quarta-feira, 20 de novembro de 2013

50 ANOS DA SACROSANCTUM CONCILIUM - II


 

 Há 50 anos estava acontecendo o Concílio Ecumênico Vaticano II. Já sabemos pela mensagem anterior que o primeiro documento do mesmo Concílio chamava-se Sacrosanctum Concilium (SC), o qual tratava da reforma litúrgica, tentando resgatar os princípios essenciais da Liturgia, que são:
1.      Natureza da Liturgia: A Liturgia se fundamenta na história da salvação (Ano Litúrgico), centralizada no Mistério pascal. Ela celebra, atua, torna presente, tanto o passado como o futuro da salvação, no hoje da história (SC 8), pela ação do Espírito Santo (SC 6), na vida dos fiéis. Torna-se o exercício, o acontecer do serviço (múnus) sacerdotal de Jesus Cristo e de seu Corpo (SC 7). Ele torna-se presença pascal atuante na assembléia reunida; na Palavra proclamada, refletida e rezada; na Eucaristia e demais Sacramentos e nos ministros (SC 7). Para essa atuação dos Mistérios da salvação requer-se linguagem simbólica acessível (ritos, gestos, sinais claros e inteligíveis – SC 21 e 35). A Constituição conciliar possibilitou, portanto, um novo espírito litúrgico, centralizado no Mistério pascal de Cristo, essência e pedra angular da Liturgia, a qual é considerada: “cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10). Supera-se a visão exterior, separada e utilitarista da Liturgia para torná-la fonte primordial da espiritualidade cristã.
2.      Participação na Liturgia: A SC, não menos de 25 vezes, usa verbos similares a “participar” ou substantivos com o sentido de “participação”, ao falar do envolvimento de todos os fiéis na celebração litúrgica. A SC recomenda a participação com qualificativos bem dinâmicos e envolventes, como: sincera, ativa, frutuosa, consciente, compreensível, fácil, plena,... (SC 11, 14, 17, 19, 21, 30...).
3.      Adaptação Litúrgica: em sua substância a Liturgia é imutável, por ser de instituição divina, mas como composição humana contém elementos que estão sujeitos a mudanças, segundo os tempos e lugares, e por isto também a alterações (SC 21e 23). Estas mudanças ou alterações implicam em adaptação cultural mais profunda e envolve toda linguagem, ritos, sinais, símbolos. Os Padres conciliares querem que a cultura e o gênio dos diversos povos sejam valorizados (SC 37-40).
4.      criatividade litúrgica: como nós a entendemos nas celebrações de nossas comunidades, ela não atinge as mudanças estruturais da Liturgia, é algo que deve ser constante e, antes de tudo, é interior, mas as expressões externas contribuem decididamente para que isso aconteça (linguagem simbólica).
5.      Ação Comunitária: A SC traz de volta o espírito eclesial e comunitário da celebração litúrgica. O individualismo devocional cede lugar à assembléia litúrgica, que recebe importância particular, como povo sacerdotal, povo celebrante, também sujeito da celebração, em virtude da graça batismal.
6.      Formação Litúrgica: A SC recomenda vivamente a formação litúrgica do clero para que os pastores estejam “profundamente imbuídos do espírito e da força da Liturgia e dela se tornem mestres...” (SC 14). Recomenda-se cuidadosa preparação, tanto dos que ensinam essa disciplina como dos candidatos ao sacerdócio e vida consagrada (SC 15-17). Os fiéis recebam também uma adequada formação litúrgica a fim de proporcionar-lhes condições para a devida participação (SC 19).
A reforma dos demais temas da SC, como: sacramentos, caráter bíblico, ofício divino, ano litúrgico, música e arte sacra, língua litúrgica, a liturgia nas dioceses, nas paróquias, decorre dos princípios fundamentais, que vimos anteriormente.
Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana

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