quarta-feira, 5 de março de 2014

INICIAÇÃO CRISTÃ: PROCESSO QUE INSERE O CRISTÃO NO MISTÉRIO DIVINO


          
        Iniciação é um conceito muito importante presente nos Sacramentos que inserem o cristão na via eclesial. . Para a sociedade em geral é necessário que o ser humano seja iniciado no processo social. A vida social é importante para o ser humano na construção das relações interpessoais. O ser humano é um ser individual, mas, ao mesmo tempo, social. Essa característica implica um olhar para duas realidades presentes na vida humana: a individual e a social. Cada pessoa é uma, continua sendo uma, mas é um ser que precisa do outro para se relacionar. Explicando: o ser humano, é ele como ser que possui uma determinada personalidade, mas que vai em busca do outro ser com sua personalidade para se relacionar formando assim as relações sociais. Estas, por sua vez, influenciam na formação social e cultural de cada ser. Para viver toda essa realidade, o ser precisa ser iniciado nesse processo.
         Da mesma forma acontece com a vida de fé da pessoa. Ela precisa ser iniciada na fé e na vida cristã. Assim como na vida social as dimensões pessoal e social se fazem presente em cada ser, na vida cristã também existem duas dimensões: a pessoal e a eclesial. Cada pessoa é uma. Forma uma família. As famílias formam uma comunidade. A comunidade é o local de encontro fraterno, ao menos deveria, e do encontro de irmãos. Todos buscando alimentar sua fé em Jesus Cristo. A vida em comunidade forma a dimensão eclesial. Para mergulhar na vida eclesial é necessário uma iniciação. Dentro da realidade sacramental de nossa Igreja, temos os chamados Sacramentos de Iniciação Cristã, com os Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia. “Batismo, Crisma e Eucaristia introduzem a pessoa na comunidade eclesial: o Batismo a torna membro da Igreja; a Crisma acentua que a ação do Espírito a faz Igreja; a Eucaristia oferece-lhe participação na realidade do Corpo de Cristo permitindo que ela receba aquilo que já é pelo Batismo” (TABORDA, 2001).
        Os Sacramentos da Iniciação Cristã convidam cada cristão a fazer a experiência de mergulhar no Mistério Divino. No entanto cabe uma reflexão que convida a olhar para a realidade desses Sacramentos em nossas comunidades. Três dimensões são importantes ter presente nessa mirada: a dimensão catequética, formadora e estrutural.
       Na dimensão catequética entra outra dimensão, a liturgia. Cada um dos Sacramentos da Iniciação Cristã é realizado numa celebração. Celebração envolve liturgia. Liturgia envolve preparação. Preparação envolve tempo e pessoas. A catequese além de ser um ponto permanente na vida do cristão, onde o fiel é convidado a estar em constante contato com os mistérios divinos, prepara para os Sacramentos. A liturgia celebra os Sacramentos. Portanto, não deveriam caminhar separadas, mas em unidade. Eis o desafio!
      Na dimensão formadora encontra-se um grande desafio. Não basta apenas ter boa vontade. É preciso ter formação para preparar as crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos para os uma Iniciação Cristã. O que mais se tem nas comunidades são pessoas de boa vontade. A realidade do mundo atual pode atrapalhar para a formação. As pessoas que trabalham com a Catequese não fazem somente isso, tem os seus afazeres próprios e os seus trabalhos o que, muitas vezes, dificulta a participação na formação.
    Na dimensão estrutural faltam espaços e material adequados para criar nos catequizandos o gosto pela fé, pela comunidade e pela missão. A catequese não passa de uma obrigação de fé. Ainda se trabalha com o formato aula de catequese.
       Diante dessas três afirmações surgem três perguntas: como fazer para unir catequese e liturgia? Permanece-se com as pessoas de boa vontade, ou se força a formação e se fica sem catequistas? Como fazer para investir mais nos espaços e no material para a catequese?
      Para finalizar mais uma pergunta: onde está o Querigma? A resposta quem dá é o Papa Francisco: “Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel fundamental o primeiro anúncio ou Querigma, que deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial. O Querigma é trinitário. É o fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz crer em Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia infinita do Pai. Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: Jesus Cristo te ama, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar. Ao designar-se como “primeiro” este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese, em todas as suas etapas e momentos. Por isso, também o sacerdote, como a Igreja, deve crescer na consciência da sua permanente necessidade de ser evangelizado” (EG 164). Que a Iniciação Cristã seja a constante atualização do Querigma na vida dos cristãos. 

Edemilton dos Santos. Professor no Colégio Medianeira, Rede Verzeri, em Santiago – RS e  Membro da Rede Celebra, Rede de Animação Litúrgica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário