sábado, 7 de setembro de 2013

Jesus nos mostra a relação entre Ele e a Igreja como uma boda



Em Santa Marta, o santo padre falou sobre a alegria de ser cristãos e da tentação de colocar a novidade do evangelho em odres velhos
Por Redacao

ROMA, 06 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - O matrimônio ou a tentação de jogar a novidade do Evangelho em odres velhos. Estas são algumas das ideias que estiveram no centro da homilia do Papa Francisco em Santa Marta hoje.
"Quando o esposo está, não é possível jejuar, não é possível ficar tristes”, lembrou o santo padre. Falando sobre o Evangelho de hoje, sublinhou também que o Senhor retorna muitas vezes sobre esta imagem do esposo. Jesus, disse, nos faz ver a relação entre Ele e a Igreja como um casamento. “Eu acho que esta é precisamente a razão mais profunda pela qual a Igreja custodia tanto o sacramento do matrimônio e o chama Grande Sacramento, porque é precisamente a imagem da união de Cristo com a Igreja”.
Por isso Francisco destacou principalmente duas atitudes que o cristão deveria ter nestas bodas: principalmente “a alegria, porque é uma grande festa”. Explicou que “o cristão é fundamentalmente alegre. E por isso ao final do Evangelho, quando levam o vinho, quando fala do vinho, me faz pensar nas bodas de Caná: e por isso Jesus fez esse milagre; por isso Nossa Senhora, quando se deu conta de que não tinha mais vinho, porque se não tem mais vinho não tem festa... pensava que ia terminar as bodas bebendo chá ou suco: isso não daria certo... é festa e a Virgem pede o milagre. E a vida cristã é assim. A vida cristã tem esta atitude alegre, alegre de coração”.
Da mesma forma, destacou o Papa, há momentos de cruz, momentos de dor, “mas sempre há essa paz profunda da alegria, porque a vida cristã é vivida como uma festa, como as bodas de Jesus com a Igreja”.
A segunda atitude que o cristão deve ter, encontra-se na parábola das bodas do filho do rei. Explicou o Papa: “Pensamos: ‘mas, padre, como é que isso é possível?’ Foram encontrados nos becos das ruas e lhes pedem ir com vestido de festa? Isso não funciona... O que significa isso? É muito simples! Deus somente nos pede uma coisa para entrar nesta festa: a totalidade. O esposo é o mais importante, o esposo preenche tudo!"
Sobre a figura de Jesus,  Francisco acrescentou que é também a cabeça do Corpo da Igreja; Ele é o princípio. E Deus lhe deu a plenitude, a totalidade, pois nele todas as coisas se reconciliam.
E o Papa insistiu, que se a primeira atitude é a festa a segunda é reconhecê-lo como o Único. Também lembrou que não se pode servir a dois senhores: ou se serve a Deus ou se serve ao mundo..
Finalizando falou sobre a tentação de colocar o vinho novo em odres velhos; “Os odres velhos não podem carregar o vinho novo. E a novidade do Evangelho. Jesus é o esposo, o esposo que se casa com a Igreja, o esposo que ama a Igreja, que dá a sua vida pela Igreja".
E para concluir lembra que se “temos algo que não é Dele, arrepender-se, pedir perdão e avante. Que o Senhor nos dê, a todos nós, a graça de ter sempre esta alegria, como se fôssemos à um casamento. E também ter esta fidelidade que o único esposo é o Senhor”.
Traduzido por Thácio Siqueira

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Os jovens e a internet



Análise do documento A Igreja e a Internet, que ainda não perdeu atualidade
Por Santiago Casanova Miralles

