planejando os encontros de catequese, para que sejam fiéis ao chamado de discípulos missionários responsáveis, sal da terra e luz do mundo na prática da evangelização.
Não podemos nos deixar envolver por nossos preconceitos, lembrando que Jesus acolheu a todos, sem distinção. Para isso, basta imaginar como ele acolheria hoje todas as pessoas com suas escolhas e opções de vida.
O Catecismo da Igreja nos ensina que devemos acolher o próximo sem que haja preconceito pela sua real condição, ‘com respeito, compaixão e delicadeza...evitando todo sinal de discriminação injusta1’, lembrando que Cristo se faz presente em todos aqueles que têm fome e sede de amor e de justiça.
Será que estamos preparados para os novos desafios da evangelização? Temos quebrado nossos paradigmas e preconceitos para receber de braços e coração abertos os excluídos e marginalizados da sociedade? Como estamos sendo Igreja no nosso meio, na sociedade e no mundo? Qual é o rosto que estamos dando para a catequese que deve se renovar constantemente?
Novo ano se inicia e assim também precisamos estar iniciando um processo de abertura de consciência e respeito para como nosso próximo, assim como pede o Papa Francisco: “...nós todos somos filhos do único Pai, fazemos parte da família humana e partilhamos o mesmo destino. Disso deriva a responsabilidade de cada um de atuar, para que o mundo se torne uma verdadeira comunidade de irmãos, que se respeitam e aceitam as diversidades e cuidam uns dos outros... Todos nós devemos construir uma sociedade mais justa e solidária”2.
Feliz 2014 renovando nossa vida e nosso modo de evangelizar!