sábado, 24 de agosto de 2013

Preparação remota - o exemplo dos pais é ponto de partida



O estilo cristão de vida, testemunhado pelos lares cristãos, é já uma evangelização, é o próprio fundamento da preparação remota
Por André Parreira

SãO PAULO, 23 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Há quinze dias, em nossa coluna (Edição do Zenit de 09 de Agosto) falávamos da necessidade de se planejar estrategicamente também para a formação de nossa família, pois assistimos (ou vivemos) a um grande desequilíbrio de valores onde vale tudo na incansável busca de sucesso profissional, financeiro e um futuro garantido.
Nesta maratona, posso dizer que a grande maioria dos católicos fazem da preparação para o matrimônio, assim como fazem da catequese, uma ação delegada unicamente à Igreja através das organizações diocesanas e paroquiais.
Sim, a Igreja assume importante fatia desta responsabilidade e para isto deve, além de fazer do matrimônio um tema constante em todos os seus momentos, organizar ocasiões estruturadas para a formação dos casais através da preparação próxima e imediata, que serão oportunamente aqui abordadas.
Mas o início desta construção deve ocorrer no seio da família, ainda distante da data do matrimônio, o que é chamado de preparação remota. É aí que as crianças percebem como seus pais são felizes e se esforçam para fazer viver o compromisso assumido com muita disposição e fé. "O estilo cristão de vida, testemunhado pelos lares cristãos, é já uma evangelização, é o próprio fundamento da preparação remota", nos afirma o documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio, do Conselho Pontifício para a Família.
Fazendo um paralelo com o planejamento estratégico em uma corporação, o primeiro passo é mostrar aos colaboradores os valores daquela empresa, pois se eles não acreditam na proposta, não serão  motivados a doarem-se por ela. Por outro lado, o colaborador que é conquistado pela empresa, almeja seu futuro ali mesmo e investe seu potencial para se consolidar e crescer neste ambiente. Na família não é diferente, quando os filhos percebem que a vida de seus pais é um caminho de doação e realização para toda a família, com valores especiais e perenes, sentem-se motivados a trilhar o mesmo caminho. Note como é comum que os filhos, em sua primeira infância, sonhem com a carreira de seus pais.
Mas quando o tema é casamento, não é raro escutar brincadeiras infelizes até dentro dos lares católicos. Casamento? Uma prisão de luxo! Vai se enforcar?  Ou ainda expressões circulam de modo tão comum e nem analisamos, como: Ah, já orientei meu filho a primeiro curtir bastante a vida para depois se casar!
Querem dizer, então, que o casamento é o oposto de se curtir a vida?  Há ainda os pais católicos que não acreditam que o casamento é "até que a morte os separe", simplesmente dizendo: Filha, constrói a sua vida antes de casar, pois se não der certo...  Levando-se em conta que o matrimônio é um Sacramento, a mim, isto parece o mesmo que dizer a um seminarista: trabalha e faz seu patrimônio antes de ser ordenado...
Já não são muitos os que buscam o matrimônio e, como já comentou o Papa Francisco, talvez a metade dos que se casam não tenham real conhecimento do passo que dão. E como se não bastasse a clara campanha contra a família coordenada por fortes instituições, muitos cristãos, mesmo sem intenção de fazê-lo, incorporam a mentalidade antimatrimônio aos seus hábitos. Por estas e muitas outras não tenho qualquer receio em dizer que o matrimônio poderia ser objetivo de vida de muito mais pessoas se não houvesse a propaganda negativa feita pelos próprios cristãos.
Mais uma vez, o documento Preparação para o Sacramento do Matrimônio toca neste ponto ao comentar sobre como deve ser o comportamento dos pais: "Um tal estilo de vida cristã encontra o seu estímulo, apoio e consistência no exemplo dos pais que se torna para os nubentes um verdadeiro testemunho."
Os pais devem ser os primeiros responsáveis pela primeira etapa de preparação para o Matrimônio: a preparação remota. Para isto devem se dedicar para que seus matrimônios cresçam continuamente através da busca de formação e vida de oração, para que isto frutifique em vida de doação. Além do exemplo e ensinamento doméstico, também deve integrar seus filhos na vida da Igreja através de suas próprias participações ativas.Devem se planejar e se comprometer. Muitos são os grupos que ajudam nesta caminhada, como Pastoral Familiar, Encontro de Casais com Cristo, Movimento Familiar Cristão, Ministério das Famílias-RCC e vários outros. Em algum deles há um lugar esperando por sua família.
Se você é casado, lanço a pergunta: Qual foi o último livro que leu, com sólidas bases cristãs, para o crescimento de seu casamento? Se é solteiro, pergunto o que tem estudado para discernir ou consolidar sua vocação? Se é um presbítero ou um(a) consagrado(a), pergunto que ações de formação familiar tem promovido em sua comunidade?
Permita-me testemunhar o sentimento de um de nossos filhos. Ainda muito longe de sermos o que Deus espera de nós, ao menos o esforço por construir um lar e a alegria de viver em família são claramente percebidos por eles. Nosso primeiro filho, João Bosco, com 11 anos, há pouco tempo, perguntou: Mãe, quem ganha mais, um piloto ou um cientista? Minha esposa respondeu que não sabia exatamente, mas que qualquer profissão, seguida com carinho, lhe daria a realização. Ele respondeu: Não mamãe, não é por isso. É que quero saber se dá pra ter uns cinco filhos!
Dias depois, nossa quarta filha, Maria Paula, com 4 anos, sem ter presenciado a pergunta do João, também chegou comentando: Quando eu crescer vou ser mãe e ter cinco filhos!
Paz e bem!
André Parreira (alparreira@gmail.com), da diocese de São João del-Rei-MG, é autor de livros sobre a preparação para o matrimônio e responsável no Brasil pelo DVD "Sim, Aceito!", lançado em parceria com a Pastoral Familiar da CNBB. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais.

Os cristãos, o governo Dilma e o aborto



Esse governo tornou-se um especialista em ações invisíveis e subterrâneas na tentativa de legalizar o aborto no Brasil
Por Ivanaldo Santos