MADRI, 05 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Não faz muito tempo que encontrei o documento “A Igreja e a Internet”, publicado pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais nada menos que em 2002! Eu o considero um documento imprescindível para se entender a postura da Igreja diante da realidade da rede mundial de computadores e das redes sociais. Depois, é verdade, o papa Bento XVI e agora Francisco deram uma continuidade intensa a este assunto.
Não vou focar em muitos dos pontos do documento. Há muito ali que vale a pena! Mas quero dedicar hoje algumas linhas à sua parte final, às recomendações aos dirigentes eclesiais, aos agentes pastorais, aos catequistas e educadores, aos pais e, finalmente, aos jovens e crianças. É nestes últimos que eu quero concentrar a minha atenção.
A Igreja é muito clara com os jovens e com os seus formadores quanto à internet e às redes sociais: “A internet põe ao alcance dos jovens, numa idade inusualmente precoce, uma imensa capacidade de fazer o bem ou o mal, a si mesmos e aos outros”.
A Igreja conclama os jovens a usar a internet adequadamente, a se enriquecerem com ela e a enriquecer a vida de outros, a se prepararem com responsabilidade para o seu futuro e a usá-la como meio privilegiado para fazer o bem. Não só isso: a Igreja chama os jovens a irem contra a corrente, a exercerem a contracultura e a se prepararem para ser perseguidos por defender o que é verdadeiro e bom também nesse meio de comunicação. A abordagem é forte.
O que a Igreja pede não é automático. Precisa de discernimento, educação, formação e também da força do Espírito. Este último requisito só pode ser pedido incessantemente na oração e na prática de uma vida cristã plena, em comunidade e participando-se dos sacramentos. Os demais requisitos requerem apenas determinação e mãos à obra.
Discernimento: nossos jovens devem saber discernir o que é bom e o que é mau, o que lhes convém e o que não convém. Discernir quais fotos compartilhar, que mensagens publicar. Discernir o que retuitar e a quem seguir. Discernir que sites visitar. Discernir quando falar e quando calar. Discernir a sua tarefa concreta como cristãos na rede, seu chamado particular, sua missão. Discernir o que Jesus Cristo faria em cada situação que surge. Essa tarefa exige aprendizagem, escuta e silêncio. Para discernir, é preciso ter aprendido previamente a fazê-lo. Por isso é necessária a nossa ajuda. Educadores, pais e catequistas precisam acompanhar os jovens, viver perto deles o ato de “estar” na internet e nas redes sociais, além de ajudá-los a fazer o mesmo fora da internet e a transformar o discernimento em uma constante na vida.
Educação: antes, nossos pais nos ensinavam como nos comportar e agir na rua, no colégio, em casa… Não falar com estranhos, que situações evitar, como respeitar os mais velhos, a autoridade… Agora, tudo isto continua sendo feito (quando é feito), mas ainda não encaramos devidamente a questão da rede. Quem educa para estar na rede? Quem explica aos jovens e às crianças com quem relacionar-se? Quem fala da amizade nas redes e conhece os amigos dos nossos jovens nas redes? Quem ensina a eles como agir em caso de ataque, como defender o mais frágil, como levantar a mão quando necessário? Há uma lacuna a ser preenchida de forma urgente. E é imprescindível, para isso, que pais, educadores e catequistas se portem na rede com soltura, entendendo os seus recursos.
Formação: a internet é um “lugar” com uma potencialidade enorme. É preciso conhecê-lo. Não basta estar: é preciso conhecer o seu funcionamento, suas regras, as leis que a regulam, as implicações de um deslize, os detalhes da privacidade, as marcas que são deixadas quando se navega pelos seus labirintos… Nossos jovens só serão boas testemunhas do evangelho se forem prudentes como serpentes e simples como as pombas. Não basta apenas a boa vontade, a ingenuidade. Quando um jovem quer dirigir, ele recorre à autoescola. Quando queremos trabalhar, passamos pela formação profissional. Não pode ser diferente aqui. E já que esta formação para a rede, por enquanto, não é abordada nos programas normais de estudo, é necessário sermos audazes e fazermos propostas criativas para formar os nossos.
A internet é uma tarefa e uma missão para todos. A Igreja nos pede presença, e presença como católicos. Não basta compartilhar frases bonitas no Facebook ou tuitar versículos do salmo do dia. Não basta querer estar. Se não se sabe discernir e não se está formado, não se é um cristão útil. A rede nos devorará.
Não podemos abandonar os jovens neste caminho difícil. Abandoná-los seria claudicar e não seguir as diretrizes da Igreja. Como disse um dia o papa Paulo VI, cada um deverá responder diante de Deus pelas suas ações também nos meios de comunicação. Sejamos valentes. Não temos desculpas.
* Santiago Casanova Miralles é leigo esculápio e membro da equipe iMissão.

