quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Filhos da Luz


 Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Uma das preocupações da primeira carta aos Tessalonicenses diz respeito à vinda do Senhor. Esse tema fez parte da pregação inicial de Paulo àquela comunidade. No início da carta, ele afirma que os cristãos da Acaia falam de como os tessalonicenses “se converteram, deixando os ídolos e voltando para Deus, a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro. Falam também de como vocês esperam que Jesus venha do céu, o Filho de Deus, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos. É Ele que nos liberta da ira futura.”

A partir disso, começou a especulação sobre a data em que o Senhor viria. E a comunidade de Tessalônica arriscava viver de discussões intermináveis e de teorias. Paulo começa reafirmando o que a comunidade já sabe: o dia do Senhor virá de modo imprevisto, da mesma forma que o ladrão. Naquele tempo, a noite era o momento propício para a ação de ladrões. Esse fato aponta para o modo de ser da comunidade, em atitude de constante vigilância, de modo a não ser surpreendida por esse Dia.
A comunidade precisa ter um modo próprio de ser, diferente dos “outros”, a sociedade que crê viver em paz e segurança. “Paz e segurança” era um dos lemas do império romano que mantinha as pessoas sob a aparência de “ordem social”, mas que, na verdade, era sinônimo de noite escura. Esse tipo de “segurança” não interessa à comunidade cuja função é ser filhos da luz e filhos do dia.
Como não se comprometer com esse tipo de sociedade? A alternativa que Paulo apresenta é esta: “Não vamos dormir, como os outros, mas vigiar e ficar sóbrios”. O significado disso nos é dado pela própria carta: vigiar é abandonar os ídolos que envolvem a sociedade na noite da injustiça, comprometendo-se no serviço ao Deus vivo e verdadeiro. É assim que se espera o dia do Senhor.

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