SãO PAULO, 23 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - No mês de outubro de 2010, na reta final da campanha eleitoral, a então candidata Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), que naquele momento corria o sério risco de perder a eleição presidencial, enviou uma Carta Aberta às igrejas. Nesse documento Dilma se apresenta como cristã e faz duas declarações sobre o aborto. Vejamos:
N. 2. Sou [Dilma Rousseff] pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto”.
N. 3. Eleita [Dilma Rousseff] presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País”.
Em 2010, para se eleger presidente da república, Dilma Rousseff teve que dizer que é contrária ao aborto, negando declarações públicas nas quais defendia essa prática, e prometendo que não mudaria a legislação em vigor.
Vale salientar que, em 2010, durante a campanha è presidência da república, grupos feministas, pró-aborto e ligados a cultura da morte afirmavam que, no governo Dilma, o aborto seria totalmente legalizado. Realmente Dilma Rousseff, ao tomar posse na presidência da república, não enviou ao Congresso nacional nenhum projeto para legalizar totalmente o aborto. Com isso cumpriu, em parte, a promessa feita durante a campanha eleitoral.
No entanto, o governo da presidente Dilma Rousseff mostrou-se, na prática, ser um grande incentivador do aborto e de outras manifestações da cultura da morte. Esse governo tornou-se um especialista em “ações invisíveis e subterrâneas” na tentativa de legalizar o aborto no Brasil. Em grande medida, são ações indiretas, realizadas distantes dos olhos da maioria da população, da grande impressa e do Congresso nacional. Na prática, de forma antidemocrática e antiética, o governo Dilma Rousseff está tentando legalizar o aborto no Brasil de forma indireta e invisível, sem, para isso, passar pelo Congresso nacional.
Um bom exemplo dessa postura foi um dos primeiros atos do governo Dilma Rousseff, o qual prorrogou um convênio, com organizações públicas e privadas, que tem por objetivo investigar e incentivar a legalização do aborto. Sem contar que no ministério do governo Dilma, considerado um ministério de mulheres, existe um grande número de militantes da causa pró-aborto. Uma prova disso foi à escolha de Eleonora Menicuccil para dirigir a Secretaria Especial de Política para as Mulheres. Eleonora Menicuccil é uma militante radical pró-aborto, que se alto proclamou de “avô do aborto”. Logo após tomar posse na Secretaria Especial de Política para as Mulheres, em entrevista concedida a veículos da grande mídia nacional, ela chegou a comparar a gravidez a uma doença e o feto a um mosquito. Essas declarações deixaram a população brasileira horrorizada, mas, ao contrário do que se esperava, a presidente Dilma Rousseff não demitiu a militante radical pró-aborto Eleonora Menicuccil.
A questão mais radical da tentativa do governo Dilma Rousseff (PT) de legalizar o aborto de forma indireta e invisível aos olhos da maioria da população e do Congresso veio recentemente com a aprovação e sanção presidencial do Projeto de Lei 03/2013 (PL 03/2013), de autoria da deputada federal Iara Bernardi do PT de São Paulo. Vale recordar o que afirma o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, quando diz que, por uma estranha coincidência, a maioria das propostas de legalização do aborto no Brasil são de autoria de membros do Partido dos Trabalhadores (PT).
O PL 03/2013 garante atendimento imediato às mulheres vítimas de violência sexual, em toda rede pública de saúde. O projeto que deu origem à lei foi aprovado pelo Senado no começo de julho. O atendimento as vítimas de violência deve incluir, dentre outras coisas, o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez. Esse projeto ao ser sancionado pela presidente Dilma se transformou na Lei 012845 de 2013.
Oficialmente trata-se de um projeto digno de elogio, pois regulamenta e garante atendimento as mulheres vítimas de um dos maiores crimes que um ser humano pode ser vítima, ou seja, o estupro. No entanto, esse projeto esconde uma “ação invisível e subterrânea” para a livre prática do aborto. No item 3º, IV afirma-se que o médico, ao constatar que uma mulher foi vítima de estupro, poderá fazer uso da “profilaxia da gravidez". Essa expressão, dentro do contexto da Lei que foi aprovada, sem entrar na discussão do conteúdo semântico da palavra “profilaxia”, autoriza o médico a realizar um aborto, sem, no entanto, ter autorização da justiça, do conselho de medicina, do conselho de ética, do Congresso nacional, da mãe da criança e de qualquer outro responsável pela criança. Essa lei transforma o médico numa espécie de super-profissional, pois é ele, e somente ele, que decide quem vive e quem morre. Neste caso, ele sozinho vai decidir se um feto deverá viver ou morrer.
É preciso explicar que, de acordo com a Lei 012845 de 2013, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT), a mulher ao chegar a um hospital e dizer que foi estuprada, não necessita apresentar qualquer documentação, encaminhamento da justiça ou da autoridade policial. Com isso, a porta está aberta para qualquer mulher que esteja grávida ir a um hospital, dizer que foi estuprada e, com isso, o médico realizar um aborto. Na prática, o que temos no Brasil, é a legalização do aborto de forma indireta e invisível, sem o consentimento da população e do Congresso nacional.
Diante de uma situação tão grave, que coloca em risco a vida e a dignidade da pessoa humana, especialmente do nível mais frágil da vida, ou seja, do feto, o bebê ainda no ventre da mãe, os cristãos não podem ficar em silencio. É preciso anunciar, para toda a sociedade, que todos tem direito a vida, incluindo o feto, e “vida em abundância” (João 10, 10). Para isso, os cristãos têm que denunciar as estruturas da cultura da morte que estão presentes no Brasil. Estruturas que infelizmente se materializam no governo Dilma Rousseff para, de forma indireta, silenciosa, antiética e antidemocrática, legalizarem o aborto. Todos os cristãos, leigos e consagrados, devem denunciar e lutar contra o “engano da injustiça” (II Tessalonicenses 2, 10) que atualmente está sendo propagado, um engano que deseja transformar o assassinato do feto em uma virtude. E lamentavelmente o governo Dilma Rousseff está sendo um grande eixo de transmissão, propagação e legalização do engano chamado aborto.
Por fim, diante da ameaça, imposta pelo atual governo, de legalizar o aborto e outros temas ligados a cultura da morte, é preciso recordar as palavras do Papa Francisco, por ocasião da mensagem que enviou aos fiéis, comunidades e paróquias que participaram, no Brasil, no ano de 2013, da Semana Nacional da Família, quando afirma que os cristãos são “chamados a transmitir, tanto por palavras como, sobretudo pelas obras, as verdades fundamentais sobre a vida e o amor humano, que recebem uma nova luz da Revelação de Deus. De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana”, e também são chamados a transmitir a“consciência de que a vida deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade”.
Para dúvidas e informações sobre o tema: ivanaldosantos@yahoo.com.br
Bibliografia Consultada:
AS MINISTRAS PRÓ-ABORTO DO GOVERNO DILMA. In: Blog Da Mihi Animas, 04/01/2011. Disponível em http://www.padremarcelotenorio.com/2011/01/as-ministras-pro-aborto-do-governo.html. Acessado em 15/08/2013.
BRASIL. Lei 012845 de 2013. Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Brasília: Presidência da República, 2013.
COHN, Leandro. Dilma prorroga convenio para legalizar o aborto: Ministério prorroga contrato de estudo para ''despenalizar'' prática. In: O Estado de São Paulo, 16/10/2010. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ministerio-prorroga-contrato-de-estudo-para-despenalizar-pratica,625642,0.htm. Acessado em 15/08/2013.
DILMA QUEBRA ACORDO COM RELIGIOSOS AO NOMEAR MINISTRA PRÓ-ABORTO, 07/02/2012. Disponível em http://www.paulopes.com.br/2012/02/dilma-quebra-acordo-com-religiosos-ao.html. Acessado em 15/08/2013.
ELEONORA MENICUCCI: ABORTO É QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA. In: Diário Democrático On-Line, 07/02/2012. Disponível em http://www.diariodemocratico.com.br/saude-e-ciencia/4/5260. Acessado em 15/08/2013.
FORMENTI, Lígia. Ministra Eleonora Menicucci critica médico que não faz aborto legal. In: O Estado de São Paulo, 15/03/2012. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ministra-eleonora-menicucci-critica-medico-que-nao-faz-aborto-legal,849014,0.htm. Acessado em 15/08/2013.
PAPA FRANCISCO. Mensagem para os fiéis, comunidades e paróquias que participam, no Brasil, da Semana Nacional da Família. In: Boletim CNBB, Disponível em http://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/vida-e-familia/12594-papa-francisco-envia-mensagem-e-bencao-aos-participantes-da-semana-nacional-da-familia-2013. Acessado em 13/08/2013.
PRESIDENTA DILMA SANCIONA LEI QUE OBRIGA ATENDIMENTO INTEGRAL NO SUS A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL. In: Planalto.Gov, 01/08/2013. Disponível em http://www2.planalto.gov.br/imprensa/releases/presidenta-dilma-sanciona-lei-que-obriga-atendimento-integral-no-sus-a-vitimas-de-violencia-sexual. Acessado em 23/08/2013.
SANTOS, Ivanaldo. O PT não esquece o aborto. In: Mídia Sem Mascara, 13/02/2012.   

Vocação à Vida Consagrada

"A vida consagrada diz respeito a toda a Igreja; não é uma realidade isolada e marginal", diz Dom Orani Tempesta
Por Dom Orani Tempesta, O.Cist.

