Caros diocesanos. No programa anterior fizemos breve introdução ao documento Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho), Exortação do Papa Francisco, em que se acentua fortemente a característica da alegria que deve estar presente no anúncio da mensagem cristã. Hoje apresentamos o primeiro capítulo: A Transformação Missionária Da Igreja. Nele destaca-se que a alegria do Evangelho é missionária, portanto, de uma Igreja em saída por isso o Pontífice afirma: “A intimidade da Igreja com Jesus é uma intimidade itinerante, e a comunhão reveste essencialmente a forma de comunhão missionária” (EG 23). Fiel ao seu mestre é vital que hoje a Igreja saia para anunciar a alegria do Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo para oferecer misericórdia, por tê-la experimentado. Urge profunda conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Diz o Papa: “Neste momento, não nos serve uma ‘simples administração’. Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’, em todas as regiões da terra” (EG 25). A reforma das estruturas precisa tornar-se mais missionária e a pastoral ordinária, mais comunicativa e aberta: toda a renovação na Igreja há de ter como alvo a missão (EG 27), assim a Paróquia torne-se comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos bebem para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário (EG 28). As palavras do Papa estimulam a renovação: “Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades... A todos exorto a aplicarem, com generosidade e coragem, as orientações deste documento, sem impedimentos nem receios. Importante é não caminhar sozinho” (EG 33).
A mensagem de estilo missionário deve concentrar-se no essencial, no mais necessário, no coração do Evangelho:o amor salvífico de Jesus Cristo morto e ressuscitado. As obras de amor ao próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do Espírito: a fé opera pelo amor, sendo a misericórdia a maior de todas as virtudes. É o modo de ser de Deus (EG 35-37).
A missão precisa encarnar-se nas realidades limitadas da vida humana, em que, como afirma o Papa: “a expressão da verdade pode ser multiforme” (EG 41). Há costumes e normas ou preceitos eclesiais que podem ter sido muito eficazes noutras épocas, mas não têm hoje a mesma força educativa, como canais de vida (EG 43). Acrescenta ainda o Pontífice que é preciso respeitar o processo de mudança: “É preciso acompanhar com misericórdia e paciência as etapas de crescimento das pessoas... Aos sacerdotes, lembro que confessionário não deve ser câmara de tortura, mas lugar da misericórdia do Senhor que incentiva a praticar o bem possível” (EG 44).
A Igreja precisa ser mãe de coração aberto: “A Igreja ‘em saída’ é uma Igreja com portas abertas... é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai... Há outras portas que também não se devem fechar: todos podem participar de alguma forma na vida eclesial... e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma razão qualquer... Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores” (EG 46-47). Os pobres devem tornar-se os destinatários privilegiados do Evangelho, como sinal do Reino de Jesus. Há vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres. Clama o Papa Francisco: “Não os deixemos jamais sozinhos!”. E conclui: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo!... Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 48-49).
Dom Aloísio A. Dilli - Bispo de Uruguaiana
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