Reflexões do arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Por Dom Walmor Oliveira de Azevedo
BELO HORIZONTE, 22 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - Com a celebração da Festa de Cristo Rei do
Universo, neste domingo, dia 23, a Igreja Católica no mundo inteiro se une, de
maneira especial, ao Papa Francisco, no encerramento do Ano da Fé. O Papa
emérito Bento XVI foi quem convocou a vivência do Ano da Fé, iniciado em 11 de
outubro de 2012, quando se celebrava o cinquentenário da abertura do Concílio
Ecumênico Vaticano II. Uma data relevante para a vida e missão da Igreja na sua
tarefa de fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus. O grande propósito
deste Ano da Fé foi exatamente a oportunidade para um aprofundamento,
compreensão e vivência da fé como experiência de encontro pessoal com Jesus,
única pessoa que pode dar à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte e, com
isto, como afirmou o Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica Deus é Amor, uma
direção decisiva.
Nessa oportunidade oferecida, como necessidade permanente, está a importância de apropriações conceituais fundamentais que norteiam a vida de modo diferente, qualificando-a a partir de sua compreensão como dom de Deus. É claro que a fé não é uma simples apropriação de conceitos. A importância deles na vivência do dom da fé se define pela luz própria que a razão indispensavelmente traz para que a pessoa avance na direção da verdade que liberta completamente. O bem-aventurado João Paulo II, na sua Carta Encíclica sobre a Fé e a Razão, introduz esta temática sublinhando que “a fé e a razão são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. João Paulo II completa lembrando-nos que “foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que o conhecendo e amando-o, possa também chegar à verdade plena sobre si”.
A razão é uma alavanca decisiva no caminho da vida humana, na vivência da história, na construção da sociedade. É convincente e fácil de perceber, analisando a história, que os descompassos da humanidade vieram das irracionalidades. Basta pensar sobre guerras, exclusão social, manipulações e totalitarismos. Determinante também é o dom da fé. Sua profunda compreensão e sua vivência qualificam a cultura, corrigem os rumos da história e iluminam o caminho da humanidade, proporcionando a experiência de sentido que faz a vida valer a pena, ser construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
Odom da fé é uma experiência que avança para além da razão, na sua notável propriedade de alcançar lucidez para encontrar soluções. A luz da fé permite lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da existência humana: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que existirá depois desta vida?” Somente a fé permite lidar com o mistério que estas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão coerente. Esta consideração convence de que a fé não se reduz a simples sentimento. Também não pode ser compreendida como um caminho que simplesmente traz soluções imediatistas, para desgastes existenciais comuns na contemporaneidade. Menos ainda deve ser buscada como produção de experiências milagreiras, promessa de mesquinhas prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do usufruto irracional das fragilidades humanas.
O ano especial que se encerra no próximo domingo reforça a importância de se viver a fé como dom. Concretamente, vale prestar atenção, analisar e avaliar, como exemplo, o grande patrimônio de trezentos anos da cultura mineira. Nele se pode constatar convictamente o papel decisivo e qualificador da fé cristã, particular e reconhecida referência à fé cristã católica, gerando um conjunto cultural, histórico, artístico e religioso que abrange toda a Minas Gerais. Este Ano da Fé, relembra o Papa Francisco, na sua primeira Carta Encíclica, permitiu viver, cotidianamente, o empenho para recuperar o caráter de luz que é próprio da fé. O Papa lembra que quando esta luminosidade se apaga, todas as outras luzes acabam por perder o seu vigor. A fé é o caminho para o amor, que verdadeiramente transforma a vida. É hora de investir na vivência autêntica, profética e comprometida da fé, na cultura da paz, apelo e meta no encerramento deste ano especial.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Nessa oportunidade oferecida, como necessidade permanente, está a importância de apropriações conceituais fundamentais que norteiam a vida de modo diferente, qualificando-a a partir de sua compreensão como dom de Deus. É claro que a fé não é uma simples apropriação de conceitos. A importância deles na vivência do dom da fé se define pela luz própria que a razão indispensavelmente traz para que a pessoa avance na direção da verdade que liberta completamente. O bem-aventurado João Paulo II, na sua Carta Encíclica sobre a Fé e a Razão, introduz esta temática sublinhando que “a fé e a razão são como duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. João Paulo II completa lembrando-nos que “foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecer a Ele, para que o conhecendo e amando-o, possa também chegar à verdade plena sobre si”.
A razão é uma alavanca decisiva no caminho da vida humana, na vivência da história, na construção da sociedade. É convincente e fácil de perceber, analisando a história, que os descompassos da humanidade vieram das irracionalidades. Basta pensar sobre guerras, exclusão social, manipulações e totalitarismos. Determinante também é o dom da fé. Sua profunda compreensão e sua vivência qualificam a cultura, corrigem os rumos da história e iluminam o caminho da humanidade, proporcionando a experiência de sentido que faz a vida valer a pena, ser construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
Odom da fé é uma experiência que avança para além da razão, na sua notável propriedade de alcançar lucidez para encontrar soluções. A luz da fé permite lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da existência humana: “Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que existirá depois desta vida?” Somente a fé permite lidar com o mistério que estas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão coerente. Esta consideração convence de que a fé não se reduz a simples sentimento. Também não pode ser compreendida como um caminho que simplesmente traz soluções imediatistas, para desgastes existenciais comuns na contemporaneidade. Menos ainda deve ser buscada como produção de experiências milagreiras, promessa de mesquinhas prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do usufruto irracional das fragilidades humanas.
O ano especial que se encerra no próximo domingo reforça a importância de se viver a fé como dom. Concretamente, vale prestar atenção, analisar e avaliar, como exemplo, o grande patrimônio de trezentos anos da cultura mineira. Nele se pode constatar convictamente o papel decisivo e qualificador da fé cristã, particular e reconhecida referência à fé cristã católica, gerando um conjunto cultural, histórico, artístico e religioso que abrange toda a Minas Gerais. Este Ano da Fé, relembra o Papa Francisco, na sua primeira Carta Encíclica, permitiu viver, cotidianamente, o empenho para recuperar o caráter de luz que é próprio da fé. O Papa lembra que quando esta luminosidade se apaga, todas as outras luzes acabam por perder o seu vigor. A fé é o caminho para o amor, que verdadeiramente transforma a vida. É hora de investir na vivência autêntica, profética e comprometida da fé, na cultura da paz, apelo e meta no encerramento deste ano especial.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
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