Escolher Deus



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, reflete sobre a escolha a ser feita, como resposta de amor a concedeu-nos o presente da vida
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 05 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Desde toda a eternidade, fomos amados e escolhidos por Deus para sermos felizes e santos (Cf. Ef 1,4). Seu plano de amor é descrito nas primeiras páginas do Livro do Gênesis (Cf. Gn 1,1-2,25) de forma magnífica, chegando à conclusão carregada de otimismo, de que "Deus viu tudo o que tinha feito, e era muito bom" (Gn 1,31). "Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para torná-lo participante da sua vida bem-aventurada. Por isso, sempre e em toda a parte, Ele está próximo do homem. Chama-o e ajuda-o a procurá-lo, a conhecê-lo e a amá-lo com todas as suas forças" (Catecismo da Igreja Católica, 1). Plano perfeito! E faz parte do projeto de Deus o desafiador presente da liberdade. Não foram pensados o homem e a mulher como autômatos, a serem controlados qualquer tipo de controle remoto, mas feitos para serem participantes e parceiros na construção da própria aventura de felicidade. 
Certa feita, um jovem interno da Fazenda da Esperança mostrou-me a porteira aberta de par em par, dizendo estar ali o seu maior drama. É que, se assim decidisse, poderia abandonar todo o processo de recuperação em que se encontrava. O desafio é a liberdade, e ele escolheu percorrer a estrada mais exigente, tornando-se depois uma pessoa integrada na Igreja e na Sociedade. Da mesma forma, todos os discípulos e discípulas de Jesus Cristo, sem exceção, devem confrontar-se, mais cedo ou mais tarde, com o Senhor que lhes pergunta a respeito de suas opções mais profundas, cujas consequências condicionam as decisões cotidianas a serem tomadas. Já testemunhei desde as escolhas precoces, de crianças decididas à santidade, até as grandes crises de pessoas tocadas pela graça de Deus já às portas de sua partida desta terra. O melhor é decidir-se logo, aprender a usar o magnífico dom da liberdade para buscar o que é digno dos seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus.
Chama atenção o fato de que o evangelista São Lucas mostre uma exigência de medida alta, dirigida a tanta gente: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: Se alguém vem a mim, mas não me prefere a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e até à sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha após mim, não pode ser meu discípulo... Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” (Lc 14,25-27.33). Não alguns privilegiados, ou mais corajosos e até heróis! Todos serão postos diante da escolha a ser feita, como resposta de amor a quem nos escolheu, concedeu-nos o presente da vida, da liberdade e do caminho de realização e felicidade. Mas é possível passar a vida inteira nesta terra sem fazer esta opção fundamental da existência, escolhendo migalhas, quando fomos feitos para a plenitude de Deus e com Deus, que não exclui a convivência com as outras pessoas e o valor a ser atribuído a tudo o que Deus fez. Afinal, ele viu que tudo era bom!
Quando não se faz esta escolha, a vida parecerá uma construção mal planejada e realizada. “De fato, se algum de vós quer construir uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a zombar: Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar (Lc 14,28-33)”! As frustrações não são necessariamente resultados das eventuais falhas no processo de edificação da existência, mas da falta de clareza nos objetivos a serem alcançados. A zombaria pode vir de dentro ou de fora! É que a nota baixa dada pela própria pessoa costuma tornar-se um espectro que acompanha anos e anos de uma vida.
A “batalha” da vida pode ainda ser semelhante a “um rei que sai à guerra contra outro. Ele não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, para negociar as condições de paz”. Jesus entende de vida e propõe pequenas parábolas cuja atualidade atravessa os séculos. Escolher a Deus como tudo da existência é condição indispensável. Quem não o faz, escolhe os afetos passageiros, apega-se a pessoas, cargos, dinheiro, posições sociais, cria apenas grupelhos de apoio aos próprios caprichos.  Qualquer crítica ou incompreensão, ou quem sabe, as dificuldades profissionais, tudo derruba o que milita na vida apenas por si mesmo. 
Vem também de Nosso Senhor uma comparação oportuna “O sal é bom. Mas se até o sal perder o sabor, com que se há de salgar? Não serve nem para a terra, nem para o esterco, mas só para ser jogado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (Lc 14,35). Volta-se para nós, cristãos, a exigente palavra de Jesus! Ou somos aquilo que corresponde à nossa vocação, ou então não serviremos para nada, nem para adubo! Que a pequena parábola nos ponha numa crise fecunda, para que não falte ao mundo a presença de quem foi chamado a ser sal, luz e fermento do Reino de Deus.
Se acontecer esta escolha de Deus, os afetos valerão sim, porém a meta e o coração serão castos, sem resquícios de antipatia ou simpatia. O esposo ou a esposa serão respeitados em seu mistério, pois ninguém é feito para ser propriedade de outra pessoa. A edificação da existência levará em conta as outras pessoas, mais ainda, levará a buscar o bem dos outros. Se Deus é amado acima de todas as coisas, estas terão sua importância, sem exageros! Os bens materiais serão buscados e ao mesmo tempo compartilhados. Quem fizer a opção por Deus não temerá os desafios, as crises ou perseguições. Sabendo o que escolheu, a pessoa assim amadurecida terá a necessária serenidade para buscar novos caminhos, procurará orientação e apoio em quem pode ouvir, aconselhar e acompanhar. Esta é uma forma para entender os chamados “conselhos evangélicos” da castidade, pobreza e obediência, proclamados por Jesus para todos os seus discípulos.
Certamente as propostas aqui oferecidas perecerão utópicas para muitas pessoas. Mas é justamente a serviço do Reino de Deus que nos colocamos como cristãos. Quem tiver a coragem de refazer, à luz do Evangelho, suas opções de vida, experimentará que um mundo diferente e novo é possível. Só que precisa começar aqui, dentro do mais íntimo do coração e das escolhas de cada homem e cada mulher, discípulos de Jesus Cristo, que aguarda a todos como missionários do Reino de Deus.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A BÍBLIA SAGRADA


                                        



A palavra Bíblia vem do  grego biblion e quer dizer livros, ou seja a bíblia não é apenas um livro mas uma coleção de livros.  Ela se divide em duas grandes partes: Antigo Testamento -  (também chamado de Primeiro Testamento) e Novo Testamento –  (igualmente chamado de Segundo Testamento).
Com   73 livros a sua leitura expressa unidade e diversidade. Unidade como fruto da caminhada de um povo que confiou no seu Deus, e diversidade proveniente dos diferentes gêneros literários e da intenção de cada autor por isso, que cada livro deve ser visto dentro do seu contexto histórico, para não haver distorções na sua interpretação.
A Bíblia faz o relato da historia da humanidade, marcada pelo nascimento de Jesus Cristo. No Antigo Testamento conta a caminhada do povo de Israel desde Abraão  até os últimos profetas, e o Novo Testamento mostra as atividades de Jesus e da Igreja nascente.
A expressão testamento nasce do conceito teológico, que a Aliança entre Deus e seu povo, foi firmada com testemunhas.
A fé de que a Bíblia é Palavra de Deus é o que mais caracteriza a leitura cristã da Bíblia. É por ser Palavra de Deus que a Bíblia tem  autoridade. A Palavra de Deus, porém, não está só na Bíblia. Deus também fala pela vida, pela natureza, pela história (DV 3). A leitura da Palavra escrita da Bíblia ajuda a descobrir a Palavra viva de Deus na vida.
Santo Agostinho dizia: 'Lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve em todas as Escrituras é um só, e um só o Verbo que Se faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados". Assim a Palavra de Deus dá-se a nós na Sagrada Escritura, como testemunho inspirado da revelação, que, juntamente com a Tradição viva da Igreja, constitui a regra suprema da fé.(VD 18)
Por ser Palavra de Deus, a Bíblia, quando "lida e interpretada naquele mesmo Espírito em que foi escrita" (DV 12), comunica a luz e a força oeste mesmo Espírito aos que a lêem. Por isso, a Palavra de Deus tem força para realizar o que transmite (DV 21).
A Palavra de Deus tem uma ligação intrínseca com a fé. São Boaventura afirma que sem a fé não há chave de acesso ao texto sagrado: “Está é o conhecimento de Jesus Cristo, do qual tem origem, como de uma  fonte, a segurança e a inteligência de toda a Sagrada Escritura. Por isso é impossível que alguém possa entrar para a conhecer, se antes não tiver a fé infusa de Cristo que é a lanterna, porta e também fundamento de toda a Escritura.”(VD29)
Por isso, para a compreensão  da Palavra de Deus, contida na Bíblia Sagrada, é necessário entender e viver o valor essencial da ação litúrgica.(VD52) Pois na liturgia está a Palavra de Deus celebrada como palavra viva e atual.
                                        Maria Ronety Canibal




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Como fazer o jejum e a oração na Jornada convocada por Francisco?



O beato João Paulo II também convocou uma jornada semelhante depois do atentado das Torres Gêmeas
Por Rocio Lancho García

ROMA, 04 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - Diante dos momentos dolorosos que está sofrendo a nação Síria por causa da violência, o santo padre propôs um dia de jejum e oração no qual convida os cristãos, fieis de outras religiões e homens e mulheres de boa vontade a participarem desta jornada.. Pedir pela paz no mundo e especialmente neste momento pela paz na Síria, unirá o coração e os desejos de muitas pessoas neste sábado dia 7 de Setembro.
O beato João Paulo II teve uma iniciativa semelhante em 2001, após os ataques às Torres Gêmeas em Nova York, quando convidou a viver o dia 14 de dezembro daquele ano como um dia de jejum e oração para que Deus concedesse ao mundo "uma paz estável, fundada na justiça" e convidou representantes das religiões do mundo a Assis no dia 24 de janeiro de 2002 para rezar pela superação das oposições e para promover a paz autêntica".
Jejuar também significa ser solidário e entender a situação das milhares de pessoas que todos os dias passam fome no mundo. Este sábado também pode ser um tempo para explicar até mesmo para os menores da casa o sentido de fazer este sacrifício, que está longe de ser um ato desprovido de significado.
Em uma nota divulgada pelo Departamento de Celebrações Litúrgicas na época, ofereceram algumas reflexões sobre o significado do jejum e da oração.
O dia de jejum, indica, não deve ser entendido apenas de acordo com as formas jurídicas do Código de Direito Canônico; “mas em um sentido mais amplo, que envolva livremente a todos os fieis: as crianças, que voluntariamente fazem renúncias em favor dos seus irmãos pobres; os jovens, muito sensíveis à causa da justiça e da paz; todos os adultos, menos os doentes, sem excluir os anciãos”.
" Em todas as grandes experiência religiosas o jejum ocupa um lugar importante”, explica. “O jejum implica uma atitude de fé, de humildade, de total dependência com Deus. Já no Antigo Testamento há exemplos em que o jejum é usado para "se preparar para o encontro com Deus; antes de enfrentar uma tarefa difícil ou pedir o perdão de uma culpa; para expressar a dor causada por uma desgraça familiar ou nacional; mas o jejum, inseparável da oração e da justiça, está orientado principalmente para a conversão do coração, sem a qual, como os profetas já denunciavam, não tem sentido”. Do mesmo jeito encontramos o exemplo na vida de Jesus, quando jejuou durante 40 dias no deserto antes de começar a sua vida pública.
Na nota também explica que “fieis à tradição bíblica, os santos padres tiveram muita consideração pelo jejum. De acordo com eles, a prática do jejum facilita a abertura do homem a outro alimento: o da Palavra de Deus e do cumprimento da vontade do Pai; e em estreita ligação com a oração, fortifica a virtude, suscita a misericórdia, implora o socorro divino, leva à conversão do coração".
O documento, no final, explica que " a prática do jejum é dirigida ao passado, ao presente e ao futuro: ao passado, como reconhecimento das culpas contra Deus e contra os irmãos, das quais todos estamos manchados; ao presente, para aprender a abrir os olhos para as necessidades dos outros ou à realidade que nos rodeia; ao futuro, para acolher no coração a realidade divina e renovar, a partir do dom da misericórdia de Deus, a comunhão com todos os homens e com toda a criação, assumindo responsavelmente a tarefa que cada um de nós tem na história”.
Traduzido do original espanhol por Thácio Siqueira

