Na homilia desta terça-feira, o Santo Padre nos exorta a pedir a docilidade do Espírito Santo e ficar abertos a Ele
Por Redacao
CIDADE DO VATICANO, 13 de Maio de 2014 (Zenit.org) -
As coisas de Deus não podem ser entendidas
só com a cabeça: é necessário abrir o coração ao Espírito Santo, disse hoje o
papa Francisco, na missa da Casa Santa Marta. O papa recordou que a fé é um dom
de Deus, mas não pode ser recebida quando se vive "desvinculado" do seu povo, a
Igreja.
O Santo Padre destacou que as leituras do dia nos mostram "dois grupos de
pessoas". Na primeira leitura, "aqueles que foram dispersos por causa da
perseguição surgida" após a morte de Estêvão. "Eles se dispersaram e levaram a
semente do Evangelho a toda parte", disse o pontífice, observando que, no
início, eles falavam somente aos judeus. Depois, "de forma natural, alguns
deles", chegados de Antioquia, "começaram a falar também aos gregos". E assim,
lentamente, "abriram as portas para os gregos, para os pagãos", recordou o Santo
Padre.
E quando chegou a notícia a Jerusalém, Barnabé foi enviado a Antioquia "para
fazer uma visita de inspeção". O papa prosseguiu explicando que todos "ficaram
contentes" porque "uma multidão considerável se uniu ao Senhor". E essa gente
"não disse ‘vamos primeiro aos judeus, depois aos gregos, aos pagãos’.. Eles se
deixaram levar pelo Espírito Santo! Foram dóceis ao Espírito Santo!".
"Uma coisa vem da outra" e eles "acabam abrindo as portas a todos: mesmo aos
pagãos, que, na mentalidade deles, eram impuros"; eles "abriam as portas para
todos". Este "é o primeiro grupo de pessoas, as que são dóceis ao Espírito
Santo". "Algumas vezes, o Espírito Santo nos empurra a fazer coisas fortes: como
empurrou Felipe a ir batizar Cornélio".
Francisco explicou: "Às vezes, o Espírito Santo nos leva suavemente. E a
virtude é deixar-se levar pelo Espírito Santo, não resistir ao Espírito Santo,
ser dócil ao Espírito Santo. E o Espírito Santo age hoje na Igreja, age hoje em
nossa vida. Alguém poderia dizer: 'Eu nunca vi!'. Mas fique atento ao que
acontece, ao que vem à sua mente, a que vem ao seu coração. Coisas boas? É o
Espírito Santo que convida você a seguir esse caminho. É necessária a
docilidade! Docilidade ao Espírito Santo".
O Santo Padre falou então do segundo grupo apresentado nas leituras, os
"intelectuais, que se aproximam de Jesus no templo: são os doutores da lei".
Jesus sempre teve problemas com eles, "porque eles não entendiam: davam voltas
em torno das mesmas coisas, porque acreditavam que a religião era só uma coisa
de cabeça, de leis". Para eles era necessário "cumprir os mandamentos e nada
mais. Não imaginavam que existisse o Espírito Santo". Interrogavam Jesus,
"queriam discutir. Tudo estava na cabeça, tudo era intelecto". Francisco
recordou que, para essa gente "não há coração, não há amor e a beleza, não há
harmonia"; é gente "que só quer explicações".
O papa comentou: "Você dá as explicações e eles, não convencidos, voltam com
outra pergunta. E assim dão voltas, voltas... Como deram voltas em torno de
Jesus a vida toda, até o momento em que conseguiram pegá-lo e matá-lo! Eles não
abrem o coração ao Espírito Santo! Acham que as coisas de Deus também podem ser
entendidas só com a cabeça, com as ideias, com as próprias ideias. São
orgulhosos. Acham que sabem tudo. E o que não entra na inteligência deles não é
verdade.. Você pode ressuscitar um morto diante deles, mas eles não
acreditam!".
A seguir, o pontífice destaca que Jesus "vai além" e diz "algo fortíssimo":
"Vós não credes porque não fazeis parte das minhas ovelhas! Vós não credes
porque não sois o povo de Israel. Saístes do povo. Estais na aristocracia do
intelecto". E esta atitude "fecha o coração. Eles renegaram o seu povo".
"Aquela gente tinha se desvinculado do povo de Deus e por isso não podia
acreditar. A fé é um dom de Deus! Mas a fé vem quando você está no povo de Deus.
Se você está na Igreja, se você é ajudado pelos sacramentos, pelos irmãos, pela
assembleia. Se você crê que esta Igreja é Povo de Deus. Aquela gente tinha se
separado, não acreditava no Povo de Deus, só acreditava nas suas coisas e tinha
construído todo um sistema de mandamentos que eles impunham aos outros e não
deixavam os outros serem Igreja, serem povo. Não conseguiam acreditar! Este é o
pecado de resistir ao Espírito Santo".
Para terminar a homilia, Francisco repassou a ideia desses dois grupos de
pessoas: os "de doçura, de gente doce, humilde, aberta ao Espírito Santo", e os
de gente "orgulhosa, autossuficiente, soberba, separada do povo, aristocrática
do intelecto, que fechou as portas e resiste ao Espírito Santo". E isso "é ter
coração duro! E isso é perigoso".
O pontífice nos exortou: "Peçamos ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito
Santo para seguirmos em frente na vida, para ser criativos, para ser alegres,
porque aquela outra gente não era alegre". E quando "há muita seriedade, não há
o Espírito de Deus". Portanto, peçamos "a graça da docilidade e que o Espírito
Santo nos ajude a nos defender daquele outro espírito mau das suficiências, do
orgulho, da soberba, do coração fechado ao Espírito Santo".
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