Lamentavelmente o início do século XXI não é marcado pelo
aprofundamento da democracia e da cidadania, mas pelo retorno do velho modelo
de Estado forte, de perseguição às liberdades individuais e de ameaças a
liberdade religiosa.
Por Ivanaldo Santos
SãO PAULO, 10 de Novembro de 2014 (Zenit.org) -
No início do mês de novembro de
2014 vários veículos da grande mídia divulgaram uma notícia, no mínimo,
estranha. Essa notícia dizia que o atual partido político governista no Brasil
tem um projeto de extinguir o Senado brasileiro. Para isso, foi utilizado o
argumento que o Senado trata, em essência, de questões federativas e que, tal
função, poderia ser exercida pela câmara de deputados ou por uma comissão dessa
câmara.
Essa notícia, se for tomada de forma isolada, poderia ser vista
como apenas um jogo político ou como um processo saudável de renovação da vida
política. No entanto, se ela for colocada dentro do cenário internacional,
ganha proporções bem diferentes e até mesmo catastróficas. De um lado, no nível
da macro política internacional, temos visto o perigoso renascimento de
projetos imperialistas e militaristas. Esse perigo é representado, por exemplo,
pela Rússia de Putin, pelo discurso expansionista da China e da Turquia e pelo
recém criado e fundamentalista Estado Islâmico. Do outro lado, a América Latina
vive uma onda de governos populistas, com forte tendência ao autoritarismo,
governos que são liderados por Cuba e pela Venezuela.
Lamentavelmente o início do século XXI não é marcado pelo
aprofundamento da democracia e da cidadania, mas pelo retorno do velho modelo
de Estado forte, de perseguição às liberdades individuais e de ameaças a
liberdade religiosa. Parece que o mundo não aprendeu com os horrores causados
por regimes totalitários, como o nazismo e o socialismo. Parece que, mais
uma vez, a humanidade vai enfrentar guerras por colônias, a implantação de um
regime político único, com partido único, a perseguição aos jornalistas, aos
intelectuais e a forte perseguição aos cristãos. Nesse caso, a história, como
diria Paul Valéry, se repete. Os horrores da primeira metade do século XX
parecem que estão vivos dentro do século XXI, sendo que dessa vez é na versão Neo, ou seja, o
neoautoritarismo.
É nesse contexto, de repetição triste da história, de retorno do
terror e do neoautoritarismo, que deve ser pensado o projeto do partido
governante no Brasil de extinguir o Senado. Isso é apenas uma pequena, mas
fiel, engrenagem do neoautoritarismo. Em grande medida, é um governo que está
voltado para colocar em prática as orientações que emanam de Cuba e da
Venezuela e não exatamente com o desenvolvimento nacional.
Tudo isso é muito preocupante. Os países cristãos da América
Latina desfrutam de grande liberdade religiosa e não experimentaram, de forma
direta, os horrores dos regimes totalitários implantados na Europa (nazismo,
socialismo) na primeira metade do século XX. Tanto Stalin (socialismo) como
Hitler (nazismo) viam a América Latina como uma região pacifica que, justamente
por esse motivo, aceitariam de bom grado suas ideias autoritárias. Parece que o
início do século XXI está vivendo, como um pesadelo, os sonhos de implantação
na América Latina de um regime totalitário. Atualmente governos e multidões de
cidadãos, em países latino-americanos, são iludidos com políticas
assistencialistas, com belas propagandas nas mídias e com a visível
deterioração do padrão de vida.
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