RIO DE JANEIRO, 23 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Estamos no final da semana dedicada à vocação à vida consagrada. Começamos com o domingo da Assunção de Maria e continuamos rezando e refletindo sobre a importância da vida religiosa na igreja e no mundo. Neste mês vocacional, que continua ecoando o tema da JMJ Rio 2013 – ide e fazei discípulos entre as nações – sem dúvida que o testemunho de homens e mulheres consagrados continua sendo essencial para o mundo de hoje. Nesta semana tivemos ocasião de celebrar, com muita alegria, entre outras festas, o dia de São Bernardo, abade cisterciense e doutor da Igreja, de quem aprendi a “sentir com a Igreja”.
A vida consagrada diz respeito a toda a Igreja; não é uma realidade isolada e marginal. A vida religiosa está colocada no próprio coração da Igreja. Ela é um elemento decisivo para a sua missão, já que exprime a íntima natureza da vocação cristã e a tensão da Igreja-Esposa para a união com o único Esposo. A vida consagrada faz parte da vida, santidade e missão da Igreja.
A profissão dos conselhos evangélicos coloca os consagrados como sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e irmãs e para o mundo. A missão profética da vida consagrada vê-se provocada por três desafios principais lançados à própria Igreja, e esses desafios tocam diretamente os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, estimulando a Igreja, e de modo particular as pessoas consagradas, a pôr em evidência e testemunhar o seu significado antropológico profundo. Na verdade, a opção por esses conselhos, longe de constituir um empobrecimento de valores autenticamente humanos, revela-se antes como uma transfiguração dos mesmos. A profissão de castidade, pobreza e obediência torna-se uma admoestação a que não se subestimem as feridas causadas pelo pecado original, e, embora afirmando o valor dos bens criados, relativiza-os pelo simples fato de apontar Deus como o bem absoluto.
Ainda ecoam fortes as admoestações recentes do Papa Francisco aos religiosos e religiosas acerca da sua missão no mundo. "Desculpem-me se falo assim, mas é importante esta maternidade da vida consagrada, esta fecundidade! Que esta alegria da fecundidade espiritual anime vossa existência, e sejam mães como a figura da Mãe Maria e da Mãe Igreja", afirmou. "Mas, por favor, (que seja) uma castidade fecunda, uma castidade que gere filhos espirituais na Igreja. A consagrada é mãe, deve ser mãe, não uma 'solteirona', acrescentou.
Sim, o Papa Francisco nos anima a sermos fecundos na missão, no anúncio, no testemunho do Evangelho. Nosso Senhor Jesus Cristo nos disse: “não tenham medo” (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da Ressurreição, nos é repetido: “Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo Ressuscitado nos estimulam enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não defrauda. O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, os sofrimentos pelos quais passamos, as incompreensões que muitas vezes são impostas em nossas caminhadas, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo, pela unção do Espírito Santo. Esta prioridade fundamental é a que tem presidido todos os nossos trabalhos que oferecemos a Deus, à nossa Igreja, a nosso povo, a cada um dos homens e mulheres a quem somos enviados, enquanto elevamos ao Espírito Santo nossa súplica para que redescubramos a beleza e a alegria de ser cristãos. Aqui está o desafio fundamental que contrapomos: mostrar a capacidade da Igreja de promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo, o Redentor. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço – seu serviço, querido religioso, querida religiosa, a quem quero agradecer o seu delicado e dedicado serviço, Deus seja louvado! – que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bispos Eméritos escrevem aos Bispos do Brasi


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CARTA AOS BISPOS DO BRASIL

15 de agosto de 2013, Festa da Assunção de Nossa Senhora.

Queridos irmãos no episcopado,
Somos três bispos eméritos que, de acordo com o ensinamento do Concílio Vaticano II, apesar de não sermos mais pastores de uma Igreja local, somos sempre participantes do Colégio episcopal, e junto com o Papa, nos sentimos responsáveis pela comunhão universal da Igreja Católica.
Alegrou-nos muito a eleição do Papa Francisco no pastoreio da Igreja, pelas suas mensagens de renovação e conversão, com seus seguidos apelos a uma maior simplicidade evangélica e maior zelo de amor pastoral por toda a Igreja. Tocou-nos também a sua recente visita ao Brasil, particularmente suas palavras aos jovens e aos bispos. Isso até nos trouxe a memória do histórico Pacto das Catacumbas.
Será que nós bispos nos damos conta do que, teologicamente, significa esse novo horizonte eclesial? No Brasil, em uma entrevista, o Papa recordou a famosa máxima medieval: “Ecclesia semper renovanda”.
Por pensar nessa nossa responsabilidade como bispos da Igreja Católica, nos permitimos esse gesto de confiança de lhes escrever essas reflexões, com um pedido fraterno para que desenvolvamos um maior diálogo a respeito.

1. A Teologia do Vaticano II sobre o ministério episcopal
O Decreto Christus Dominus dedica o 2º capítulo à relação entre bispo e Igreja Particular. Cada Diocese é apresentada como “porção do Povo de Deus” (não é mais apenas um território) e afirma que, “em cada Igreja local está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica” (CD 11), pois toda Igreja local não é apenas um pedaço de Igreja ou filial do Vaticano, mas é verdadeiramente Igreja de Cristo e, assim a designa o Novo Testamento (LG 22). “Cada Igreja local é congregada pelo Espírito Santo, por meio do Evangelho, tem sua consistência própria no serviço da caridade, isto é, na missão de transformar o mundo e testemunhar o Reino de Deus. Essa missão é expressa na Eucaristia e nos sacramentos. Isso é vivido na comunhão com seu pastor, o bispo”.
Essa teologia situa o bispo não acima ou fora de sua Igreja, mas como cristão inserido no rebanho e com um ministério de serviço a seus irmãos. É a partir dessa inserção que cada bispo, local ou emérito, assim como os auxiliares e os que trabalham em funções pastorais sem dioceses,todos, enquanto portadores do dom recebido de Deus na ordenação são membros do Colégio Episcopal e responsáveis pela catolicidade da Igreja.

2. A sinodalidade necessária no século XXI
A organização do papado como estrutura monárquica centralizada foi instituída a partir do pontificado de Gregório VII, em 1078. Durante o 1º milênio do Cristianismo, o primado do bispo de Roma estava organizado de forma mais colegial e a Igreja toda era mais sinodal.
O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para a compreensão do episcopado como um ministério colegial. Essa inovação encontrou, durante o Concílio, a oposição de uma minoria inconformada. O assunto, na verdade, não foi suficientemente amarrado. Além disso, o Código de Direito Canônico, de 1983 e os documentos emanados pelo Vaticano, a partir de então, não priorizaram a colegialidade, mas restringiram a sua compreensão e criaram barreiras ao seu exercício. Isso foi em prol da centralização e crescente poder da Cúria romana, em detrimento das Conferências nacionais e continentais e do próprio Sínodo dos bispos, este de caráter apenas consultivo e não deliberativo, sendo que tais organismos detêm, junto com o Bispo de Roma, o supremo e pleno poder em relação à Igreja inteira.
Agora, o Papa Francisco parece desejar restituir às estruturas da Igreja Católica e a cada uma de nossas dioceses uma organização mais sinodal e de comunhão colegiada. Nessa orientação, ele constituiu uma comissão de cardeais de todos os continentes para estudar uma possível reforma da Cúria Romana. Entretanto, para dar passos concretos e eficientes nesse caminho – e que já está acontecendo – ele precisa da nossa participação ativa e consciente. Devemos fazer isso como forma de compreender a própria função de bispos, não como meros conselheiros e auxiliares do papa, que o ajudam à medida que ele pede ou deseja e sim como pastores, encarregados com o papa de zelar pela comunhão universal e o cuidado de todas as Igrejas.

3. O cinquentenário do Concílio
Nesse momento histórico, que coincide também com o cinqüentenário do Concílio Vaticano II, a primeira contribuição que podemos dar à Igreja é assumir nossa missão de pastores que exercem o sacerdócio do Novo Testamento, não como sacerdotes da antiga lei e sim, como profetas. Isso nos obriga colaborar efetivamente com o bispo de Roma, expressando com mais liberdade e autonomia nossa opinião sobre os assuntos que pedem uma revisão pastoral e teológica. Se os bispos de todo o mundo exercessem com mais liberdade e responsabilidade fraternas o dever do diálogo e dessem sua opinião mais livre sobre vários assuntos, certamente, se quebrariam certos tabus e a Igreja conseguiria retomar o diálogo com a humanidade, que o Papa João XXIII iniciou e o Papa Francisco está acenando.
A ocasião, pois, é de assumir o Concílio Vaticano II atualizado, superar de uma vez por todas a tentação de Cristandade, viver dentro de uma Igreja plural e pobre, de opção pelos pobres, uma eclesiologia de participação, de libertação, de diaconia, de profecia, de martírio... Uma Igreja explicitamente ecumênica, de fé e política, de integração da Nossa América, reivindicando os plenos direitos da mulher, superando a respeito os fechamentos advindos de uma eclesiologia equivocada.
Concluído o Concílio, alguns bispos – sendo muitos do Brasil – celebraram o Pacto das Catacumbas de Santa Domitila. Eles foram seguidos por aproximadamente 500 bispos nesse compromisso de radical e profunda conversão pessoal. Foi assim que se inaugurou a recepção corajosa e profética do Concílio.
Hoje, várias pessoas, em diversas partes do mundo, estão pensando num novo Pacto das Catacumbas. Por isso, desejando contribuir com a reflexão eclesial de vocês, enviamos anexo o texto original do Primeiro Pacto.
O clericalismo denunciado pelo Papa Francisco está sequestrando a centralidade do Povo de Deus na compreensão de uma Igreja, cujos membros, pelo batismo, são alçados à dignidade de “sacerdotes, profetas e reis”. O mesmo clericalismo vem excluindo o protagonismo eclesial dos leigos e leigas, fazendo o sacramento da ordem se sobrepor ao sacramento do batismo e à radical igualdade em Cristo de todos os batizados e batizadas.
Além disso, em um contexto de mundo no qual a maioria dos católicos está nos países do sul (América Latina e África), se torna importante dar à Igreja outros rostos além do costumeiro expresso na cultura ocidental. Nos nossos países, é preciso ter a liberdade de desocidentalizar a linguagem da fé e da liturgia latina, não para criarmos uma Igreja diferente, mas para enriquecermos a catolicidade eclesial.
Finalmente, está em jogo o nosso diálogo com o mundo. Está em questão qual a imagem de Deus que damos ao mundo e o testemunhamos pelo nosso modo de ser, pela linguagem de nossas celebrações e pela forma que toma nossa pastoral. Esse ponto é o que deve mais nos preocupar e exigir nossa atenção. Na Bíblia, para o Povo de Israel, “voltar ao primeiro amor”, significava retomar a mística e a espiritualidade do Êxodo.
Para as nossas Igrejas da América Latina, “voltar ao primeiro amor” é retomar a mística do Reino de Deus na caminhada junto com os pobres e a serviço de sua libertação. Em nossas dioceses, as pastorais sociais não podem ser meros apêndices da organização eclesial ou expressões menores do nosso cuidado pastoral. Ao contrário, é o que nos constitui como Igreja, assembleia reunida pelo Espírito para testemunhar que o Reino está vindo e que de fato oramos e desejamos: venha o teu Reino!
Esta hora é, sem dúvida, sobretudo para nós bispos, com urgência, a hora da ação. O Papa Francisco ao dirigir-se aos jovens na Jornada Mundial e ao dar-lhes apoio nas suas mobilizações, assim se expressou: “Quero que a Igreja saia às ruas”. Isso faz eco à entusiástica palavra do apóstolo Paulo aos Romanos: “É hora de despertar, é hora e de vestir as armas da luz” (13,11). Seja essa a nossa mística e nosso mais profundo amor.
Abraços, com fraterna amizade.
Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba.
Dom Tomás Balduino, bispo emérito de Goiás.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia.
VIA INTERNET

Catequese como processo e não como fim



Por Rachel Lemos Abdalla

CAMPINAS, 22 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - É preciso que todos entendam que Catequese é um ‘processo de evangelização’, e deve ser vivenciado a partir da experiência da catequese de Deus!
Nós crescemos pensando na Catequese como uma orientação ou uma doutrina voltada para a Eucaristia, onde as bases fundamentais do Catecismo e as orações precisavam ser decoradas para que os catequizandos estivessem realmente preparados para receberem o Sacramento.
No entanto, hoje, a Igreja entende que a catequese é um processo vivo, que precisa caminhar em conformidade e coesão, e continuamente.. Isso é o que chamamos de Catequese dentro de uma Pastoral Orgânica, ou seja, que ela esteja interagida e integrada a partir do entendimento de unidade que deve existir durante os seus passos, para levar o outro ao encontro com a pessoa de Jesus Cristo.
Não tem como a catequese existir na sua totalidade (em Deus), na sua parcialidade (entre os homens), na sua materialidade (com método e conteúdo apropriado) e interioridade (vivência da espiritualidade e da fé) de modo isolado ou, como geralmente acontece, seccionada, compartimentada, enclausurada nas suas mais diversas etapas. Os catequistas precisam crescer junto com as equipes, com as crianças e os jovens. E o ideal seria que eles conhecessem o passo a passo de todas as etapas para que melhor ainda colaborassem com a nobreza do ato de crescer na fé de um cristão. Assim como disse São Paulo, na sua 1ª Carta à Comunidade de Corinto, (1Cor 12,14) “o corpo não consiste em um só membro, mas em muitos.” E isso nos remete à importância de cada etapa, porém sem deixamos ser levados pelo orgulho, e cairmos na tentação de pensar que podemos nos desvincular do corpo e nos tornarmos inteiros, sendo que somos apenas parte de um todo!
O ideal é que seja desenvolvido um planejamento, bem elaborado, com foco na prática cristã que deve ser vivenciada com as crianças, os jovens e os adultos, usando a pedagogia de Deus, ou seja, a partir de uma trajetória onde Ele mesmo vai se revelando, assim como fez com o povo de Israel, com o objetivo de levar cada um a ter um encontro com a pessoa de Jesus Cristo, humano e divino. Ele, Jesus Cristo, é o motivo da catequese! E Ele precisa ser anunciado durante todo o tempo! Por isso, é preciso ver, conhecer e entender o todo, para sabermos do que se trata essa pedagogia onde só se chega à sua plenitude se vivenciada a partir do coletivo, onde cada um, com seus carismas e dons próprios, cumprem a sua missão de discípulo de Cristo, caminhando passo a passo com Ele!

Uma perfeita experiência de catequese comunitária, vivencial e bíblica



Dia do Catequista é celebrado em 25 de agosto em todo Brasil

BRASíLIA, 22 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - O Dia do Catequista é celebrado em 25 de agosto em todo Brasil. Reproduzimos a seguir a mensagem do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética, dom Jacinto Bergmann, publicada no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB).
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética, dom Jacinto Bergmann, divulgou uma mensagem a esses importantes atores da caminhada da comunidade eclesial.
Mensagem aos/às catequistas do Brasil
Um grande grito de louvor e ação de graças brota do nosso coração, por ocasião, mais uma vez, do Dia do/a Catequista. Nele celebramos o ministério bíblico-catequético de todos nós, tão essencial na vida da Igreja! O que seria da Igreja no Brasil, sem a plêiade de catequistas espalhados por todas as “periferias existenciais” do seu imenso território?
Neste ano de 2013, ainda em pleno Ano da Fé, fazemos a memória sagrada do documento “Catequese Renovada”. Desejo que cada um/uma de vocês sinta profunda alegria, não somente pelo documento escrito, mas por causa de toda a vida que ele gerou e impulsionou em nossa caminhada eclesial. Muitos de vocês, os/as mais vividos/as, guardam na mente e no coração o grande mutirão – um verdadeiro “vendaval” provocado pelo Espírito Santo - que trazia um dinamismo novo à nossa prática bíblico-catequética. Todos nós vimos ou ouvimos falar do imenso esforço feito por pessoas que gastaram o melhor de suas vidas para divulgar e tornar vivo em nossas comunidades este espírito novo.  Quero destacar, de modo muito especial, o Frei Bernardo Cansi, que já está na casa do Pai, de onde continua a nos inspirar. Este homem fez da “Catequese Renovada” sua grande missão para servir Jesus Cristo de forma incansável: uma verdadeira paixão que contagiou milhares de catequistas por todo o Brasil. Na pessoa dele agradecemos a Deus toda a nuvem de catequetas e biblistas a serviço da renovação bíblico-catequética. E também agradecemos a Deus por cada um de vocês que até hoje lutam e, sem esmorecer, continuam a lutar para tornar realidade o processo de Iniciação à Vida Cristã e de Animação Bíblica da Vida e da Pastoral, que são os frutos atuais desse esforço de renovação.
Neste Dia do/a Catequista também não podemos deixar de lembrar o que aconteceu entre nós há um mês atrás . O profundo processo bíblico-catequético desencadeado pela JMJ, envolvendo grande número de bispos, presbíteros, religiosos e leigos – especialmente jovens -, mas tendo o papa Francisco como catequista principal. Ele apareceu diante de nossos olhos maravilhados de uma maneira muito simples mas profundamente tocante de evangelizar. Uma catequese, feita por ele, de gestos, de atitudes, de simbologias e de palavras cheias de afeto e unção dirigidas ao coração dos jovens e de todas as pessoas, provocando ânimo, coragem, esperança e intensa alegria. Uma perfeita experiência de catequese “comunitária, vivencial e bíblica”, como o próprio documento “Catequese Renovada” propõe.
Por fim recordamos, agradecidos, o papel de Nossa Senhora Aparecida, grande catequista que sustenta a fé, a esperança e o amor do nosso povo brasileiro. Que ela esteja sempre ao nosso lado e nos alcance a bênção da Trindade Santa!
PARABÉNS, queridos/as catequistas da nossa Igreja no Brasil!
Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas/RS
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O SINAL DA CRUZ


