terça-feira, 20 de maio de 2014

Comunhão Eclesial



Caros diocesanos. É muito comum que nosso bispo não se encontre em casa, na Cúria ou cidade de Uruguaiana. Normalmente, isso significa que ele está em algum lugar da diocese, pois o pastor deve estar o mais possível onde estão as ovelhas que lhe foram confiadas pela Igreja, nas diversas comunidades. O Papa Francisco diria que o Pastor deve ter cheiro de ovelha. Ele deverá ser mestre a ensinar, sacerdote que celebra e pastor que guia, reúne e cuida. “Por isso, às vezes pôr-se-á à frente para indicar a estrada e sustentar a esperança do povo, outras vezes manter-se-á simplesmente no meio de todos com a sua proximidade simples e misericordiosa e, em certas circunstâncias, deverá caminhar atrás do povo, para ajudar aqueles que se atrasaram e, sobretudo, porque o próprio rebanho possui o olfato para encontrar novas estradas” (EG 31). Não poucas vezes está em reuniões ou encontros com outros bispos ou com representantes de outras dioceses. Recentemente, tivemos encontros de Dioceses de Fronteira, reunião da Província eclesiástica de Santa Maria e, há poucos dias, participamos da 52ª Assembléia Geral da CNBB, em Aparecida-SP e, em breve, teremos reunião dos bispos das 18 dioceses do Rio Grande do Sul.

O que vem a dizer tudo isso? Quer significar que a Igreja Diocesana, embora tendo muita autonomia, não é uma porção isolada do Povo de Deus. Ela é comunhão, antes de tudo, e assim se interliga, começando com seus vizinhos e chega à comunhão com a Igreja universal (Católica = Universal). Para nós, cristãos católicos, essa universalidade é muito significativa, pois a Igreja não estabelece fronteiras e se existem de alguma forma têm objetivos de organização prática, mas jamais deixam de serem lugares de encontro e diálogo. Assim sendo, tivemos mais uma Assembléia Geral da CNBB. Vários temas foram tratados, mas o que recebeu maior relevância foi a Paróquia: “Comunidade de Comunidades: Uma Nova Paróquia”. Há séculos a paróquia tem sido a presença pública da Igreja nos diferentes lugares, mas tem sofrido profundas alterações nos últimos tempos. A mudança de época da sociedade e o processo de secularização diminuíram a influência da Paróquia sobre o cotidiano das pessoas. Há dificuldades para que seus membros se sintam participantes de uma autêntica comunidade cristã e cresce o desafio de renovar a Paróquia, em vista da sua missão. O tema já fora estudado, tanto na Assembléia Geral anterior, quanto nas dioceses do Brasil. Novas e ricas contribuições surgiram em vista de conversão pastoral da Paróquia. Para tanto, será necessário aplicar a eclesiologia do Concílio Vaticano II, consolidar a proposta do Documento de Aparecida e concretizar as diretrizes da CNBB, que insistem na renovação paroquial. Basicamente, a conversão pastoral da Paróquia insiste em ampliar a formação de pequenas comunidades de discípulos convertidos pela Palavra de Deus e conscientes da urgência de viver em estado permanente de missão. Isso implica em revisar a atuação dos ministros ordenados e dos cristãos leigos, superando a acomodação e o desânimo. O discípulo de Jesus Cristo percebe que a urgência da missão supõe desinstalar-se e ir ao encontro dos irmãos. Aguardamos pelo novo Documento oficial para breve e que servirá de orientação para nossas Paróquias.
Estamos no mês dedicado a Maria. Que Ela nos una em família e nos ajude a derrubar, sobretudo, as fronteiras que significam ódio, violência, injustiça, exclusão... Que Ela nos aproxime como Irmãos e Irmãs, dentro de nossas famílias e comunidades; auxilie-nos na construção de mundo mais justo e solidário. Como primeira e fiel discípula missionária, caminhe conosco ao encontro de seu Filho Jesus Cristo e de nossos Irmãos e Irmãs, ensinando-nos a fazer o que Ele nos pedir em sua Palavra. 

Dom Aloísio A. Dilli – Bispo de Uruguaiana

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