Há 50 anos, em tempo de férias seminarísticas de 1964, estando eu ainda na fase ginasial, o falecido pai Arsênio promoveu entusiasta campanha na Comunidade Mãe de Deus, na terra natal Boa Vista – Poço das Antas/RS, para aquisição de estátua de Nossa Senhora de Lurdes, a ser colocada numa bela gruta que a natureza desenhou com rara beleza numa rocha, ao lado da estrada. No dia de inauguração houve missa festiva na comunidade e solene bênção, com presença de numeroso povo e do Pároco, Côn. Davi Rossa, um santo homem. Como a Comunidade sempre foi de rezar fervorosamente pelas vocações, fui convidado, neste dia, a fazer em nome de todos, do alto da referida gruta, oração à Virgem de Lurdes pelas vocações sacerdotais e religiosas em nossa Paróquia São Pedro Apóstolo. Esta de fato já deu à Igreja, além de dois bispos, dezenas de presbíteros e inúmeros religiosos e religiosas.
Mas nosso assunto de hoje, refere-se à data em honra de Nossa Senhora de Lurdes, 11 de fevereiro, como Dia Mundial do Doente, para o qual o Papa Francisco emitiu significativa mensagem. Sua santidade se dirige de modo particular aos doentes e aos que lhes prestam assistência e cura. Nos primeiros reconhece presença especial de Jesus Cristo sofredor: “Dentro do nosso sofrimento está o de Jesus, que carrega conosco o seu peso e revela o seu sentido”. O Pontífice lembra que ao subir na cruz, por amor, o Filho de Deus destruiu a solidão do sofrimento e iluminou sua escuridão. Infundiu-nos esperança, abrindo a noite do sofrimento à luz pascal; deu-nos coragem por estarmos unidos a Ele. Segundo o Papa Francisco, “O Filho de Deus feito homem não privou a experiência humana da doença e do sofrimento, mas, assumindo-os em si, transformou-os e reduziu-os. Reduzidas porque já não têm a última palavra, que é ao contrário a vida nova em plenitude; transformados, porque em união com Cristo, de negativas podem tornar-se positivas”. A mensagem ainda nos convoca para tornar-nos como Cristo, Bom Samaritano de todos os sofredores: “Quando nos aproximamos com ternura daqueles que precisam de cura, levamos a esperança e o sorriso de Deus às contradições do mundo”; para sermos como Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, sempre atenta à voz de Deus e às necessidades e dificuldades dos seus filhos: “Maria, estimulada pela misericórdia divina, que nela se faz carne, esquece-se de si mesma e encaminha-se às pressas da Galileia para a Judeia a fim de encontrar e ajudar a sua prima Isabel; intercede junto do seu Filho nas bodas de Caná, quando falta o vinho da festa; leva no seu coração, ao longo da peregrinação da vida, as palavras do velho Simeão que lhe prenunciam uma espada que trespassará a sua alma, e com fortaleza permanece aos pés da Cruz de Jesus. Ela sabe como se percorre este caminho e por isso é a Mãe de todos os doentes e sofredores. A ela podemos recorrer confiantes com devoção filial, certos de que nos assistirá e não nos abandonará. É a Mãe do Crucificado Ressuscitado: permanece ao lado das nossas cruzes e acompanha-nos no caminho rumo à ressurreição e à vida plena”. Concluindo sua mensagem, o Papa Francisco afirma que na cruz está a nascente da fé e do amor: “A Cruz é a certeza do amor fiel de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos confere a força para carregá-lo, entra também na morte para vencê-la e nos salvar... A Cruz de Cristo convida-nos também a deixar-nos contagiar por este amor, ensina-nos a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo para quem sofre, para quem tem necessidade de ajuda”. Deus, por intercessão da Virgem Maria, proteja nossos doentes!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Uruguaiana
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