sábado, 1 de fevereiro de 2014

Discernimento e responsabilidade



Parecia tudo tranquilo para 2014. Os eventos já marcados, bem garantidos por um calendário estabelecido com absoluta prioridade: a copa do mundo, e as eleições de outubro.

Mas eis que de repente surge uma interrogação inquietante: como vai ser esta copa? E como serão as eleições, que dependerão muito do resultado da copa.

Uma interrogação que envolve, portanto, os dois eventos principais, previstos para este ano.

O temor se concentra na probabilidade de manifestações populares. Como serão, que repercussão terão, qual sua força de intervenção nos diversos eventos programados.

Uma coisa é certa, e necessita de nossa atenção. Muitos preferem águas turvas para pescar. Estão torcendo pelo pior. E não terão escrúpulos de usar a violência para conseguir seus objetivos. 

Diante desta postura, assumida e organizada por grupos bem identificados, não resta dúvida que cabe ao poder público estar atento, e coibir ações criminosas, que se valem da legitimidade de manifestações populares, para encobrirem seus intentos criminosos. 

Um fenômeno interessante está tomando forma. No país do futebol, se avolumam os questionamentos à maneira como vem sendo organizada a copa do mundo. Este questionamento se amplia, ao constatarmos onde foi parar este esporte tão envolvente e tão próximo das camadas mais pobres da população.

O futebol foi domesticado, e apropriado indevidamente pelo poder econômico, a tal ponto que virou simplesmente um negócio, que vai tirando a beleza deste esporte tão democrático e tão popular.

Esta tendência contagiou negativamente todos os níveis do futebol. Desde os campeonatos de várzea, até a organização mundial do futebol, simbolizado pela FIFA, que tem na organização da copa do mundo sua incumbência maior.

Hoje, qualquer menino que dá seu primeiro chute numa bola, já começa a sonhar em ser um grande jogador, ganhando salários fabulosos. E como de fato o futebol acarreta somas fabulosas, a copa do mundo acabou ficando refém da grande especulação financeira que gira ao seu redor.

Ao chegar o tão esperado "ano da copa", parece que "o país do futebol" tem um questionamento importante a fazer aos cartolas, que se apoderaram indevidamente deste esporte tão popular, que não pode ficar reduzido a uma trama de negócios escusos.

Mas para nos habilitarmos a transmitir esta mensagem de questionamento, não podemos perder a credibilidade que nos habilita a tomar uma posição esclarecida, madura e responsável.

Se é para fazer manifestações populares, providenciemos as condições para que elas se façam ordeiramente, sem violência e sem intenções malévolas, seja de que ordem forem.

Uma das belezas maiores do futebol decorre da rigidez de suas normas, que o juiz se encarrega de aplicar. A democracia também precisa de regras claras, seguidas com rigor. Também quando se trata de manifestações de massa.

O ano da copa e das eleições nos convida para o discernimento e para a responsabilidade. Nisto, todos podemos entrar em campo!

Dom Luiz Demétrio Valentini

As duas túnicas




Um jovem fez uma longa viagem pelo deserto para encontrar um misterioso padre.

- Padre - perguntou-lhe após tê-lo, finalmente, encontrado - como posso viver bem a minha vida?

O padre lhe respondeu com uma pergunta:

- Como foi o caminho que te trouxe aqui?

O jovem explicou:

- Quando saí da cidade o caminho era largo e muitas pessoas andavam por lá. Depois ficou mais estreito e poucas pessoas transitavam nele. Enfim se transformou numa vereda e fiquei sozinho até chegar aqui com o senhor.

- Falaste bem: "se transformou". Viver bem a própria vida significa transformar-se. E tu és aquela estrada.

- Como assim? - perguntou o jovem.

- É muito simples - respondeu o sábio e tirou, de um pequeno baú, duas túnicas, uma vermelha e uma branca - a túnica vermelha é a da mocidade. Veste-a e vive a tua juventude começando daqui o teu caminho. Na vereda, terás a impressão de estar sozinho e viverás a angústia de começar a transformar o teu coração de egoísta em generoso. É uma luta difícil que vai durar toda a vida, mas podes sustentá-la com a força que tens em teus membros e a energia que sentes no fundo do teu coração. Tu te tornarás um pequeno caminho e já saberás orientar outros para seguir pelo rumo certo. Enfim, serás uma estrada e muitos caminharão através de ti na direção correta, com a alegria de não ter-se perdido. Chegarás assim à cidade: ao fervilhar do trabalho e do amor. Sejas uma cidade nobre, produtiva e generosa. No entanto, logo que perceberes que a tua túnica está perdendo a cor, deixe-a, veste a túnica branca e retoma o caminho de volta para o deserto. Será uma decisão dolorida, porque a cidade está cheia de vida e a estrada que sai de ti vai rumo à solidão. Tu terás, porém, a maturidade e a experiência necessárias para enfrentá-la. Seguirás em frente até não encontrar mais ninguém, se não a mim, que estarei te esperando. Te reconhecerei pela túnica que será de novo vermelha do teu sangue espiritual derramado para transformar-te de novo e sempre.

O jovem entendeu que a vida pode ser uma extraordinária aventura e que cada idade tem o seu sentido. Assim, leve, começou a caminhar pela vereda que saía do coração do Pai.

Neste domingo, a festa da Apresentação de Jesus ao templo prevalece sobre a liturgia do tempo comum. Isso nos dá a oportunidade de refletir sobre as profecias que os dois idosos, Simeão e Ana, expressam a respeito de Jesus e de Maria. Jesus, diz Simeão, será um "sinal de contradição". Poderá ser "causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel". Ainda hoje Jesus é razão de vida e de esperança para alguns, como também de escândalo e de loucura para outros. Difícil ficar indiferentes, tamanha é a novidade que ele nos trouxe: a "libertação" do pecado e da morte, como a velha Ana reconheceu. Para Maria, o anúncio é de sofrimento. Não podia ser diferente para a mãe daquele que nos resgatou pelo sangue da cruz.

Nesta página do evangelho, chamam-nos a atenção a criança que é Jesus e os dois idosos Simeão e Ana. Um começando, os outros chegando ao final do caminho da vida, mas alegres por ter visto de perto a realização das promessas. É fácil para os jovens estar cheios de sonhos e de projetos. Mais tarde, a vida se encarregará de redimensionar e concretizar tantas expectativas. Mais difícil para os idosos ter ainda algo para esperar.

