sábado, 16 de novembro de 2013

VIVER E CONVIVER




A comunidade cristã está inserida em uma realidade, por isso é necessário olhar a realidade que nos cerca. Estamos vivendo em um mundo cruel, onde a vida não tem valor. Onde o amor foi banalizado e como conseqüência a família está desestruturada. Um mundo com desigualdade social muito grave, com grande parcela da população sem ter onde morar, o que vestir, comento restos do lixo.
Somo seguidores de Jesus Cristo, e convivemos tranqüilamente com essa realidade. Lavamos as mãos, dizemos que o problema não é nosso, é do governo. Será?
Jesus sempre foi muito sensível diante das necessidades humanas. Ele tem compaixão, compartilha da dor do povo com fome, sofrido, oprimido e excluído. Vai além da fome física, quer saciar a fome da fé, da esperança, do amor, da paz e da justiça.
 Se pensarmos na cena da multiplicação dos pães,(Mc 8, 1-9) veremos que a partilha foi fundamental para aliviar a fome de tantos que ali estavam. Mostra que quando há partilha há o suficiente para todos saciar a sua fome e ainda sobra. Jesus ai da mostras da vivencia comunitária e hoje ante as dificuldades do povo, precisamos nos comprometer, estar atentos às necessidades da comunidade, sem paternalismo, mas com atitudes de ações solidárias
Precisamos lançar alicerces profundos nesta sociedade que vivemos hoje, a vida em comunidade é o jeito ensinado por Jesus. Precisamos resgatar a família, a menor comunidade, que   vem sofrendo abalos constantes.Se a família é a fonte de vida, deve ser a fonte do amor. A família é a base, o núcleo da sociedade. A família é a Igreja domestica, é ali que surge a vida, deve ser, portanto, o lugar privilegiado do amor, do relacionamento, da união, da comunhão.
 É na família que a criança cresce e se desenvolve física e emocionalmente, deve ter a educação pautada nos valores evangélicos, para que permaneçam para vida toda. E na família que surge o cristão. O bom cristão é conseqüência de um aprendizado do amor familiar, do amor comunitário onde há partilha, da vivencia cristã, para ser tornarem pessoas conscientes, equilibradas e comprometidas com a comunidade.  A comunhão vivida pela Sagrada Família precisa ser exemplo a ser seguido pela família hoje, com pai, mãe e filhos crescendo em estatura, graça e sabedoria. E como estão as nossas famílias hoje? Pais separados...Família só de mãe... Filhos que não conhecem seus pais.... A família é sagrada!
Deus é amor.  Jesus nos deixou o caminho do amor, do amor ao próximo. O amor ao próximo nos conduz a Deus, porque o amor a Deus e ao próximo são inseparáveis, constituem um único  mandamento , pois no próximo encontramos Jesus e em Jesus encontramos Deus. “Toda a vez que fizeres isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes.”(Mt25,40) Teremos Deus em nós quando nos amarmos uns aos outros.
Não podemos esquecer que a Igreja é a família de Deus no mundo, e que nesta família não deve ter quem sofra por falta do necessário, por falta de dignidade, por não ter acesso aos direitos fundamentais, ou seja, que não tenha direito a vida, a saúde, alimentação, a moradia, a educação. A Igreja tem uma riqueza, tem as Doutrinas Sociais, que é uma coleção de documentos de diferentes papa, que abordam com profundidade os problemas sociais, suas causas e conseqüências. Aponta caminhos a ser seguido. O primeiro documento foi escrito pelo Papa Leão XIII, em 1891 a Rérum Novarum. E desde ai os papas têm  dado seqüência na reflexão do problema social.
 A nossa tendência é apenas dar, fazer assistencialismo puro, mas desta forma não mudaremos a situação. “Se alguém está em um poço fundo e só alcançarmos alimento, ele não vai morrer, mas será preciso levar alimento todos os dias. Mas se eu alcançar uma corda e ajudá-lo a sair, ele mesmo terá condições de buscar seu próprio alimento.”
 É preciso conhecer a realidade, cuidar da promoção humana, criar caminhos com trabalhos alternativos, envolver as famílias e as crianças em atividades construtivas para que possam construir um ambiente saudável. Enfim dar condições para que possam caminhar com as próprias pernas. Ver, ter compaixão é colocar-se no lugar do outro. Jesus nos da mostras do que é compaixão na parábola do Bom Samaritano, que se abaixou tratou as feridas e depois o conduziu a hospedaria para que se recuperasse. Temos ai alguns passos que são necessários dar, abaixar-se para poder ajudar o irmão a levantar-se.
 Só com atitudes concretas de amor realizaremos a vontade de Deus. É preciso ir conhecer a periferia, a sua realidade, pois são os pés que ajudam a mudar a cabeça e o coração. Buscar inspiração em pessoas  como Madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, São Francisco de Assis conhecer a vida de tantos santos que fizeram da sua oração,  a opção pelos pobres, da sua vida a doação ao irmão.
  Devemos cuidar para que as comunidades cuidem para que todos possam participar, mesmo aquele que permanece  no interior precisa ter condições de bem viver a sua fé, é preciso tomar consciência de que a comunidade é o eixo central de toda a ação pastoral, de todo o serviço, a comunidade deve ser tudo para todos.
A luz do Espírito Santo a comunidade cristã anuncia a verdade revelada por Cristo, tem a Palavra como  ponto essencial e fundamental, e faz da  Eucaristia o centro e ápice da vida e cria meios de comunhão com Deus e com os irmãos, estabelece a justiça, a solidariedade e a fraternidade.Pois a comunidade cristã não tem outro caminho a não ser o da comunhão, com a tarefa de construir a fraternidade.
                                          Maria Ronety Canibal

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