quarta-feira, 25 de junho de 2014

PAPA FRANCISCO: ALEGRIA DO EVANGELHO - 3



Caros diocesanos. Nos programas anteriores fizemos breve introdução e apresentamos o primeiro capítulo do documento Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) do Papa Francisco, o qual acentua que a alegria missionária deve estar presente no anúncio da mensagem cristã. Isso requer profunda conversão pastoral e missionária, tornando-nos Igreja ‘em saída’, de portas abertas para todos, sobretudo aos pobres. Igreja samaritana, que busca o essencial na multiforme expressão da verdade.

Hoje queremos apresentar o segundo capítulo do documento: Na Crise Do Compromisso Comunitário. Nele o Papa Francisco convida a estarmos vigilantes diante dos Sinais dos tempos, através dos quais o Espírito de Deus manifesta seus apelos em cada época da história: “Pretendo debruçar-me, brevemente e numa perspectiva pastoral, sobre alguns aspectos da realidade que podem deter ou enfraquecer os dinamismos de renovação missionária da Igreja” (EG 51). Na mudança de época que vivemos, houve consideráveis avanços qualitativos na humanidade. Contudo, a maior parte dos homens e mulheres vive precariamente. Vivemos numa economia de exclusão e de desigualdade social que mata. O ser humano é considerado como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora: cultura do descartável e da globalização da indiferença. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras, cujos clamores pouco nos atingem (EG 52-54). Instaurou-se na humanidade uma crise antropológica: negação da primazia do ser humano. Afirma o Papa Francisco: “Reduz-se o ser humano a uma das suas necessidades: o consumo” (EG 55)O desequilíbrio provém da autonomia absoluta dos mercados e especulação financeira. Nega-se o controle dos Estados, encarregados do bem comum. O Santo Padre faz um apelo veemente aos responsáveis da economia: “O dinheiro deve servir, e não governar!... Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano” (EG 58). E em relação à violência, ele acrescenta: “Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível erradicar a violência” (EG 59).

A seguir o Papa analisa alguns desafios culturais, como invasão de culturas dominantes que destroem outras; processo de secularização que procura reduzir a fé e a Igreja ao âmbito privado e íntimo ou ao interesseiro imediato... A família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais (EG 62-66). Afirma o Papa Francisco: “O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares” (EG 67). Depois o documento aborda o tema da evangelização das culturas (EG 69) e o desafio da cultura urbana: descobrir Deus que habita a cidade: nas casas, ruas, praças... “Esta presença não precisa ser criada, mas descoberta, desvendada” (EG 71). Uma cultura inédita está em elaboração na cidade: lugar privilegiado da nova evangelização, o que requer imaginação para descobrir espaços de oração e de comunhão, com características inovadoras (EG 74).

Finalmente, o Papa aborda algumas tentações dos agentes pastorais como: falta de espiritualidade missionária, inércia egoísta, pessimismo estéril, fechamento em si mesmo, mundanismo espiritual (glória humana e bem estar pessoal), conflitos entre nós... E aponta desafios como: presença leiga no mundo social, político e econômico; presença feminina mais incisiva na Igreja; participação e protagonismo dos jovens...

Mesmo com desafios, nossa esperança é maior e, junto com o Papa Francisco, proclamamos: “Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (EG 76-109).  

Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana 

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