 (†)-Pelo sinal da Santa Cruz, (†) livrai-nos Deus, Nosso Senhor, (†) dos nossos inimigos, (†) em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Quantas pessoas fazem o Sinal da Cruz, ou como se costuma dizer, o “Pelo Sinal” antes das orações, ou pelo menos uma vez ao dia?
 A impressão que temos é que o número é bastante reduzido, especialmente entre os mais jovens.
A maioria faz, e às vezes de modo displicente, como um salamaleque, o 
“Em nome do Pai”, ficando apenas no gesto, sem invocar a Santíssima Trindade.
O Sinal da Cruz é uma oração importante que deve ser rezada logo que acordamos, como a nossa primeira oração, para que 
Deus, pelos méritos da Cruz de Seu Divino Filho, nos proteja durante todo o dia.
Com este Sinal, que é o sinal do cristão, nós pedimos proteção contra os nossos inimigos.
Que inimigos?
   Todos aqueles que atentem contra a nossa pessoa, para nos causar tanto males físicos, quanto espirituais.
O Sinal da Cruz, feito antes de iniciarmos as nossas orações, nos predispõe a bem rezar.
  †
 Pelo sinal da Santa Cruz: ao traçarmos a primeira cruz em nossa testa, nós estamos pedindo a Deus que proteja a nossa mente dos maus pensamentos, das ideologias malsãs e das heresias, que tanto nos tentam nos dias de hoje e mantendo a nossa inteligência alerta contra todos os embustes e ciladas do demônio;
     † 
Livrai-nos Deus, Nosso Senhor: com esta segunda cruz sobre os lábios, estamos pedindo para que de nossa boca só saiam palavras de louvor: louvor a Deus, louvor aos Seus Santos e aos Seus Anjos; de agradecimento a Deus, pois tudo o que somos e temos são frutos da Sua misericórdia e do Seu amor e não dos nossos méritos; que as nossas palavras jamais sejam ditas para ofender o nosso irmão.
† 
Dos nossos inimigos – esta terceira cruz tem como objetivo proteger o nosso coração contra os maus sentimentos: contra o ódio, a vaidade, a inveja, a luxúria e outros vícios; fazer dele uma fonte inesgotável de amor a Deus, a nós mesmos e ao nosso próximo; um coração doce, como o de Maria e manso e humilde como o de Jesus.

Padre Marcelo Rossi

IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA



          A Igreja é o povo de Deus. A Igreja Católica Apostólica Romana, nasceu de Jesus Cristo. Os apóstolos e discípulos de Jesus, a partir de Pentecostes (At 2,1-13) saíram a anunciar o Reino de Deus, cheios do Espírito Santo.
             Os apóstolos falavam ao povo tudo aquilo que Jesus havia ensinado a eles, e afirmavam a Verdade de Jesus a partir da sua Ressurreição. E aqueles que ouviam, aderiam a Jesus, pediam o batismo e tornavam-se cristãos, e, assim foram formando as primeiras comunidades cristãs.
             Ali nas comunidades cristãs, todos eram perseverantes na escuta e reflexão da Palavra de Deus, na oração e na partilha. Em comunidade viviam na pratica  o amor pregado por Jesus Cristo, e davam um testemunho muito forte de fé, da vivencia do amor, e isso fazia com que mais pessoas aderissem a Cristo e assumiam o Projeto de Jesus , a implantação do Reino de Deus.
             Assim foi surgindo o novo povo de Deus, pessoas vivendo a fraternidade, a solidariedade e a justiça do Reino de Deus, por causa de Jesus, que entregou a sua vida em morte de cruz, por amor, e que ressuscitou param mostrar que era verdadeiramente Deus.
            Portanto a Igreja é a comunidade do ressuscitado.
           Também podemos perceber que a Igreja é  não é apenas um prédio, nem somente o Papa, bispo e padre, mas são todos os convertidos e batizados no Espírito Santo em nome de Jesus Cristo e comprometidos com o seu Projeto.
           Jesus veio ao mundo com a missão de construir o Reino de Deus entre os homens. A Igreja permanece com essa mesma missão de levar a mensagem da Salvação a todas as pessoas, em todos os lugares e culturas.
           A Igreja realiza essa tarefa anunciando o Projeto de Jesus. Ela foi instituída por Jesus Cristo para ser missionária, ser sal da terra e luz do mundo.
           Quando rezamos a oração do creio estamos afirmando nossa fé na Igreja, em Jesus Cristo, no Espírito Santo e no Deus Criador.

                       A IGREJA  É UMA COMUNIDADE ORGANIZADA

           Como a sociedade civil, a Igreja também precisa de normas, regras e leis, para que todos possam conviver de maneira organizada e harmônica.
           Vejamos como é a sua hierarquia:

PAPA = ROMA – VATICANO
            É o responsável pela unidade da Igreja no mundo todo, coordena os bispos.
BISPO = DIOCESE OU IGREJA LOCAL( PARTICULAR)
            É o responsável pela unidade da Igreja local – diocese, coordena os padres e o
            povo  de sua diocese.
Pároco = paróquias
            É o responsável pela paróquia.
 Leigos =   Comunidades
          São responsáveis pela comunidade, atuam conforme o seu ministério.
           

                          Maria Ronety Canibal 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Testemunho de Vinicius Andrade, um dos 12 jovens que almoçou com o Papa Francisco durante a JMJ Rio 2013