SETEMBRO MÊS DA BIBLIA



Setembro é o mês da Bíblia, sendo que no último domingo comemora-se o Dia Nacional da Bíblia
Reflexões de Dom Orani João Tempesta,O.Cist., arcebispo do Rio de Janeiro
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 04 de Setembro de 2013 (Zenit.org) - O mês de setembro chega trazendo a Primavera em nosso hemisfério e, junto com a beleza do tempo, o tema da Sagrada Escritura. O fato de celebrarmos, no dia 30 de setembro, o dia do patrono dos estudos bíblicos, São Jerônimo, fez com que pudéssemos aprofundar esse tema durante este mês. Setembro é o mês da Bíblia, sendo que no último domingo comemora-se o Dia Nacional da Bíblia.
A cada ano, a Igreja do Brasil trabalha um tema. Estamos aprofundando o tema do discipulado e da missionariedade à luz do evangelho lido aos domingos, neste ano, São Lucas. Aqui em nossa Arquidiocese, o fato de a catequese apresentar nas paróquias e nos vicariatos a “feira bíblica” tem mais de 25 anos de tradição. Uma maneira renovada das crianças aprofundarem seus estudos e partilharem com os visitantes da feira.
Outro belo momento é o que vivemos neste final de semana: a assembleia dos círculos bíblicos! Um dia feriado para marcar nossa vida arquidiocesana: partilharmos a experiências dos círculos bíblicos e aprofundar o tema anual por vicariatos. Os círculos bíblicos são sementes das comunidades que formam as paróquias como rede de comunidades.
Este dia será também a oportunidade que o Papa Francisco pediu para vivermos em oração e jejum pela paz! É véspera da festa da Natividade de Nossa Senhora, que, neste ano, pelo fato de cair no domingo não será celebrada. Uma tradição antiga na vida monástica faz de cada véspera de uma festa mariana um tempo de oração, penitência e jejum. E neste ano com uma motivação a mais: a Paz!
Sem dúvida que para tudo isso a leitura orante da bíblia ou a lectio divina aos poucos vai entrando na realidade de nosso povo, que passa a colocar a Palavra de Deus como início da reflexão que vai iluminar a realidade das pessoas. São passos que pouco a pouco os grupos e comunidades começam a dar. Sempre em torno da Sagrada Escritura. Ela nos traz a revelação de Deus para a nossa salvação.
Na sua misericórdia e sabedoria, quis Deus nos revelar-se a si mesmo na pessoa de Cristo e pela unção do Espírito Santo, para que tivéssemos acesso a Ele e participássemos de sua glória.
Deus se revela ao homem e o convida a partir para uma terra desconhecida que lhe seria mostrada. E nessa caminhada Deus vai se mostrando, vai se revelando aos que creem e, quando é chegado o tempo, a revelação se completa em Cristo, a Palavra de Deus: "No principio era a Palavra e a Palavra estava em Deus, e a Palavra era Deus... E esta Palavra se fez carne e veio morar entre nós” (Jo, 1)
Por Cristo, somos glorificados!  E todos que recebemos a Palavra, e nela acreditamos nos tornamos filhos de Deus. Este caminho Deus faz conosco. Respeita o nosso crescimento intelectual e volitivo, seja na nossa capacidade pessoal, seja na evolução cultural do grupamento humano, de tal forma que podemos sentir em nós mesmos a caminhada do povo de Deus.
 À medida que nos abrimos à fé, partimos com Ele nos momentos de contemplação, de glória e, também, como as Escrituras nos mostram, nas traições, quando renunciamos a seu amor e vamos atrás dos “baals” de todos os tempos. Ouvindo a voz penitencial dos profetas, retornamos da “Babilônia” do pecado, que existe em todos os tempos e, também, no íntimo de nós.
 Na bondade de Deus, como um resto, voltamos a “Sião”, sempre aguardando a plena revelação de Deus no seu Filho, que nos salva por sua morte e nos dá o seu Espírito para que anunciemos em nós e em toda terra a sua ressurreição e nossa participação no mistério trinitário de Deus
A Bíblia Sagrada, com toda a Tradição da Igreja, em seguimento à Palavra de Cristo revela ao nosso coração este plano divino para a humanidade – restaurar tudo em Cristo – e nos envia: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura. Aquele que crê e for batizado será salvo; o que não crer será condenado. (Mc. 16-15).
A Bíblia é o relato da manifestação do amor de Deus que, gradativamente, nos leva por Cristo, em Cristo e com Cristo à intimidade da vida divina e, como consequência, a uma nova vida, fermento de um mundo novo.
Somos o povo que se encontra com a Palavra Viva, o Verbo Eterno, Jesus Cristo! Ele é a nossa vida e o caminho que nos conduz ao Pai. Eis um tempo favorável para aprofundarmos a importância de ser discípulos missionários à luz do Evangelho de Lucas, procurando em nossos grupos de reflexão deixar a Palavra falar ao nosso coração e nos fazer renovados em Cristo.
     A Primavera está associada à Pascoa: a certeza da vida que vence a morte! Que o mês da Bíblia, recém-iniciado, seja uma nova primavera: a certeza da vida que renasce e se abre, vencendo a morte e o pecado.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