No entanto, justamente nisso está a sabedoria e a fé das pessoas que já viveram grande parte de suas vidas: reconhecer que o que eles desejaram e sonharam está acontecendo, por pequenos que sejam os seus sinais. A alegria de ter contribuído para que o grande projeto do amor de Deus não parasse de acontecer deve encher os seus corações. Também os idosos são chamados a olhar para frente. A semente plantada dará frutos. Alguém colherá o bem semeado. Eles são chamados a viver a gratidão por ter tido a oportunidade de espalhar a fé em Deus e o amor dele. A vida é sempre uma extraordinária aventura. Sempre em qualquer idade.

Dom Pedro José Conti

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

São João Bosco



Fazemos memória de São João Bosco, fundador e pai da Família Salesiana. Dom Bosco viveu no apostolado a frase de São Dionísio "Das coisas divinas a mais divina é cooperar com Deus para salvar as almas"

Nasceu São João Bosco em 1815 próximo a Turim. Com dois anos de idade perdeu o pai, sendo assim a mãe Dona Margarida batalhou contra a pobreza para criar seus filhos. Tamanha era a luta de Dona Margarida que diante do chamado de João ao sacerdócio disse-lhe: "Eu nasci na pobreza, vivi sempre pobre e desejo morrer pobre. Se tu desejas tornar-te padre para ficar rico, eu nunca irei te visitar" Providencialmente toda os desafios e durezas da vida fizeram do coração sacerdote de vinte e seis anos, Dom Bosco, um homem sensível aos problemas dos jovens abandonados ou que viviam longe de suas famílias como operários. Desta realidade começou a desabrochar o carisma que concretamente construiu os Oratórios, que eram - como ainda são- lugares de resgate das Almas dos jovens.

Dom Bosco nasceu em Becchi, no Piemonte, Itália, a 16 de agosto de 1815. Era filho de humilde família de camponeses. Órfão de pai aos dois anos, viveu sua mocidade e fez os primeiros estudos no meio de inumeráveis trabalhos e dificuldades. Desde os mais tenros anos sentiu-se impelido para o apostolado entre os companheiros. Sua mãe, que era analfabeta, mas rica de sabedoria cristã, com a palavra e com o exemplo animava-o no seu desejo de crescer virtuoso aos olhos de Deus e dos homens.

Mesmo diante de todas as dificuldades, João Bosco nunca desistiu. Durante um tempo foi obrigado a mendigar para manter os estudos. Prestou toda a espécie de serviços. Foi costureiro, sapateiro, ferreiro, carpinteiro e, ainda nos tempos livres, estudava música.

Queria vivamente ser sacerdote. Dizia: "Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem cuide deles". A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835 entrou para o seminário de Chieri.

Ordenado Sacerdote a 5 de junho de 1841, principiou logo a dar provas do seu zelo apostólico, sob a direção de São José Cafasso, seu confessor. No dia 8 de dezembro desse mesmo ano, iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde rapaz de nome Bartolomeu Garelli. Começava assim a obra dos Oratórios Festivos, destinada, em tempos difíceis, a preservar da ignorância religiosa e da corrupção, especialmente os filhos do povo.

Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco, bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales. Ao Oratório juntou uma escola profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de Salesianos aos seus colaboradores. Em 1859 fundou com os seus jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana.

Com a ajuda de Santa Maria Domingas Mazzarello, fundou em 1872 o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora para a educação da juventude feminina. Em 1875 enviou a primeira turma de seus missionários para a América do Sul.

Foi ele quem mandou os salesianos para fundar o Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, e o Liceu Coração de Jesus em São Paulo. Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos. Prodígio da Providência divina, a Obra de Dom Bosco é toda ela um poema de fé e caridade. Consumido pelo trabalho, fechou o ciclo de sua vida terrena aos 72 anos de idade, a 31 de janeiro de 1888, deixando a Congregação Religiosa Salesiana espalhada por diversos países da Europa e da América.

Se em vida foi honrado e admirado, muito mais o foi depois da morte. O seu nome de taumaturgo, de renovador do Sistema Preventivo na educação da juventude, de defensor intrépido da Igreja Católica e de apóstolo da Virgem Auxiliadora se espalhou pelo mundo inteiro e ganhou o coração dos povos. Pio XI, que o conheceu e gozou da sua amizade, canonizou-o na Páscoa de 1934.

Apesar dos anos que separam os dias de hoje do tempo em que viveu Dom Bosco, seu amor pelos jovens, sua dedicação e sua herança pedagógica vêm sendo transmitidos por homens e mulheres no mundo inteiro.

Hoje Dom Bosco se destaca na história como o grande santo Mestre e Pai da Juventude. Embora tenha feito repercutir pelo mundo o seu carisma e o sistema preventivo de salesiano, que é baseado na Razão, na Religião e na Bondade, Dom Bosco permaneceu durante toda a sua vida em Turim, na Itália. Dedicou-se como ninguém pelo bem-estar de muitos jovens, na maioria órfãos, que vinham do campo para a cidade em busca de emprego e acabavam sendo explorados por empregadores interessados em mão-de-obra barata ou na rua passando fome e convivendo com o crime.

Com atitudes audaciosas, pontuadas por diversas inovações, Dom Bosco revolucionou no seu tempo o modelo de ser padre, sempre contando com o apoio e a proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Aliás, o sacerdote sempre considerou como essencial na educação dos jovens a devoção à Maria.

Dom Bosco ficou muito famoso pelas frases que usava com os meninos do oratório e com os padres e irmãs que o ajudavam. Embora tenham sido criadas no século passado, essas frases, ainda hoje, são atuais e ricas de sabedoria. Elas demonstram o imenso carinho que Dom Bosco tinha pelos jovens.

Entre alguns exemplos, "Basta que sejam jovens para que eu vos ame.", "Prometi a Deus que até meu último suspiro seria para os jovens.", "O que somos é presente de Deus; no que nos transformamos é o nosso presente a Ele", "Ganhai o coração dos jovens por meio do amor", "A música dos jovens se escuta com o coração, não com os ouvidos."