"Não foi um prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas uma oportunidade para amar mais!", disse Vinicius de Andrade
BRASíLIA, 20 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Publicamos a seguir um testemunho que acaba de chegar à redação de ZENIT, enviado por Vinicius de Andrade, um dos 12 jovens que almoçou com o Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013.
***
Durante a JMJ tive uma das graças mais especiais da minha vida: a de ser um dos doze jovens a almoçar com o Santo Padre, o Papa Francisco. Nunca imaginei que, na minha curta caminhada na Igreja (desde 2008), pudesse ter essa oportunidade. Não vejo como um prêmio, nem merecimento... Penso que foi uma oportunidade que Deus me deu para amá-Lo mais, amar mais a Sua Igreja e aumentar em meu coração este amor pelo Papa, o Vigário de Cristo na terra. Foi também uma oportunidade de conversão e espero que sirva de motivação para tantos jovens que estão afastados ou desmotivados na fé. O almoço foi um diálogo muito próximo e fraterno, compartilhamos testemunhos e vivências dentro da Igreja. É incrível ver como, independente do país, temos os mesmos desafios e dificuldades, talvez porque lutamos pelo mesmo ideal: a santidade.
Algo que me chamou a atenção durante o almoço foi a proximidade que ele tinha conosco: suas falas, seus gestos, tudo falava de amor ao próximo. Senti em mim mesmo o mandamento de Cristo: amai o próximo como a ti mesmo. Me senti muito amado por Deus naquele instante; cada palavra que dizia o Papa trazia uma paz e um conforto ao meu coração. Mas acredito que todos nós que fomos à JMJ Rio, em algum momento, nos sentimos assim, pois o coração do Papa Francisco é muito acolhedor. Como lição de vida e busca da santidade, levo o seu exemplo: olhar para todos com misericórdia, não viver em ilhas, segregando as pessoas ou no individualismo, mas sim em comunidade, sempre buscando amar mais o próximo, como ele mesmo disse durante o almoço.
O Papa nos falou um pouco da realidade do jovem, do alto índice de desemprego nessa faixa etária em alguns países da Europa. Disse que muitos deles, e também os idosos, são descartados pela sociedade e falou da importância do trabalho: “O trabalho traz dignidade para as pessoas, todos deveriam trabalhar”, mas que tudo se perde se nos falta a caridade. Para ilustrar, usou o exemplo da torre de Babel: “Era trabalhoso fazer um tijolo, era preciso preparar o barro, colocar para assar, transportar até o local onde iria ser colocado. O tijolo, para o povo que construía a torre, era um verdadeiro tesouro. Se algum tijolo caísse e se quebrasse, o trabalhador era muito castigado, mas se um operário caísse, todos continuavam como se nada tivesse acontecido”. Então juntos chegamos à conclusão que a crise não é somente econômica e não se restringe à Europa, temos outra crise que atinge todos os povos e nações e permanece pelos séculos: a crise do relacionamento entre as pessoas, a cultura do descartável.  Dizendo isso, acrescentou que a sociedade de hoje muitas vezes tira a esperança dos jovens, e nos encorajou: “Vocês devem ser portadores da esperança, não deixe que ninguém roube sua esperança”.
Depois ele partilhou conosco a experiência que teve com jovens na Argentina. Grupos de 40 ou 50 jovens faziam uma reflexão do Evangelho e depois saiam para distribuir sopa. “Não eram todos católicos”, dizia. Mas disse que no período de um ou dois anos muitos conheciam a Fé. Frisava: “É importante para o jovem sair de si, para ir ao encontro dos mais necessitados”. Bem, nem preciso dizer que me comovi muito nesse momento, pois a experiência da minha conversão tinha sido exatamente esta: sair ao encontro do próximo. “Aí está a verdadeira experiência de Cristo”, dizia.
Em outro momento conversamos sobre a vocação do leigo. Ele nos falou que todos nós deveríamos entregar as nossas vidas a Deus, que como batizados temos este dever. Jesus irá nos mostrar o caminho de nossa vocação, mas independente de qual for, precisamos nos colocar a serviço. Nessa hora ficou claro, ao menos para mim, que a vocação leiga não pode ser uma desculpa para não se entregar para as coisas de Deus, afinal, não podemos ter dois senhores. Nesse momento ele também exortou: “Toda pessoa, desde que põe os pés na terra até morrer, precisa ter um orientador espiritual, eu mesmo tenho o meu”. Disse que a orientação espiritual é importante na caminhada espiritual de todo católico, pois deve nos ajudar a encontrar com Cristo e achar as respostas para as nossas inquietudes. Destacou também a importância de se ter um confessor.
O momento mais marcante certamente foi quando ele nos falou sobre o sofrimento, as misérias e a ausência de Deus no mundo. Ele falou que deveríamos nos questionar sobre essas situações e que nosso coração deveria chorar por isso: “Quando nosso coração chorar por isso, nós estaremos muito próximos de Jesus Cristo”. Lembrei-me muito de Santa Faustina, que dizia em seu diário: “Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente. Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo.” Que amor é esse, que chora com o sofrimento do próximo, que se compadece das dores mais profundas da humanidade? É o amor quando o medimos a partir de Deus e não a partir do mundo.. Acredito que muitos de nós descobrimos que não amamos como deveríamos, que somos egoístas e nos preocupamos somente conosco; e estamos ainda muito longe da santidade. Ali tive a certeza que não era um prêmio ou um mérito estar no almoço com o Papa, mas uma oportunidade para amar mais! Chorei (todos choraram), mas eu chorei por ver a realidade belíssima da caminhada espiritual de todo cristão: poder todos os dias lutar pela santidade, lutar por esse tesouro escondido em Deus. É uma caminhada que nos leva diariamente ao encontro com Jesus e com Maria. E que graça tão especial poder aprender do Santo Padre a ter compaixão, algo talvez tão esquecido, mas tão necessário para nossa santificação e de tantas outras almas que Deus nos entrega.
Mas a graça mais especial eu já tinha antes do almoço: a graça de pertencer a amada Igreja Católica, de ter conhecido a Igreja por meio do Movimento Regnum Christi, de poder, a partir dele, servir à Igreja e consequentemente aos meus irmãos. Graças ao Movimento também tenho minha orientação espiritual e meu apostolado, dicas tão preciosas que o Santo Padre deixou para nós e para todos. Que todos os jovens católicos do mundo consigam ter acesso a um orientador espiritual e a alguma oportunidade de servir a Cristo na Igreja. Como disse o Santo Padre, é preciso sair!
Não posso deixar de agradecer a Deus por esses grandes pais espirituais que são os Papas, que sempre nos lembraram do mandamento maior do amor; também por minha família e meus amigos (em especial meus companheiros de caminhada do Regnum Christi e da equipe dos Jovens Conectados). Meu carinho e agradecimento ao Padre Sávio, ao Padre Toninho e ao Dom Eduardo, por sempre acreditarem nos jovens e lutarem tanto por esta Juventude no Brasil! Agradeço aos meus diretores espirituais que me auxiliaram na caminhada e a todos os padres que passaram por minha vida, todos vocês me edificaram muito.
Que nosso querido Papa Francisco consiga continuar mostrando ao mundo, e principalmente a nós católicos, esse lado amoroso e misericordioso de Deus e que possamos acolher em nossas vidas o lema do Santo Padre: olhando-o com amor, o escolheu.

Obrigado por fazerem parte desta história! Contem com minhas orações por suas intenções.
Em Cristo, Vinicius de Andrade

A ciência é uma forma de amar a Deus



Entrevista com Oliver Rey, matemático francês: Não existe razão sem fé

ROMA,  Agosto de 2013 (Zenit.org) - O que a ciência tem a ver com a verdade da qual Cristo nos fala? É suficiente o conhecimento científico para se chegar à verdade? Por que a ciência parece tão distante da caridade e do amor? Como foi possível que a ciência se tornasse tão dogmática, justo ela, que, dizia-se, iria resolveria todos os problemas do mundo? E acima de tudo: por que o conhecimento científico evita as perguntas sobre o sentido da vida humana e sobre a hipótese da existência de Deus?
Estas e outras perguntas recebem algumas respostas de Oliver Rey, doutor em matemática do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), autor do livro Itinerário da Desorientação: O Papel da Ciência no Absurdo Contemporâneo [livre tradução do título original Itinéraire de l'égarement: Du rôle de la science dans l'absurdité contemporaine], cuja edição italiana foi apresentada no último domingo durante o Meeting de Rímini.
Flora Crescini, professora de literatura e de história, provocou durante a apresentação do livro: “Por que o homem de hoje considera mais importante que a terra gire em torno do sol do que procurar o significado da existência?”.
Para aprofundar, ZENIT conversou com o professor Oliver Rey, hoje professor de filosofia na Sorbonne.
“O meu livro não é contra a ciência. Ele critica o lugar que a ciência ocupa na sociedade moderna. Pascal distinguia três ordens de conhecimento: a ordem do corpo; a do espírito; e a da caridade. A desorientação que eu aponto acontece porque, quando a ciência é considerada como fonte principal e única da verdade, ela chega a aniquilar a diferença das ordens e, em particular, passa a marginalizar a ordem da caridade”.
“A verdade é um conhecimento exato que confirma o que se ama. O problema da ciência moderna, como princípio, é pôr os seus objetos fora do bem e do mal e cortar a relação afetiva que nos coloca em contato com a realidade”.
“Pode-se dispor de conhecimentos exatos, mas eles não são suficientes para conhecermos a totalidade da verdade. Isto não quer dizer que a ciência não tenha valor, já que os conhecimentos exatos são extremamente úteis”.
“O problema acontece quando a ciência é entendida como o manancial da verdade. É evidente que, quando Cristo diz 'Eu sou a verdade', a verdade tem um sentido que tem pouco a ver com a ciência como nós a entendemos hoje. O problema não é a ciência em si mesma, mas o papel que se dá à ciência”..
Quanto à pergunta sobre a relação entre ciência e Deus, o professor explica que, durante milhares de anos, os seres humanos pesquisaram a realidade indagando sobre o Criador. As primeiras universidades na Europa se interessaram pelo conhecimento da natureza porque ela era criação divina. O próprio Darwin, antes de fazer as observações sobre a natureza, tinha estudado teologia para ser pastor. Na época moderna, tem prevalecido a tendência a se contrapor a ciência à religião, o que fez nascer muitos problemas de desorientação.
“A ciência é um modo de amar a Deus”, diz Rey, “e, por isso, a desorientação que eu menciono é precisamente o fato de que a ciência virou uma forma de detestar a Deus”. Sobre a oposição entre ciência e fé, promovida por alguns, o professor francês afirma: “Pessoalmente, eu não entendo as razões da oposição entre fé e razão. Eu acho evidente que é a fé que dá fundamento à razão”.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Matrimônio: O Sacramento do Amor à Luz de Deus

Matrimônio: O Sacramento do Amor à Luz de Deus
 Guilherme Schmidt de Lima*

       Nos dias atuais, falar acerca do matrimônio requer a reflexão sobre uma dupla compreensão. Por um lado, tem-se que ‘casar’ se tornou algo tão comum, cotidiano, corriqueiro, e, até mesmo, banal. Por outro lado, muitas pessoas não querem aderir a um compromisso com tamanha proporção, como é o matrimônio, sobretudo quando se trata de realizá-lo na Igreja, como sacramento.
Nesse sentido, nota-se a facilidade com que as pessoas se casam e se separam umas das outras, simplesmente estabelecendo ou desfazendo acordos jurídicos, desde que seja protegida e garantida a felicidade pessoal de cada um dos cônjuges. Nota-se também, o quanto individualista e egoísta pode ser uma pessoa quando esta não assume uma condição matrimonial para pensar exclusivamente em seu bem-estar. Situação ainda pior quando alguém assume uma vida conjugal e se fecha em seus anseios pessoais, descuidando do espaço, da identidade, da personalidade do outro, fazendo da alteridade um meio para sua própria satisfação. O egoísmo de um para o outro pode se tornar ainda mais agressivo quando, em uma relação conjugal, ou seja, entre duas pessoas, ambas se fecham para acolher uma nova vida, isto é, quando o casal não deseja ter filhos e, uma vez tendo-os, não se cogitam as consequências de uma possível separação.
Desse modo, o matrimônio parece estar atrelado a um tipo de pêndulo que varia a todo instante. É fácil assumir compromissos de amor, fidelidade e responsabilidade, ao mesmo instante em que é mais fácil ainda desfazê-los, com o devido cuidado para que ambos saiam beneficiados de um casamento que, simplesmente, não deu certo. Em outra perspectiva, cada vez menos casais assumem uma condição de vida matrimonial por meio do sacramento, pois isto implica em que a Igreja não é a favor do divórcio, causando um desconforto e uma incerteza sobre o que realmente se quer. Então, se pode não dar certo – como pensam muitos casais – melhor que não se tente aventurar em uma realidade esponsal com a benção de Deus. Melhor é ficar com os parâmetros meramente humanos, legais, judiciais. Estes sim garantem uma “dissolução” rápida e prática de um vínculo familiar, favorecendo, ainda, possíveis acordos amigáveis.
Diferentemente de outros tempos, não muito distantes, atualmente é visível uma significativa mudança na escala de valores humanos em relação ao casamento. Antes, poderia se pensar no compromisso, na responsabilidade, na fidelidade, na educação e preservação dos filhos, na garantia de sustento econômico, mesmo que à custa de uma vida feliz feita de aparências aos olhos alheios.
Na contemporaneidade, outros valores ditam a regra. O compromisso é substituído pela liberdade em agir como se quer e se gosta. A responsabilidade é relativizada, pois se assume uma relação a dois, mas não se leva em conta o exercício diário do cultivo da vida conjugal, bem como as obrigações comuns de reciprocidade e cuidado para com os filhos. Na verdade, impera a ideia: “se não der certo, parte-se para outra”. A fidelidade é exposta ao ridículo. Vale a liberdade e o prazer de relações fugazes para sair da rotina. Isto parece o correto e esta mentalidade muitas vezes se choca com a proposta cristã, tratando-se de entender e aceitar o matrimônio como sacramento.
Para tanto, como se trata de uma situação geral, não se pode afirmar que esses novos valores ou contra-valores sejam vividos apenas por pessoas não cristãs, ou que apenas se dizem cristãs. Infelizmente, mesmo os casamentos sacramentados sofrem influência desses fatores de risco.
Tratando-se, pois de uma realidade bastante complexa, isso a nível pessoal, social ou cristão, celebrar o matrimônio como sacramento requer, primeiramente, passar da mentalidade de que a celebração na Igreja é o cume de uma relação que se pretende pautar no amor, na construção de uma família e crescer à luz das promessas feitas de um para outro cônjuge. Necessita-se pensar a celebração sacramental como início e não como fim em si mesmo. É a partir do ato sacramental que duas pessoas se comprometem a viver na condição de ser uma só carne, o que exige, pois, maturidade, dedicação, esforço permanente de um ser para o outro, compreensão, respeito e, sobretudo, diálogo para amenizar e solucionar conflitos.
Desse modo, o matrimônio como realidade sacramental, fundamenta-se em sua riqueza antropológica, ou seja, está intimamente relacionado a toda realidade existencial do ser humano.
 Em primeiro lugar, o sacramento do matrimônio pode ser visto com um fato particularmente e essencialmente pessoal, pois envolve a pessoa em sua forma única de ser, bem como a exige naturalmente que sua existência seja reconfigurada na dinâmica de uma vivência comunal e das exigências e compromissos que dela emanam.
 Em segundo lugar, faz-se necessário compreender o matrimônio como um acontecimento humano interpessoal, haja vista implica a relação do eu com outro eu, otu, que é diferente, tem suas características próprias que o fazem ser o outro e não oeu.  Isto é, casar não significa estabelecer uma relação que proporcione apenas uma realização pessoal, ao contrário, implica em estabelecer uma relação de proximidade e intimidade com o outro. Mais ainda, casar implica em tornar a vida uma constante oferta de si para outrem e, reciprocamente, recebê-lo em sua inteireza, não obstante as fragilidades e limitações dos dois.
Como acontecimento humano interpessoal, o casamento “não fica numa relação periférica ou acidental, simplesmente espiritual ou afetiva, mas que envolve a pessoa inteira: o espírito e o corpo, o amor e a sexualidade, a liberdade e a personalidade” (BOROBIO, 1993, p. 418 – grifo do autor).
Antropologicamente, é também essencial no sacramento do matrimônio a dimensão social. Assim, entende-se que além de colocar o eu em relação com um tu,desta relação emerge o nós, ou seja, cria-se assim, pelos vínculos afetivos implícitos no casamento, uma comunidade de amor, denominada família, a qual irá refletir e repercutir na formação de uma comunidade política e religiosa, ou seja, na experiência concreta de viver em sociedade e na prática da fé comunitária.
Nesse sentido, todas as dimensões humanas são tocadas e afetadas diretamente pela realidade sacramental do dar e receber conjugal: “seu ser, seu ser com os outros, seu ser no mundo, seu ser para com Deus” (BOROBIO, 1993, p. 418).
Considerando esses elementos como fundamentais no sacramento do matrimônio, uma vez que dizem respeito ao todo da pessoa, deve-se ressaltar que vivê-los na dinâmica – por vezes cansativa e frustrante – do cotidiano, implica em empenho. Há que se trabalhar arduamente, com zelo, caridade e paciência para manter a vida matrimonial de forma íntegra, recíproca e inteiramente voltada para Deus. Portanto, há que se compreender que o sacramento do matrimônio não é passe de mágica. Ele é suporte para os ideais que se assumem em comum. 
Compreendendo a estreita ligação existente entre a vida privada do casal e a vida do casal com Deus, há que se esclarecerem os elementos de ordem teológica fundamentais no sacramento do matrimônio.
Convém lançar um olhar sobre a narração bíblica da criação. No livro do Gênesis consta a atitude grandiosa de Deus ao criar a humanidade com o fim de que esta estabeleça relação com as outras criaturas. Cabe ao ser humano, único que tem voz, dar nome aos outros seres. Cabe também à humanidade cuidar, preservar e administrar a obra de Deus. Desse modo, o ser humano, criado de forma qualificada, é chamado a corresponder se relacionando de forma amorosa com o todo da criação.
Um fator importante para esta compreensão é o do ser humano em sua capacidade de estabelecer uma relação interpessoal. Criando-os homem e mulher, Deus favorece um encontro de identidades que interajam e se auxiliem mutuamente. Ser uma só carne significa que ambos serão uma só pessoa, para nesta unidade viverem sua totalidade proporcionada por Deus.
Outro elemento destacável é a ideia do ser humano em sua totalidade relacional, isto é, como ser corpóreo e sexuado. Ser “ossos dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2, 23), significa que Deus favorece a relação humana de modo integral com a finalidade de continuar a gerar vida. Nesta perspectiva, não se pode entender a sexualidade como um acidente, mas sim, como essencial para a doação recíproca acontecer e como algo querido por Deus a fim de que homem e mulher se realizem plenamente um no outro, e ambos em Deus.
Para haver tal encontro, também a narrativa de Gênesis salienta a igualdade e a singularidade como condições básicas dessa integração. Não está determinado que o homem fosse superior à mulher. Ambos participam da mesma humanidade, comungam da mesma “costela” (cf. Gn 2, 21-22) mas cada um com suas peculiaridades, devendo estas ser colocadas a favor da construção de um ideal de vida comum.
Destaca-se na teologia matrimonial do Gênesis que homem e mulher são criados para que, em um encontro de reconhecimento e amor, possam se realizar como humanos na criatividade e procriação. Assim, o matrimônio cumpre sua primeira e fundamental finalidade: a realização plena do ser humano, reconhecendo-se diferente e necessitado de outro. Também na relação a dois, a humanidade recebe a missão de ser criativa, isto é, homem e mulher chamados a cuidar da criação total de Deus, usando-se de seus recursos, do trabalho, da cultura, assim, já se manifesta o caráter procriativo. “Crescei e multiplicai-vos” (Gn 1, 28) significa contribuir com Deus na obra criadora, fazendo da fecundidade um meio de comunhão entre homem, mulher e Deus e de continuação da vida humana, tão estimada por Ele.
            Na compreensão teológica do sacramento do matrimônio presente no livro do Gênesis, consta um fator que pode ser considerado fator-chave da relação matrimonial. Trata-se do encontro como símbolo de uma relação universal e transcendente. Como afirma Borobio (1993, p. 428): “No casal que o Gênesis descreve está simbolizado algo mais do que a relação de um casal”. Da originalidade e naturalidade da vida conjugal, emerge com força um sentido amplo da vida a dois. Esta vida não se limita propriamente ao casal, ela tem um sentido universal, pois o casal inaugural simboliza toda vocação humana ao amor, representando, assim, todos os casais. Desse modo, o compromisso oriundo de uma relação esponsal vai além da comunidade dual e se expande a toda a comunidade universal chamada ao amor. Por isso mesmo, por ter caráter universal, é que o matrimônio se configura também e essencialmente como manifestação de uma realidade transcendente, isto é, de Deus.
            Na experiência cotidiana de viver como “imagem e semelhança” (Gn 1, 26) do Criador, o casal humano concretiza fundamentalmente a relação entre a humanidade e Deus, como seres que se doam reciprocamente em uma dinâmica de amor. Este é um elemento de grande valor para o sentido sacramental: perceber que, na vida do casal, o amor dado e recebido é manifestação da plena e constante entrega amorosa de Deus pelos seus. Entendendo-se assim, na perspectiva transcendental, o amor humano tende a refletir o amor divino:

