terça-feira, 5 de agosto de 2014

Tempestade e calmaria






Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba. 

A história dos povos sempre teve marcas relevantes de tempestades e calmarias. Mas não podemos descartar o nível de fé e de confiança na vida das pessoas. Entendemos “tempestade” como os diversos momentos de sofrimento, derrotas e insatisfações, seja pessoal ou social. A violência e a incapacidade de autodefesa não deixam de ser uma grande tempestade, chegando a enfraquecer a esperança.
Podemos interpretar a “calmaria” como a presença de Deus na vida. Ele proporciona segurança e capacidade, que favorecem atitudes de calma e serenidade nos momentos de tempestade. Faz com que as pessoas não deixem o “barco afundar” e conseguem ter equilíbrio na condução dos objetivos de vida. Deus está no ressoar da brisa mansa e no silêncio, dando segurança para os seus discípulos.
Estamos em tempo de correria, sintoma de tempestade, incapacitando as pessoas para a serenidade e a calma. Isto contribui para dificultar a perfeição e a normalidade das coisas. Deus nem sempre está nas coisas grandes e violentas. Não está na tempestade, mas acalma a tempestade, porque Ele é Deus da paz e da harmonia.
A cena bíblica de Jesus andando sobre as águas agitadas do mar da Galileia dá aos discípulos a impressão de um fantasma (Mt 14, 25-26), mas logo reconhecem a presença de uma força libertadora, porque Ele acalma a tempestade. As dificuldades não podem favorecer o medo na vida de quem tem fé em Deus, porque Ele é a confiança.
O mundo sofre os efeitos das tempestades da história. Estamos numa mudança de época e de princípios norteadores sendo totalmente esvaziados. Não só nas manifestações sociais, familiares e culturais, mas também no âmbito da natureza ecológica. A falta de água em São Paulo é reflexo de desequilíbrio provocado na natureza.
As periferias do mundo, as insatisfações sociais, a exclusão cada vez maior de pessoas, tudo isto revela a presença relevante de tempestade. Nesta realidade é fundamental enxergar a presença de Jesus Cristo como Aquele que é capaz de provocar calmaria em tempo totalmente tempestuoso e globalizado.

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