terça-feira, 3 de setembro de 2013

São Gregório Magno

Pedro foi "a pedra" sobre a qual o cristianismo se edificou. Mas para isso foi usada uma argamassa feita da dedicação e da fé de muitos cristãos que o sucederam. Assim, a Igreja Católica se fez grande devido aos grandes papas que teve, dentre os quais temos o papa Gregório, chamado "o Magno", ou seja, o maior de todos, em sabedoria, inteligência e caridade. 

Nascido em 540, na família Anícia, de tradição na Corte romana, muito rica, influente e poderosa, Gregório registrou de maneira indelével sua passagem na história da Igreja, deixando importantíssimas realizações, como, por exemplo, a instituição da observância do celibato, a introdução do pai-nosso na missa e o famoso "canto gregoriano". Foi muito amado pelo povo simples, por causa de sua extrema humildade, caridade e piedade.

Sua vocação surgiu na tenra infância, sendo educado num ambiente muito religioso - sua mãe, Sílvia, e duas de suas tias paternas, Tarsila e Emiliana, tornaram-se santas. As três mulheres foram as responsáveis, também, por sua formação cultural. Quando seu pai, Jordão, morreu, Gregório era muito jovem, mas já havia ingressado na vida pública, sendo o prefeito de Roma.

Nessa época, buscava refúgio na capital um grupo de monges beneditinos, cujo convento, em Montecassino, fora atacado pelos invasores longobardos. Gregório, então, deu-lhes um palácio na colina do Célio, onde fundaram um convento dedicado a santo André. Esse contato constante com eles fez explodir de vez sua vocação monástica. Assim, renunciou a tudo e foi para o convento que permitira fundar, onde vestiu o hábito beneditino. Mais tarde, declararia que seu tempo de monge foram os melhores anos de sua vida.

Como sua sabedoria não poderia ficar restrita apenas a um convento, o papa Pelágio nomeou-o para uma importante missão em Constantinopla. Nesse período, Gregório escreveu grande parte de sua obra literária. Chamado de volta a Roma, foi eleito abade do Convento de Santo André e, nessa função, ganhou fama por sua caridade e dedicação ao próximo.

Assim, após a morte do papa Pelágio, Gregório foi eleito seu sucessor. Porém, de constituição física pequena e já que desde o nascimento nunca teve boa saúde, relutou em aceitar o cargo. Chegou a escrever uma carta ao imperador, pedindo que o liberasse da função. Só que a carta nunca foi remetida pelos seus confrades e ele acabou tendo de assumir, um ano depois, sendo consagrado em 3 de setembro de 590.

Os quatorze anos de seu pontificado passaram para a história da Igreja como um período singular. Papa Gregório levou uma vida de monge, dispensou todos os leigos que serviam no palácio, exercendo um apostolado de muito trabalho, disciplina, moralidade e respeito às tradições da doutrina cristã. No comando da Igreja, orientou a conversão dos ingleses, protegeu os judeus da Itália contra a perseguição dos hereges e tomou todas as atitudes necessárias para que o cristianismo fosse respeitado por sua piedade, prudência e magnanimidade.