O método de apostolado de Dom Bosco era o de partilhar em tudo a vida dos jovens; para isto no concreto abriu escolas de alfabetização, artesanato, casas de hospedagem, campos de diversão para os jovens com catequese e orientação profissional; foi por isso a Igreja reza: "Deus suscitou São João Bosco para dar à juventude um mestre e um pai".

De estatura atlética, memória incomum, inclinado à música e a arte, Dom Bosco tinha uma liguagem fácil, espírito de liderança e ótimo escritor. Este grande apóstolo da juventude foi elevado para o céu em 31 de janeiro de 1888 na cidade de Turim; a causa foi o outros, já que afirmava ter sido colocado neste mundo para os outros.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O melhor para Deus e o próximo



Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, convida a refletir sobre as escolhas diárias
Por Dom Alberto Taveira Corrêa

BELéM DO PARá, 30 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Nossa vida é feita de escolhas diárias, que se renovam e se aperfeiçoam de acordo com os valores que norteiam nossos passos. Maria e José foram confrontados com o plano de Deus, para ir atrás de suas indicações. Anjos, sonhos e fatos foram a linguagem usada pelo Eterno Pai para se manifestar àquelas pessoas tão simples quanto profundas em sua profissão de fé. É que faziam parte de uma raça de gente sadiamente teimosa, que não tinha perdido a esperança, qual farol a iluminar os rumos da história. Mas tiveram sempre a magnífica margem de liberdade, para optarem por Deus e por sua vontade. O que impressiona é que nunca regatearam com o Senhor! Antes, deram sempre e cada vez mais o que tinham de melhor!
O tesouro de suas vidas e da humanidade, o Menino Jesus, foi levado ao templo de Jerusalém, para ser apresentado ao Senhor, conforme estava escrito na lei (Lc 2,22-40). Um casal muito simples, levando a oferenda dos pobres, um par de rolas ou dois pombinhos, pode passar despercebido diante de todos, menos de Simeão e Ana, idosos cheios de sabedoria, confiantes nas promessas de Deus, que enxergam longe e veem dentro! Sendo justos e piedosos, trazem a profecia na boca! Identificam a prometida visita de Deus ao seu templo e são capazes de fazer festa pelo homem-menino que chega, cumprindo todas as leis humanas e religiosas, mas sabem que ali está o verdadeiro Menino-Deus! Brotam de seus corações o hino, a profecia e o anúncio, quando Ana se põe a falar do menino “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2,38). Ao mesmo tempo, o realismo da fé professada faz com que Simeão anuncie o mistério da dor e da contradição, que cercaria a vida daquela criança e de sua mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 34-35).
A bênção de Simeão a Maria e José não lhes poupa um futuro cheio de dificuldades e contradições. No entanto, os dois não esmorecem e continuam sua magnífica aventura, que incluiria, ao lado de muitas alegrias, perseguição, fuga para o Egito, discernimento contínuo dos passos a serem dados, trabalho, dificuldades e lutas cotidianas, fidelidade no escondimento de Nazaré, lugar de gente briguenta! No meio de tudo isso, “o menino crescia, tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40).
Nossa vida não é muito diferente. A escolha do seguimento de Jesus não funciona como uma vacina ou defesa automática frente aos desafios da existência humana. Deus nos concede as graças necessárias, no momento certo, mas não toma conta de nossa vida como se fosse um servo à nossa disposição, ou, quem sabe, um operador de um controle remoto que, à distância, monitorasse todos os nossos passos. E não vale, diante do Deus verdadeiro, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, pretender exigir direitos ou recompensas, inclusive aquelas que hoje as pessoas chamam “sonhos de consumo”. Seu amor é infinito e muito maior do que nossas limitadas pretensões! Não, Deus nos concede o precioso dom da liberdade, permitindo-nos tecer a trama da existência, com uma história pessoal construída em primeira pessoa. Liberdade e responsabilidade!
No uso do precioso dom da liberdade, Deus nos desafia a escolher em primeiro lugar a resposta ao seu amor! Amar a Deus sobre todas as coisas, manter-se fiel a suas promessas, mesmo quando a limitada lógica humana nos conduz a outras direções. Acreditar que Ele é o Senhor da história, malgrado todas as contradições com que convivemos. Fidelidade aos mandamentos, amor à Igreja de Jesus Cristo, na qual se realiza o Reino do Senhor, não buscar atalhos quando o verdadeiro Caminho (Cf. Jo 14,6) se revela diante de nossos olhos! Bonito, sim! Mas, desafiador e difícil! Trata-se de escolher o melhor e não o mais fácil!
Sendo Deus escolhido como Senhor de nossas vidas, sabemos que amá-lo significa cumprir seus mandamentos. Na escolha, amar a Deus passa na frente, mas na sua vontade, o amor ao próximo é o que se pode fazer de melhor, também porque “nós amamos, porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão” (1 Jo 4, 20-21). Sim, a melhor escolha, para nossa realização pessoal e para a realização do plano de Deus é deixar que o próximo passe na frente!
Surge natural a pergunta: “E eu, como é que fico nesta história?” O grande desafio é escolher o melhor e não o mais agradável no momento! Deus não se deixa vencer em generosidade e responde com amor e realização a todos os que entram nesta verdadeira voragem de amor! Na história da humanidade e na vida da Igreja, há uma verdadeira constelação de homens e mulheres que fizeram escolhas diferentes para melhor, que se decidiram a dar a vida, inclusive no martírio, e a testemunhar, uns com os outros, o amor recíproco, com frutos de realização e felicidade para si e para os outros. Priorizar o serviço aos outros, enxergar o bem comum na sociedade, olhar ao redor para ver as iniciativas a serem tomadas, buscar com intensidade o bem das pessoas! Trata-se da revolução silenciosa, da qual participaram Maria e José. E traziam nos braços aquele que pode mudar e efetivamente muda o mundo.
Em todas as Igrejas, neste final de semana se realiza a procissão das velas. Levá-las acesas em nossas mãos significa que desejamos seguir o caminho da virtude, para chegar à luz que não se apaga, Jesus Cristo. Para muitas pessoas, termina o período de férias e se retoma o ritmo de trabalho. Vale a pena aceitar o desafio de iluminar nosso dia a dia com uma luz diferente, com escolhas e prioridades novas, a fim de nosso mundo “velho de guerra” encontre no Menino de Belém, de Jerusalém, de Nazaré ou de todas as nossas vidas sua graça e as forças necessárias para realizar o plano de Deus. Para tanto, cada um de nós escolha hoje o que é melhor

Quando acolhemos o Espírito Santo no nosso coração o próprio Cristo se torna presente em nós



Texto da catequese do Papa Francisco na audiência da quarta-feira

ROMA, 30 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Queridos irmãos e irmãs, bom dia,
Nesta terceira catequese sobre os Sacramentos, concentremo-nos na Confirmação ou Crisma, que é entendida em continuidade com o Batismo, ao qual está ligada de modo inseparável. Estes dois sacramentos, junto com a Eucaristia, formam um único evento salvífico que se chama “iniciação cristã”, na qual somos inseridos em Jesus Cristo morto e ressuscitado e nos tornamos novas criaturas e membros da Igreja. Eis porque na origem estes três sacramentos se celebravam em um único momento, ao término do caminho catecumenal, normalmente na Vigília Pascal. Assim era selado o percurso de formação e de gradual inserção na comunidade cristã que poderia durar também alguns anos. Fazia-se passo a passo para chegar ao Batismo, depois à Crisma e à Eucaristia.
Comumente se fala de sacramento da “Crisma”, palavra que significa “unção”. E, de fato, através do óleo chamado “Sagrado Crisma” somos confirmados, no poder do Espírito, em Jesus Cristo, o qual é o único e verdadeiro “ungido”, o “Messias”, o Santo de Deus. O termo “Confirmação” recorda-nos então que este Sacramento leva a um crescimento da graça batismal: une-nos mais firmemente a Cristo; cumpre a nossa ligação com a Igreja; dá-nos uma especial força do Espírito Santo para difundir e defender a fé, para confessar o nome de Cristo e para não nos envergonharmos nunca da sua cruz (cfr Catecismo da Igreja Católica, n. 1303).
Por isto é importante cuidar para que nossas crianças, nossos jovens, recebam este Sacramento.  Todos nós cuidamos para que sejam batizados e isto é bom, mas talvez não cuidamos tanto para que recebam a Crisma. Deste modo, ficam no meio do caminho e não receberão o Espírito Santo, que é tão importante na vida cristã, porque nos dá a força para seguir adiante. Pensemos um pouco, cada um de nós: de fato temos a preocupação que as nossas crianças, os nossos jovens recebam a Crisma? É importante isto, é importante! E se vocês, em suas casas, têm crianças, jovens que ainda não a receberam e têm idade para recebê-la, façam tudo o possível para que esses terminem a iniciação cristã e recebam a força do Espírito Santo. É importante!
Naturalmente, é importante oferecer aos crismandos uma boa preparação, que deve buscar conduzi-los a uma adesão pessoal à fé em Cristo e a despertar neles o sentido de pertença à Igreja.
A Confirmação, como todo Sacramento, não é obra dos homens, mas de Deus, que cuida da nossa vida de modo a plasmar-nos à imagem e semelhança de seu Filho, para nos tornar capazes de amar como Ele. Ele o faz infundindo em nós o seu Espírito Santo, cuja ação permeia toda a pessoa e toda a vida, como refletido pelos sete dons que a Tradição, à luz da Sagrada Escritura, sempre evidenciou. Estes sete dons: eu não quero perguntar a vocês se vocês se lembram dos sete dons. Talvez vocês todos o sabem…Mas os digo eu em nome de vocês. Quais são estes dons? Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. E estes dons nos foram dados propriamente com o Espírito Santo no sacramento da Confirmação. A estes dons pretendo então dedicar as catequeses que seguirão àquelas sobre os Sacramentos.
Quando acolhemos o Espírito Santo no nosso coração e O deixamos agir, o próprio Cristo se torna presente em nós e toma forma na nossa vida; através de nós, será Ele o próprio Cristo a rezar, a perdoar, a infundir esperança e consolação, a servir os irmãos, a fazer-se próximo aos necessitados e aos últimos, a criar comunhão, a semear paz. Pensem em quão importante é isto: por meio do Espírito Santo, o próprio Cristo vem fazer tudo isso em meio a nós e por nós. Por isso é importante que as crianças e os jovens recebam o Sacramento da Crisma.
Queridos irmãos e irmãs, recordemo-nos de que recebemos a Confirmação! Todos nós! Recordemos antes de tudo para agradecer ao Senhor por este dom, e depois para pedir-lhe que nos ajude a viver como verdadeiros cristãos a caminhar sempre com alegria segundo o Espírito Santo que nos foi dado.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Abrir espaço para os outros: o desafio da desigualdade econômica