 “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13, 4-7). 
       Para tanto, em uma perspectiva sacramental, enquanto relação amorosa entre duas pessoas humanas, todo matrimônio está fundamentalmente atrelado a uma realidade que o ultrapassa. Não há como separar a vida de um casal da ideia de autodoação de Deus, em sua total entrega amorosa. Este que cria, doa a si mesmo na criação e convida suas mais perfeitas criaturas, porque feitas “à sua imagem e semelhança” (Gn1, 26), ao amor.   
       Deste sentido teológico presente na criação brota com urgência um clamor pela revalorização do sentido sacramental do matrimônio. Embora seja uma realidade evidente e cada vez mais crescente, não se pode negligenciar o sacramento do matrimônio como algo meramente social e fadado ao efêmero.
Casar-se é, não só estar em relação com o outro, mas com o Outro, que é o próprio Deus. Assim, banalizar as relações amorosas, em nome da liberdade individual e do direito de escolher a quem se quer – em meio às trocas – não deixa em nada transparecer a presença amorosa de Deus que cria, se doa, e permanece na mesma constância do amor, sendo este sempre um exercício de cultivo para que possa crescer e frutificar.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BOROBIO, Dionisio (org.). A Celebração na Igreja 2. Sacramentos. São Paulo: Loyola, 1993.* O autor do texto é diácono da Diocese de Uruguaiana e cursa o 4º ano de teologia na FAPAS (Faculdade Palotina). 

UMA CATEQUESE COMUNICATIVA



A  catequese é uma forma de promover a comunicação entre Deus e a humanidade, e entre as pessoas. 
      A comunicação de Deus para conosco, vem através da vida, é uma mensagem de salvação, quer trazer a realização pessoal, a felicidade para cada um de nós. 
      Jesus nos deixou como exemplo a vida em comunidade, de forma que a catequese além de formar bons cristãos, quer inseri-los na comunidade eclesial, para estabelecer uma relação mais forte com o Senhor.
       A catequese para ser comunicativa, deve ser:
Integral: o catequizando é uma pessoa que procura realizar-se com tal em todas as dimensões.
Vivencial: vem da realidade de cada um.
Participativa: fazer o catequizando assumir a sua responsabilidade na sua caminhada de fé.
Criativa: que o catequizando possa se expressar de forma pessoal, ter experiência pessoal de Deus.
      O catequista precisa comunicar a mensagem com eficácia, ter conhecimento ou experiências não é suficiente, pois palavras precisam ser bem colocadas, não podem ficar soltas. Assim o catequista que fala com ar de superioridade, por mais que fale de amor, não partilha, não transmite a mensagem. Portanto o catequista precisa antes de tudo procurar ser comunicador, atingir a atenção e o interesse do grupo, senão ficará com palavras soltas.
     Numa catequese que não há diálogo, onde só catequista fala, assim como um professor, a comunicação fica prejudicada. Será comunicação perfeita quando o diálogo fica estabelecido, ai então as mensagens serão absorvidas pelo grupo, e acontece a transformação através da troca de informações.
    A comunicação é um processo, assim há etapas, que devem ser superadas:
1- uma troca constante de informação, entre catequista e catequizando.
2- provocar uma transformação das pessoas envolvidas.
3- exige responsabilidade

4- é um encontro de opiniões.
    Por isso é fundamental que o(a) catequista seja uma pessoa bem atualizada e informada sobre a realidade do mundo, da vida e da comunidade, preparada e com conhecimento dos conteúdos de catequese propostos pela paróquia. 
    Só assim estará de fato catequizando.
                           Maria Ronety Canibal