Morreu em 64, sendo sepultado na basílica de São Pedro. Os registros mostram que, durante o seu funeral, o povo já aclamava santo o papa Gregório Magno, honrado com o título de doutor da Igreja. Sua festa ocorre no dia em que foi consagrado papa.


LUMEN FIDEI - A LUZ DA FÉ - 1

Caros diocesanos. Após o pontificado de Bento XVI, com fortes marcas teológicas, a Igreja e o mundo foram surpreendidos com um Papa pastor, de nome Francisco, com características fortemente inspiradas no Santo de Assis. O Pontífice emérito deu muita importância às virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), sobretudo através de Cartas Encíclicas, como Deus Caritas Est (Deus é Amor - 2005), Spe Salvi (Salvos na Esperança - 2007), e a Exortação Apostólica Porta Fidei (Porta da Fé - 2011), com a qual foi proclamado o Ano da Fé. Para continuar esta reflexão de unidade sobre as virtudes teologais, o Papa Francisco escreveu sua primeira Carta Encíclica: Lumen Fidei(A Luz da Fé – 2013), já iniciada pelo antecessor, afirmando: “Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus” (LF 7).
Nesta sua primeira carta, que abordaremos nas quatro semanas de setembro, o Pontífice afirma que a luz da razão autônoma, contentando-se com pequenas luzes ilusórias, a clarear por breves instantes, não consegue iluminar suficientemente o presente e o futuro do ser humano (LF 3). Só a luz da fé, com fonte divina, é capaz de iluminar toda existência: “A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida” (LF 4). A fé, qual rocha segura, pois Deus é fiel à promessa (LF 10 e 12), desvenda-nos o caminho e nos acompanha na história. Com Abraão, Pai na Fé, nós aprendemos que “a fé é a resposta a uma Pessoa que interpela pessoalmente, a um Tu que nos chama por nome” (LF 8). É um sair da própria terra, ou seja, de si mesmo para um futuro inesperado, para uma vida nova, cheia de esperança (LF 9). Neste sentido afirma o Papa Francisco: “Acreditar significa confiar-se a um amor misericordioso que sempre acolhe e perdoa, que sustenta e guia a existência, que se mostra poderoso na sua capacidade de endireitar os desvios da nossa história. A fé consiste na disponibilidade a deixar-se incessantemente transformar pela chamada de Deus” (LF 13). O contrário é optar por ídolos, cujos rostos podem ser fixados por nós. Por isso o documento alerta para as falsas seguranças: “O ídolo é um pretexto para se colocar a si mesmo no centro da realidade, na adoração da obra das próprias mãos. Perdida a orientação fundamental que dá unidade à sua existência, o homem dispersa-se na multiplicidade dos seus desejos (LF 13).
Jesus encarnado em nossa história torna-se o sim definitivo das promessas de Deus; sua história, centralizada na morte e ressurreição, é a manifestação plena da fidelidade de Deus e a suprema manifestação do seu amor por nós (LF 15 e 17). Esse amor de Deus suscita em nós a resposta da fé que não só faz olhar para Jesus, mas a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos: “é uma participação no seu modo de ver” (LF 18). Assim a pessoa que crê é transformada pelo dom do amor de Deus, ao qual se abriu na fé. Sua existência amplia-se para além de si mesma: “Na fé, o ‘eu’ do crente dilata-se para ser habitado por um Outro, para viver num Outro, e assim a sua vida amplia-se no Amor... o cristão pode ter os olhos de Jesus, os seus sentimentos, a sua predisposição filial, porque é feito participante do seu Amor” (LF 21).
Concluímos o primeiro capítulo da Encíclica Lumen Fidei, com as palavras do próprio Papa Francisco: “A fé torna-se operativa no cristão a partir do dom recebido, a partir do Amor que o atrai para Cristo (cf. Gl 5, 6) e torna participante do caminho da Igreja, peregrina na história rumo à perfeição. Para quem foi assim transformado, abre-se um novo modo de ver, a fé torna-se luz para os seus olhos” (LF 22).
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana