segunda-feira, 10 de junho de 2013

A DIMENSÃO SOCIAL DA FÉ

         

O ser humano é um ser social, por isso precisa viver em sociedade. A sociedade deve ser organizada de tal forma que todos possam viver com dignidade. A fé é um elemento que ajuda na organização da sociedade, pois o cristão procura mediante a fé torná-la mais justa e fraterna. A construção do Reino de Deus requer uma sociedade participativa e responsável, que ofereça projetos e oportunidades para todos, com respeito à vida e à natureza.

A família tem um papel fundamental na sociedade, pois ela tem a missão de transmitir a fé na vivência cristã. A família também é responsável pela educação dos filhos, com exemplos de amor mútuo, partilha, perdão, confiança, respeito e diálogo, pois são valores que irão permanecer no convívio social, e fortalecer a sociedade.  
       
 A Igreja tem procurado orientar a sociedade, mostrando critérios de ação, em questões de moral, de economia social e política para que os cristãos possam agir à luz de seus ensinamentos. O Ensino Social da Igreja é  um conjunto de documentos que oferecem princípios para a construção de uma nova sociedade, baseada no amor e nas relações humanas no trabalho e a dignidade humana.

 O primeiro documento, foi a Encíclica RERUM NOVARUM ( Das coisas novas ) do Papa Leão XIII lançada em 1891. Trata das condições dos trabalhadores nos países industrializados,(REVOLUÇÃO INDUSTRIAL) que gerou riquezas a um pequeno grupo de donos de fábricas, enquanto havia uma multidão de trabalhadores famintos que eram explorados pelos donos das fabricas.. Esta situação criou um terrível conflito social. O Papa afirma que estas mudanças dividiram a sociedade em duas classes, os donos  das indústrias e os operários, e cavaram um abismo entre eles. Daí defende um salário justo ao trabalhador, porque o trabalho é a fonte geradora de toda a riqueza.

             Após 40 anos, o Papa Pio XI, em 1931 publicou a carta QUADRAGÉSIMO ANNO, que além de comemorar os 40 anos da primeira, quer restaurar e aperfeiçoar a ordem social. Aponta para as grandes mudanças, o avanço técnico e industrial e a devastação deixada pela primeira guerra mundial. Afirma que o salário deve ser suficiente para o sustento da família.

              Ao Papa João XXIII coube comemorar os 70 anos da Rerum Novarum, e com uma visão aberta ao desenvolvimento lança a MATER ET MAGISTRA ( Mãe e Mestra) em 1961. Um novo conceito fica nítido, o do “ bem comum” que é um conjunto de condições sociais que permitem ao homem o desenvolvimento integral da personalidade e diz que o setor agrícola está relegado a um segundo plano, mas alerta que a propriedade deve  cumprir a sua função social. Salienta o contraste entre as nações ricas e desenvolvidas e as pobres e subdesenvolvidas.

            Em 1963 o Papa João XXIII publica a carta sobre os direitos humanos, PACEM IN TERRIS ( A Paz dos Povos), e reafirma o direito de todos à existência, à integridade física e aos recursos necessários como: alimento, vestuário, moradia, repouso, assistência à saúde e serviços sociais.

            O Concilio Vaticano II (1962-1965) fez um documento o GAUDIUM ET SPES (Igreja no mundo de hoje) que reafirma a visão positiva do desenvolvimento, desde que não omita ou oprima a dimensão religiosa e moral.

             A carta POPULARUM PROGRESSIO ( O Desenvolvimento dos povos) do Papa Paulo VI lançada em 1967, mostra a universalidade da questão social, a gravidade e urgência a nível de mundo. Ressalta que o dever de solidariedade, de justiça e caridade universal, que as grandes diferenças econômicas e sociais provocam tensões e põem em risco a paz.

             A comemoração dos 80 anos da Rerum Novarum, foi o lançamento da carta intitulada OCTOGESIMA ADVENIUS de Paulo VI, e refere-se aos novos problemas sociais que geram novas formas de pobreza. O desemprego, o crescimento desordenado das cidades gerando criminalidade, erotismo e drogas. Afirma a necessidade da conversão interior e da mudança de estruturas. A promoção do bem e o cristão a serviço do outro, cada um é responsável.

             O Papa João Paulo II publicou três encíclicas sociais, pois ainda são questões de profunda importância. Em 1981, LABOREM EXERCENS ( O Trabalho Humano) que apresenta o valor do trabalho humano. A SOLLICITUDO REI SOCIALIS ( Solicitude Social da Igreja), de 1987 diz que o objetivo é o desenvolvimento autêntico do homem e da sociedade. E por fim a CENTESIMUS ANNUS ( Centésimo Ano) em 1991, vem em comemoração aos cem anos da Doutrina Social Da Igreja. Para o Papa a situação atual do mundo, em relação ao desenvolvimento, é preocupante, pois não é preciso estatísticas, basta olhar em volta e ver a multidão de miseráveis.
            
              Recentemente, julho de 2009,  o  Papa Bento XVI , veio  enriquecer o conteúdo social com sua Encíclica Caritas em Veritate, que quer aprofundar alguns aspectos do desenvolvimento integral da nossa época, à luz da caridade na verdade. O papa  diz que é uma atualização da Popularum Progressio.
                                                               
         O Papa afirma que “ A Igreja propõe com vigor, esta ligação entre ética da vida e ética social, ciente de que não pode ter sólidas bases uma sociedade que afirma valores como a dignidade da pessoa, a justiça e a paz, mas contradiz-se radicalmente aceitando e tolerando as mais diversas formas de desprezo e violação da vida humana, sobretudo se débil e marginalizada.”
            Acrescenta que o testemunho da caridade de Cristo através de obras de justiça, paz e desenvolvimento faz parte da evangelização, pois a Jesus Cristo, que nos ama, interessa o homem inteiro.
(CV 15.)                           
           O Ensino Social da Igreja é uma ponte entre o Evangelho e as questões sociais que afligem a sociedade. Pois mostra caminhos para a realiação da justiça através da caridade e da solidariedade.
                                                                 Maria Ronety Canibal

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