sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Fortalecei os vossos corações

 

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo de Campos (RJ)

Com este versículo da Carta de Tiago Apóstolo, o Papa Francisco nos apresenta a sua mensagem para o tempo da Quaresma. Tempo favorável de graça que nos leva a experimentar o amor de Deus por nós, porque Ele nos amou primeiro (1 Jo. 4,19). Esse amor nos desinstala e nos faz superar a atitude egoísta da indiferença.

Hoje o mundo está submergido na globalização da indiferença que nos torna complacentes e cúmplices com as injustiças e atentados contra os pobres e as pessoas mais frágeis. A Quaresma nos lembra que "se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros, (1 Cor. 12,26) ".
Neste percurso espiritual da Quaresma somos revestidos da bondade e misericórdia divinas, que nos impele para o serviço gratuito e desprendido do lava-pés. Cristo nos ensina a servir para sermos e vivermos a comunhão dos santos, partilhando os dons e participando como Corpo de Cristo da ternura fraterna da comunidade cristã, tratando de incluir e alcançar a todos/as. Esta solicitude nos conduz a deixarmo-nos interpelar pela Palavra: " onde está teu irmão? (Gn. 4,9)."
Devemos concretizar este amor-comunhão em todas as comunidades, unindo-nos com toda Igreja através da oração e da intercessão dos santos, pois eles nos incentivam e lutam conosco. Mas esta caridade operante e eficaz nos põe em relação com toda a sociedade circundante que deve ser atingida e envolvida por este amor transformante, fazendo emergir uma humanidade nova mergulhada na Páscoa de Jesus Ressuscitado.
Por isso na Quaresma queremos atender este apelo do Apóstolo Tiago: "Fortalecei os vossos corações" (Tg. 5,8). Sim, porque com um coração forte e renovado podemos desenvolver o poder da oração da comunhão eclesial colocando na prática a proposta das 24 horas para o Senhor a ser realizada nos dias 13 e 14 de março em todas as Dioceses do mundo.
Também poderemos com gestos caritativos e solidários abraçar de modo concreto e pessoal aos irmãos necessitados. Finamente o tornar-se próximo do sofrimento nos seus diversos rostos nos levará a conversão de vida, pois reconheceremos a nossa fragilidade, a nossa dependência do Pai e a necessidade da graça salvadora.
Que consigamos percorrer esta estrada com um coração que se deixa impregnar pelo Espírito e nos abre aos caminhos do amor que liberta e nos faz servir aos irmãos e irmãs, gastando-nos e entregando-nos totalmente pelo outro que sofre na miséria e na pobreza. Deus seja louvado!

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