Nenhum país pobre até 2035?
Por John Flynn, LC

ROMA, 28 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Um dos temas discutidos no recente Fórum Econômico Mundial, em Davos, foi a distribuição da riqueza.
Um relatório publicado pelo Oxfam (Comitê de Oxford de Combate à Fome), pouco antes do fórum, relata a impactante notícia de que as 85 pessoas mais ricas do mundo detêm a mesma parcela de riqueza que os 50% mais pobres de toda a população mundial.
De acordo com o relatório, sete em cada dez pessoas vivem em países nos quais a desigualdade econômica cresceu nos últimos 30 anos. De fato, entre 1980 e 2012, o 1% mais rico da população mundial teve aumento de renda em 24 de 26 países analisados.
A extrema desigualdade econômica é prejudicial e preocupa por muitos motivos: ela é moralmente discutível, ela pode impactar negativamente no crescimento econômico e na redução da pobreza e pode também causar uma infinidade de problemas sociais, afirma o relatório.
Mas nem tudo são más notícias. O Oxfam observa também que, durante a última década, alguns países latino-americanos reduziram o nível de desigualdade econômica.
O Comitê apela aos líderes políticos e empresariais de todo o mundo, reunidos em Davos, para tomarem medidas concretas que assegurem uma distribuição mais equitativa da riqueza.
Na Europa, por exemplo, a riqueza das 10 pessoas mais ricas supera os custos totais das medidas de estímulo implementadas em toda a União Europeia entre 2008 e 2010 (217 contra 200 bilhões de euros).
O Oxfam destaca que as políticas de austeridade estão tendo impacto desproporcional sobre os pobres e sobre a classe média. O relatório cita dados do Credit Suisse que apontam que 10% da população mundial detém 86% de todo o patrimônio do planeta.
Um dos principais problemas dentro desta panorâmica é a evasão fiscal. O Oxfam afirma que a totalidade do dinheiro mantido em paraísos fiscais equivale a todo o PIB anual dos Estados Unidos.
A solução não é fácil de ser encontrada. As políticas mais simplistas, baseadas no aumento da carga fiscal sobre os mais ricos ou na intervenção do Estado na economia, vêm se revelando completos fracassos.
O papa Francisco, que já é bem conhecido pela preocupação com os pobres, reconheceu em sua mensagem no Fórum Econômico Mundial de Davos a substancial contribuição da comunidade financeira e empresarial para o progresso humano. Ele observou também que o sucesso dessas empresas reduziu a pobreza para muita gente. Ao mesmo tempo, acrescentou, ainda existem muitas pessoas em situação de insegurança econômica.
"É intolerável que milhares de pessoas morram diariamente de fome, apesar da disponibilidade de enormes quantidades de comida, que, muitas vezes, é simplesmente desperdiçada", disse o papa.
O pontífice convidou tanto os políticos quanto os empresários a encontrarem soluções para este problema. "Aqueles que, com a sua inteligência e habilidades profissionais, foram capazes de criar inovação e promover o bem-estar de tantas pessoas, podem contribuir ainda mais, colocando a sua experiência a serviço de quem ainda vive na indigência".
Citando Bento XVI, Francisco pediu abertura a uma visão transcendente da pessoa e a processos que distribuam melhor a riqueza. A comunidade financeira e empresarial internacional, ressaltou o papa, está cheia de pessoas motivadas por ideais elevados, que se preocupam genuinamente com os outros. "Eu os encorajo a utilizar os grandes recursos morais e humanos e a enfrentar este desafio com determinação e visão ampla", afirma o Santo Padre na mensagem. "Sem ignorar, é claro, a especificidade profissional e científica cada contexto, eu os convido a agir para que a riqueza fique a serviço da humanidade em vez de governá-la", acrescenta o papa.
A contribuição positiva do mundo dos negócios e do mercado é destacada também no ensaio publicado em 21 de janeiro pela Fundação Bill e Melinda Gates no jornal The Australian.
Os países pobres não estão condenados a permanecer pobres, diz o casal Gates. Desde 1960, a renda per capita real na China aumentou oito vezes; na Índia, ela quadruplicou; no Brasil, aumentou quase cinco vezes. Embora ainda existam muitos problemas na África, os Gates observam que a renda per capita aumentou em dois terços desde 1998 no continente. Até 2035, preveem eles, "quase não haverá mais países pobres no mundo".
Tal cenário exigirá muitas decisões difíceis não apenas na política e na economia, mas também, como explica o papa Francisco, uma abertura ao transcendente. Em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, ele escreve: "Quando a vida interior se fecha nos seus próprios interesses, não há mais espaço para os outros, não entram mais os pobres, não se ouve mais a voz de Deus, não se desfruta mais da doce alegria do seu amor, não palpita o entusiasmo de fazer o bem".

São Tomás de Aquino

Tomás de Aquino

Era, sem dúvida, a hora sazonada para as grandes sínteses: a síntese artística que é a catedral gótica; síntese poética da Divina Comédia; a síntese política do regime representativo - "Rex et regnum" -, que então nascia com as Cortes e os Parlamentos; e a síntese teológico-filosófica das grandes "summas".Na revolução intelectual, havia o precedente do "renascimento científico" do século XII - um dos muitos renascimentos que de século em século precederam ao denominado Renascimento, Isto não quer dizer que o ambiente para a grande obra de Tomás de Aquino fosse propício, nem sequer pacífico. As mais acerbas controvérsias acompanharam constantemente seu labor de magistério e de pesquisador. Podemos lembrar, como exemplo, a violenta polêmica entre regulares e seculares que marcou seus primeiros anos de professorado na universidade de Paris, e, sobretudo, a mortal oposição de averroístas e antiaverroístas.A curta vida de Sto. Tomás (1225-1274) não foi, de modo algum, tranqüila, como poderia faze-nos pensar a magnitude de sua obra. Viajou continuamente e desempenhou variadas funções: professor universitário, consultor de sua ordem junto à corte pontifícia para assuntos de governo e disciplina, pregador oficial...Em meio a essas viagens e ocupações, lia meditava e redigia suas obras: Comentários à Sagrada Escritura, Comentários ao Mestre das Sentenças, De Trinitate e De Veritate, Summa contra gentes, Quaestiones Disputatae etc. e, sobretudo, a Summa Theologica, uma das obras fundamentais do pensamento humano, que marcou o rumo da orientação filosófico-teológica da Igreja durante meio milênio.Sto. Tomás aparece assim como um dos grandes elaboradores do pensamento cristão. O esforço realizado pelos padres, de incorporação de cultura clássica á mensagem cristã, foi completado por Sto. Tomás no campo filosófico enxertando a filosofia recional de Aristótoles (expressão até esse momento do paganismo irreconciliável com a fé) em seu sistema teológico. Este mesmo esforço de assimilação cristã de um pensamento alheio ou hostil é o que tentaria no século XX Teilhard de Chardin com o pensamento moderno, imbuído da ciência experimental.Pra realizar a união tão perfeita de atividade e reflexão,     o caráter de Santo Tomás foi, como o qualificou seu primeiro biógrafo, "miro modo contemplativus". A inteligência, uma afetividade profunda e a paz interior são as notas mais marcantes da vida e da obra de Tomás de Aquino.É o padroeiro das faculdades católicas.O estudo da sabedoria é o mais perfeito, sublime, proveitoso e alegre de todos os estudos humanos. Mais perfeito, realmente porque o homem possui já alguma parte da verdadeira bem-aventurança, na medida em que se entrega ao estudo da sabedoria. Por isso, diz o sábio: "Feliz o homem que medita na sabedoria". Mais sublime, porque principalmente por ele o homem se assemelha a Deus, que "tudo fez sabiamente"; e porque a asemelhança é causa do amor, o estudo da sabedoria une especialmente a Deus por amizade, e assim se dis dela que é "para os homens tesouro inesgotável, e os que dele se aproveitam tornam-se participantes da amizade divina". Mais útil, porque a sabedoria é o caminho para chegar à imortalidade: "O desejo da sabedoria conduz a reinar para sempre". E mais alegre, finalmente, "porque não é amarga sua conversação nem dolorosa sua convivência, na alegria e gozo".Tomando, pois, confiança na piedade divina para prosseguir o ofício de sábio, embora exceda às minhas forças, é meu propósito manifestar, quanto seja possível, a verdade, que professa a fé católica, eliminando os erros contrários; porque servindo-me das palavras de Santo Hilário: "Considero como o principal dever de minha vida para com Deus esforçar-me para que minha língua e todos os meus sentidos falem dele". 


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os jovens falam sobre o Papado de Francisco



Passados mais de dez messes de Papado do Papa Francisco, os jovens dizem o que pensam e esperam do Sucessor de Pedro
Por Felipe Ramos
JOãO PESSOA, 27 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - No dia 03 de março de 2013 o conclave anunciava a fumaça branca que trazia uma novidade para a Igreja, o argentino JorgeMario Bergoglio, o primeiro Papa latino-americano, primeiro jesuíta e o primeiro Francisco. Passados mais de dez messes do seu Papado tudo ainda parece ser novidade, até mesmo para os jovens que estão sempre conectados a tudo que há de novo, e o que será que eles estão pensando e esperando desse Papa que quebra protocolos e até mesmo tira foto para as redes sociais?
Eles vão às ruas para lutar por seus direitos, estão conectados a um mundo na palma da mão em que suas fronteiras parecem não existir, usam as redes sociais para causar revoluções no desejo de um mundo mais justo e com mais amor. Então no meio de tudo isso aparece uma novidade, um senhor já velhinho como Papa que surpreende até os que estavam mais distantes da Igreja e os desafia a sair das teorias e amar na prática.  Usando as redes sociais eles falam tudo o que pensam e esperam do Papado de Francisco:
Ícaro Diniz: “Ele veio revigorar nossas forças”
Kelyane Abreu: “O Papa Francisco vem de fato, reconstruir a Igreja, não apenas fisicamente, a estrutura, mas a Igreja como um corpo, a mentalidade do ser Igreja, reavivar o apaixonamento pela Igreja”. Acredito que esse será um tempo de muitas mudanças, podas de arvores e como toda poda, poderá gerar grandes.
Newton Nascimento: “Ele me passa a certeza do Céu”.. Vejo hoje, o Papa Francisco, como Jesus chegou no templo colocando os vendedores para fora, hoje por graça e condução de Deus, foi dada ao Papa esse serviço, que por sinal não é fácil.
Camilla Campos: “Penso que ele veio pra desconfundir a cabeça da galera”.
Jackson Soares : “A sua posição diante da questão da pobreza o torna mais amado ainda por todos”. O que se espera do seu papado é que ele continue essa obra de conscientização do mundo para ajudar os mais necessitados, rezar pela humanidade, buscar a paz.
Matheus Ferreira :” Penso que ele veio para quebrar vários padrões da igreja, e fazer surge um novo conceito de fé aos jovens”
Pedro Paulo Cardoso: “Ele é surpreende”. A começar pela escolha do seu "novo nome" Francisco, Por eu servir na minha paróquia como Catequista, tenho ele como um grande exemplo, pelo fato dele ser Jesuíta (uma congregação que se destaca pelo "Ser Catequista") , ter sempre uma boa didática e uma forma fácil de falar sobre o Evangelho.
Italo Myke:  “Desde que saiu a fumaça branca na chaminé que eu choro”. Espero que ele nunca mude para poder dizer aos meus filhos, Esse é Francisco filho o Santo da minha geração.
João Pedro O Papa Francisco para os jovens é aquele Novo que há muito tempo estava sendo guardado.
Fernanda Carneiro Leal: “Outros o vêm como algo polêmico que do nada quer fazer mudanças. Amo o Papa, pois expressa seu amor não só por palavras, mas por atos bem concretos, quebrando protocolos”
Um Papa e um amigo.
Na sua grande maioria a certeza que os jovens transmitem é de encontrar um Papa e um amigo, que quebra protocolos para estar mais próximo, sempre mostrando que quem ama quer estar perto, quer seja respondendo cartas de quem o escreve ou tirando foto com a “galera” para as redes sociais, como aconteceu com três jovens na Basílica de São Pedro, no dia 28 de agosto, a foto foi publicada por Fabio Ragona na rede social Twitter e causou grande impacto na internet. Seus discursos desafiam a “geração Y” tão ligada no provisório e ao mesmo tempo o seu sorriso os motiva como alguém que diz: Contem comigo.
Em julho do ano passado  na cidade do Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude, Francisco não só fez apenas discípulos, fez também amigos entre todas as nações.

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O Totalitarismo Relativista e a Destruição da Cultura



A forma de raciocinar relativista é profundamente contraditória, pois pretende negar o que supõe desde o princípio: a existência da verdade
Por Pe. Anderson Alves

