sexta-feira, 4 de julho de 2014

À procura de um futuro seguro



A difícil situação dos refugiados e das vítimas do tráfico de pessoas
Por John Flynn, LC

ROMA, 03 de Julho de 2014 (Zenit.org) - 
"As pessoas não deveriam ser tratadas como peões no tabuleiro de xadrez da humanidade": assim afirmou o Papa Francisco no dia 05 de agosto do ano passado em uma mensagem sobre a questão dos refugiados.
Infelizmente, isso é o que acontece muitas vezes: uma prova disso é o ultimo relatório sobre as tendências mundiais apresentado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
No documento, publicado no dia 20 de junho, fica claro que existem atualmente mais de 50 milhões de pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas, das quais cerca de 9 milhões provenientes só da Síria.
"Estamos vendo - disse Antonio Guterres, Alto Comissário para os Refugiados - os enormes custos das guerras que nunca terminam. Guerras que não conseguem ser resolvidas ou prevenidas".
De um total de 51,2 milhões de pessoas afetadas, cerca de 16,7 milhões foram forçadas a abandonar os seus países e são classificadas como refugiados. 33,3 milhões são refugiados internos (IDF, “internally displaced persons”, ou seja, "pessoas deslocadas internamente") e 1,2 milhões são aquelas que pedem asilo político.
Está escrito no relatório que "se estes 51,2 milhões fossem habitantes de uma única nação, constituiriam o 26° país mais populoso do mundo". Além disso, observa-se que esta é a primeira vez, desde a Segunda Guerra Mundial, que o número de refugiados ultrapassa os 50 milhões.
O relatório estima que 10,7 milhões de pessoas em 2013 tiveram que deixar suas casas por causa de conflitos ou perseguições.. Mais da metade (53%) de todos os refugiados de todo o mundo provém de apenas três países: Afeganistão (2.560.000), Síria (2.470.000) e Somália (1.120.000).
Outros países com sérios problemas em relação aos refugiados são: a República Democrática do Congo, a República Centro Africana, o Mali, e a área de fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul.
O Paquistão é o país que acolhe mais refugiados em todo o mundo (1.600.000 milhões), seguido o Irã (857.400), Líbano (856.500), Jordânia (641.900) e Turquia (609.900).
De acordo com estatísticas de diversos governos, em 2013, 21 países receberam 98.400 refugiados para permitir-lhes um novo assentamento. Os Estados Unidos têm o maior número (66.200).
O relatório observa que, nos últimos 10 anos, mais de 879.800 refugiados chegaram nos países industrializados através de programas de reinstalação.
No entanto, o número de pessoas à procura de uma nova casa superaram, em muito, os lugares disponíveis com quase 1,1 milhões de pedidos de asilo individuais, a serem registrados com os governos ou a ACNUR, em 2013: o valor mais elevado em mais de uma década.
O número de refugiados internos que conseguiram retornar às suas casas chega agora a 1.4 milhões; 414.600, pelo contrário, é o dado que se refere aos refugiados que retornaram aos seus países de origem.
O tráfico de seres humanos é um outro problema que afeta um grande número de pessoas. No dia 20 de junho também houve a publicação do relatório sobre o tráfico de pessoas do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
O documento explica que este tipo de tratamento abrange uma vasta gama de atividades, incluindo a de forçar as crianças e adultos a cometerem crimes, como o roubo, a produção e o tráfico de drogas ilícitas, a prostituição, o terrorismo e o assassinato.
Alguns exemplos ilustrados no relatório dizem respeito ao México, onde as organizações criminosas têm forçado as crianças e imigrantes a se tornarem matadores de aluguel e a serem usados na produção, no transporte e na venda de drogas.
No ano passado, na França, a polícia prendeu seis adultos ciganos, acusados ​​de forçar os seus próprios filhos a cometer roubos em Paris e nos subúrbios. Enquanto isso, no Afeganistão, grupos insurgentes obrigaram as crianças mais velhas a servirem como homens-bomba.
O documento pediu que os governos identifiquem as vítimas do tráfico que violam a lei, não para tratá-los como criminosos, já que foram obrigados a agir ilegalmente, mas para ajudá-los, fornecendo proteção.
As vítimas do tráfico sexual, que depois testemunham contra os seus exploradores, também enfrentam o problema do trauma que se recria quando têm que recordar os seus abusos durante um processo.
No documento se explica que "a necessidade de recursos para as vítimas durante, e também depois da investigação e as causas legais, é fundamental, já que muitos processos sobre o tráfico de pessoas duram vários anos”.
A demanda para o transplante de órgãos é um outro aspecto do tráfico de seres humanos. De acordo com o relatório, mais de 114 mil transplantes de órgãos são realizados a cada ano no mundo.
Estas operações satisfazem menos que 10% dos requisitos globais de órgãos como os rins, fígado, coração, pulmões e pâncreas.
Às vezes, as pessoas pobres são induzidas a vender órgãos, e em muitos casos recebem só uma parte do que lhes foi prometido. Acabam, também, frequentemente, com problemas de saúde como resultado das operações e são incapazes de voltar a trabalhar.
O documento contém várias listas dos países, dependendo de seu nível de conformidade com as leis de prevenção do tráfico de seres humanos e o grau do problema.
A dignidade de cada pessoa humana deve ser apoiada e respeitada, disse o Papa Francisco na sua mensagem. Um apelo que se tornou mais urgente, considerando os tantos milhões de pessoas que são refugiados ou vítimas de exploração. (Trad.T.S.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário