Tripé da Quaresma: ascese, amor cristão e a oração - Parte III
Por Vanderlei de Lima
AMPARO, 28 de Março de 2014 (Zenit.org) -
Dentre as diversas definições de oração,
uma muito precisa é a de São João Damasceno (†749), Padre da Igreja grega,
citada no Catecismo da Igreja Católica n.. 2259, que diz: “A oração é a
elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes”.
Todos os seres criados, cada um a seu modo, louvam a Deus ou Lhe dão glória.
Os minerais, os vegetais e os animais irracionais pelo fato de serem frutos da
sabedoria divina proclamam a grandeza do Criador pela simples razão de
existirem. Já os seres humanos espelham a grandeza de Deus de maneira consciente
e explícita (ajoelham-se, falam, cantam etc.).
Essas razões de louvores presentes, naturalmente, nos homens e mulheres em
geral devem estar muito mais impregnadas nos cristãos, pois pelo Batismo nos
tornamos filhos de Deus por Jesus Cristo, na Igreja, e por isso nos dirigimos,
filialmente, ao Senhor como a um pai amoroso (cf.. Gl 4,4-6; Rm 8,15).
Dirigimo-nos para pedir a Deus a força, que só a oração pode dar, de sermos
bons cristãos. Afinal, sem Deus nada podemos fazer (cf. Jo 15,5), pois nossa
força vem d’Ele (cf. 2Cor 3,5) e é n’Ele que está o nosso querer e agir,ou seja,
a nossa vida (cf. Fl 2,13), uma vez que com Ele tudo podemos (cf. Fl 4,14).
Os santos, sem exceção, seguiram esses ensinamentos a respeito do sublime
valor da oração. Santo Afonso Maria de Ligório (†1787), fundador da Congregação
do Santíssimo Redentor, os Redentoristas, por exemplo, ensina: “Todos os santos
se santificaram por meio da oração; todos os condenados se perderam por não
terem rezado; se o tivessem feito, com persistência, ter-se-iam salvado”.
Toda oração deve ser feita em Cristo que vive em nós (cf. Gl 2,20) e na
Igreja, Corpo Místico do mesmo Cristo prolongado na história (cf. Cl 1,24; 1Cor
12,12-21), a quem o cristão deve estar unido. Aquele que não pensa e não sente
com a Mãe Igreja vai aos poucos se afastando de Deus para buscar sua salvação em
cisternas furadas que não podem conter água (cf. Jr 2,13). Aqui importa notar
que o fiel que se põe a rezar deve ter por meta as quatro atitudes abaixo
elencadas.
1) Adoração que é o reconhecimento da absoluta soberania de Deus. Rezamos e
adoramos porque Deus é Deus e merece o nosso reconhecimento, independentemente
de tudo o mais. Essa adoração pode se dar por palavras, gestos (ajoelhar-se,
prostrar-se por terra, erguer as mãos etc.) ou simplesmente no profundo silêncio
interior.
2) Ação de graças é o agradecimento da criatura ao Criador pelos benefícios
recebidos. É importante notar que não devemos agradecer somente as coisas que
julgamos boas, mas, ao contrário, precisamos aprender a dar graças também pelas
cruzes que nos vêm. Na vida, tudo concorre para o bem dos que amam o Senhor (cf.
Rm 8,28).
3) Expiação é o pedido de perdão pelos nossos pecados e a reparação pelos
pecados do mundo. Todos somos pecadores e precisamos da misericórdia do Pai.
Aqui entra uma constatação importante: um(a) santo(a) não é alguém sem pecados,
mas, sim, aquele(a) que se reconhece pecador(a) e sinceramente se arrepende.
4) Súplica é a apresentação das nossas necessidades espirituais e materiais
ao Senhor enquanto somos peregrinos nesta terra.. É lícito pedir coisas
legítimas ao Senhor sempre sob a indiscutível condição de que seja feita a
vontade d’Ele e não a nossa (cf. Mt 26,39), pois Deus nem sempre dá o que
pedimos, mas, sim, o que nós mais precisamos naquele momento.
Como se vê as quatro formas de rezar se resumem a duas como no Pai-Nosso:
primeiro, olhar para o Pai com gratidão e, segundo, voltar-se para as nossas
misérias suplicando Sua poderosa ajuda.
Eis um importante meio para se santificar: a oração diária e constante.
Para aprofundamento: Catecismo da Igreja Católica n. 2558-2865.
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