ROMA, 27 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - Não restam dúvidas de que vivemos numa época relativista. Cada vez mais pessoas pensam que não há nenhuma verdade certa, ou que a verdade não seja conhecível, ou, o que é equivalente, que todas as afirmações são igualmente verdadeiras. Esse tipo de relativismo vem se impondo como pensamento único. Quem nega ser verdade que não exista verdade faz algo óbvio, à custa de ser chamado de prepotente, intolerante e antidemocrático; em uma palavra: um perigo público. Como dissemos em outra ocasião, vivemos numa cultura dominada não por um relativismo absoluto, algo essencialmente contraditório, mas sim por um absolutismo relativista.
O dito relativismo pode ser bem contemplado em um raciocínio frequente do chamado “pós-modernismo”. Afirma-se que todos os homens são iguais; por isso, quando dois homens possuem opiniões diversas, ambas devem ser tidas como verdadeiras, pois seria “antidemocrático” ou “politicamente incorreto” dizer que uns homens têm razão sobre outros.
Esse estranho raciocínio pretende ser relativista, mas supõe a existência de verdades firmes e incontestáveis: a igualdade essencial de todos os homens, a certeza de que a democracia é a melhor forma de governo possível e que o “politicamente correto” deve ser o padrão único de linguagem. Sendo assim, esse raciocínio expressa aparentemente o relativismo, mas se funda em dogmas bem sólidos.
De qualquer modo, o que aqui se expressa é que o critério de verdade deixou de ser a relação do juízo com a realidade conhecida e passou a ser a relação do juízo com a dignidade de quem o profere. Todo juízo deveria ser considerado igualmente verdadeiro (ou igualmente falso) só pelo fato de que foi realizado por um ser humano portador de uma dignidade intrínseca.
Com isso queremos mostrar que a forma de raciocinar relativista é profundamente contraditória, pois pretende negar o que supõe desde o princípio: a existência da verdade. Supõe, por exemplo, a verdade de que todos os homens são iguais em dignidade e, posteriormente, afirma que não existe nenhuma verdade.
O que importa é que essa forma de pensar relativista dá por certo que não há uma verdade e uma bondade intrínsecas às coisas. A verdade de cada coisa é a que cada um constrói, e o valor de cada uma é totalmente atribuída pelo sujeito. Mas qual seria a consequência desse tipo de pensamento?
R. Guardini foi um autor que refletiu sobre esses temas e deu respostas diametralmente opostas. Em primeiro lugar ele constatou que algo presente em diversos momentos da história do pensamento é a afirmação de que o bem é a verdade de cada coisa, na medida em que se torna objeto do agir. Sendo assim, do que é verdadeiro em si surge a comprensão do que é realmente justo. O bem moral seria então o justo que brota da essência de cada realidade particular.
E, quando se reconhece a verdade das realidades em si mesma, se exclui da ética o “direito à arbitrariedade”, ou seja, o direito de agir com a natureza assim como se quer, impondo-lhe o dever de atuar segundo o próprio interesse. O dito “direito à arbitrariedade” seria intrínseco ao “existencialismo”, ao pós-modernismo e a outras formas de pensamento relativista. Por outro lado, se há uma verdade intrínseca às coisas, o bem é o que deve ser feito sempre, e equivale à verdade das coisas em si como tarefa para o agir moral. A verdade das coisas e do bem exclui então o direito à arbitrariedade, a qual é expressão de um puro voluntarismo.
E todo totalitarismo manifesta horror pela verdade, porque essa é a única força que destrói toda imposição arbitária na sua raiz. E a verdade das coisas é algo essencialmente democrático, pois pode ser conhecida por todos os que a buscam.
Todo regime totalitário, pois, está convencido de que não exista uma essência objetiva sobre as coisas, sobre a natureza, sobre as relações humanas e sobre a moral. Por isso o totalitarismo visa sempre difundir uma mentalidade relativista. Só assim pode manipular as pessoas segundo os próprios interesses. R. Guardini viu isso no regime nazista, que negava a existência de normas morais certas e da verdade reconhecida por todos. Aquela tirania relativizava o que era aceito pacificimente por todos, absolutizando suas próprias ideias perversas, e impunha um regime de pensamento único, o qual está intrinsecamente ligado ao terror. Hoje vemos que o relativismo pretende que tratemos a verdade como se fosse mentira, e a mentira como se fosse verdade.
Entretanto, se as coisas são realmente inteligíveis e se o ser delas manifesta o bem a ser realizado, o homem se reconhece como um ser responsável pelo mundo. Ele deve conhecer a realidade que lhe foi dada para agir de modo responsável. Se há uma verdade que rege o agir moral, o homem não pode querer dominar a realidade com uma “vontade de poder” absoluta.
E a cultura nada mais é do que a capacidade de perceber a exigência que surge da verdade de cada coisa e a disponibilidade de lhe corresponder. «O homem deve decidir aceitar ou refutar a realidade. Ele é responsável por isso pelo fato de ser homem. Ser homem significa precisamente ser responsável pelo mundo»[2]. De fato, a dita responsabilidade, fundada na certeza de se poder alcançar a verdade sobre cada coisa, se manifesta na cultura.
Por outro lado, o relativismo, ou seja, a negação da verdade implícita de cada realidade como indicação de atuação, gera a destruição da cultura. Nada mais destrutivo do que o relativismo. Por outro lado, o homem culto é aquele capaz de distinguir os valores verdadeiros e os falsos, ou seja, conhece as realidades e o valor implícito de cada uma. O homem culto musicalmente, por exemplo, é aquele que conhece e valoriza as obras musicais realmente de grande importância.
O relativismo, no fundo, nega a verdade e a bondade das coisas e, fazendo isso, faz tudo se tornar indiferente.  E a dita indiferença destrói a cultura, a educação, a moralidade e a mesma sociedade. Se não há uma verdade e uma bondade em cada coisa, para que estudar? Para que se dedicar ao trabalho científico? Para que serve a arte se não para exprimir de forma singular e bela uma verdade e uma bondade conhecida? E como ser ético na vida profissional se não há nenhum bem conhecível?
Portanto, o totalitarismo relativista, que pretende dominar nossas sociedades, além de ser contraditório e autoritário é um verdadeiro obstáculo para o progresso humano, cultural, político e social das nossas sociedades.

domingo, 26 de janeiro de 2014

CRISTO LUZ DO MUNDO








ANGELUS
Praça São Pedro - Vaticano
Domingo, 26 de janeiro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

O Evangelho deste domingo conta o início da vida pública de Jesus nas cidades e nos vilarejos da Galileia. A sua missão não parte de Jerusalém, isso é, do centro religioso, centro também social e político, mas parte de uma zona periférica, uma zona desprezada pelos judeus mais observadores, por motivo da presença naquela região de diversas populações estrangeiras; por isto o profeta Isaías a indica como "Galileia dos gentios" (Is 8, 23).

É uma terra de fronteira, uma zona de trânsito onde se encontram pessoas diferentes por raças, culturas e religiões. A Galileia torna-se assim o lugar simbólico para a abertura do Evangelho a todos os povos. Deste ponto de vista, a Galileia assemelha-se ao mundo de hoje: com presença de diversas culturas, necessidade de paralelo e de encontro. Também nós estamos imersos a cada dia em uma "Galileia dos gentios", e neste tipo de contexto podemos nos assustar e ceder à tentação de construir cercas para estar mais seguros, mais protegidos. Mas Jesus nos ensina que a Boa Nova, que Ele traz, não é reservada a uma parte da humanidade, é para comunicar-se a todos. É um bom anúncio destinado a quantos o esperam, mas também a quantos talvez não esperam mais nada e não têm sequer a força de procurar e de pedir.

