domingo, 24 de novembro de 2013

Jesus Cristo, Rei do Universo



Somos filhos da luz. Filhos do dia. O pecado traz as trevas e invalida aquela preciosa ordem do Criador: faça-se a luz! Tudo em nós se tornou tenebroso. Deus enviou seu Filho. Entrou em nossas trevas. Com seu sangue nos remiu, iluminou nossa vida, acabou com a escuridão que nos impedia de ver, crescer, viver.

Somos seres transladados a um novo reino, o reino da luz. Aqui há um ser que tudo ilumina e centraliza: é o Filho querido. A própria imagem do Deus invisível, a primeira criatura desenhada e gerada, o modelo de toda a criação. Tudo foi criado por ele e para ele. Deus Pai disse: “Faça-se a luz”. E seu Filho começou já então a ser a luz do mundo. E tudo se encheu com as centelhas de sua luz. Sem luz, não teria havido criação. Sem Jesus, luz do mundo, nada existiria. Tudo existe graças a ele. Seu reino é cósmico. Nada se livra da sua luminosidade e de seu calor. Ele é a luz do mundo.

Mas, também, é a cabeça do corpo, da Igreja. Em sua comunidade, Jesus é a cabeça, nele reside a plenitude do poder, nele se estreou a vida da ressurreição. Ele, cabeça da Igreja, é o princípio de reconciliação de todos os seres: os do céu e os da terra. Tudo nele se pacifica.

É bom confessar a liderança de Jesus, a centralidade de nosso Senhor, para que ninguém o suplante em nosso coração e em nossa vida. Celebrar Jesus, rei do universo é uma ótima oportunidade para reafirmar a única liderança de Jesus.

É preciso tornar-se simples como as crianças para entrar no reino do Filho de Deus, Jesus de Nazaré.

Desde os tempos de Jesus, sempre houve aqueles que ridicularizam a salvação que Jesus traz. Eles tinham querido uma salvação espetacular. Teriam se envolvido em um movimento com características imperiais.

Só uma pessoa entendeu o Mistério. Sofreu junto de Jesus. Quis solidarizar-se com sua morte. Quis morrer como Jesus: o bom ladrão. Disse palavras preciosas: ”Este não cometeu falta nenhuma”. Declarou a inocência de Jesus. Além disso, dirigiu-se a ele com palavras vindas do íntimo, palavras de amigo do coração: não o chamou de Senhor, nem de Messias. Dirigiu-se a ele com familiaridade: “Jesus, Jesus”. E acrescentou: “Recorda-te de mim quando estiveres em teu reino”. O malfeitor compreendeu que, através desse acontecimento tão terrível da crucificação, se abriam as portas do Reino. O bom ladrão quer que Jesus não o esqueça, porque o ama. Ele morreu olhando para Jesus, sofrendo com Jesus, sentindo pesar por Jesus, compartilhando a esperança de Jesus.

E a resposta de Jesus é: “Eu te asseguro: hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. No dia da máxima dor, abrem-se as portas do paraíso e ali chega Jesus com seu companheiro de cruz.

É Reino de Deus tudo aquilo que se adapta ao mistério da Cruz. O Crucificado é o critério que nos indica como vem o Reino, o que é o Reino. Não nos diz que o Reino de Jesus é o sistema do Templo de Jerusalém, não nos mostra o sistema imperial que Pilatos representava. Quem nos mostra o Reino é o bom ladrão, que o ouviu de Jesus. E este. O Rei do universo veio para nos assegurar de que podemos participar do seu Reino de amor. Ao encerrar o ano da fé, rezemos pelo Papa Bento XVI, que o convocou e agora, como eu na emeritude continua a rezar pela Igreja; e pelo Papa Francisco que insiste na misericórdia contra a mentalidade principesca, para vivenciarmos o Evangelho da Vida!

Dom Eurico dos Santos Veloso
Colunista do Portal Ecclesia.
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG). Cursou filosofia e teologia no Seminário Maior São José em Mariana (MG). Governou a arquidiocese de Juiz de Fora entre 2001 e 2009.

Da redação do Portal Ecclesia.

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