Partindo da Galileia, Jesus nos ensina que ninguém está excluído da salvação de Deus, antes, que Deus prefere partir da periferia, dos últimos, para alcançar todos. Ensina-nos um método, o seu método, que porém exprime o conteúdo, isso é, a misericórdia do Pai. "Cada cristão e cada comunidade discernirá qual seja o caminho que o Senhor pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado. Sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que têm necessidade da luz do Evangelho"(Exort.ap. Evangelii gaudium, 20).

Jesus começa a sua missão não somente de um lugar descentralizado, mas também por homens que se diriam, assim, "de baixo perfil". Para escolher os seus primeiros discípulos e futuros apóstolos, não se dirige às escolas dos escribas e dos doutores da Lei, mas às pessoas humildes e simples, que se preparam com empenho à vinda do Reino de Deus. Jesus vai chamá-los lá onde trabalham, na margem do lago: são pescadores. Chama-lhes, e esses O seguem, imediatamente. Deixam as redes e vão com Ele: as suas vidas se tornarão uma aventura extraordinária e fascinante.

Queridos amigos e amigas, o Senhor chama também hoje! O Senhor passa pelos caminhos da nossa vida cotidiana. Também hoje, neste momento, aqui, o Senhor passa pela praça. Chama-nos para andar com Ele, para trabalhar com Ele pelo Reino de Deus, as "Galileias" dos nossos tempos. Cada um de vocês pense: o Senhor passa hoje, o Senhor me olha, está me olhando! O que me diz o Senhor? E se algum de vocês ouve que o Senhor lhe diz "siga-me", seja corajoso, vá com o Senhor. O Senhor não desilude jamais. Sintam em seu coração se o Senhor vos chama para segui-Lo. Deixemo-nos alcançar pelo seu olhar, pela sua voz e O sigamos! "Para que a alegria do Evangelho alcance até os confins da terra e nenhuma periferia seja privada da sua luz" (ibid, 288).
via internet   PORTAL ECCLESIA

Cristo é princípio, causa e motor da unidade dos cristãos, afirma Papa



O Papa Francisco presidiu às vésperas na tarde deste sábado (25), na basílica de São Paulo fora dos muros, por ocasião da festa da conversão do apóstolo e no encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Antes de iniciar a celebração, Francisco desceu ao túmulo do apóstolo Paulo para rezar com o arcebispo metropolita ortodoxo e representante do patriarcado ecumênico de Constantinopla, Gennadios Zervos, e o representante do arcebispo de Cantuária e chefe da Comunhão Anglicana em Roma, o pastor David Moxon.

A basílica estava repleta de fiéis e nos bancos da frente destacavam-se alguns cardeais colaboradores e ex-colaboradores da cúria romana, como os dois ex-secretários de Estado, Angelo Sodano, (atual decano do colégio cardinalício) e Tarcisio Bertone, camerlengo da Santa Romana Igreja.

Na presença de representantes ortodoxos, anglicanos e de outras comunidades cristãs, em sua homilia o Papa comentou o tema escolhido para a edição deste ano da Semana: "Estará Cristo dividido?" (1Cor 1, 13).

Com grande tristeza, comentou o Pontífice, o apóstolo soube que os cristãos de Corinto estavam divididos em várias facções. Uns afirmavam: "Eu sou de Paulo"; outros diziam: "Eu sou de Apolo"; e outros: "Eu sou de Cefas"; e há ainda quem sustentasse: "Eu sou de Cristo". Até mesmo quem apelava a Cristo o fazia para se distanciar dos irmãos.

Diante desta divisão, Paulo exorta os cristãos de Corinto a serem todos unânimes, para que haja perfeita união de pensar e sentir. Mas a comunhão a que chama o apóstolo, notou Francisco, não poderá ser fruto de estratégias humanas.

"Nesta tarde, encontrando-nos aqui reunidos em oração, sentimos que Cristo - que não pode ser dividido - quer atrair-nos a Si, aos sentimentos do seu coração, ao seu abandono total e íntimo nas mãos do Pai, ao seu esvaziar-se radicalmente por amor da humanidade. Só Ele pode ser o princípio, a causa, o motor da nossa unidade".

As divisões na Igreja - prosseguiu o Papa - não podem ser consideradas como um fenômeno natural ou inevitável. "As nossas divisões ferem o corpo de Cristo, ferem o testemunho que somos chamados a prestar-Lhe no mundo", acrescentou.

A seguir, o Pontífice mencionou o decreto do Concílio Vaticano II sobre o ecumenismo (Unitatis redintegratio), em que se afirma que Cristo "fundou uma só e única Igreja" e acrescentou: "Queridos amigos, Cristo não pode estar dividido! Esta certeza deve incentivar-nos e suster-nos a continuar, com humildade e confiança, o caminho para o restabelecimento da plena unidade visível entre todos os crentes em Cristo".

Improvisando, o Papa acrescentou que "todos fomos prejudicados pelas divisões entre os cristãos; não queremos ser um escândalo!", frisou. "Caminhemos fraternamente juntos no caminho da unidade, na unidade 'reconciliada', para a qual o Senhor nos acompanha", exortou, explicando que "a unidade não vai cair do céu como um milagre, mas será o Espírito Santo a propiciá-la, em nosso caminho. Se não caminharmos juntos, uns para os outros, e não trabalharmos juntos, a unidade não virá. É o Espírito Santo que a faz, ao ver a nossa boa-vontade".

Francisco citou ainda seus predecessores, os beatos João XXIII e João Paulo II e Paulo VI, para afirmar que a obra desses pontífices fez com que a dimensão do diálogo ecumênico se tornasse um aspecto "essencial do ministério do bispo de Roma, que hoje não se compreenderia plenamente o serviço petrino sem incluir nele esta abertura ao diálogo com todos os crentes em Cristo".

Por fim, exortou: "Amados irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor Jesus que nos conserve profundamente unidos a Ele, nos ajude a superarmos os nossos conflitos, as nossas divisões, os nossos egoísmos e a vivermos unidos uns aos outros por uma única força, a do amor, que o Espírito Santo derrama nos nossos corações".

O cardeal presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Kurt Koch, não pôde participar da cerimônia, devido a um resfriado, e sua saudação foi lida pelo secretário do dicastério, dom Brian O'Farrell. 

Com informações da Rádio Vaticano.
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